quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

nº 1922 - Homilia da Festa da Sagrada Família (29.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista “
Jesus, Maria e José” 
 Honra teu pai 
No período do Natal celebramos a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Não se trata só de uma devoção, mas de um modo de compreender a Redenção que Jesus nos trouxe. Ele se fez homem, mas se fez família também. Tirar os pais de Jesus do anúncio evangélico é desfigurar a Encarnação. Deus quis assim. Não é minha opção religiosa que vai mudar o desígnio de Deus. Quis uma Mãe, que O gerou, e um pai que transmitiu a realeza: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo”... “José, filho de Davi (rei), não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). Sendo assim, a festa não é a comemoração de uma família exemplar, mas a celebração do Mistério da Encarnação, manifestação de Deus, através de seu Filho, em sua condição humana dentro de uma família. A família é o primeiro lugar para a formação dos filhos de Deus, como o foi para Jesus. Há os que querem ver mau relacionamento de Jesus com Maria. O mandamento de honrar os pais estava muito encarnado em Jesus: “Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso” (Lc 2,51). Jesus completa esse relacionamento com sua obediência ao Pai, sem destruir os laços humanos que tinha com seus pais. É justamente isso que os apóstolos e Paulo tomam como modelo para a vida de comunidade. Tudo o que Deus quer para o mundo começa com a família. Vemos isso no Eclesiástico, nas cartas de Paulo e Pedro. É a condição para entrar em oração: “Quem honra seu pai... no dia em que rezar será atendido” (Eclo 3,6).
Revesti-vos de virtudes 
Paulo, na carta aos Colossenses, descreve as virtudes que devem reinar no lar e na comunidade. O que predomina é o amor: “Amai-vos uns aos outros, pois o amor é vínculo de perfeição” (Cl 3,14). Paulo coloca a vida em família a partir de uma mudança interior: “Revesti-vos de sincera misericórdia...”. Passa a seguir à vida comum na base do amor, da paz e da ação de graças. São as virtudes que constroem uma comunidade. A Palavra de Deus é o fundamento do relacionamento: “A Palavra de Cristo, com toda sua riqueza, habite em vós” (Cl 3,16). Não é possível uma vida de família sem que seja modelada pela Palavra. Como faz falta em nossas famílias a orientação a partir da Palavra de Deus! Como há grande fragilidade por falta de conhecimento, Paulo insiste: “Ensinai, admoestai-vos uns aos outros” (16). O que nos falta muito é justamente a formação. Mais que gente que instrua, falta gente que queira aprender. A vida cristã é centrada em Cristo: “Tudo seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo”. O relacionamento espiritual vai ao concreto da vida matrimonial no mútuo amor e respeito. Vai até o cuidado no relacionamento dos filhos. 
Famílias novas? 
A Igreja não desiste de sua compreensão da família, como recebemos do Evangelho e da Tradição. A complementaridade assume todos os campos. É tão rico ver a diferença sendo fonte de crescimento pessoal. O que quero em mim, eu encontro em você. Um é espelho do outro. Crescemos quando somos capazes de acolher o outro como um dom de Deus e um estímulo de vida. Certo que o passado não é o melhor modelo, pois cada época tem suas riquezas e pobrezas. A Igreja é uma família de famílias. Desse modo todo o empenho exigirá a família como um todo. Infelizmente as pastorais não trabalham com a família que deve estar presente em todos os setores. Vivendo os ensinamentos evangélicos e desenvolvendo seus próprios dons, contribuirão para uma evangelização envolvente. 
Leituras: Eclesiástico 3,3-7.14-17; Salmo 127; 
Colossenses 32,12-21; Mateus 2,13-15.19-23. 
Ficha nº 1922 - Homilia da Festa da Sagrada Família (29.12.19) 
1. Tirar os pais de Jesus do anúncio evangélico é desfigurar a Encarnação. 
2. Não é possível uma vida de família sem que seja modelada pela Palavra. 
3. Crescemos quando somos capazes de acolher o outro como um dom de Deus.
Éramos três 
Deus gostou muito do jeito humano de viver que quis que seu Filho dileto vivesse do mesmo modo. Parece que era o melhor jeito para Deus realizar seu plano de salvar a humanidade. Não adiantava passar uma tinta bonita no mundo para ele ficar bom. Precisava consertar por dentro. Por isso quis iniciar a redenção dentro de uma família. As virtudes da família se realizaram todas naquela familiazinha que foi crescendo, ficando forte, aumentando os números dos filhos até chegarmos ao que somos, Igreja, família de Deus.

nº 1921 Natal do Senhor (25.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Glória a Deus” 
 Colocou-O numa manjedoura
Depois de um rico Advento no qual a vinda futura de Jesus se funde com a sua vinda na carne, pudemos conhecer o desígnio de Deus sobre nossa salvação. Aquele que nasce entre as palhas, na humildade, virá glorioso, mas humilde, para recolher na seara do Reino, os frutos maduros para a ceifa. Vendo uma criancinha dormindo em paz em um cocho, o universo se abre à maior revelação: O Deus, que era vingador até quarta geração, é o Pai amoroso que acolhe todos os filhos. É a paz que os anjos cantam (Lc 2,14). O Anjo diz a Maria e aos pastores: “Não tenham medo” (Lc 2,10). É de paz que Ele vai falar. A paz de uma criança adormecida é a semente da esperança. Em seu corpo ele realiza a união entre a Humanidade e a Divindade. Há paz entre Deus e o homem. Jesus, em seu corpo, realiza a salvação da humanidade. “Ele é nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação entre judeu e pagão, e suprimindo em sua carne a inimizade. A fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo paz e de reconciliando a ambos com Deus em um só Corpo por meio da cruz... assim, Ele veio e anunciou a paz” (Ef 2,14-15). Essa paz não é um momento de suavidade, o que é também, mas é uma ação de Deus realizada por seu Filho nascido numa manjedoura, num mundo dominado pelo poder romano. Os humildes foram para provar essa paz. São os primeiros anunciadores, pois “voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora dito” (Lc 2,20). A paz une a manjedoura à cruz num único gesto de amor para a paz. 
Manifestou-se a graça 
Paulo a Tito diz: “A graça de Deus se manifestou trazendo a salvação a todos os homens. Ele nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões humanas e viver nesse mundo com equilíbrio, justiça e piedade... (Tt 2,11). O Menino da manjedoura tem uma dimensão maior que uma criança adormecida. Ele vem para restaurar o Universo. Mas quer também restaurar nosso coração de modo que viva intensamente a paz que trouxe. O mundo só se renova quando os corações são renovados e as atitudes são novas. A fé não se coaduna com a maldade. “Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem” (Tt 2,14). A graça de Deus manifestada em Jesus. Ele é a graça e a misericórdia. Chama-nos a viver com coerência. Não basta crer e admirar. Deus quer de nós atitudes que reflitam nossa opção pelo Redentor de todo homem. Se queremos ser redimidos, sejamos redentores através do Evangelho vivo que temos em nós por crer em Jesus. Aprender do Natal é ser Natal durante nossa vida, construindo a paz. 
Ele nos ensina 
O Natal é um livro que ensina verdades sempre novas. Não é sem razão que o Apóstolo Evangelista João diz que a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). É uma Palavra que ensina. É uma Palavra que está na manjedoura, lugar onde os animais se alimentam. Ela sempre alimenta. Nós vimos sua glória (Idem). Deus se fez visível: “Filipe, quem Me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Dizer que entramos na escola de Nazaré é ter a sabedoria de aprender de Jesus, o Filho de Deus que se encarnou, o modo de viver para corresponder ao mistério que celebramos. No Natal não somente lembramos um aniversário, mas celebramos a Manifestação de Deus. Podemos dizer que vimos a Deus com nossos próprios olhos (1Jo 1,1). Vimos e anunciamos para que tenhamos comunhão. 
Leituras: Isaías 9,1-6; Salmo 95; 
Tito 2,11-14;Lucas 2,1-14 
Ficha: nº 1921 - Natal do Senhor (25.12.19) 
1. O Deus, vingador até a quarta geração, é o Pai amoroso que acolhe todos os filhos. 
2. O Menino da manjedoura tem uma dimensão maior que uma criança adormecida. 
3. No Natal não só lembramos um aniversário, mas celebramos a Manifestação de Deus.
Não tenhais medo 
Há dois tipos de medo: medo do feio e medo do bonito demais. O medo que temos de Deus não é de correr para longe, mas de se sentir pequeno demais para algo tão grande e bonito. O Anjo diz aos pastores que não tenham medo. A coisa é muito boa. Nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Ninguém pode se aproximar de Deus sem o sacro temor, isto é, com o respeito devido a Deus que atrai para Ele. Por isso o Anjo diz não temer. Deus é bom. Isso Ele mostrou quando colocou seu Filho num cocho como alimento.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Nº 1920 - Homilia do 4º Domingo do Advento (22.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Emanuel, Deus conosco” 
A origem de Jesus 
Estamos sempre diante de um grande mistério da fé: Crer na boa notícia que José recebe: “Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu Lhe darás o nome de Jesus, pois Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt, 1,21). Assim se cumpre a profecia do Emanuel, Deus Conosco. “Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa” (Mt 1,23-24 – Is 7,14). Maria deu seu consentimento para realizar a missão de dar luz o Filho de Deus, o Emanuel – Deus Conosco. O Anjo falou a José em sonho. O sonho era um dos caminhos da manifestação de Deus. Mas esse caminho vem acompanhado de uma visão de fé. De um sonho José é capaz de amadurecer em si os propósitos de Deus. O sonho tem valor? Sim, se acolhido na fé madura. Vemos igualmente como o evangelista interpreta o sonho a partir da Palavra de Deus. Jesus que nasce de Maria é Filho de Deus e ao mesmo tempo filho da humanidade. Deus Conosco não é uma distante divindade, mas um Deus que se faz presente como no Paraíso, escolhe Abraão e os patriarcas, tira o povo do Egito, conduz pelo deserto, falou pelos profetas. Sempre se exigiu de seus profetas uma adesão pessoal. É a mesma que acontece em Maria e José. Souberam discernir o que era de Deus e o que podia não ser de Deus. O que o sonho garante? Mesmo hoje, os homens e mulheres que marcam sua presença no mundo são os que caminharam como os antigos, como vendo o invisível. 
Vocação e apostolado 
Acolher Jesus Cristo é anunciá-Lo. Paulo diz de se: “apóstolo por vocação, escolhido para o Evangelho de Deus (Rm 1,1). A Encarnação dá início ao anúncio da maior Verdade: Deus se fez homem e na condição humana realiza nossa redenção e nos associa a si para o ministério. Vemos em Maria, a primeira missão: “Naqueles dias, levantando se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá. E Entrou em casa de Zacarias, e saudou Isabel” (Lc 1, 39-40). A Encarnação e o Nascimento são a grande proclamação da Palavra de Deus que se encarnou para que pudéssemos participar da divindade. Deus não veio impor uma religião, mas transmitir a participação de sua Vida Divina. Não é uma participação por união de ideias sentido de grupo, mas comunhão que se estabelece por parte de Deus e com acolhimento. Vemos nos fatos do tempo do Natal o grande acolhimento que acontece com os pastores, Magos, Simeão, Maria e José que não são funcionários do Sagrado, mas intimamente unidos ao Filho, pela fé e pelo amor derramado em seus corações. O anúncio evangelizador penetra todas as condições humanas. Não é possível resistir a tanta entrega de Deus. Deus Conosco – Emanuel - não é um personagem a mais na história, mas a ponto de encontro do Universo e Deus. 
Incomodar a Deus 
Não entrar nos caminhos de Deus é um processo de liberdade fictícia, pois o caminho de Deus é único. O ser humano tende necessariamente para Deus. Pode-se recusar intelectualmente, afetivamente, mas Deus não se molda aos nossos sentimentos, pois ele os precede e nos assume. Vimos o rei Acab que não quer entrar na “jogada de Deus”. Não para ser um incômodo. O silêncio de Maria não era mutismo, mas a espera do momento de Deus se comunicar. Deixou que o mistério da entregada de Deus se fizesse no caminho das pessoas. José acolheu o Divino na condição humana. Ensina que Deus age em nós. 
Leituras: Isaías 7,10-14; Salmo 23;
Romanos 1,1-7; Mateus 1,18-24 
Ficha nº 1920 - Homilia do 4º Domingo do Advento (22.12.19) 
1. José é capaz de um sonho amadurecer em si os propósitos de Deus. 
2. Deus não veio impor uma religião, mas transmitir a participação de sua Vida Divina. 
3. Deus não se molda aos nossos sentimentos, pois ele os precede e nos assume.
Dia do chato
Quem é chato tem o privilégio de sê-lo sempre. Já o rei Acab não quer incomodar a Deus. É chato porque foi capaz de incomodar o povo e a Deus. Não foi capaz de entrar nos tempos de Deus. Quis fazer tudo por si e acabou mal. Deus, ao enviar seu Filho quis precisar dos que sabem ouvir a Deus e acomodar sua vida a seus planos. São capazes de assumir suas funções na vida para que Ele possa realizar seus planos em nós. Deus não quer personalidades. Quer gente que faça. Essa é a personalidade. Todos simples, todos cheios de boa vontade e disposição.

nº 1918 - Homilia do 3º Domingo do Advento (15.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Alegrias da salvação” 
Alegrai-vos! 
A temática do terceiro domingo do Advento abre à alegria do Natal mostrando que o Senhor está perto: “Alegrai-vos! O Senhor está perto”. A alegria é resultado da ação de Deus que sempre transforma as realidades humanas. Vemos essa realidade acontecer nas ações redentoras que Jesus realiza para com os muitos necessitados. Esta alegria da vinda do Senhor é descrita pela imagem da renovação da natureza. Deus vem para a recompensa. O povo que volta do exílio vem cheio de alegria pela libertação. A futura missão do Messias já é manifestada pela cura de cegos, de surdos, de aleijados e de mudos. É uma felicidade eterna. O nascimento de Jesus não é um fato da história que passou, mas um novo modo de viver no mundo. O Advento nos prepara para esse momento. Rezamos na oração da missa: “Dai-nos chegar às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia”. O presépio é um símbolo. A celebração litúrgica é a memória atuante que realiza o mistério da Encarnação e Nascimento do Senhor. As celebrações têm como característica a profunda alegria da salvação: “Exulto de alegria no Senhor, e minha alma se regozija em Deus, meu Salvador, porque Ele me revestiu com vestes de salvação” (Is 61,11). Maria, ao cantar seu encantamento por Deus que a magnificara, retoma as palavras de Isaias (Lc 1,46-47): “Minha alma engrandece o Senhor e se alegrou o meu espírito em Deus me salvador” (Lc 1,46-47). Exultar é sempre um ato de culto, pois o júbilo é uma participação da vida celeste. 
Espera que fortalece 
São Tiago nos oferece um traço da espiritualidade desse tempo de espera que caracteriza o Advento. O Senhor virá no fim dos tempos, e vem no Natal de forma sacramental. Esperar exige paciência e firmeza. O apóstolo usa a imagem do lavrador que semeia e espera o fruto. Essa espera tem que se espelhar na paciência dos profetas que passaram por tantos sofrimentos e não chegaram ver cumprida sua profecia: “Muitos profetas quiseram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram” (Lc 10,24). A espera se sustenta com o espírito de pobre diante de Deus. Não de miséria, mas de desapego. Essa pobreza espiritual dá forças para colocar suas esperanças nas coisas que permanecem para sempre. Por isso esperamos o Senhor. Pobres diante de Deus se sustentam com as alegrias da salvação. A alegria passageira entristece. Alegria no Senhor fortalece a esperança. A alegria de Deus é força. 
Para ser profeta como João 
O Advento deste ano reflete sobre João Batista. Ele é o maior profeta. É dele que falam Escrituras: “Eis que envio o meu mensageiro à sua frente; Ele preparará o caminho diante de ti” (Mt 11,9-10). João quer saber se Jesus é o Messias prometido “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? (Mt 1,3). Jesus mostra aos enviados, através dos seus milagres, ação de Deus no Messias: “Os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,4-5). É a síntese da ação de Jesus. João é modelo para os profetas e evangelizadores: centrado no fundamental que é sua vida e mensagem voltadas para a missão. Por isso é desapegado, pois se vestia com peles e comia gafanhotos e mel silvestre. Nós nos perdemos no secundário e deixamos de lado o importante e que dá vida como Jesus. A salvação sempre nos vem após a libertação do desnecessário para a vida. 
Leituras: Isaias 35,1-6a.10; Salmo 145; 
Tiago 5,7-10; Mateus 11,2-11.
Ficha nº 1918 - Homilia do 3º Domingo do Advento (15.12.19) 
1. O nascimento de Jesus não é um fato histórico, mas um novo modo de viver. 
2. O Senhor virá no fim dos tempos, e vem no Natal de forma sacramental. 
3. João é modelo para evangelizadores: sua vida e mensagem voltadas para a missão. 
Olhando pela fresta 
Voltados para o fim dos tempos, como vemos na reflexão do Advento, temos a impressão que vai ocorrer algo em breve. Por isso ficamos esperando, como que olhando por uma fresta para sermos os primeiros a ver. A ansiedade nos tira do rumo. É bom saber buscar o Senhor, mesmo que isso nos custe uma vida. A expectativa da vinda do Senhor, seja no Natal, seja no fim do mundo, seja em cada momento, constrói dentro de nós como que um lugar de permanente acolhimento. Pode chegar quando quiser que o cafezinho vai estar pronto. É uma satisfação poder ser feliz com antecipação.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Nº 1916 - Homilia da Festa da Imaculada Conceição (08.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Imaculada Mãe” 
Cheia da Graça 
A celebração da Imaculada Conceição é colocada no início do Advento para nos ajudar a compreender Maria no cumprimento de sua missão na História da Salvação. Há um elemento que não deve faltar na reflexão desse dia: Maria é o ponto de chegada do povo de Deus na preparação para a vinda do Messias. Ele é a flor do Jardim do Éden cuja semente veio no coração de Adão e Eva e brotou no jardim do mundo pecador. Paulo escreve aos Gálatas: “Quando chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a lei...” (Gl 4,4). A flor imaculada nos dá o Fruto Bendito. É o amor de Deus pelo homem pecador. Deus não desiste de nós. Por isso nos apresenta a Mãe de seu Filho como maior dignidade do ser humano e do universo. Pela ação de Deus, do humano nasce o Divino. Em Abraão Deus escolhera uma esposa, o povo. Mesmo em suas infidelidades não perdeu as promessas, pois Ele é fiel. O povo se prostituiu com deuses. Mas Deus a retomou e disse: “Você é bela, minha amiga, em ti não existe mancha” (Ct 4,7). Assim se realiza a profecia: Maria é a toda bela, “cheia da graça de Deus” (Lc 1,28). É a primeira luz que nos faz ver o Paraíso. A leitura do texto de Gênesis ensina a inimizade entre a serpente (o mal) e a mulher (Maria) e seu descendente, o Cristo. O salmo canta a força do braço de Deus que fez prodígios. (Sl 97). Não é uma festa de um dogma, ou de um privilégio de Maria, mas celebração da redenção de todos em Cristo que “preservou Maria de todo pecado, em previsão dos méritos de Cristo” (Oração da coleta) 
Santos e irrepreensíveis 
Maria é a única livre do pecado. A carta aos Efésios nos lembra que “Deus nos escolhe para sermos santos e irrepreensíveis aos seus olhos no amor” (Ef 1,4). O projeto de Deus acontecido em Maria é para todos nós. Ela cooperou com a graça que lhe foi concedida. Modelo de todos nós na execução do projeto de Deus. Rezamos no prefácio: “A fim de preparar para vosso Filho, mãe que fosse digna Dele, preservastes a Virgem Maria da mancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude da graça”. A graça que Maria recebeu interessa a todo o povo chamado a chegar a Deus, “purificados de toda culpa, por sua materna intercessão” (Oração). Entramos na questão da intercessão de Maria. Ela, recebendo a graça de ser preservada do pecado pelos méritos de Cristo, intercede como Mãe por seus filhos. Sua proteção e intercessão nos estimulam a buscar sempre mais a correspondência com a graça de filhos que recebemos no batismo a partir da purificação pelas águas. Unimo-nos a ela na Eucaristia que nos cura e purifica. Para essa purificação temos os sacramentos que não são só gestos rituais, mas dons de Deus para nossa santificação. Não os recebemos porque somos bons, mas porque precisamos de vida. 
Eis a serva 
Na Encarnação vemos concretizado o projeto de Deus que quis “preparar para seu Filho, uma Mãe que fosse digna Dele, preservou-a de toda a mancha de pecado, enriquecendo-a com a plenitude da Graça. Todo o mistério da Encarnação passa pela cooperação de Maria que dá o seu sim “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,28). Não basta ser purificado do pecado. A vitória só será completa se nos colocarmos a serviço. A pureza não é um dom só a ser louvado, mas é a força de Deus que penetra o mundo, para que se torne sempre mais, morada de Deus, como o seio de Maria. Essa bela festa é a proposta de mundo novo. 
Leituras: Gênesis 3,9-15.20; Salmo 97; 
Efésios 1,3-6.11-12; Lucas 1,26-38 
Ficha nº 1916 - Homilia da Festa da Imaculada Conceição (08.12.19) 
1. A Imaculada é a primeira luz que nos faz ver o Paraíso. 
2. Unimo-nos a ela na Eucaristia que nos cura e purifica. 
3. Todo o mistério da Encarnação passa pela cooperação e total entrega de Maria.
Segredos de Mãe 
Há quem diga que falamos muito de Maria. Mas S. Bernardo diz: “De Maria, nunquam satis”. De Maria, nunca falamos demais. Ela tem um segredo de Mãe. Sempre tem uma receita nova, tirada da manga. É tão bom saber disso. Pelo lado que chegarmos nós a encontramos sempre a mesma tanto na sua grandeza, como na sua humildade. Grandeza da parte de Deus e humildade de sua parte. Há os que não gostam dela. É a marca terrível do desconhecimento dos caminhos de Deus. Para vir ao mundo quis nascer de Maria. Tinha outras? Essa fora agraciada desde sua concepção para dar a seu Filho total independência do mal e a possibilidade de um mundo diferente a partir do coração do Filho amado do Pai.

domingo, 1 de dezembro de 2019

nº 1914 - Homilia do 1º Domingo do Advento (01.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Já é hora de despertar” 
Ficai preparados 
No Advento, o Ano Litúrgico continua a chamada para a segunda vinda do Senhor. Esse mistério estimula a Igreja a caminho. Em toda a missa clamamos: “Vinde, Senhor Jesus”. Esperamos sua vinda e clamamos por ela. Jesus, quando vier, nos encontrará reunidos cantando seus louvores. A fraternidade é o campo fértil onde se alimenta a esperança da vinda do Senhor. Não será um terror, mas a expressão mais profunda do amor de Deus que vai glorificar os resgatados por Cristo (Lc 21,28). A preparação não é somente uma espera, mas uma vida cheia de boas obras. Não basta a fé. A fé sem obras é morta (Tg 2,17). É preciso esperar na fé operante pela caridade (Gl 5,6). Estejamos preparados porque a vinda será repentina. Não liguemos a segunda vinda somente a um fato do fim dos tempos, mas ela está presente no dia a dia, nas realidades práticas da vida. Paulo diz: “Procedamos honestamente como em pleno dia” (Rm 13,13). A atitude que Paulo sugere, refere-se às coisas da vida: “Nada de comilança, bebedeira, nem orgias sexuais e imoralidades, nem brigas nem rivalidades” (Id). O altíssimo ensinamento recai sobre as coisas da vida, no ser humano situado. Viver intensamente é a orientação para viver com serenidade no concreto da vida. Existe a grande tentação de ateísmo prático. Deus não tem lugar nas coisas da vida. Por isso Paulo insiste: “Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). 
Revestir-se do Senhor Jesus 
Paulo insiste com dois termos na realidade de revestir-se de Cristo: “Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz... procedamos honestamente como em pleno dia... Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,12,14). Isso se realiza quando “com as boas obras ao encontro do Cristo que vem” (oração da coleta). Por isso temos a insistência sobre a dupla vinda de Cristo: “Revestido de nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez, para conceder-nos em plenitude, os bens outrora prometidos que hoje, vigilantes esperamos” (Prefácio). A oração pós-comunhão sintetiza o ensinamento: “Fazei que os vossos mistérios nos ajudem a amar agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”. É sempre a tenção ao presente e a tensão ao futuro que é repentina. Lembramos que a esperança é a virtude que coloca a fé na prática da caridade. Ela é certeza: “A esperança é qual âncora da alma, segura e firme, penetrando para além do véu onde Jesus entrou por nós, como precursor...” (Hb 6,19). 
Transformação do mundo 
Isaías lembra a atração que Deus exercerá sobre todos os povos. Ele localiza o polo de atração no monte do Senhor (Monte Sião) que estará no ponto mais alto do mundo. Para ele acorrerão todas as nações (Is 2,2-3). Esse monte é Cristo e seu Evangelho. Ele é quem exerce essa atração. Atração não somente espiritual, mas transformadora: “Os povos transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices” (Is 2,4). Paulo conclama: “Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,13). Um cristianismo sem conteúdo gera obras mortas. A transformação do mundo vai do coração às atitudes. A fé pode transformar o mundo e preparar a gloriosa vinda do Senhor. O salmo retrata a alma dos peregrinos em caminhada para a Jerusalém terrestre, símbolo da Jerusalém celeste. 
Leituras:Isaías 2,1-5;Salmo 121;
Romanos 13,11-14ª;Mateus 24,37-44 
Ficha nº 1914 - Homilia do 1º Domingo do Advento (01.12.19) 
1. A fraternidade é o campo fértil onde se alimenta a esperança da vinda do Senhor. 
2. A esperança é a virtude que coloca a fé na prática da caridade. 
3. Ele é quem exerce essa atração. Atração não somente espiritual, mas transformadora. 
Esperando o trem 
Numa terra aonde os ônibus e trens, nem sempre chegam na hora, ficamos sempre esperando para qualquer momento. Se sairmos de perto poderemos perder, pois, chegará justo naquele momento. Quanto esperamos e não chegou! Assim vai ser o fim dos tempos. Somos exigidos a estar sempre alerta para que não haja nenhum desgosto. O Senhor virá a qualquer momento. Os primeiros cristãos, inclusive São Paulo, contavam com uma vinda iminente. Assim se organizou a vida da Igreja. A noite foi sempre o momento propício para se ficar em oração de espera, como nos conta a parábola das dez virgens. Ao grito “Eis que chega o esposo”, tudo deve estar pronto. Com a demora, foi se esmorecendo essa expectativa. Agora nem se fala mais. Mas a liturgia sempre clama: Vem, Senhor Jesus! Isso manifesta que estamos prontos e queremos ir a seu encontro.