Redentorista
1779. Nuvem de
testemunha
Iniciamos, no artigo 1777, uma
reflexão sobre a espiritualidade e santidade a partir do ensinamento do Papa
Francisco chamado “Alegrai-vos e exultai” (Gaudete et exsultate). É um
documento muito claro, simples e instrutivo. Vamos ler juntos essa maravilha. No
primeiro capítulo fala-nos sobre a chamada à santidade. E reconhece que a
santidade existe. Podemos dizer que “estamos circundados, conduzidos e guiados
pelos amigos de Deus”. Como somos um
corpo que tem como os membros que já estão no Paraíso, os que estão na terra e
os que estão no Purgatório. Esse é o Corpo cuja cabeça é Cristo. Por isso
estamos em permanente união com os santos. Da parte de Deus somos todos santos,
pois estamos unidos a Cristo, o “Santo de Deus”. Essa união com os santos é uma
realidade necessária, uma vez que estamos unidos a eles. E diz o Papa, citando
Papa Bento XVI: “Não devo
carregar sozinho o que, na realidade, nunca poderia carregar sozinho. Os
numerosos santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me” (GE 3). Os que
já chegaram à presença de Deus, os santos, mantêm conosco laços de amor e
comunhão (GE 4). Essa comunhão é a garantia que temos
que a santidade existe e que participamos dela em qualquer condição que
estejamos. Posso ser pecador, mas não excluído da força desse mistério de Deus
do qual participa todo Corpo de Cristo. Os santos estão conosco em nossas
dificuldades, também espirituais. Quando um corpo tem algo doente, todo o
organismo se volta para recuperá-lo. Assim também é no corpo espiritual.
Ninguém sofre sozinho. Todos estão unidos a ele. A santidade do Corpo de Cristo
cura nossas feridas.
1780. Vida doada
Papa Francisco
deu-nos mais um critério de santidade. Reconhece o que nos ensina a prática da
Igreja sobre o grau de virtudes necessárias para ser reconhecido como santo,
seja na prática das virtudes seja o martírio. Mas coloca mais um aspecto que
não era levado em conta: A doação da vida no dia a dia: “Nos processos de
beatificação e canonização, tomam-se em consideração os sinais de heroicidade
na prática das virtudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos em
que se verificaram o oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à
morte. Esta doação manifesta uma imitação exemplar de Cristo, e é digna da
admiração dos fiéis
(GE 5). A dedicação a uma causa ou a pessoas,
como no caso de pessoas doentes ou necessitadas, ou um trabalho social, é um
critério muito válido para os processos de beatificação ou canonização. Na
verdade é a caridade extrema de uma vida que se doa. Aqui encontramos até
dentro de nossas famílias aquele ou aquela que tudo deixou para estar com os
pais ou outras pessoas. A causa, mesmo sendo humana, é Divina, pois o amor é
sempre Divino.
1781. Ninguém se
salva sozinho.
Temos a impressão que santidade é um
problema pessoal. Diz o Papa: “O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a
parte, no santo povo fiel de Deus, porque ‘aprouve a Deus salvar e santificar
os homens, não individualmente’. O Senhor, na história da salvação, salvou um
povo. Não há identidade plena, sem que pertença a um povo. Por isso, ninguém se salva sozinho, como
indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta
a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade
humana: Deus quis entrar na dinâmica dum povo"(GE 6). A vida da comunidade é o seio no qual
cresce a santidade. Não podemos ter a santidade como algo totalmente pessoal.
Vemos nos santos sua participação na vida do povo. Temos que fazer o caminho
juntos.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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