segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

PADRE CRESCÊNCIO ORTIZ BLANCO

UM MENINO AVENTUREIRO
 
Com a história do padre Crescêncio Ortiz entrelaçam-se as histórias do padre Angel Matíniez Miquélez e do irmão Gabriel Saiz Gutiérrez. Os três, como se verá, foram assassinados, ou, mais precisamente, ‘desapareceram’ juntos. Por isso, o martírio dos três vem narrado simultaneamente, em seguida aos dados biográficos do padre Ortiz. Depois virão as biografias de padre Miquélez e irmão Gabriel. Se o padre Jiménez foi um grande missionário, do padre Ortiz deve-se dizer que outra coisa não foi em toda a sua vida: missionário. Nasceu em Pamplona, no dia 10 de março de 1881. Seus pais, Gumersindo e Luzia, eram profundamente piedosos, o pai até mais que a mãe. Ele confessava-se e comungava todas as semanas, e rezava diariamente o rosário com a família. Dona Luzia pertencia ao Apostolado da Oração e era mulher muito de casa. Crescêncio, segundo consta em seus apontamentos autobiográficos, gostava muito de aventuras, e Deus lhe proporcionaria uma que seria a maior de todas. Era pequeno ainda quando seus pais se mudaram para Vitória e, em seguida, para Villarreal, onde começou a freqüentar a escola. Mas Crescêncio gostava mais do rio que da escola. Até que o senhor Gumersindo descobriu essa malandragem e lhe deu boas palmadas, acabando assim com os mergulhos no rio. Outra das suas foi quando entrou na casa do veterinário de Villarreal, vizinho e muito amigo da família, e, vendo uma garrafa que lhe pareceu ser de aguardente, tomou um belo gole... de aguarrás. Logo seu estômago começou a queimar como se tivesse engulido fogo. Gritando e correndo de um lado para o outro, foi acudido pelo veterinário, que lhe deu água e leite, e, enfiando o dedo em sua garganta, fez com que botasse fora a aguarrás. Quando tinha oito anos, a família volta a morar em Pamplona. Crescêncio, entretanto, ainda não havia descoberto o gosto pelos livros. Certo dia, saiu cedo de casa e ficou fora o dia todo. Ao voltar, o pai lhe deu uma lição que jamais esqueceria, pois lhe deixou marcas pelo corpo que demoraram anos para desaparecer. Aos onze anos fez a primeira comunhão, e com muito fervor. Mas o fervor acabou quando o fogo das velas pegou nos véus de algumas meninas, e a igreja toda virou um rebuliço só. Seu coração, no entanto, já havia começado a mudar. Não se sentia tão atraído a travessuras como antes. Entrando um dia na Basílica de Santo Inácio, onde trabalhavam os Redentoristas, gostou muito do hábito dos padres, de seu recolhimento e do quadro da Virgem do Perpétuo Socorro. Foi mais vezes rezar ali, até que se atreveu a conversar com o padre Lorthioit e expor-lhe seu desejo de se fazer redentorista.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

PE. DONATO JIMÉNEZ BIBIANO - UM MENINO QUE NÃO PROMETE MUITO

Padre Donato Jiménes Bebiano
Missionário: esta palavra define bem a personalidade e a vocação do padre Donato Jiménez, que nasceu em Alaejos, província de Valladolid, aos 21 de março de 1873, e foi batizado no dia 25 do mesmo mês. Seu nome, Donato, era um presságio, pois passaria a vida dando-se às almas por amor a Deus. Miguel Jiménez, pai de Donato, faleceu quando ele tinha apenas quatro anos. Como próspero exportador que era dos bons vinhos de Alaejos e de Nava del Rey, parecia ter deixado assegurada a boa situação econômica da família. Não foi bem assim, entretanto. Com a incumbência já enorme de manter e levar avante a educação dos sete filhos, dona Brígida Bibiano viu-se assoberbada pelos negócios, e só à custa de sua força e confiança em Deus, e com a colaboração de todos os filhos, conseguiu não deixar atolar o carro da economia doméstica. Até Donato, o caçula, para ajudar, se pôs a vender castanhas. Ganhou, com isso, o apelido de Castanheira. Donato começou a ir à escola aos seis anos, com o irmão mais velho. Gostava mais, no entanto, de correr pelas ruas e brincar. Tinha de ser seguido e vigiado para se ter certeza de que entrava mesmo na escola. Às vezes, era só à força que a mãe ou o irmão maior o levavam até lá e entregavam nas mãos do professor. Mesmo assim, vez ou outra conseguia fugir. Aos oito anos, foi reprovado pelo pároco no exame de catequese, não podendo então fazer a primeira comunhão. Isso mexeu com seu amor próprio, e ele se pôs a estudar com mais empenho o catecismo para, no ano seguinte, receber a Eucaristia. Conseguiu. Com um amigo, foi até a ermida da Virgem e lhe prometeu ser melhor dali em diante. Aliás, todos pensavam que, com a primeira comunhão, ele mudaria. E mudou... mas, para pior. Suas peraltices cresceram em número e em qualidade. Ia cada dia menos à igreja. Suas companhias não eram das melhores. Dona Brígida nada sabia por que caminhos andava seu caçula. Já aos treze anos, por bem ou por mal, entrava em cassinos, bilhares, teatros e bailes. Tudo parecia dizer que ia de mal a pior. Sinais de vocação ao sacerdócio? Por enquanto nenhum. Só uma esperança: como ele mesmo testemunhará mais tarde, nunca deixou de recomendar-se à Virgem. De 17 a 30 de março de 1887, dois missionários de Nava del Rey, padres Negro e o francês Lorthioit, pregaram missão em Alaejos. Donato sentiu-se atraído por eles. Brigava com outros para ser ele o coroinha nas missas que eram celebradas pelos missionários sempre antes de o dia amanhecer. Ao final, ainda de acordo com seu testemunho, o que mais lhe agradou na missão foi um solene ato de desagravo à Virgem do Perpétuo Socorro. E Donato começa a converter-se. Aos poucos, deixa a companhia dos amigos, que já o estavam transformando num verdadeiro depravado, e passa a fazer amizade com o sacristão da paróquia de São Pedro. Um dia, este lhe conta que estava se preparando para entrar em Nava del Rey. Donato se pôs a pensar: “Que bela vocação escolheu. Porque não faço eu o mesmo?” Passa a ajudar a uma ou duas missas todos os dias, depois fica na igreja por boa meia hora rezando o rosário, comunga pelo menos aos domingos... Já era outro Donato. Ao falar com a mãe de sua vontade de se tornar sacerdote, recebe dela forte recusa. Uma paroquiana devota, que o via rezar na igreja, ofereceu-se para rezar por sua vocação e a falar com sua mãe. Quando Donato falou com dona Brígida pela segunda vez, esta não só não lhe fez oposição, mas o ouviu com muito agrado. Convencida a mãe, teve depois de convencer a seu padrasto. A devoção a São José o ajudou. E dinheiro para pagar os estudos no colégio? Novamente com a ajuda da paroquiana que convencera sua mãe, e do Arcebispo de Alaejos, venceu também este obstáculo.

sábado, 21 de janeiro de 2023

PADRE ANTÔNIO GIRÓN GONZÁLEZ

ASSASSINADO POR SER PADRE E RELIGIOSO
 
Natural de Campo, província de León, onde nasceu aos 11 de dezembro de 1871, padre Antônio Girón contava 64 anos no dia de seu martírio. Entre os martirizados da Comunidade do Perpétuo Socorro, era o mais idoso. Nos casos como o do padre Girón pode-se notar o caráter claramente antireligioso da perseguição comunista da Espanha. Retirado já havia anos da atividade missionária, o piedoso sacerdote santificava-se caladamente dentro das paredes dos diversos conventos aos quais o ia destinando a obediência religiosa. Desempenhava cargos apenas internos, que nenhuma influência tinham externamente, o que o fazia um perfeito desconhecido para o mundo. Mas Antônio Girón era sacerdote e religioso. Na falta de uma, eis aí duas razões para levá-lo ao martírio. A mãe de Antônio, além de ter três irmãs freiras e dois irmãos padres, daria à Igreja um filho como religioso e uma filha como religiosa. A primeira idéia de Antônio foi ser padre diocesano e, de fato, começou, em 1882, a estudar como externo no Seminário da Diocese de Astorga. E como diocesano foi quase até o fim dos estudos de Filosofia, quando certo dia Deus lhe coloca no caminho alguns noviços redentoristas. Cruzou com eles na calçada e ficou impressionado com sua atitude recolhida e piedosa. A partir daí, a idéia de ser religioso foi tomando conta de seu coração, até que, afastando as dúvidas, decidiu e foi bater na porta do convento redentorista. Foi admitido. Tomou o trem e se dirigiu a seu povoado, para comunicar a decisão à família e despedir-se dela. Qual não foi seu espanto, porém, ao dar com a oposição ferrenha de toda ela, principalmente de dois irmãos e, pasme-se, mais ainda de sua piedosa mãe. Quem acabou convencendo a mãe foi uma vizinha, ao dizer-lhe que, como religioso, seria mais fácil Antônio chegar a bispo. Os dois irmãos, no entanto, permaneceram firmes na oposição. Um morava em Campo, o povoado, e o outro morava em Astorga.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

PE. VICENTE RENUNCIO TORIBIO

O DISCÍPULO HÁ DE SER CÓPIA VIVA DO MESTRE 
Se padre Girón era o tipo do asceta, abstraído das coisas e voltado para dentro de si, onde encontrava a Deus, padre Vicente Renuncio foi, bem ao contrário, um homem ativo, que consumia a vida a serviço do próximo e da família religiosa à qual pertencia. Vicente Renuncio Toribio nasceu em Villayuda, pequeno povoado a quatro quilômetros da capital, Burgos, e aos pés de uma montanha não muito alta, em cujo cimo se ergue o mosteiro da Cartuxa de Miraflores. Nasceu aos 11 de setembro de 1876. Estava, portanto, com 60 anos quando entregou sua vida ao Senhor; mas 60 anos que não eram o começo da velhice, e sim uma vigorosa maturidade, pois se mantinha tão robusto e ágil que nada nele denunciava o crepúsculo da vida. O pai de Vicente chamava-se Nicasio Renuncio Manzanedo, nome que padre Renuncio haveria de adotar durante a perseguição, mas sem resultado positivo. Ignacia Toribio era o nome da mãe. A casa estava sempre aberta à caridade; todo aquele que necessitava de algo recorria com confiança ao senhor Nicasio e à dona Ignacia, pois ali se socorria a todos. A ninguém se negava nada. Aos três anos foi acometido de grave enfermidade, e dado como caso perdido. O médico não lhe receitava mais nada. “Que coma o que lhe apeteça e que morra contente o pobrezinho”, dizia. Mas foi exatamente por comer coisas estranhas entre si, como leite, vinagre, frutas, todas juntas e de uma vez, e por ser muito ativo desde pequeno, é que acabou se curando. Na escola, não foi nenhum talento, como ele mesmo registrou em seus apontamentos biográficos. Já no catecismo, ninguém sabia mais que ele. Um primo seu quis ensinar-lhe latim; mas latim era o que menos lhe entrava na cabeça. Quiseram mandá-lo para os Jesuítas; estes, porém, não o aceitaram dizendo que dele pouco se podia esperar. Isso o deixou bastante desconsolado, pois lhe parecia desfeito seu sonho de ser sacerdote. Dizem, entretanto, que Deus, se fecha um caminho, abre outro. Foi o que aconteceu. Em uma missão pregada pelos Redentoristas em Agés, vilarejo vizinho de Villayuda, um missionário simpatizou com Vicente e lhe propôs levá-lo para o seminário. Vicente não queria outra coisa, e em 13 de setembro de 1889 estava entrando no El Espíno. Anos mais tarde, também a irmã caçula de Vicente, Pilar, entraria para a vida religiosa no mosteiro Beneditino de Palácios de Benaver. Ela conta que Vicente era sério, mas nunca se aborrecia com nada. Quando ela ficava aborrecida, ele, com palavras mansas e com carinho, fazia com que descarregasse o cenho. E ele seria sempre assim, inalterável em sua mansidão. Com o passar do tempo e em contato com o mundo, foi mudando um pouco o temperamento. Sem deixar de ser sério, prestativo e atencioso, foi deixando para trás o camponês sisudo, e se tornou expansivo e alegre. No Noviciado, que fez de 1894 a 1895 em Nava Del Rey, chamava-se frater Renuncio, e o passou sem maiores dificuldades. Oração e sólidas virtudes era o que melhor harmonizava com seu gênio. Em 8 de setembro de 1895, fez sua profissão religiosa e logo se transferiu para Astorga para cursar os estudos maiores. Talento, como já se disse, ele não tinha muito. Mas com empenho, aplicação e oração sempre, conseguiu chegar ao sacerdócio, recebendo a ordenação aos 23 de março de 1901.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Pe. CASIMIRO SMORONSKI Polônia Mártir de Auschwitz

18.02.1889 – nascimento em Nowe Rybie (diocese de Tarnow) 
02.08.1906 – profissão religiosa em Mosciska 
02.07.1911 – ordenação sacerdotal. 
 21/22.05.1942 – morte no campo de concentração 
Depois da ordenação foi enviado a Roma para estudar no Instituto Bíblico. No ano de 1914 participou da peregrinação dos cientistas à Terra Santa. A primeira guerra mundial tornou impossível a continuação dos estudos. De volta a Roma passou um tempo em Viena onde se tornou conhecido pelo zelo nos hospitais militares. Em agosto de 1923 voltou a Roma e em 25 de junho de 1924 obteve o mestrado. Voltando à Polônia ensinou no seminário de Tuchow. Escreveu diversos artigos e cuidou da biblioteca. No ano de 1920 foi nomeado diretor da “Legião da santidade dos Sacerdotes” de toda a Polônia. E foi um dos fundadores da revista Homo Dei, como ajuda para os sacerdotes. Procurando ajudar as missões fundou os grupos da Infância de Jesus e Aumento da fé. Quando explodiu a 2ª Guerra mundial a revista Homo Dei não podia mais ser impressa. Pe. Casimiro, não pensando nos perigos, escrevia muitas cartas, com destinatários na Polônia e no exterior. Esta foi a causa de sua prisão no dia 6 de fevereiro de 1942. Na prisão de Tarnow foi cruelmente espancado pelos alemães. No dia 16 de abril de 1942, com outros, foi transportado para o campo de extermínio de Auschwitz. Um sacerdote, Carlos Szwedo, também prisioneiro, recorda o encontro com o Pe. Casimiro no hospital do campo na parte de doenças infecciosas. O padre apenas entrou na secção, foi espancado pelos alemães até o sangue e desmaiou. Um outro sacerdote, que um mês depois morreu em Dachau recorda, que o Padre Casimiro sofria com a febre. Suportava o sofrimento com tranqüilidade e rezava muito. Na noite de 21-22 de maio morreu conservando a consciência até o último momento. O sacerdote Pokul, que estava a seu lado no momento da morte disse: “Eu também gostaria de ter uma morte tão tranqüila e bela”.

domingo, 8 de janeiro de 2023

PADRE JOSÉ PALEWSKI - Polônia

Mártir de 2ª Guerra mundial Pe. José nasceu no dia 22 de março de 1867 no povoado Stara Wies, que pertenceu à paróquia Limanowa na Polônia. No ano 1866 entrou no Seminário Diocesano em Tarnow e no dia 14 de junho de 1890 recebeu a ordenação sacerdotal. Trabalhou como vigário em Bochnia e depois na catedral em Tarnow. Do seu bispo ordinário recebeu a permissão para entrar na Congregação do Santíssimo Redentor. O Noviciado começou em Eggenburg (Áustria) no dia 25 de novembro de 1892 e no dia 2 de agosto de 1893 fez a profissão religiosa. Depois da volta para a Polônia, com entusiasmo comprometeu-se a cumprir os muitos compromissos na Província Polonesa. Nos anos 1893-1907 foi o diretor do Seminário Menor. Como superior em Tuchow nos anos 1901-1904 empreendeu a coroação da Imagem maravilhosa de Nossa Senhora e começou também a editar a revista “Bandeira de Maria”. No ano 1908 o governo da Rússia permitiu fazer as Santas Missões na Sibéria. Pe. José participou delas. Compreendendo a necessidade do apostolado da escrita, traduziu para a língua polonesa algumas obras de Santo Afonso, entre elas “Visitas ao Santíssimo Sacramento”. Deixou escritas as biografias dos Padres: Lubienski, Witkowski e Bohosiewicz. No final da 1ª Guerra mundial, depois da curta estadia em Lublin, mudou-se para Varsóvia, para analisar as possibilidades e preparar a nova fundação. Desde o ano de 1934 viveu e trabalhou em Varsóvia como ecônomo. Freqüentemente participava nas Santas Missões. Desde o início de seu serviço sacerdotal teve problemas com a garganta. Por isso nunca teve voz forte. Porém, heroicamente vencia as doenças da garganta e também as dores de estômago. No ano de 1939 explodiu a 2ª Guerra mundial. Pe. José certamente não esperava que todo o esforço de sua vida sacerdotal e religiosa fosse coroado pela morte mártir no dia 6 de agosto de 1944 durante um levante contra os ocupantes. Neste dia em Varsóvia foram fuzilados 30 redentoristas (15 padres, 9 irmãos, 5 seminaristas e 1 noviço). Não somente a sua vida, o seu trabalho e as orações, mas também as gotas de seu sangue foram semeadas para que as novas gerações dos filhos de Santo Afonso possam crescer na terra polonesa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

MARIA CELESTE CROSTAROSA-Serva de Deus.

Maria Celeste (nome de família Julia Crostarosa) nasceu em Nápoles, terra de uma beleza extraordinária e contrastes trágicos. Sua gente apaixonada como vulcão; alegre como o sol e sonhadora como o mar. O Sol está presente em sua espiritualidade como imagem da vida do Cristo em quem crê e nele vive, e lhe faz dizer: “... outra vez lhe foi dado a entender como Jesus Cristo é o nosso sol divino na luz da eterna glória no céu, e como ele é, semelhantemente, o Sol interior da alma justa”. E ainda: “No contemplar o céu e sua amplidão, era-lhe comunicado interiormente pelo Senhor, o reconhecimento da imensidão de Deus sem limites no seu ser incriado e eterno”. Do sol que surge pela manhã, passa ao Cristo ressuscitado: “Jesus morre para viver ressuscitado nas suas criaturas por semelhança e vida da verdadeira VIDA”. Maria Celeste viveu intensamente o plano de salvação. Como mulher, soube superar as dificuldades de seu tempo, e sua obra merece um lugar de relevo na história da espiritualidade cristã. Possuía dotes para o governo, era firme nas decisões, entusiasta no empreendimento de sua obra; com notável capacidades de análise e síntese, coragem, e um ardor que se acentuava mais nas dificuldades e obstáculos, encontrava meios geniais para não desistir de realizar o que o Senhor lhe pedia. Verdadeira mestra da vida espiritual e religiosa. “Exercício” e “Memória” são termos seus, cheios de sabedoria e experiência contemplativa. A “Memória” (pensamento permanentemente em Cristo) sem “Exercícios” (prática evangélica) é vazia e os “Exercícios” sem “Memória”, são infecundos e tornam a vida individual e comunitária artificial e difícil. A base da vida espiritual ela a coloca no conhecimento pleno e experimental do Cristo, não tanto como exemplo de virtudes a praticar, mas como “mistério”, isto é, “acontecimento histórico-salvífico” da caridade de Deus. Para ela, pela comunhão de vida pessoal e comunitária com o Cristo, tudo se torna existencialmente “memória” teologal, eclesial, eucarística, salvífica. Todo o Instituto torna-se também, pela vida atuante e transparente, Instituto do Santíssimo Redentor.