sexta-feira, 1 de outubro de 2021

nº 2110 - Homilia do 27º Domingo Comum (03.10.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Deus os fez assim” 
 Um paraíso a dois 
“O coração humano é o paraíso de Deus”, diz Santo Afonso de Liguori. Se, para Deus ser feliz, basta um coração humano, podemos pensar que o ser humano, nascido do coração de Deus, possa encontrar toda a felicidade em si, e no outro do qual é parte. Os ossos mantêm a pessoa de pé. E o coração torna-a capaz de fazer a vida caminhar. A vida matrimonial, o casal, está em íntima união com o coração de Deus, isto é, em seu amor. Ela oferece a melhor condição para que o projeto de comunhão do ser humano com Deus possa se realizar: amor que se entrega e amor que acolhe e gera comunhão. A vida espiritual individual tem muito de maravilhoso. Mas é o matrimônio que oferece o que há de melhor. É o melhor caminho: realiza o amor. Deus não erra em seus projetos. Deus viu o homem no Paraíso dando nome aos animais, mas não encontrando quem o completasse, disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). E o homem diz ao ver a mulher: “É osso dos meus ossos, carne de minha carne” (Gn 2, 23). Por que aquele sono de Adão? Um será para o outro, sempre, uma fonte de eterna descoberta. Nenhum sabe como Deus fez o outro. Por isso se trata de acolhimento e não de poder. O texto tem muita sabedoria a ser descoberta. Sto. Agostinho diz que Deus não tirou o osso do pé para que o homem não a pisasse; não tirou da cabeça para que se sentisse dono ou dona, mas tirou o osso da costela, que tem também o significado de amor para que correspondesse ao coração. Quanta sabedoria. Quem define o ser do casamento é Deus que o fez. Não são as ideologias do mundo. 
Dureza do coração 
É necessário ser um casamento na fé e no amor. Aí sim, ele se torna um lugar da manifestação do projeto de Deus. Não basta ajuntar. Por isso Jesus proclama: “Não separe o homem o que Deus uniu” (Mc 10,9). Por isso o divórcio não tem lugar nem desculpa no ensinamento de Jesus. Moisés, como diz Jesus, quanto a esse mandamento: “foi por causa da dureza de vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento” (Mc 10,5). Temos experiências felizes de casamento e também muita dor e desencanto. Casamento é uma vocação natural; há uma atração natural. Mas há também a opção espiritual, isto é, sacramento. Outra questão é a situação dos que se casam na Igreja só por uma festa. Não foi casamento. O que acontece que faz um casamento infeliz? Penso que o maior erro é casar para ser feliz, completar-se etc... O que dá certo é casar para fazer o outro feliz. Aí se realiza. O mandamento do amor constitui o cerne do casamento. Ele é participa no mistério da Redenção de Jesus. É sacramento. Nele está presente o amor com que Jesus se entregou. O prazer da alegria se dá também no espiritual. 
Os pequeninos 
A colocação do texto sobre as crianças ao lado da questão do divórcio, parece ser uma intenção mais profunda do evangelista. Não porque o casamento vá gerar crianças, mas que o carinho de Jesus pelas crianças pode nos ensinar algo sobre o casamento. Somente com o coração de crianças e seu amor espontâneo que se pode levar avante a missão de um casal. A criança é aberta ao dar e ao receber. Existe egoísmo que pode ser vencido. A Carta aos Hebreus diz que Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos, pois tanto Jesus como nós descendemos do mesmo ancestral, o Pai (Hb 2,11). A abertura um ao outro, não é um dom pessoal, mas uma opção que se funda em Cristo. 
Leituras: Gênesis 2,18-24; Salmo 27; 
Hebreus 2,9-11; Marcos 10,2-12. 
Ficha nº 2110
Homilia do 27º Domingo Comum(03.10.21) 
1. A vida matrimonial está em íntima união com o coração de Deus, isto é, em seu amor. 
2. O casamento na fé e no amor. Só assim é lugar da manifestação do projeto de Deus. 
3. Com o coração de crianças e seu amor, pode-se levar avante a missão de um casal. 
Casamento de Boneca 
Nas brincadeiras de crianças existem batizados de boneca, casamentos etc... É um meio de pensarem já em sua futura sina. Só que as bonecas são ocas, de plástico, sem cérebro. Pior de tudo, não diferem muito de alguns casamentos que são feitos em nossas Igrejas. É bonito, correm lágrimas... Mas muitos não resistem nem à lua de mel. Certamente que não podemos duvidar da boa vontade de nossos jovens. Mas falta chegar ao conhecimento do dom que recebem. Deus não recusa sua bênção. Deus é maior que nosso coração. Quem sabe, um assim, se assumem, podem chegar a um belo futuro. Há necessidade de buscar uma fórmula melhor para que os casais possam compreender o sentido maravilhoso dessa condição humana tão rica. Mas como?

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