domingo, 25 de agosto de 2019

nº 1888 - Homilia do 22º Domingo Comum (01.09.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Quem se humilha será exaltado 
Humildade como sabedoria 
A humildade não é um tema amado em nossa realidade atual. Há um permanente desejo de uma vida na grandeza. Humildade não faz parte de seu vocabulário. Sempre se procura ser mais que os outros. Em tudo se quer estar no pódio com uma medalha de ouro. “Sou o maior nisso”. Há grande concorrência para ser o maior. O último lugar não serve. Isso invade de tal modo a sociedade e invade também a Igreja. Há uma luta intestina na busca de cargos, títulos, posições etc. A política confere uma posição de destaque muito procurado. Os políticos são simples só na campanha. Quem busca poder procura ter sempre mais. A vaidade exige gastos, mesmo acima das próprias condições, mesmo agravando sua condição. É uma sociedade imatura que vive do orgulho e provoca o consumismo. Ser pobre é uma condição inaceitável. Devemos acabar com a pobreza para dar o direito à vida digna. Precisamos acabar com as forças que levam ao orgulho e à vaidade. Jesus nos orienta com a parábola dos convidados ao banquete. Um quer sentar-se no primeiro lugar, mas está reservado a outro de maior prestigio e poder. Assim é humilhado. Jesus explica que ele deve ser humilde e buscar o último lugar. As forças da humildade podem transformar a sociedade. A Igreja está repleta de vaidade. Como se luta por ter as melhores paróquias, querer um episcopado etc... É vergonhoso. O Papa Francisco é um tema frequente. A humildade não impede termos bens, lugares de honra, dinheiro, poder e posição de honra. Já diz o livro do eclesiástico: “Na medida em que fores grande deverás praticar a humildade” (Eclo 3,20). 
O Senhor é Pai do pobre
O salmo nos descreve a humildade como atenção aos necessitados e pobres: “Dos órfãos Ele Pai, e das viúvas, protetor. É assim o nosso Deus em sua santa habitação. É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura...” Dizer que Deus toma a Si a causa dos pobres, não quer dizer que abandone os que vivem na fartura. O que deseja é que esse bem perecível se torne fonte de vida e caminho fácil para o Céu em seu bom uso. Dom Helder dizia: “Que não se deve fazer os ricos pobres e os pobres ricos, mas todos irmãos”. Essa virtude é participação da vida de Deus que em seu amor mútuo na Trindade tem a humildade como seu ser o mútuo acolhimento. Unidos a Deus Pai, Filho e Espírito, vivemos seu modo de ser no humilde acolhimento. A falta de humildade tira o alicerce das virtudes. Somente a humildade pode reformar a sociedade e nossa Igreja. Por isso o Papa Francisco tem se batido contra o clericalismo onde predomina a busca dos primeiros lugares do mundo. Gostam dos holofotes da sociedade. O holofote é servir aos pobres, não aos ricos. Esses devem servir. 
Humildade, retrato do Pai 
Essa reflexão quer nos mostrar a face do Pai. Como não vemos o Pai com olhos humanos, Jesus O mostrou para nós. Ele é a expressão completa do Pai. Disse: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 12,45). Por isso, para ser um autêntico fiel, é necessário ter humildade e aceitar a Palavra Viva, que é Jesus. É preciso entender que toda a vida espiritual não nos tira da realidade terrestre para viver as espirituais, mas não envia à realidade humana. Esse é o critério: saber se estamos vivendo a vida cristã. O que é espiritual, se não for vivido no serviço fraterno, na humildade, fazendo-se próximo de todos, não se sustenta nem tem utilidade. Nossos santos sempre fizeram tudo pelos pobres. 
Leitura: Eclesiástico 3,19-21. 30-31; 
Salmo 67; Hebreus 12,18-19;
Lucas, 14,1.7-14 
Ficha nº 1888 - Homilia do 22º Domingo Comum (01.09.19) 
1.Precisamos acabar com as forças que levam ao orgulho e à vaidade. 
2.Essa virtude é participação da vida de Deus em seu amor mútuo na Trindade. 
3.Para ser um autêntico fiel, é necessário ter humildade e aceitar a Palavra Viva. 
Trocando de cadeira 
Existe a dança da cadeira. Ao sinal, todos se acomodam na cadeira à sua frente. Um fica fora. Refletindo sobre os convidados ao banquete, Jesus diz que não se deve procurar tomar os primeiros lugares. Foi mandado para um lugar no final. Jesus disse que, em lugar de servir os ricos que vão retribuir. Assim já recebeu sua recompensa. O que deve fazer é fazer banquetes para os pobres que não poderão retribuir. Deus então retribuirá. Nossa sociedade que procura os primeiros lugares em tudo. Sendo tão distante do caminho de Jesus, colocam-se no lugar de Deus. A Igreja é chamada a levar a todos as riquezas que Deus oferece a que assume Jesus e sua Palavra. Desse modo realizamos o mandamento de Jesus.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

nº 1886 - Homilia do 21º Domingo Comum (25.08.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Porta Estreita” 
Conversão que modifica
Vivemos uma batalha para conservar o corpo numa bela medida. Achamos que não ficamos velhos e teremos aquele corpo! Batalha dolorosa de poucos resultados. Mas Jesus nos coloca diante dos olhos uma portinha estreita que vai exigir esforço de uma terapia espiritual que nos leve a ter as condições de passar pela porta estreita. “Muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24). Que porta estreita é essa? Jesus explica que “muitos tentarão entrar e não conseguirão... começareis a bater dizendo: Senhor, abre-nos a porta!.. Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim vós que praticais a injustiça”. Vejamos o porquê: ‘Vós direis; nós comemos e bebemos diante de Ti e Tu ensinastes em nossas praças”. Não basta a religião exterior. E diz Jesus: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça” (Lc 13,22ss). Podemos entender que Jesus é a porta. Lembramos que diz “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10,1-10). A religião tem atos exteriores, muitas obras, mas tudo tem que ser fundado Nele e em sua Palavra. Mesmo que falemos de Jesus, Ele é entrada para o Reino de Deus. Vejamos nossas comunidades, povo cristão, as associações e os movimentos que fazem muitas coisas, mas deixam de lado o evangelho e a pessoa de Jesus. Pelo nosso mal proceder, podemos estar “fora de forma” para fazer esse exercício espiritual de entrar. Se olharmos, veremos como Jesus e seu Evangelho estão distantes de nós e de nossas comunidades. A porta é Jesus e seu evangelho do amor. Há grupos que não fazem o mínimo de caridade... Será que passarão na porta? A porta do inferno é larga. 
Proclamar a salvação 
Continuando, Jesus diz algo que não combina com nosso modo de compreender a fé: “Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul e, tomarão lugar à mesa do Reino de Deus” (Lc 13,28). Poderão passar nessa porta e sentar para o banquete. Jesus faz eco à profecia de Isaias que anuncia a grande abertura a todos os povos. Isso não fazia parte da mentalidade do povo judeu: “Eu virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão minha glória” (Is 66,18). Há uma promessa: “Porei no meio deles um sinal e enviarei, dentre os que foram salvos, mensageiros aos povos... para as terras distantes e para aquelas que ainda não ouviram falar em mim e não viram a minha glória” (Id 19). O profeta diz que, como os filhos, levarão sua oferenda em vasos purificados para a casa do Senhor. Vai a um extremo absurdo: “Escolherei dentre eles alguns para serem sacerdotes e levitas” (Id 21). Para os judeus, os sacerdotes e levitas eram escolhidos só da família de Aarão e tribo de Levi. Tudo isso vem como fruto da proclamação da salvação. Muitos na Igreja ainda têm mentalidade fechada aos povos. O Oriente está respondendo ao Evangelho. 
Deixar-se educar 
Distante de nossa mentalidade atual que já dá seus frutos mudando certos termos. A Carta aos Hebreus diz claramente que não se trata de castigo, mas de educação: “É para vossa educação que sofreis”: Aqui podemos entender que as dificuldades para viver a fé geravam sofrimentos que a purificavam. “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando Ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga a quem aceita como filho” (Hb 12,5-7). Tentando uma tradução, podemos pensar que a comunidade precisa refletir sobre sua situação, meditar, fazer revisões sinceras e buscar caminhos melhores sem viver amargurados porque nossas idéias nem sempre vencem. É preciso um exercício de abertura à revisão e correção dos planos e da própria vida. 
Leituras Isaías 66,18-21;Salmo 116; 
Hebreus 12,5-7.11-13. 
Ficha nº 1886 - Homilia do 21º Domingo Comum (25.08.19) 
1. Nós em nossas comunidades estamos distantes de Jesus e de seu Evangelho 
2. Muitos na Igreja ainda têm mentalidade fechada aos povos. 
3. A comunidade precisa refletir sobre sua situação, fazer revisões e buscar nos caminhos. 
Academia de emagrecimento espiritual 
A gente fica feliz quando dá uma ajeitada nas gordurinhas e fica com o corpo bonito depois de um tempo de academia. É muito sofrimento. Não fazemos penitência e Deus nos tira de outro lado em nosso esforço de pegar forma. Assim também é o momento de pensarmos em olhar a balança da vida eterna. Aqui Jesus fala de porta. Na Idade Média havia um mosteiro que tinha na sala de refeições uma porta tão estreita que, se exagerasse na comida, não passava. Pode não ser verdade, mas temos que fazer o mesmo, queimando nossas gorduras espirituais e fazendo os exercícios que nos dão resistência e força espirituais. Ninguém vai ao Céu de graça. Tem que malhar.

nº 1884 - Homilia da Assunção de Maria (18.08.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Mãe no Céu” 
Primícias dos que morreram 
Desde o início de nossa fé encontramos na tradição da comunidade os primeiros rudimentos da fé. Lembramos que os textos bíblicos do Novo Testamento são posteriores. Eles também acolhem a tradição, como diz Lucas em seu evangelho (Lc 1,1-4). Diz que foi se informar com as testemunhas de confiança. O texto do Evangelho leva em conta a tradição. O que já era do conhecimento permaneceu na tradição ao lado o texto evangélico. Os católicos acolhem a tradição como parte da Palavra de Deus. O centro de todo anúncio é a Ressurreição de Jesus. Nela tudo se explica e completa. Para entender essa verdade (dogma) cristã que afirma a Assunção de Maria, temos que partir de sua participação no mistério de Cristo: “Cristo ressuscitou como primícias dos que morreram... como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão... Em primeiro lugar Cristo... depois os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda” (1Cor 15,20-27). Como Maria foi redimida já em sua concepção, em vista dos méritos de Cristo, permanece unida a Ele também em sua ressurreição. Esse momento da sua glorificação pela Assunção decorre da Ressurreição. O Papa Pio XII não define como se dá o fim de Maria. Não sabemos nada, além das tradições apócrifas. O Papa diz: “Pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial" (MUNIFICENTISSIMUS DEUS, 44). O Papa não criou essa verdade, ele a reconheceu como verdade reconhecida desde os inícios do Cristianismo e mostra os documentos. 
Ó Mãe do Senhor 
Maria esteve e está unida ao Mistério de Cristo em todos os seus momentos. Mãe não deixa de ser mãe. Pela maternidade Maria permanece unida a Cristo e, com ela, todos o filhos de Deus. Humildemente Maria reconhece, com humildade, essa participação: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo Poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 14-55). Maria não se faz grande, mas objeto do amor de Deus. Mas reconhece sua missão na Igreja e no Céu. Reconhece a ação de Deus por ela e, por ela a todo o povo. É humilde e aceita a obra do Senhor. O louvor que todas as gerações lhe dirigem como uma criatura unida ao projeto salvador de Deus a toda humanidade. Está unida à salvação de todos, derrubando os poderosos dos tronos e elevando os humildes. Sua elevação é a elevação de todo o povo. Maria deveria seguir Jesus na ressurreição e ascensão, pois é dom que nela, concede a todos. Está garantida nossa ressurreição, pois uma do povo já completou o caminho. 
Intercessora 
Quando rezamos, rogai por nós, santa Mãe de Deus, não estamos desviando a missão do Cristo único mediador. Porque rezamos uns pelos outros, fazemos súplicas, pedimos milagres e louvamos. Como Corpo de Cristo, estamos unidos a Ele em todo seu mistério, inclusive sua intercessão e mediação. Os membros acompanham o corpo. Por isso rezamos pelos outros. Maria faz parte do Corpo Total de Cristo. Por isso pode rezar por nós e receber nosso culto. Enquanto fazemos parte desse Corpo de Cristo, estamos unidos também a Maria, e a todos os fiéis, em todas as missões desse Corpo. Não tenhamos medo de rezar a Nossa Senhora, conversando com ela como Jesus o fazia, pois somos filhos com Ele. Se somos irmãos, somos filhos. Logicamente é preciso purificar esse belo culto de formas incoerentes. Assim evitamos que se desfaça essa beleza que é Maria. 
Leituras: Apocalipse 11,19ª;12m1.3.-6ab; 
Salmo 44; 1Coríntios 15,20-27ª; 
Lucas 1,39-56. 
Ficha: nº 1884 - Homilia da Assunção de Maria (18.08.19) 
1. Para entender a Assunção de Maria, sua participação no mistério de Cristo. 
2. Maria esteve e está unida ao Mistério de Cristo em todos os seus momentos. 
3. Maria faz parte do Corpo Total de Cristo. Pode rezar por nós e receber nosso culto.
Mãezinha do Céu 
Sentimos uma profunda alegria em podemos lembrar de Nossa Senhora como Mãezinha do Céu. É o eterno coração de criança. Que bom lembrar que essa mãe tem muitos filhinhos. É uma creche celestial. Por isso não podemos perder as belas tradições de chamar Maria de Mãezinha, expressão da ternura, acolhimento e contínuo cuidado. Não é à toa que Deus quis que não faltasse ternura no Céu. Todas as belezas da santidade não conseguem atrair se não for umedecida de ternura. É o que nos ensinaram: Pede à Mãe que o Filho atende. Jesus já tinha muito serviço com essa redenção. Deixou à Mãe, cuidar ternura.

domingo, 4 de agosto de 2019

nº 1882 - Homilia do 19º Domingo Comum (11.08.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Coração de filhos” 
 A fé dos pais
Fé que constrói. Essa foi sempre a noção de fé que atravessou a história do povo e se faz história da salvação. Nela a verdade se faz vida e a vida se faz história. Os que creram nas promessas fizeram a história e nos transmitiram como aprendizado e a experiência da fé. É belo ver o desfile dos antepassados que viveram da fé: “A fé é um modo de possuir o que se espera e convicção acerca de realidades que não se veem” (Hb11,1). A fé dá aos patriarcas (pais na fé) a certeza que se concretiza num acontecimento que faz a história. A história não é uma narrativa, mas um entrelaçar do humano e do Divino. Deus faz e o homem crê e realiza. Diz de Moisés que ele “caminhava como se visse o invisível” (Hb 11.27). Acontece assim que a fé tem na noite pascal o momento máximo da libertação que conduz à aliança no Sinai. Na noite da libertação, quando passou o Anjo do “terror” na matança dos primogênitos dos egípcios, puderam fazer um ato de fé no Deus que liberta e os consolida como povo: “Os piedosos filhos dos bons ofereceram sacrifícios secretamente e, de comum acordo, fizeram esse pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos” (Hb 11,9). A aliança gestada naquela noite se torna uma memória permanente que dá fundamento ao que se segue. Assim nasce um povo que conserva a garantia da escolha de Deus e sua permanente presença a garantir sua existência. Aqui encontramos “aquela noite da libertação”. Lembramos que celebramos a Páscoa à noite e a Ressurreição de Jesus se dá à noite. Não dizemos que a noite gesta o dia. 
Na força do dever 
Diante da parábola dos empregados fiéis, percebemos a continuação da grandeza do tesouro que nos é confiado. Esse tesouro não é somente uma propriedade pessoal, mas é a comunidade toda que é o tesouro que nos foi confiado a guardar com responsabilidade, como partir em viagem, com vestes que davam leveza e segurança. É estar sempre prontos para a chegada imprevista do Senhor que está sempre vindo. Por isso, a vigilância é permanente como sabendo a hora em que o perigo vai chegar. Por aqui continuamos vendo que a noite é o momento de vigiar. Na história da oração da Igreja, de modo particular dos monges, a noite tem a predominância na organização da oração. De dia se trabalha, de noite se reza e se está vigilante. Pouco sono. Sempre despertos com as lâmpadas acesas e o óleo na vasilha. O prejuízo (castigo) pelo descuido aparece nos resultados pelo descuido e desatenção ao que nos foi confiado. Vemos Abraão caminhando sempre em busca da terra que iria receber como herança. Partiu sem saber para onde ia (Hb 11,8). Nós programamos os resultados. Os patriarcas buscavam, como deixando a Deus a hora de encontrar. Nós buscamos os sinais da obra de Deus. 
Garantir o tesouro no Pai 
Somos advertidos: “Não tenhais medo pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai a dar a vós o Reino”. O pouco que temos está garantido. Os poucos bens são vendidos e dados em esmola. A economia é outra. Os bens estão em bolsas que não se estragam. O tesouro está no Céu. Vemos os impérios econômicos do mundo. De repente desaparecem. O jogo é outro. O ladrão do mundo os consome. Não produziram frutos. Imagino os escravos hebreus, diante dos grandes monumentos egípcios que não passam de peça de museu. E os escravos são um pequeno rebanho assustado, mas vencedor. À medida que mandamos nossas reservas para esse depósito, nos sentimos garantidos.
Leituras: Sabedoria 18,6-9;
Salmo 32; Hebreus 11,1-2.8-19;
Lucas 12,32-48 
Ficha nº 1882 - Homilia do 19º Domingo Comum (11.08.19) 
1. A história não é uma narrativa, mas um entrelaçar do humano e do Divino. 
2. A vigilância é permanente como sabendo a hora em que o perigo vai chegar. 
3. À medida que mandamos nossas reservas para o depósito, nos sentimos garantidos.
Não tenho medo do escuro
O mistério da noite sempre nos traz medo. Quantas histórias de assombração, sustos e visões que nos fizeram passar tanto medo. As noites, junto ao fogão, os peritos em contar os causos, deram vida ao anoitecer. O mistério da noite perdeu sua riqueza. Que sobrará disso? Fico maravilhado com este texto do Livro da Sabedoria sobre a noite da libertação. Havia um juramento de Deus e o povo esperou e creu. A Páscoa marcou a vida do povo. Fizeram de uma tradição antiga, um rito novo. Mudaram seu sentido e futuro. Agora a noite não é somente um rito, mas uma realidade. Somente a luz de Deus pode iluminar a noite. A noite gesta o dia. A noite da Páscoa gestou um povo novo. A Páscoa de Jesus ilumina o mundo. A noite nos traz a certeza do nascimento do dia. É um parto. Depois do pranto, vem a alegria.

nº 1880 - Homilia do 18º Domingo Comum (04.08.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Ricos para Deus” 
Rico diante de Deus 
O sentido da vida flui como resultado das escolhas que fazemos. Jesus se põe como aquele que dá sentido e segurança para nossa vida e nossas atividades. Quanto mais nos desapegarmos, mais nos firmamos no único bem necessário. Deus nos abre as riquezas que a vida oferece. Maiores serão os dons se nos firmarmos no único necessário e referência: “Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo e não é rico para Deus” (Lc 12,21). Aquele homem que teve grande colheita não soube dar sentido a tudo o que possuía. O risco dos bens materiais está justamente em não perceber que os bens podem contribuir para sua riqueza humana. Perde-se o sentido dos bens quando não sabemos construir uma riqueza maior, sendo rico para Deus. Jesus não condenou esses bens materiais, mas a insensatez no seu uso. É o que encontramos na leitura do livro do Eclesiastes. O homem que vive na ilusão da riqueza perde as outras dimensões da vida que podem ser enriquecedoras e dão sentido ao que foi produzido por um bom trabalho. A riqueza espiritual pode aumentar os frutos de nossos bens. Ser rico para Deus é multiplicar os bens na matemática de Deus: Quanto mais nos desapegarmos, mais possuímos e armazenamos a abundância e produzimos bens espirituais. Somos pó, como lemos no salmo. A cartilha do bem viver exclui a ganância, a soberba da abundância e o fausto do vazio. Jesus coloca aí a loucura e a incapacidade de bem administrar a vida. Os bons e os santos também morrem, podem ter bens, mas são desapegados e possuem a sabedoria.
Buscar as coisas do alto 
Toda nossa vida cristã tem o sentido na ressurreição. A ressurreição final, quando seremos todos em Cristo, nos comunica a vitalidade para nosso dia a dia. Ela não nos tira da realidade em que vivemos, mas nos coloca na ressurreição que deve penetrar todas as realidades. Sendo batizados em Cristo somos ressuscitados com Ele. Temos assim a grande mudança de tudo em Cristo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos para alcançar as coisas do alto, onde está Cristo à direita de Deus... Aspirai às coisas celestes e não às terrestres. Vós morrestes e vossa vida está escondida, com Cristo em Deus” (Cl 3,1ss). Nossos celeiros espirituais foram feitos para guardar as riquezas de Cristo em nós. Somente aquele que já se despojou do homem velho e se revestiu do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu criador, tem essa sabedoria (id). Ter fé nos leva a superar a vaidade dos bens, a loucura e o vazio dos bens materiais. Será sensato e rico diante Deus. Os bens materiais vividos em Cristo produzirão frutos muito maiores, pois o amor multiplica e não divide. Esses celeiros podem crescer ao infinito. 
Contar nossos dias 
O coração humano que busca Deus supera todo vazio e dá consistência a nossa vida. O salmo ensina a ver que a fragilidade da vida é pó. Somos nada, passamos. Por isso podemos suplicar: “Ensinai-nos contar nossos dias e dai sabedoria ao coração... Saciai-nos de manhã com vosso amor e exultaremos de alegria todo dia” (Sl 89). O cristão é diferente quando sabe viver bem as condições humanas com intensidade do amor. Tudo se multiplica. Somos chamados a tirar de nossa vida os vícios que nos destroem, pois já nos despojamos do homem velho e da sua maneira de agir. A comunidade cristã é o celeiro que precisa ser sempre maior para conter a riqueza da graça. A colheita dos bens espirituais exige sempre maiores celeiros para promover mais irmãos. Nossos dias cheios de sabedoria encherão os celeiros para a comunhão fraterna. 
Leituras: Eclesiástico 1,2; 2,21-23;
Salmo 89;Colossenses 3,1-5.9-11;
Lucas 12,13-21. 
Ficha nº 1880 - Homilia do 18º Domingo Comum (04.08.19) 
1. Quanto mais nos desapegarmos, mais nos firmamos no único bem necessário. 
2. A fé nos leva a superar a vaidade dos bens, a loucura e o vazio dos bens materiais. 
3. A colheita dos bens espirituais exige sempre maiores celeiros para promover mais irmãos. 
Segurando o Vento 
O livro do Eclesiastes tem ensinamentos que refletem bem o crescimento da Palavra de Deus no meio de uma sociedade não judaica. O autor sagrado está em busca. Para ele a vaidade das coisas lhes tira a consistência. É como segurar o vento. Ver as realidades e realizações sem consistência quer segurar o vento com as mãos. O jeito é fazer celeiros que recolhem vida para ser distribuída. O vento da vaidade e estupidez, passam por nós e nos deixam.