Redentorista
2155. Barrar a onda de violência
A
violência cresce e assume sempre novas formas e meios de ser provocada. Esse é
o campo onde o Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Gaudete et Exultate,
anota como sendo ocasião de crescer na santidade. Num mundo violento, quem
vence é o pacificador. A pior violência é aquela que temos dentro de nós. Esta
gera violência. O caminho de santidade é vencer a violência. Diz ele: “A
firmeza interior, que é obra da graça, impede de nos deixarmos arrastar pela
violência que invade a vida humana e social, porque a graça aplaca a vaidade e
torna possível a mansidão do coração” (GE 116). No momento,
salienta o Papa Francisco, pode acontecer que cristãos participem das redes
sociais e entrem no jogo da violência verbal através da internet fazendo
julgamento das pessoas. Dão-se o direito de julgar e destruir. Está uma onda
forte de “juízes da piedade dos outros, de atitudes que querem mostrar que
somos os certos e os outros os errados. É a fofoca levada ao seu máximo usando
os meios mais sofisticados. Destroem pessoas e princípios sadios. É uma forma
sutil de violência (GE 117). Jesus condenava isso com clareza em Mateus
(18,15-18) quando explica como corrigir um irmão. Primeiro só
entre os dois, depois, se não ouve, chame duas testemunhas, depois leva à
comunidade e por fim, expulse-o da comunidade. Agora fazemos o contrário:
primeiro colocamos no trombone. Daí a pessoa que se arrume. São João da Cruz
propunha outra coisa: “mostra-te sempre mais propenso a ser ensinado por todos
do que a querer ensinar quem é inferior a todos” (GE 117). Assim se estanca a violência.
2156. Em nossas humilhações
A palavra humildade não faz parte do
vocabulário usual e é uma virtude pouco estimada num mundo onde tudo é
concorrência. Ela, a humildade toca fundo o ser humano. Temos que entender a
humildade a partir das humilhações de Cristo. Como lemos na carta aos
Filipenses (2,6-11). A encarnação de Jesus foi o ato
extremo de humildade. Ele abaixou-se até o ínfimo que foi “a morte e, morte de
Cruz” (Id 8). Somente aí que foi glorificado. A
humildade não é destruir-se, mas ser capaz em estar para o outro. Estamos na
questão da humilhação. Essa, nós vemos no povo sofrido. Quanta humilhação pela
discriminação por causa da pobreza de outros. Jesus assumiu essa pobreza. A
santidade não está em se destruir, mas perceber a ação de Deus que está do
nosso lado, do lado do humilhado. Diz o Papa Francisco: “A humildade só se pode
enraizar no coração através das humilhações. Sem elas, não há humildade nem
santidade...” A santidade que Deus dá à sua Igreja, vem através da humilhação
do Filho: esse é o caminho. A humilhação faz-nos semelhantes a Jesus: “Cristo
padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos” (1Ped 2,21) –(GE 118). Por isso, os
Apóstolos, depois da humilhação, estavam “cheios de alegria, por terem sido
considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus” (At 5,41).
2157. Coração pacificado.
“Às
vezes, uma pessoa, precisamente porque está liberta do egocentrismo, pode ter a
coragem de discutir amavelmente, reclamar justiça ou defender os fracos diante
dos poderosos, mesmo que isso traga consequências negativas para a sua imagem”.
E continua o Papa: “Essa atitude pressupõe um coração pacificado por Cristo,
liberto daquela agressividade que brota dum «ego» demasiado grande” (GE 121). Quando atingimos a simplicidade da
humildade e a serenidade na humilhação, estamos nos identificando a Cristo e
podemos nos tornar defensores do povo sofrido e também viver bem nossas
dificuldades e situações difíceis. “Por isso Deus O exaltou grandemente” (Fl l 2,9).
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