terça-feira, 28 de julho de 2020

nº 1984 - Homilia do 18º Domingo Comum (02.08.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Encheu-se de Compaixão” 
Cinco pães 
Rezamos na oração da coleta: “Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade!”. A liturgia da Palavra desse domingo é um canto à bondade e a compaixão de Deus. A bondade de Deus não é somente um bem querer, um modo afável de lidar com as coisas, mas se manifesta em suas atitudes de misericórdia que envolve toda sua criatura. Essa não significa dó do sofrimento, mas uma ação concreta que resolve. Deus quer sempre o bem de seus filhos. Esse bem querer acontece em atos de libertação de algum sofrimento, ou conduzindo sempre a uma melhor situação. Essa manifestação de amor é para atrair ao mesmo modo de amar. A missão da Igreja não é criar um “estado espiritual com poderes divinos”, mas continuar o coração do Pai que envia o Filho e dá o Espírito para que o amor redentor de todos os males seja concreto e eficiente. O Pai bondoso sempre está a multiplicar seus cuidados para conosco: Um embornal com cinco pães e dois peixes, multiplicados pela misericórdia e compaixão, alimentaram cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Por mais que se conjecture sobre o milagre, não podemos deixar de lado a grandiosidade da bondade misericordiosa de Deus. É a medida do coração de Jesus. Essa é a verdadeira devoção ao Sagrado Coração: Saber multiplicar o pouco em benefício de muitos. O salmo canta essa verdade: “Vós abris a vossa mão e saciais vossos filhos”; o Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura (Sl 144). 
Ninguém separa 
Esse amor misericordioso e compassivo nos une a Cristo de tal modo que nada nos separa Dele. Paulo experimentou esse amor de misericórdia quando foi escolhido para ser um anunciador da salvação a todos os povos. Escreve: “Sou grato para com Aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me concedeu forças e me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que em tempos passados fui blasfemo, perseguidor e insolente; contudo, Ele me concedeu misericórdia...; e a graça de nosso Senhor transbordou sobre mim, com a fé e o amor que há em Cristo Jesus” (1Tm 1,12-14). Paulo foi “vitimado” pelo amor de Cristo. Primeiro sentiu a misericórdia. E cheio de misericórdia partiu para o anúncio aos pagãos. Suportou tudo por amor no amor: Nada “será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus Nosso Senhor” (Rm 8,39). A fé cristã não é uma ideologia ou uma prática individual intimista, mas uma pessoa, Jesus Cristo, com quem estamos unidos assumindo sua vida e sua mentalidade. A Igreja não deve ser o centro, mas Cristo. Não pode estar voltada para si, para seus esquemas de doutrinas. Também, mas é voltada para o outro necessitado. Os bons e os fortes cuidem dos fracos que são os queridos de Deus. Sem isso presta um desserviço para a humanidade. 
Vinde beber 
O profeta Isaías se faz anunciador dessa riqueza de Deus aberta a todos em extrema gratuidade e riqueza de bens que simbolizam o Reino de Deus. Deus pressiona fortemente a que todos venham alimentar-se de seus bens que são uma expressão da densidade de seu amor que jorra aos borbotões. Quem assumiu o Reino de Jesus está igualmente partilhando a riqueza de abrir a todos as condições de vida. O Reino só será verdadeiramente espiritual se for densamente humano e penetrar as realidades sofridas. Uns chamam isso de política. Nós chamamos de amor. Sempre! 
Leituras Isaías 55,1-3; Salmo 144;
Romanos 8,35.37-39; Mateus 14,13-21. 
Ficha nº 1984 - 
Homilia do 18º Domingo Comum (02.08.20) 
1. A devoção ao Sagrado Coração é saber multiplicar o pouco em benefício de muitos. 
2. A fé cristã não é uma ideologia ou uma prática intimista, mas uma pessoa, Jesus Cristo. 
3. Quem assumiu o Reino de Jesus partilha a riqueza de abrir a todos as condições de vida. 
É bom ser bom 
A liturgia de hoje parece um convite para uma festa: cardápios ricos com a generosidade do anfitrião. Jesus faz o milagre da multiplicação. E rendeu bem: de cinco pães e dois peixes para alimentar cinco mil famílias. Uma cidade inteira. O profeta faz uma oferta a quem não tem nada: água, alimento nem dinheiro. Tudo na faixa. Paulo ensina uma luta que vence tudo. Nada nos separa do amor de Cristo (a festa). O tempero é o amor misericordioso de Deus. Deus é escandalosamente bom. Não tem jeito de encontrar “ridiquece” Nele. É abundante. Com pouco faz uma grande receita. E tudo para todos. Ninguém está excluído. Aprendemos Dele nessa celebração que a religião só existe quando levamos adiante o amor misericordioso que se preocupa com todos. Sem isso... somos os piores do mundo.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

nº 1982 - Homilia do 17º Domingo Comum (26.07.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Tu és meu tesouro” 
 Mapa do tesouro 
Jesus, para ensinar a opção total por Ele, nos faz três comparações: o tesouro, a pérola e a rede. Tem que vender tudo, pois pela metade não resolve nada. Se estamos apegados a pouca coisa, estamos presos a isso. Presos por pouco, mas presos. “Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Há dentro de cada um o anseio de encontrar um tesouro em seu caminho. Isso mudaria sua vida. Quantas histórias existem nesse sentido. Jesus mostra que esse anseio está presente em todos. E apresenta qual o tesouro que pode ser encontrado: O Reino dos Céus é como um tesouro, como uma pérola, pelo qual vale entregar tudo. Existe o tudo quando não resta nada. A opção pelo Reino só existe se for total. Se não se vende tudo o que se tem, não haverá com que adquirir a pérola, ou o campo. É a seleção que acontece durante toda a vida e vai ocorrer também no final. O mapa do tesouro está bem desenhado nos ensinamentos de Jesus. Paulo nos apresenta as condições: “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação de acordo com o projeto de Deus... serem conformes a imagem de seu Filho” (Rm 8,29). O processo de busca do Reino vai junto com a frágil condição humana. É o que ouvimos na parábola do joio. A escolha se faz pela capacidade de saber crescer no meio das dificuldades como lemos no evangelho do joio e do trigo (Mt 13,24ss). Vender tudo pelo tesouro é a opção fundamental por Cristo. Nesta se vive em um processo de contínua conversão, pois somos pecadores. 
Conforme imagem do Filho 
Salomão, tão agraciado por Deus, faz uma oração maravilhosa quando Deus lhe oferece tudo: “Dá-me um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. Quis somente a sabedoria. Deus diz: “Pediste sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido” (1Rs 3,11-12). Ele escolheu o tesouro. Pena que não foi fiel até o fim. É preciso o constante discernimento, como escolher os peixes da rede. Aproveita-se o que for bom e, o resto joga-se fora. É a parábola: Vende-se tudo o que se tem para comprar a pedra preciosa. Essa escolha é secundada pela carta de Paulo aos Romanos: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus... Aqueles que Deus contemplou com seu amor, a esses, Ele predestinou a serem conformes a imagem de seu Filho” (Rm 8,29). O tesouro escolhido não é algo exterior, mas nos transforma sempre mais em Cristo. Esse é o tesouro maior: “Cristo em nós, esperança da Glória” (Cl 1,27). O salmo nos coloca a sabedoria na observância da Palavra: “É esta a parte que escolhi por minha herança: observando vossas palavras” (Sl 118).
Coisas novas e velhas 
Nessa opção definitiva de nossa vida, depois de encontrar o tesouro, continuamos vivendo nossa realidade humana e estamos rodeados de muitas opiniões, mesmo no mundo religioso. Aqui temos o ensinamento de Jesus: “O mestre da lei que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13,52). A verdade é sempre nova e os novos conhecimentos têm raízes profundas. O Reino é cheio de surpresas que nos estimulam a viver sempre melhor o tesouro encontrado. Por isso rezamos na oração pós-comunhão: “Usemos de tal modo os bens que passam que possamos abraçar os que não passam” (Oração). Por isso rezamos no salmo: “É esta parte que escolhi como herança: Observar vossas palavras, ó Senhor” (Sl 118). 
Leituras 1Reis 3,5.7-12; Salmo 118;
Romanos 8,28-30;Mateus 13,44-52. 
Ficha - nº 1982 - 
Homilia do 17º Domingo Comum(26.07.20) 
1. Se não se vende tudo o que se tem, não haverá com que adquirir a pérola ou o campo. 
2. O tesouro escolhido não é algo exterior, mas nos transforma sempre mais em Cristo. 
3. A verdade é sempre nova e os novos conhecimentos têm raízes profundas. 
Acheeeeiiii! 
Há dentro de nós um sonho de achar um tesouro, ou algo precioso. Sonho de ficar rico sem trabalhar. Jesus, sabendo disso, compara a busca de um tesouro com a busca do Reino de Deus. Só se tem esse tesouro se entregamos tudo por ele. São Geraldo, passando um dia por um bosque, encontrou um rapaz vasculhando o lugar. No diálogo soube o que estava fazendo. Então Geraldo, muito vivo, falou para o rapaz que ele sabia o lugar. Entrou um pouco no bosque, colocou o crucifixo no chão e disse: Aqui está o tesouro que vale todos os tesouros do mundo. Não sei se o rapaz gostou da troca. Mas, se era inteligente como Geraldo, deve ter amado muito.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Nº 1980-Homilia do 16º Domingo Comum (19.07.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“O Fermento do Reino” 
Paciência do Reino 
Sempre estamos falando do Reino de Deus. É preciso aprofundar sempre mais o sentido de nossa participação. O primeiro elemento é que o Reino cresce como a semente boa. Mas não é somente Ele quem planta boa sementes. O Maligno está sempre ocupado em plantar a semente maldita. O joio, em seu crescimento, parece o trigo. Os empregados se oferecem para arrancar o joio. Com isso arrancaria também o trigo. É o primeiro ensinamento. Escolhemos o Reino, mas ele vai crescer em meio das maldades do mundo. Não podemos separar. Dentro de nós temos essa situação. Isso não se arranca com a mão. É preciso paciência na prática do bem, tendo o mal semeado em nós. A força de crescimento do Reino é interna. Mesmo pequenina, pode crescer como uma grandiosa árvore. Podemos comparar com a semente do eucalipto que é um pozinho. Não depende de nós seu crescimento. E Jesus explica que essa força interior da semente é igual ao fermento. É a energia de Deus. Nós não a controlamos. É preciso paciência nesse crescimento. Semear uma planta é crer no seu crescimento. Mas não podemos espremer para que cresça logo. O crescimento vem de Deus. O Maligno semeia também e suas plantas crescem. Quanto mais crescem, mais difícil fica de acabar com elas. É preciso não deixar o Maligno trabalhar perto de nós. Depende muito de nossas opções. No final vem a separação, como se separa o joio do trigo. As sementes do Maligno vão para o fogo. 
O Espírito é por nós 
Temos dentro de nós essa batalha entre o bem e o mal. São nossas opções, não são externas a nós como algo que nos foi imposto. Temos em nós a tendência ao mal. Jesus nos anunciou o Reino. Escolhendo seu caminho vamos convivendo com nossas tendências ao mal. O mal cresce. Mas temos a presença do Espírito Santo que nos foi dado por Jesus: “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inenarráveis” (Rm 8,26). Nossa fragilidade se torna força pela ação do Espírito Santo que nos foi dado em nosso Batismo. Se o mal atua em nós, temos a intercessão do Espírito. Ele implora o que não sabemos dizer. Não sabemos a língua de Deus, mas Ele a sabe, e o faz em nosso favor. O mal e o bem não se equiparam. “Aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito” (Id 27). A batalha interior se desenvolve na liberdade humana. Deus não força seus filhos a amá-Lo, mas lhes dá todas as condições para vencerem. Por isso podemos seguir o que disse o dono da lavoura de trigo: “Deixem crescer um e outro até à colheita... Direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixe para ser queimado. Recolhei o trigo no meu celeiro” (Mt 13,30). 
O Reino é sabedoria 
O Livro da Sabedoria nos mostra como Deus age. O Deus vingador não cabe no ensinamento de Jesus. “Deus cuida de todas as coisas, não é injusto no julgamento; é indulgente”... “Julgas com clemência e nos governas com grande consideração”. Esse procedimento é o maior ensinamento para nosso agir: “Assim procedendo, ensinaste que o justo deve ser humano”. “Desse modo nos deu a esperança de que Deus concede o perdão aos pecadores” (Sb 12,13,16-19). O Reino de Deus dentro em nós é regido pela sabedoria generosa compassiva. Deus não nos castiga e até cura nossas feridas. Ele nos fortalece e nos conforta com a presença de seu Espírito. 
Leituras: Sabedoria 12,13.16-19; Salmo 85; 
Rm 8,26-27;Mateus 13,24-43. 
Ficha nº 1980 
Homilia do 16º Domingo Comum (19.07.20) 
1. É preciso paciência na prática do bem, sendo o mal semeado em nós. 
2. A fragilidade se torna força pela ação do Espírito que nos foi dado em nosso Batismo. 
3. O Deus vingador não cabe no ensinamento de Jesus. 
Lavoura sem cerca 
Jesus gostava das sementes para suas explicações. Ele era um homem do campo. E entendia bem. Gostamos de ver o Jesus mestre, pregador, fazendo milagres etc... mas nos esquecemos que até os trinta anos foi um roceiro. Era filho do carpinteiro. Mas tinha seu lugar para plantar para o sustento da casa. Não havia supermercado. Comia-se o que plantava. Por isso Jesus usa parábolas que caiam bem no ouvido do povo que era como Ele. Fazendo a comparação com esse problema que o homem teve em sua plantação, diz que acontece conosco do mesmo modo, pois junto de boas sementes o inimigo planta as más. Com elas temos que conviver. Na verdade é até bom porque, batalhando contra as más tendências e males, podemos ficar fortes para fazer crescer o bem. Não tiramos com as unhas. Mas defendemos com unhas e dentes o bem que há em nós.

domingo, 5 de julho de 2020

nº 1978 - Homilia do 15º Domingo Comum (12.07.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
“Palavra...Palavra” 
 Semeando a semente 
A liturgia do 15º domingo é encantadora tanto em sua poesia humana, como em sua dimensão Divina. É a Palavra de Deus. A palavra é sempre uma poesia tocada pela harpa do coração. Quando quem toca a música é a Palavra viva, Deus visita seu mundo através da Palavra. Jesus conta uma parábola nascida de seus olhos que contemplavam os campos enquanto falava ao povo. Dizia: Olhem lá o homem que está semeando. Joga a semente, como que a esmo. Assim ela se espalha por lugares diferentes. O costume do tempo era jogar a semente sobre a terra e depois vir com o arado de madeira e revolver a terra para que a semente pudesse germinar. Assim ela cai em lugares férteis e também em outros, como entre os espinhos, pelo caminho onde o povo passa, sobre lugares pedregosos e em terra boa. De acordo com a terra é a produção. Nem todas as sementes têm resultado bom. Aqui temos uma questão dura: “Quem tem ouvidos, ouça!”. Ouvir indica a compreensão da pessoa como um todo. Assim leva à realização em ações frutuosas. Ouvir é colocar em prática com docilidade. Os discípulos perguntam: “Por que fala em parábola ao povo?”. Somente quando a gente é discípulo, isto é, ouve o Semeador, é que a Palavra vai ao coração. Esse campo recebe também a Palavra da Vida que tem o vigor da chuva que cumpre sua missão, como diz Isaias. Esse campo é o campo de Deus. Deus visita com suas chuvas. A natureza responde na alegria do Semeador: “As colinas se enfeitam de alegria, e os campos de rebanhos, os vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria!” (Sl 64).
Semeando a Palavra 
Assim Jesus explica essa parábola do Reino: Quem não está interessado é como a estrada na qual o Maligno pisa e leva o que foi semeado. O que recebe a semente sobre as pedras é o que recebe com alegria, mas é superficial. Quando chega o sofrimento, fica sem fruta. O que recebe entre os espinhos, isto é, preocupações e riquezas, ouve sem atenção e não leva a produzir fruto. Ficam palavras vazias, mesmo se bonitas. Finalmente a terra boa que produz fruto. Assume e toma as atitudes coerentes com a Palavra. Temos aí o resultado de plenitude. Se eu der tudo o que posso, sempre sou cem por cento. Deus semeia sempre sua Palavra. A palavra anunciada tem a força do Deus que a pronunciou. O homem que a recebe é convidado a estar sempre preparando sua terra, pois é garantida a chuva no tempo certo. Podemos fazer aqui uma ligação da leitura com o salmo. É belo ver o salmista que, unido à natureza, dá-lhe vida de louvor. A natureza de Deus revela o esplendor de sua ação que semeia vida por onde passa: “Tudo canta de alegria”. A natureza é uma festa. 
Libertando o Universo 
Respeitando a natureza, nós a transformamos em um anúncio permanente da grandeza de Deus. Aqui temos o conhecimento da união da natureza com a obra da redenção. Deus redime o Universo. Não é só poesia. O pecado do homem atinge a natureza porque lhe tira a capacidade criadora de ser vida. Ela espera ansiosamente pela sua libertação. A redenção de Jesus, vivida no mundo, liberta a natureza conduzindo-a a sua missão de dar vida. Quanto mais venço o pecado, mais a natureza vive. O pecado tem uma influência universal. Faz mal a tudo. A natureza vai enxugar suas lágrimas e se unirá ao mundo da graça no altar do sacrifício. O pão e vinho são o Corpo e Sangue do Senhor. Esta é a ressurreição dos filhos de Deus que ressuscitará o mundo. É o Paraíso. Temos aí o sentido espiritual da ecologia que pode transformar-nos diante desse dom. 
Leituras: Isaias 55,1-11; Salmo 64; 
Romanos 8,18-23; Mateus 13,1-23. 
Ficha nº 1978 - 
Homilia do 15º Domingo Comum (12.07.20) 1. Quando a gente é discípulo, isto é, ouve o Semeador, é que a Palavra vai ao coração. 2. A palavra anunciada tem a força do Deus que a pronunciou. 3. A redenção vivida no mundo liberta a natureza conduzindo-a a sua missão de ser vida. 
Aparelho de ouvido 
É tão difícil começar a não ouvir. Perde-se o contato com o mundo, pois dificulta ir ao coração. Pela vista colhemos o mundo. Pelo ouvido semeamos no coração. Jesus, no evangelho de hoje, mostra que entendia muito bem da vida do povo, pois ele participava del. Tantas vezes teria feito isso. Jesus fala e alguns não ouvem. Estão com ouvidos ruins. O aparelho de ouvido é a boa vontade de estar aberto e aproveitar o máximo do que é semeado. Não se trata de um concurso de quem consegue ouvir mais, mas quem se abre por inteiro. O resultado compete a Deus. Se eu fizer o que posso, sempre chego a cem por cento.

nº 1976 - Homilia do 14º Domingo Comum (05.07.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Vinde a Mim” 
 Meu fardo é leve 
Jesus nos leva a conhecer o Pai: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. A grande revelação não são mistérios profundos e insondáveis, revela os mais profundos, pois penetramos o próprio coração do Pai onde está a sede de seus sentimentos. As leituras de hoje nos ensinam a leveza de seu coração. O projeto de Deus para o mundo e para nossos corações já aparece na profecia de Zacarias: “Ele é justo e salva; é humilde e vem montado num jumento” (Zc 9,9). O salmo complementa: “Misericórdia e piedade é o Senhor. Ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144). Jesus faz essa bela revelação: “Vinde a mim, vós todos que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e Eu vos darei descanso”. Jesus não cria um sistema de pensamento ou uma estrutura de leis, mas abre a cada pessoa um lugar de descanso. Deus não é pesado. Interessante como se multiplicaram as leis, as proibições, os temores. Tudo parte de corações doentes e inseguros. O amor exige liberdade e confiança. Assumir o projeto de Jesus, tomando sobre si seu jugo, aprendendo Dele que é manso e humilde de coração. Só assim teremos descanso: “Meu jugo, isto é, seu evangelho é suave e meu peso é leve”. Na lei judaica havia muitas proibições e condenações. Podemos compreender as atitudes de severidade que percorreram a história da Igreja e existem ainda. São frutos de doenças pessoais e sede de domínio. A verdade não é dura e má. 
Viver segundo o Espírito 
Jesus, num desafogo jubiloso, louva seu Pai por manifestar seu grande segredo aos pequeninos. Somente esses são abertos a essa revelação. Esse Pai que é Senhor do céu e da terra, revela-se aos seus pequenos queridos e frágeis. Foram eles que acolheram os discípulos que Jesus enviara para precedê-lo aonde Ele iria. São eles ainda agora que enchem nossas igrejas. Essa simplicidade, muitas vezes de pouca instrução, tem a sabedoria que é agir como Deus age e fazer como Jesus fazia. O Espírito não gera fantasias, mas atitudes de simplicidade e de amor. E não colocam peso sobre os outros. Era a crítica que Jesus fazia sobre os fariseus que colocavam pesos que eles não tocavam com o dedo. Paulo nos recomenda, na Carta aos Romanos, a viver segundo o Espírito, segundo a mentalidade gerada pela fé em nós. Viver segundo o Espírito é viver essas atitudes do Pai e do Filho: Um Pai que se abre aos humildes revelando Jesus, e o Filho que está sempre voltado para o Pai no diálogo amoroso, revelando sua paternidade. Se as pessoas nos conhecem por ter os traços do Pai, estamos revelando o Filho. O conhecimento de Deus não é resultado de um livro, mas de um coração cheio de ternura. 
O Senhor é muito bom 
No salmo podemos cantar: “O Senhor é bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144). O Deus carrasco foi inventado por quem queria dominar a fé do povo. A bondade de Deus não tem limites. Somos chamados atenção sobre sua justiça. Sua justiça é para defender os oprimidos. Ele faz justiça aos pobres e sofredores. Na verdade queremos que Deus queira mal às pessoas, como nós queremos mal. Justiça, no sentido hebraico é a santidade de Deus. Sua santidade se manifesta em bondade. Passaremos pelo julgamento para ver se nossas ações foram as mesmas de Jesus. Lembramos o juízo final: “Tudo que fizestes a esses pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). É essa a nossa fé? 
Leituras Zacarias 9,9-10; Salmo 144;
Romanos 8,9.11-13; Mateus 11,25-30. 
Ficha nº 1974 - 
Homilia do 14º Domingo Comum (05.07.20) 
1. Jesus não cria um sistema, uma estrutura de leis, mas abre um lugar de descanso. 
2. O Espírito não gera fantasias, mas atitudes de simplicidade e de amor. 
3. O Deus carrasco foi inventado por quem queria dominar a fé do povo. 
O peso de Deus 
Gostamos de uma balança que mostre que estamos no peso ideal, ou melhor, diminuímos. Não queremos ser pesados aos olhos dos outros. A balança que Deus nos apresenta pesa seu amor. O amor não é pesado. O amor nos leva longe até às nuvens. Quer dizer, no espaço de Deus que é infinito. (Uma digressão: já perceberam que as pessoas santas quando envelhecidas apresentam um pouco de corcunda. Parece que carregam um peso. Claro que pode ser problema de saúde. Lembro de João Paulo II, Dulce, Teresa de Calcutá, Frei Damião...Questão de observar!) É o peso de Deus. Mas que não pesa. O peso de Deus age de modo inverso: alivia o humano e carrega o Divino. Na Angola, aprendi dos umbundos, um provérbio: “Aquele que te põe o peso nas costas, vai junto”. Mais ou menos assim.