terça-feira, 29 de setembro de 2020

nº 2002 - Homilia do 27º Domingo Comum (04.10.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“O Reino vos será tirado” 
O Senhor plantou uma vinha 
Como vamos viver nessa situação, até angustiante, diante dessa parábola? Achamos que o Evangelho serve bem para os outros. Nós mesmos tomamos as atitudes dos chefes do povo, dizendo que isso não é para nós. Essa parábola resume a história do povo de Deus, a vinha predileta do Senhor. Durante toda a história de Israel, a vinha foi um sinônimo de povo de Deus que produz frutos. Rezamos no salmo: “A vinha do Senhor é a casa de Israel”. Povos foram desalojados para dar lugar a seu povo. Quando o povo sofria perseguição e destruição, o povo reclamava: “Por que lhe destruístes a cerca?...Voltai-vos para nós...visitai a vossa vinha e protegei-a” (Sl 79) . Entra também a súplica pela conversão para que Deus retome sua vinha: “Nunca mais vos deixaremos... Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome... Se voltardes para nós seremos salvos!” (Sl 79). Isaías proclama a beleza dessa vinha e o desencanto dos resultados. O profeta narra o carinho com que Deus cuidou desse povo, como o homem que cuidou de sua vinha. A parábola de Jesus foi perfeitamente compreendida pelos chefes do povo. Deus, mandou através da história, muitos servos para buscar o fruto do povo. Eram os profetas. Todos foram mortos. Por fim, mandou o Filho que teve a mesma sorte. Os chefes do povo se fizeram donos da vinha e queriam os frutos para si. Matam até o Filho para que tudo seja só deles. Essa atitude se repete de tantas maneiras no povo de Deus, chamado Igreja. Parece um mal que não tem cura. E tantos são os “servos” que são perseguidos dentro da própria Igreja. 
Jesus, pedra angular 
Jesus é a vítima, mas também o Senhor. Completando a série de seus crimes contra os profetas enviados por Deus, os Sumos Sacerdotes e os anciãos do povo, rejeitam Jesus e O lançam fora da vinha. Jesus foi morto fora das muralhas. O Reino que Deus lhes confiou pela aliança só é realizado por Ele. Pela sua Ressurreição é agora a pedra angular que dá sustentação ao novo povo, à nova vinha. Jesus, tendo assumido sua condição de Senhor e Mestre, vai dar ao Pai o fruto que Lhe pertence. Como Filho, entrega ao Pai o que produziu sua plantação. Igualmente podemos pensar e nos perguntar, se a Igreja do momento, não faz a mesma obra dos vinhateiros sufocando o crescimento das pessoas, e não as conduzindo ao Pai. Vemos igualmente aqui, o risco de uma religião sem frutos. Parece muito a vinha que bem cuidada só produziu uvas selvagens. Estamos levando o povo da herança que Deus nos confiou a nós ou ao Pai? É necessário um grandíssimo despojamento dos que têm a responsabilidade do povo: Sair de si, de seu mundo, de suas pretensões de poder e de suas figuras deixando de lado os preferidos de Deus. Aquele que tem Cristo como sua pedra angular será a base do mundo novo querido por Jesus.
Ocupai-vos com o verdadeiro 
Paulo nos oferece uma possibilidade e um modo de viver produzindo frutos para Deus. É na simplicidade que está o vigor da vinha. A primeira orientação é não preocupar-se com nada, confiando-se à vontade Divina. Recomenda-se uma vida de oração. Nesse relacionamento cresce a paz de Deus que ultrapassa todo o entendimento. Ela guardará os corações e os pensamentos em Jesus (Fl 4,6-7). Vejamos como Paulo vê a comunidade Igreja: “Ocupai-vos com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro amável, honroso, tudo que e virtude” (id 8). O vigor e o fruto da vinha estão na vida simples do cristão que vive sua fé. Assim os frutos amadurecerão na vida de cada um e serão entregues a Deus Pai. 
Leituras Isaias 5,1-7; Salmo 79; 
Filipenses 4,6-9; Mateus 21,33-43 
Ficha nº 2002 - 
Homilia do 27º Domingo Comum (04.10.20) 
1. Nós mesmos tomamos as atitudes dos chefes do povo dizendo que isso não é para nós. 
2. Pela Ressurreição é agora a pedra angular que dá sustentação à nova vinha. 
3. O vigor e o fruto da vinha estão na vida simples do cristão que vive sua fé. 
Perdemos a roça 
 Nós somos práticos em aplicar a bíblia aos outros e esquecemos que podemos estar incluídos nessa acusação de Jesus: “O Reino vos será tirado e entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Dizemos que os crentes crescem por todos os lados e que em cada garagem há uma igreja. Há outras razões. Mas o que fazemos por nossa fé. Países inteiros que eram católicos ficaram ateus. Pergunto: como eram os bispos, os cardeais, os padres, os leigos dessas comunidades? Quem é que vai às periferias e se gasta pelos necessitados? Como os padres, as paróquias recebem os pobres? As donas e donos do pedaço não abrem espaço. Pensamos só em nós, em nossos esquemas, em nossas tradições e não somos capazes de reformar. Ai de quem muda uma cadeira do lugar. O Brasil está entrando por esse caminho de ateísmo. As classes populares, depois dessa onda crente vai ficar atéia...Que fazemos?

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

nº 2000 Homilia do 26º Domingo Comum (27.09.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“A escolha que salva” 
 Eles nos precederão 
Um pai que confia nos filhos e abre possibilidades de participar de sua vida. E como resposta tem o desconhecimento. Jesus conta uma parábola dos dois filhos que recebem ordem do pai para irem trabalhar em sua vinha. Um diz sim e não vai, o outro diz não, mas, refletindo melhor, vai. Está comparando com a resposta que os chefes do povo dão a Deus. Deus o escolheu e lhe deu uma missão. Por sua vida e procedimento deram uma resposta negativa. Os pecadores, cobradores de impostos e prostitutas, por sua vida, davam uma resposta negativa, mas acolheram Jesus e creram Nele. Por isso precederão aos escolhidos de Deus que não responderam crendo em Jesus. Os pecadores creram e se arrependeram. Os sumos sacerdotes e os chefes não creram e nem mudaram de vida. Vemos na Igreja uma religiosidade que não penetra o coração e causa um fechamento à proposta do Reino que tocaria profundamente suas vidas. Não houve conversão. Para nós, que pensamos que vivemos o Reino de Deus, essa parábola nos leva a refletir sobre as permanentes propostas de Deus para nossa vida cristã na comunidade e, mesmo não negando abertamente, tomamos atitudes de quem desconhece. Como se diz: “O assunto não é comigo”. O que dá vigor ao Evangelho é a resposta dada com radicalidade. A primeira leitura mostra que Deus perdoa quando há conversão. E, se vivermos mal, passamos para a desobediência e perdemos a graça e a salvação. 
Ter os sentimentos de Cristo 
Paulo, nessa carta aos Filipenses, se debruça sobre o mistério de Cristo numa grande meditação de sua condição Divina que se encarna e vai ao extremo, a morte. O texto não é da teologia de Paulo. É um hino que o encantou. É a grande reflexão sobre a aniquilação (kénosis) que Cristo faz para salvar a humanidade e comunicar sua vida e sua graça. Vemos aí a força de reflexão dessa comunidade. Compreendeu que a Encarnação não é a bela festa de Natal, mas é o tremendo abaixamento do mistério de Deus que se abre ao mistério do homem perdido pelo pecado. É o mistério da obediência que ouve a vontade do Pai e vai ao extremo em sua realização. “Por isso Deus o exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Paulo descreve que essa é a atitude que nos faz ter os mesmos sentimentos de Cristo que é o modelo da vida da comunidade. Somente assim vamos construir uma Igreja que pode ter força de mudar o mundo. Não é essa a mentalidade do mundo. As pessoas que melhor serviram o mundo foram as que pensaram mais nos outros. Somos assim conhecidos por nosso Pastor, como cantamos na aclamação ao Evangelho: “Minhas ovelhas escutam minha voz e eu as conheço. Então elas me seguem”. 
Que Deus se lembre 
Nesse contexto um pouco tenso, contemplamos Aquele que será nosso “terrível” juiz. Provocamos Deus para que se lembre e faça memória de sua bondade: “Recordai, Senhor e vossa compaixão que são eternas... lembrai-vos porque sois misericórdia e bondade sem limites” (Sl 24). Estamos em contínua reflexão sobre nossa condição de fragilidade e risco de nos perder no caminho de Deus. Por isso clamamos com força que cuide de nós e “não nos deixe cair em tentação e nos livre do mal”. Que tenhamos sempre os sentimentos de Jesus. Assim não corremos o risco de nos perder. Ele é a salvação. Saindo de nós, encontramos os irmãos aos quais vamos, como fez Jesus ao dar a vida. 
Leituras: Ezequiel 18,255-28; Salmo 24; 
Filipenses 2,1-1; Mateus 21,28-32. 
Ficha nº 2000 
Homilia do 27º Domingo Comum(27.09.20) 
1. Uma religiosidade que não penetra o coração se fecha à proposta do Reino. 
2. Os sentimentos de Cristo são o modelo da vida da comunidade. 
3. Provocamos Deus para que se lembre, faça memória de sua bondade.
Afundou sem afogar 
É bonito ver quem sabe se virar dentro d’água. Parece peixe dentro d’água. Deve ser triste se afogar. Estamos diante de Deus que nos dá o exemplo maior de viver na pessoa de seu Filho. A carta aos Filipenses faz uma apresentação de Jesus que mostra como se afundar sem se afogar e se perder. Em sua entrada no mundo para nossa, Ele se afundou totalmente na condição humana. Para Ele não era problema nenhum se humilhar até o extremo: se fez homem, se fez escravo, se fez obediente até à morte e morte de cruz. Afundou mesmo. Por isso Deus O exaltou. Não vai haver subida, se não houve essa descida, como fez Jesus. Hoje cheguei ao número 2000. Que faça bem a muitos. Agradeço a atenção e colaboração. Foi um esforço conjunto. Deus seja louvado pelo bem que fizemos.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

nº 1998 - Homilia do 25ª Domingo Comum (20.09.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Pensar como Deus” 
 Direito de ser bom 
O profeta Isaías nos traz o pensamento de Deus “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos”. São tão distantes como a terra do céu (Is 55,8). Esse texto de Isaías nos ajuda a fazer uma leitura do texto do evangelho de Mateus sobre os trabalhadores da última hora. O modo de agir de Deus não parte de uma justiça de contrato, mas da justiça do amor e da benevolência. Esse texto sobre o modo de Deus distribuir seus dons, responde a uma necessidade da comunidade primitiva. Havia judeus que se tornaram cristãos e traziam toda a herança milenar de Israel. Como nos diz Paulo: “Aos israelitas pertence a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, aos quais também pertencem os patriarcas e dos quais, descendente, o Cristo, segundo a carne...” (Rm 9,4-5). Para Paulo, era dor ter de ser separado do povo. Os convertidos judeus, com esse passado, se sentiam invadidos pelos pagãos convertidos que eram colocados em pé de igualdade. Estes são os “operários da última hora”, das cinco da tarde. Na Igreja são todos iguais. Está afirmando que Deus trata a todos de modo igual. Deus retribui com justiça, mas sua justiça supera a justiça humana. Não desprezou os judeus, mas trouxe outros. Abre a todos, sua bondade. Podemos notar que havia grandes cristãos, vindos do paganismo, como muito entusiasmo por Cristo. Essa realidade nós a encontramos nas comunidades quando chegam novos membros. Deus é diferente: abre as riquezas de seu amor para todos. É preciso ser generoso como Deus. 
Viver à altura do Evangelho 
Para pensar como o Pai, é preciso passar a viver como Paulo. Somente na união, cada vez mais íntima com Jesus que podemos entender e viver como o Pai, como vimos na parábola. Assim vamos aproximar de Deus nossos pensamentos como também nossos caminhos (Is 55.8-9). Paulo, em sua trajetória passou de perseguidor a ser proclamador da fé em Jesus. Ele une de tal modo sua vida a Cristo que afirma: “Para mim viver é Cristo e o morrer é lucro”. Dá a entender que morrer na terra e viver no Céu com Cristo, são a mesma coisa. Desejaria muito estar com Cristo, mas, se continuar em seu trabalho é frutuoso para os cristãos, não sabe o que escolher. Mas já tem sua escolha feita: “Uma só coisa importa: que vivam à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27ª). Continua para que os cristãos vivam sempre melhor sua fé. Na recitação do salmo temos a explicitação desse Senhor ao qual dedicamos nossa vida “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos. Sua ternura abraça toda criatura... está perto da pessoa que o invoca” (Sl 144). Um Deus assim atrai mesmo. Mas para Paulo, o segredo da espera é fazer o que Deus faz e como faz. 
Os últimos serão os primeiros 
“Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16ª). É uma afirmação complicada. Somente quem compreende a lógica do amor pode entender essa frase. Ninguém pode reclamar. Os primeiros não podem reclamar do patrão. Os que são últimos se tornam primeiros sem reclamar. O pagamento foi um “denário”. Nele há a imagem de César e a inscrição. Todos os batizados recebem a imagem de Cristo no batismo e devem devolvê-la a Deus. Todos recebem a imagem e a semelhança de Deus e de sua bondade participada por todos. E a Palavra divina que consagra no batismo (T.Frederici). Todos estão em igualdade diante de Deus que convida a trabalhar. 
Leituras Isaias 55,6-9 Sl 144 
Filipenses 20c-24.27ª; Mateus 20,1-16ª. 
Ficha nº 1998 
Homilia do 25ª Domingo Comum(20.09.20) 
1. Deus retribui com justiça, mas sua justiça supera a justiça humana. 
2. Somente na união mais íntima com Jesus que podemos entender e viver como o Pai. 
3. Somente quem compreende a lógica do amor pode entender a parábola dos operários. 
“De trás prá frente” 
É mais fácil explicar complicado. Jesus, de vez em quando, dava um nó cérebro dos discípulos. É simples, mas a gente entende complicado. Jesus contou uma parábola do homem que foi contratar gente para trabalhar na roça dele. E prometeu a diária. Havia um sistema de trabalho de bóia fria em que os que estavam sem trabalho se juntavam num lugar e, quem precisava de gente para trabalhar ia lá. Ali se combinava. Ainda existe isso naquelas regiões. Então, como o serviço era muito, ele foi em diversos horários chamando outros e dizendo que acertava depois. Já não era mais a diária. No fim do dia, no acerto, Ele começou de trás prá frente, pagando aos de uma hora de serviço, o que era para uma diária. Os primeiros disseram: tamos feitos. E nada. Então azedaram. Qual o combinado? Então entendemos que Deus nos dá sempre muito mais que merecemos. Ele é generoso com todos.

nº 1996 - Homilia do 24º Domingo Comum (13.09.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“O Senhor é bondoso” 
 Perdoa por inteiro 
No contexto do “discurso sobre a Igreja”, Jesus anuncia esse programa de renovação do mundo que é a fraternidade. É preciso tornar-se pequenino, respeitar o outro, corrigir na fraternidade, unir-se para que Deus esteja em nosso meio e, ter o perdão ilimitado, como lemos na parábola do devedor implacável. Todo o capítulo 18 trata desse assunto. A liturgia apresenta-nos o Deus bondoso, como lemos no salmo102: “Quanto os céus se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes” (Sl 102). A parábola nos retrata como Deus perdoa mostrando um caso de grandes proporções. Um rei acerta as contas com os governadores. Como sabemos, os estados vivem endividados. O que lhe devia muito recebeu uma compaixão total: “Perdoou toda dívida”. Não parcelou. Esse indivíduo suplicou piedade. E foi ouvido. Mas não teve a mesma piedade com quem lhe devia algumas moedas. Então o rei o condenou. Assim fará o Pai do Céu conosco se não perdoarmos de coração. Acho que estamos em má situação, pois temos muita dificuldade de perdoar. Dizemos: “Perdoo, mas não esqueço”. Deus esquece. Assim responde à pergunta de Pedro: “Quantas vezes devo perdoar: até sete vezes? (Mt 18,21). Daí para frente não tem mais perdão. Queremos o perdão total de Deus, mas não sabemos ser como Deus que perdoa totalmente. O tema do perdão é fundamental na fé cristã, pois Jesus foi a expressão máxima do perdão de Deus. O perdão deve penetrar a Igreja e o mundo. 
O mal faz mal 
No livro do Eclesiástico encontramos um desenvolvimento do tema do perdão e as consequências ruins da falta de perdão. Faz muito mal para a gente: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis... Quem se vingar, encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados...” (Eclo 27,33.28,1). Se perdoar, quando orar terá o perdão dos pecados. Se guardar raiva, como poderá pedir a Deus a cura?... Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos pecados? O autor sagrado ainda acrescenta remédios para a cura desse mal: “Lembra-te de teu fim e deixa de odiar; pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos. Pensa nos mandamentos e não guardes rancor do teu próximo. Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia” (Eclo 28,6-9). Somente um bom relacionamento com Deus, como Vida, possibilitará viver como Ele é, e vive. O Salmo descreve esse Senhor: “Ele perdoa toda a culpa e te cura toda enfermidade... e te cerca de carinho e compreensão”. O autor do salmo descreve Deus como muito educado: “Não fica repetindo suas queixas, não guarda rancor...”. Seu amor é maior que a distância entre o céu e a terra” (Sl 102). Como nos ama, ensina a amar. 
Vivos para o Senhor. 
Paulo, na Carta aos Romanos, embora o texto não esteja voltado para esse tema, nos dá um fundamento dessa vida em amor. Ele é o Senhor também do amor. Ele é o Vivo que é a fonte da vida e para quem vivemos: “Ninguém vive para si mesmo, ou morre para si mesmo... é para o Senhor que vivemos e morremos”... Pois, pertencemos ao Senhor. Sua vida e morte foi exatamente para que Ele fosse “Senhor dos vivos e dos mortos” (Rm 14,7-9). O mandamento do amor que é um só na mesma intenção e intensidade é o fundamento de tudo. “Pois Deus é amor” (1Jo 4,16). A fé mostra sua obra no amor (Gl 5,6). A obra é o amor em todas suas dimensões e conotações. Não é bem isso que nos preocupa.
Leituras: Eclesiástico 27,33-28,9; Salmo 102; 
Romanos 14,7-9; Mateus 18,21-36. 
Ficha nº 1996
Homilia do 24º Domingo Comum(13.09.20) 
1. Queremos o perdão total de Deus, mas não sabemos perdoar totalmente, como Deus. 
2. O bom relacionamento com Deus, como vida, possibilitará viver como Ele é e vive. 
3. O mandamento do amor que é um só na intenção e intensidade é o fundamento de tudo. 
Bão de matemática 
Pedro resolveu fazer um teste de matemática em Jesus e acabou errando a conta. Perguntou: “Quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus responde: “Não só sete vezes, mas setenta vezes sete”. Quer dizer sempre. A matemática do perdão sempre dá o mesmo resultado: infinito. Este ensinamento Jesus nos deixa vem da sua capacidade de ser totalmente expressão do amor total e irrestrito do Pai. Esse é o pensamento da liturgia da Palavra desse domingo. Não há como escapar. O que acontece é que a gente gosta de brigar e ficar brigado. Complicou muito. Se tivermos que perdoar os inimigos, é sinal que inimigos existem.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Nr.1994 - Homilia do 23º Domingo Comum (06.09.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Amor é o cumprimento da lei” 
 Ouvi a voz de Deus 
Iniciando o mês da Bíblia temos na celebração do 23º Domingo uma dupla chamada: a responsabilidade de quem anuncia e a de quem ouve a Palavra. Quem anuncia tem um compromisso com a verdade. Por isso deve anunciar. Essa chamada não é aérea, mas deve se dirigir à pessoa no real de sua vida sem devaneios. A Palavra para a conversão tem um processo de respeito à pessoa que estaria no erro: primeiro, pessoalmente, numa conversa serena. Se não resolve, procura-se o apoio de mais uma pessoa, na discrição. Se não ouve, a comunidade toda se empenha. A partir daí, se fechado à Palavra, o fiel se exclui da comunidade. A responsabilidade é pessoal. Notamos a força evangelizadora da comunidade. A evangelização não é só um primeiro anúncio, mas é anúncio permanente. Está em contínua conversão. O salmo convida a essa conversão: “Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor!” (Sl 94). A palavra de Jesus sobre a força da união - “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles” (Mt 18,20) – mostra que Ele continua sua missão de evangelização permanente na comunidade, com o mesmo vigor. Assim podemos entender como as palavras frágeis que dizemos, tenham tal força de conversão. O permanente apelo é sustentado pelo salmo 94 - “Hoje não fecheis o vosso coração”- reflete a necessidade de evangelização. É uma busca de mudança de vida. Se um irmão pecar contra ti – errar – vai corrigi-lo, antes que se perca. 
Estarei no meio deles 
Há uma noção que faz falta em nossa catequese: “Vós sois o Corpo de Cristo, e cada pessoa entre vós, individualmente é membro desse corpo” (1Cor 12,27). Somos Corpo de Cristo e fazemos parte uns dos outros. Amar e crer nos faz morada de Deus: “Quem come minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele” (Jo 6,56). E também: “Deus é amor; aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). Há uma participação íntima e individual com a Trindade. Deus vive em mim e eu vivo em Deus. Contudo, não é algo individualista. A Palavra ensina a presença de Cristo entre nós quando nos unimos: “Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos Céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (Mt 18,19-20). Daí recebemos toda a força evangelizadora, pois o Cristo está entre nós. E Ele garante a oração comunitária. A oração individual tem valor, chega a Deus. Mas a maior garantia é quando Jesus reza junto, pois estamos juntos e formamos corpo com Ele. Quem não gosta de rezar junto, não tem essa garantia. A oração vale, mas... quando juntos. Aquece mais. 
O amor não faz mal 
Quando somos corpo estamos em relacionamento que sempre, como humanos, tem seus condicionamentos. E para o bom exercício da fraternidade, que não é só social, vivemos de acordo com os mandamentos referentes ao próximo que tocam todas as dimensões da vida humana. Lembramos que são os mesmos que Jesus enumerou ao jovem rico. Amar não faz mal. Só faz bem. Pode nos custar, pois quem ama dá a vida (Jo 15,13). O amor é o cumprimento perfeito da lei (Rm 13,10). Essa atitude de amor é a maior evangelização que podemos fazer. Vimos que, na pandemia há muita dedicação aos necessitados. Não são só católicos, também, mas de outras religiões que não têm essa dimensão, entidades e empresas. É resultado da evangelização. A Igreja não é para atrair para si, mas para Deus. 
Leituras: Ezequiel 33,7-9; Salmo 94; 
Romanos 13,8-9; Mateus 18,15-20. 
Ficha nº 1994 - 
Homilia do 23º Domingo Comum (06.09.20) 
1. A evangelização não é só o primeiro anúncio, mas é permanente. 
2. A Palavra ensina a presença de Cristo entre nós quando nos unimos. 
3. Essa atitude de amor é a maior evangelização que podemos fazer.
Unidos venceremos 
Ninguém gosta de aperto. Ninguém quer se envolver com os outros. Faz-me lembrar de minha avó que fazia um arroz meio papinha. Todas as cozinheiras gostam de arroz soltinho. O arroz, unidos venceremos, é mais cozido, grudado e mais macio. A Palavra do dia de hoje nos chama a nos unir também e fazer um só corpo, pois é assim que o Pai gosta de nos ver. Quer todos unidos. Gosta tanto que coloca em nosso meio Jesus para garantir nossa união. Também para oração: fazemos uma papinha e o Papa gosta dessa evangelização.