sábado, 3 de novembro de 2018

nº 1804 - Homilia do 32º Domingo Comum (11.11.18)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
Deus que vê os pequenos
 A falsa religião
No evangelho de Marcos 12,38-40, Jesus alerta contra os doutores da lei. Eram eles que ensinavam e interpretavam a lei de Deus. Seu ensinamento era acompanhado da vaidade pessoal e da falta completa de coerência: “Eles gostam de andar com roupas vistosas, de serem cumprimentados nas praças públicas. Gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes” (Mc 12, 38). Atualmente há uma tendência muito forte na Igreja para a exterioridade e, pior ainda, dão a isso valor como o mais importante. Com isso se sentem superiores aos demais. Por outro lado, depois de ensinarem a Palavra, tornam-se ladrões explorando as pobres viúvas, “fingindo fazer longas orações”. Temos também o problema de pessoas religiosas que levam vida dupla. E querem dar normas aos demais. O Papa Francisco fustiga esse tipo de religião. As grandes crises que a Igreja vive no momento provêm da falsa religião. Não podemos usar os símbolos religiosos, como batinas e ritualismo, para cobrir nossa falta de personalidade. Nada contra os símbolos. Mas não podem ser instrumento de poder nem de falsa religião.
A riqueza da pobreza
           Junto a esse texto, o evangelista faz o ensinamento sobre a verdadeira religião: a força da fé dos pobres. Creem com totalidade de vida, pois a entregam Deus na segurança da fé. A cena é curiosa: Jesus está sentado no templo diante do cofre. Ali ricos depositavam grandes quantias. Veio uma pobre viúva e colocou duas moedas sem valor. Chama os discípulos e lhes diz que ela deu mais do que todos. Nesse dia passará fome, pois deu tudo. O ensinamento é claro: “Todos deram o que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu aquilo que possuía para viver” (Mc 12,42-44). Podemos recolher o ensinamento: Deus nos quer por inteiro. Nada pode sobrar. A entrega deve ser total e sem retorno. Diferentemente dos outros que deram o resto a Deus, ela deu tudo. É o testemunho da mulher da primeira leitura. Elias pede ajuda a uma pobre. Ela divide com ele o que era para viver e tem como resposta que daí para frente quem cuida é Deus. “A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias” (1 Rs 17,16). Deus não quer resto. A entrega a Deus deve ser total. É comum se ouvir de pessoas de classe alta que são católicos, mas não aceitam tudo.
Uma vez por todas
           A Carta aos Hebreus, refletindo sobre Cristo, Sumo Sacerdote, abre-nos um leque de reflexão também sobre a realidade de cada pessoa que se une a Cristo em seu sacerdócio. Não se trata aqui de padres e bispos, mas de cada fiel que participa desse sacerdócio. O sacrifício de Cristo, diferentemente dos sacrifícios reparadores do Antigo Testamento, foi único e uma vez por todas. Assim também a ação de entrega total de si, como vimos nas pobres viúvas dos textos desse domingo, realizam sua união a Cristo uma vez por todas. Cristo aceita nossa entrega, não pela quantidade, mas pela totalidade. Somente vivendo em totalidade que podemos entender o Mistério de Cristo.
Leituras 1Reis 17,10-16. Salmo 145; Hebreus 9,24-28;Marcos 12,38-44.

Ficha nº 1804 - Homilia do 32º Domingo Comum (11.11.18)

   1. Jesus recusa a religião exterior que esconde a maldade.
2. O exemplo da viúva pobre ensina que a entrega a Deus deve ser total.
3. Cristo nos salvou uma vez por todas. O que fazemos nos une a essa doação total.
  
Viúva sabia administrar a vida.

           Dizem ser difícil misturar as coisas do Céu com as da terra. Mas a velhinha muito pobre soube fazer um negócio das Arábias: comprar o Céu com duas moedinhas que não valiam nada. O que se exigia de fato era o valor do negócio: Dou minha vida inteira e recebo tudo o que Deus tem para me oferecer. Maravilhoso negócio: Ter tudo por nada, porque deu tudo. O que vale é o tudo e não o valor das moedas. Estas valiam pelo que significavam: a vida.
           É uma chamada: ou damos tudo ou não pegamos nada. Deus não quer o que “sobra” como faziam os ricos. Parece que Deus não está nada interessado em ser saco de lixo: se não tem mais valor, vai para Ele.
           Na força desse ensinamento podemos compreender o que significa seguir Jesus. Ele também se entregou por inteiro dando a vida. Tinha em troca a certeza que Deus o acolhia.

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