quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

nº 2036 - Homilia do 4º Domingo Comum (31.01.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Ensinamento de Jesus” 
Ensinamento com autoridade 
O ministério na Galiléia reflete o texto de Mateus no início da pregação de Jesus (Mt 4,16), citando Isaias 9,2.: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”. Os milagres de Jesus davam autoridade. Ele faz o milagre no coração da vida espiritual do povo, durante a celebração da sinagoga. Ele anuncia e tira a maldade do meio do povo, simbolizada na expulsão de um demônio que dominava um homem. Ali satanás reconhece quem é Jesus: “Sei quem tu és: Tu és o santo de Deus”. Santo de Deus se dizia do Sumo Sacerdote que introduzia o povo no Lugar Santo. Jesus, pelo seu ministério leva o povo para Deus, pois Ele tem poder também sobre os demônios que o reconhecem. No evangelho de Marcos vemos tantas vezes expulsando o demônio. Jesus expulsa o demônio para dar lugar ao Espírito Santo. “Se expulso demônio pelo dedo de Deus, é que chegou a vós o Reino de Deus” (Lc 11,20). A autoridade de Jesus está em sua adesão plena ao projeto redentor do Pai. Guiado pelo Espírito anuncia o Reino para a conversão fundamental. O povo identifica em Jesus o profeta anunciado por Moisés no Deuteronômio: “Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei na sua boca minhas palavra e ele lhe comunicará tudo o que eu lhe mandar (Dt 18,18). A pregação de Jesus vai ser acompanhada de milagres que a comprovam. Ele liberta o homem do demônio que amarra e destrói seu ser humana. Agora pode ouvir Jesus com liberdade. Assim, no mundo, há necessidade de tirar o demônio que deixa as pessoas presas, sem poder ouvir e optar.
Não fecheis o vosso coração 
A palavra quer sempre a resposta obediente de um coração aberto a Deus; “Não fecheis os vossos corações como no deserto, em outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto minhas obras” (Sl 94). O fechamento do coração impede o conhecimento do projeto apresentado por Jesus, obscurece a mente e impede a ação de Deus em nós. O profeta é mediador entre Deus e o povo. Jesus fez mediador. É a Ele que devemos ouvir. Não podemos buscar nosso futuro ou o sentido de nossa vida em pessoas que não buscam em Jesus como fonte primeira e última da vontade de Deus. Basta pensar em horóscopos, outras religiões que se dão o direito de ler futuro por meios escusos, longe da Palavra de Deus. Pensemos a um horóscopo, cartas, visões e outros. A fé nos manda ouvir Jesus e sua Palavra. Quem diz as palavras de Deus sem vivê-las não está apto a discernir onde Deus age. O profeta deve falar em nome de Deus, o que Deus quer. Diz Deus a Moisés: “O profeta que tiver a ousadia de dizer em meu nome alguma coisa que não lhe mandei... esse profeta deverá morrer” (Dt 18,20). Os anunciadores da Palavra de Deus, podemos “vender” a verdade. Não é esse o projeto de Deus a nosso respeito.
Agradar o Senhor 
Quando falamos em fazer a vontade de Deus, podemos entrar por um só de obediência a coisas que nos são mandadas. Mas somos chamados a fazer a vontade de Deus nas coisas da vida. Havia no tempo de Paulo a idéia da volta próxima do Senhor. Então ensina que se deveria ficar preocupado primeiramente com essa volta, deixando de lado tudo o mais. Quer que tudo seja secundário. E diz, sobretudo, com respeito ao casamento. Não é contra, mas, quem está casado tem outros compromissos. Certamente Paulo, no atual contexto poderia muito bem dizer: “Viver bem casado é uma excelente maneira de preparar a vinda do Senhor. 
Leituras Deuteronômio 18,15-20; Salmo 94; 
1Coríntíos 7,32-35; Marcos 1,21 
Ficha nº 2036 
Homilia do 4º Domingo Comum (31.01.21) 
1. A autoridade de Jesus está em sua adesão plena ao projeto redentor do Pai. 
2. O fechamento do coração impede o conhecimento do projeto apresentado por Jesus. 
3. Paulo diria: “Viver bem casado é uma maneira de preparar a vinda do Senhor. 
No BEABÁ de Jesus 
Quando fomos à escola aprendemos a ler. Ainda se aprendia o Beabá. É belo o aprendizado. Jesus passou por esse caminho. Seguiu o caminho de todo o menino que aprendia a ler. Jesus tinha um professor muito bom antes de entrar na escolinha de José e Maria. Seu Pai do Céu. Ele ensinava a conhecer seu coração, livro aberto, e tirar dele as belas palavras que nos animam. O povo ficava dependurado em seus lábios. Essa sabedoria ele transmite com palavras tão simples e explica com gestos tão bonitos que chamamos de milagres. Não dava o braço a torcer a quem não lia o mesmo livro que Ele. Esse era o diabo que confundia as pessoas. Jesus o manda embora e continua dando seu ensinamento.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

nº 2034 - Homilia do 3º Domingo Comum (24.01.2021)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“O tempo se completou” 
 Convertei-vos! 
O povo de Deus está sempre a caminho, buscando uma pátria. Os grandes guias sempre alertam para sair dos maus caminhos e buscar o Senhor. Abraão se fez peregrino por diversos lugares. O povo que saiu do Egito vagou, sob a direção de Moisés que caminhava “como visse o invisível” (Hb 11,27). Guiado pela presença de Deus buscava a terra prometida. Entre erros e acertos, o povo era guiado por juízes e profetas que sempre buscavam servir a Deus. A conversão era o refrão das pregações dos profetas: “Deixem o mau caminho! Estão sofrendo, diziam, porque pegaram caminhos errados. Haverá fartura se voltarem o coração para Deus”. O profeta Jonas é citado como exemplo dessa profecia. Como houve uma conversão concreta das obras más, o castigo foi afastado (Jn 5,5.10). Jesus inicia seu ministério com o convite à conversão. O que Deus tinha que fazer para preparar o povo já se completara: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15). A proximidade do Reino de Deus é a vida nova que Cristo nos traz com seu Evangelho. Mudam-se os caminhos. Exige-se uma conversão que vá ao fundo do coração. Não somente em atitudes exteriores, mas na nova orientação da vida. Por isso Paulo escreve: “Para mim Viver é Cristo” (Fl 1,21). A conversão é um processo permanente. Sempre temos caminhos novos para encontrar o melhor modo de servir ao Evangelho. 
Mostrai vossos caminhos! 
Para levar adiante essa obra de conversão, não dependemos somente de nós. Pedimos a Deus que nos instrua: “Mostrai-me, Senhor, vossos caminhos, e fazei-nos conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação” (Sl 24). Podemos invocar a Deus porque conhecemos sua piedade e retidão. Ele conduz ao bom caminho os pecadores. O salmista chega a pedir que Deus se lembre de sua bondade e de sua ternura que são eternas. Para levar adiante essa obra de anúncio do tempo novo, Jesus chama a si os apóstolos: “Passando à beira do mar viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes, pois eram pescadores. Jesus lhes disse: “Segui-me e farei de vós, pescadores de homens!”(Mc 1,16). E chama os outros apóstolos. A resposta do evangelizador tem que ser total e imediata. O Reino se aceita por inteiro e imediatamente, pois há pressa em levar adiante essa obra de instauração de um Reino que tem dimensão de eternidade. Note-se que Jesus não tira os convidados do cotidiano de suas vidas, muda somente o conteúdo. Serão pescadores de homens. Podemos até pensar que o Reino não nos tira da realidade, mas dá a essa um novo conteúdo. Tudo em nós é convertido. Mudamos os caminhos, mas continuamos sendo nós mesmos. É a riqueza da fé cristã. Não se engessa em teorias ou ideologias. Mas põe um novo dinamismo. 
O tempo está abreviado 
Nosso tempo de conversão é urgente. O Reino não pode ser impedido pelas coisas da vida, de tal modo que elas se tornem mais importantes que a finalidade da vida. Vivemos do desnecessário e do inútil. Podemos fazer tudo e de tudo, mas “como se essas coisas não existissem e nós não possuíssemos nada. E os que usam do mundo, como se dele não estivessem gozando (1Cor 7,29-31). Jesus nos ensina a ter e não ter, e a ser e não ser: “Buscai em primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos preocupeis com o dia de amanhã... Pois, ele se preocupará consigo mesmo ” (Mt 6,33). Não perdemos, só ganhamos em intensidade. 
Leituras: Jonas 3,1-5.10;Salmo 24;
1 Coríntios 7,29-31; Marcos 1,14-20. 
Ficha nº 2034 - 
Homilia do 3º Domingo Comum (24.01.2021) 
1. A proximidade o Reino de Deus é a vida nova que Cristo nos traz com seu Evangelho. 
2. Jesus não tira os convidados do cotidiano de suas vidas, somente muda o conteúdo. 
3. Jesus nos ensina a ter e não ter a ser e não ser. 
Sem desemprego 
Jesus começou a buscar gente para trabalhar com Ele e para Ele. Inicialmente eram um grupo de doze. Doze significa plenitude. Depois se juntaram tantos outros que encontraram lugar junto aos doze e continuaram seu trabalho e missão. Ser chamado por Jesus é encontrar um emprego muito bom. Não tem aposentadoria, não tem hora de começar ou terminar. O pagamento não é organizado. Tem hora que recebe muito. Tem hora que não tem nada. Mas, tem gente querendo continuar e aumentar as vagas. Não vai faltar serviço. Enquanto existir um só homem na terra, haverá serviço. A empresa é boa e já comprovou.

nº 2032 - Homilia do 2º Domingo Comum (17.01.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Encontramos o Messias” 
 Manifestação aos discípulos 
Fechamos com o evangelho de hoje o Ciclo da Manifestação. João apresenta Jesus para os dois discípulos. Nas bodas de Caná, “manifestou-se sua glória e os discípulos creram Nele”. A própria celebração litúrgica faz essa unidade, como rezamos nas vésperas do dia da Epifania: “Celebramos neste dias três mistérios: Hoje a estrela guia os Magos até o presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos”. Nesse domingo, não lemos evangelho das bodas de Caná, mas um texto sobre João Batista apresentando Jesus. Os discípulos crêem e O seguem. Jesus, ao iniciar sua missão segue o esquema: “passou, viu, e chamou”. A passagem de Jesus é sempre uma manifestação de sua pessoa. Vemos como os discípulos deixam tudo, imediatamente. Jesus não permite delongas ou ficar enrolando. Podemos chamar esse domingo de vocacional: Deus chama Samuel, Jesus chama os dois discípulos dizendo “vinde e vede”, Paulo diz que quem adere ao Senhor, torna-se com Ele um só espírito. É tudo um processo. Seguir Jesus é fazer corpo com Ele e com os que O seguem. Cada chamamento conduz a uma missão. André noticia a Pedro o encontro com o Messias. Eles permaneceram com Ele aquele dia, diz o evangelho. Eram quatro da tarde. O dia começava ao cair da tarde. Houve uma convivência prolongada. 
Cordeiro de Deus 
Por que Jesus é chamado de Cordeiro? Não houve dúvida dos discípulos. Seguiram Jesus. João Batista diz: Eis o Cordeiro de Deus. Cordeiro em aramaico é tália; é um termo muito rico de significado. Além do animal significa rapaz, rapaz de confiança, servo. E um mesmo pedaço de pão. Há um rito oriental que chama a hóstia de cordeiro. O cordeiro está presente na vida do povo como parte dos bens; está ligado aos sacrifícios do templo; É com ele que se faz a ceia pascal. Jesus é identificado com o Cordeiro, que vai mudo para a morte. No templo os cordeiros eram sacrificados para o perdão dos pecados e para o louvor. Jesus é chamado de o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Contemplemos o Cordeiro do Apocalipse que, em seu sacrifício, conquistou a vitória decisiva. No Céu, conforme o Apocalipse, um rio de água da vida saia do trono de Deus e do Cordeiro (22,1). Ele é a lâmpada do céu: “A cidade do Céu não precisa de sol ou lua para a iluminar, pois a glória de Deus a ilumina, e sua lâmpada é o Cordeiro”. Temos a imagem de Jesus como Cordeiro ferido, morto, mas ressuscitado glorioso. Todos são convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro com a Igreja (Ap 19,9) que é a união total de todos com Cristo. João, ao apresentar Jesus, não o faz como um primo pouco conhecido, mas como Aquele que vem da parte do Pai para uma missão. A Esse os discípulos seguiram. 
Fazer a vontade 
Deus chamou Samuel que respondeu imediatamente. Os discípulos, à indicação de João, seguem Jesus e perguntam onde mora. Ele diz: “vinde e vede”. Essas respostas imediatas são um aspecto do seguimento de Jesus, como Ele o fazia como o mais importante. Assim rezamos no salmo 39: “Eis que venho”, sobre mim está escrito no livro: “Com prazer faço a vossa vontade, Guardo no meu coração a vossa lei” (Sl 39). Podemos fazer tantas coisas no Reino de Deus, criar maravilhas, mas a primeira condição é “fazer a vontade de Deus”. Se a vontade de Deus é que eu me recolha em silêncio, e eu o cumpro, faço mais do que se fizesse muitas coisas boas por minha vontade. Assim fez Jesus. 
Leituras 1 Samuel 3,3b-10.19; 
Salmo 39;João 1,35-42. 
Ficha nº 2032 - 
Homilia do 2º Domingo Comum (17.01.21) 
1. A passagem de Jesus é sempre uma manifestação de sua pessoa. 
2. João apresenta Jesus como Aquele que vem da parte do Pai para uma missão. 
3. Podemos fazer tantas coisas pelo Reino. Mas a condição é “fazer a vontade de Deus”. 
Curiosidade também dá certo 
A gente fala que curiosidade também mata. Mas, tem hora que dá certo, pois quem procura acha tanta coisa boa. É pior a situação de quem acha que o que está aí já basta. Até os bichinhos têm curiosidade. É o jeito de aprender e crescer. Esses dois que seguiram Jesus depois da indicação de João Batista, deram uma de curiosos. João indicou e eles foram atrás. Jesus cismou daqueles dois e perguntou o que queriam. Diante da pergunta, vem uma resposta meio atordoada. Não sabiam o que queriam. Mestre, onde moras? Jesus não deu endereço. Mas convidou para ir ver. A prosa foi longe. Imaginemos: Onde era? Não importa. Já estavam lá. O que falaram? E ficaram aquele dia, sendo que já eram quatro da tarde. E o dia começava às seis. Então jantaram, conversaram. Jesus os introduz na sua vida e pessoa. Por isso, no dia seguinte podem afirmar: “Encontramos o Messias”! E logo levam Pedro para conhecê-Lo. Também recebe uma missão.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

nº 2030 - Homilia do Batismo de Jesus (10.01.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Batismo de Jesus”
Tu és o meu Filho amado
No contexto da Manifestação do Senhor no Natal e na Epifania, celebramos o Batismo de Jesus no qual o próprio Pai apresenta seu Filho. É um batismo de conversão preparando a vinda do Messias. João encerra a profecia do Antigo Testamento batizando Aquele que era o prometido. Jesus traz em si o anseio do povo pelo Messias prometido e é apresentado pelo Pai como realização completa da profecia: “Tú és o Filho amado, em Ti ponho todo o meu amor” (Mc 1,11). João prepara os caminhos do Senhor. E o Senhor vem. Começa o novo tempo, pois Jesus age no Espírito. Quando se diz do Espírito, como pomba, não se trata diretamente da ave, mas do seu vôo. Lembramos que Noé soltou uma pomba da arca. Ela foi e voltou com um ramo de oliveira do bico (Gn 8,11). O Filho, o Dileto, é apresentado pelo Pai, cheio do Espírito, para a missão no mundo novo, depois do dilúvio do mal do primeiro homem. O batismo de Jesus é um ensinamento sobre batismo dos cristãos. É bom lembrar que o batismo de Jesus não é nosso batismo, pois o batismo de João era para conversão e preparação para a vinda do Messias. Somos batizados em nome no Pai, no Filho e no Espírito, isto é, inseridos na vida da Trindade, no amor que o Pai tem e que é dado a todos que se unem a seu Filho. O batismo é a abertura para a vida da graça. Todos os demais sacramentos tiram dele sua força e significado. A vida cristã tem sua origem no batismo como para Jesus foi o momento do dom do Espírito para a missão. 
Eis o meu servo 
O Profeta Isaías faz os belos poemas do “Servo de Javé”. Hoje lemos: “Eis o meu servo... o meu eleito – nele se compraz minha alma; pus o meu Espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações” (Is 42,1). Apresenta a seguir a missão do servo, como a de Jesus. A palavra servo tem também o sentido de filho. Sua missão não é destruir, mas renovar. Promoverá o julgamento para obter a verdade. Não desanima na dificuldade de sua missão: “Eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirares os cativos da prisão, livrares do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,6-7). É a mesma missão que Jesus se atribuiu na sinagoga de Nazaré (Lc 4,16ss). No prefácio rezamos: “Ungido com o óleo da alegria e enviado para evangelizar os pobres”. Somos filhos de Deus pelo batismo. Rezamos para ter “a graça de ouvir fielmente o vosso Filho amado, para que, chamados filhos de Deus, nós o sejamos de fato”. (pós-comunhão). Recebemos o mesmo Espírito que Cristo recebeu para realizar a mesma missão, recebendo, do Pai o mesmo amor de dileção. 
Perseverar no amor 
No texto de Atos 10, colocado no dia de hoje, Pedro retoma o caminho de Jesus que se torna caminho para o batizado (ressuscitado com Cristo). Diz que “a começar da Galiléia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte fazendo o bem e curando todos... porque Deus estava com Ele” (At 10,38). Depois da Ressurreição os discípulos compreenderam que para ressuscitar tem que se fazer o caminho que Jesus fez. Foi assim que se estabeleceu a vida da comunidade e a pregação dos apóstolos. Implantavam comunidades formadas na comunhão fraterna. Nossa pregação e estrutura pastoral investem no celebrativo sem conexão com a vida, não como Jesus fazia. 
Leituras Isaías 42,1-4.6-7;Salmo 28; 
Atos 10,34-38;Marcos 1,7-11. 
Ficha nº 2030
Homilia do Batismo de Jesus (10.01.21) 
1. O batismo de Jesus é um ensinamento sobre batismo dos cristãos. 
2. Sua missão não é destruir, mas renovar. 
3. Os discípulos compreenderam que ressuscitar significa fazer o caminho que Jesus fez. 
Filho de Papai 
Não há quem não se ofenda de ser chamado de filhinho de papai. Tem dinheiro e moleza. É folgado e manhoso. E Jesus era um filhinho de Papai. O Pai lhe demonstra amor e põe tudo em suas mãos. Jesus não nos passou a moleza, mas o compromisso de demonstrar o amor que o Pai tem por Ele. Viu que beleza: “Este é meu Filho, o Dileto, o Amado. Nele pus todo o meu afeto.” Aqui se funda tudo o que pensamos ser cristão: ser amado pelo Pai e ouvir o Filho amado, para construir o mesmo amor. Amar não é difícil, mas vai até à Cruz.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

sábado, 2 de janeiro de 2021

nº 2028 Homilia da Solenidade da Epifania (03.01.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Manifestação do Senhor”
 Vimos a estrela 
“Ó Deus, que hoje revelastes o Vosso Filho às nações, guiando-as pela estrela” (Coleta) que vai nos conduzir a “contemplar face à face”. Depois da Ressurreição se iniciou concretamente a manifestação de Jesus a todos os povos através do testemunho e pregação dos apóstolos. O importante dessa festa não é saber quantos reis eram, de onde vieram, como aconteceu. O fundamental, como diz Paulo, é revelado como um segredo: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 3,5-6). Celebramos o mistério da Manifestação do Senhor. É mistério que decorre do mistério da Trindade que, em Si, não é um Deus estático. Um Deus para Si, mas, como é Amor, tende a Se difundir, levar a outros a participação de sua vida. Por isso temos a Manifestação. O Pai envia o Filho para que, pelo Espírito, nos dê a participação de sua vida. Essa manifestação tem diversos momentos: manifesta-se aos humildes pastores; vem no amor aos mais necessitados. Manifesta-se aos Magos convocados pela estrela; é a abertura a todos os povos; manifesta-se aos judeus no Batismo: “Este é meu Filho amado em quem me alegro”; são membros do mesmo povo, discípulos creram Nele” (Jo 2,11); João apresentou Jesus aos discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). É uma festa só com diversos momentos. Depois vai se manifestar aos discípulos como o Ressuscitado que vive. A Manifestação é o Mistério Pascal de Cristo em sua dimensão de Encarnação. Depois será manifestação da glorificação. 
Religião para todos os povos 
Os Magos significam os povos. A estrela é Jesus como temos na profecia de Balaão (Nm 24,17). Herodes significa a permanente caça ao “Menino” que há no mundo. Os Magos voltam por outro caminho, desviando-se de Herodes nos mostram que conhecer Jesus é conhecer caminhos novos. Se a fé é para todos os povos, também deve ser na maneira de vivê-la. A fé foi engessada numa cultura na qual se confundiram dados culturais com a fé. Isso foi imposto a tantos povos de tradições mais antigas. O Concílio Vaticano II compreendeu a necessidade. No decreto Ad Gentes, sobre a missão da Igreja, nos números 10,11 e 12, indica que a Igreja, na evangelização, deve inserir-se nas culturas como Cristo se encarnou (AG 10), realizando o admirável intercâmbio, recebendo dos costumes, tradições, da sabedoria e das doutrinas... para confessar a glória do Redentor, explicar a graça do Salvador e ordenar a vida cristã (AG 22). A Constituição Sacrosanctum Concílium 37-40, orienta-se para a correta inculturação. Não tocou nesse tema nos pontificados pós S. Paulo VI. Interessou só a restauração. É um desrespeito com a Encarnação e, até prejudicial, evangelizar sem o modelo da Manifestação do Senhor. 
Missão continua 
Ir ao Presépio e voltar pelo mesmo caminho é negar a missão de Cristo que veio para todos os caminhos. Vimos os apóstolos como foram longe. Descobrir Jesus é anunciá-Lo. O Natal está perdendo sua finalidade e se tornou uma festa. Nesse ano será pouco familiar. Quem sabe seja o momento de olhar para o Céu , seguir a estrela, sair de nosso mundinho e ir ao encontro de todos os povos. Ou ao menos não fechar as portas aos que buscam Jesus, Filho de Deus, nascido em Belém. Esse Menino enche nosso coração. Que cada pessoa possa sentir a grande alegria dos Magos que se alegraram com uma alegria muito grande. 
Leituras: Isaías 60,1-6;Salmo 71; 
Efésios 3,2-3ª.5-6;Mateus 2,1-12 
Ficha nº 2028  
Homilia da Solenidade da Epifania (03.01.21) 
1. É mistério que decorre do mistério da Trindade que, em Si, não é um Deus estático. 
2. Ir ao Presépio e voltar pelo mesmo caminho é negar a missão de Cristo.
3. Se a fé é para todos os povos, também deve ser na maneira de vivê-la.
Sem endereço 
Chegaram a Jerusalém uns homens diferentes procurando um menino recém nascido. Não tinham endereço. Tinham a direção. Deve ter dado um auê na cidade aquele povo diferente. Até que foram ao endereço certo. O Rei que deveria ter parentesco. Herodes, como nossas autoridades era uma toupeira no conhecimento das coisas da religião e de outras. Chama então os homens da religião que de cor lhe cantam: Em Belém de Judá. Por que esses homens vieram, dizem do Oriente. Alguns dizem que seria Damasco. Costumamos colocar três raças. Essa interpretação é de 1500 mais ou menos. Magos eram estudiosos. Quer dizer que, pela sabedoria se descobrem os caminhos de Deus, como nos diz Paulo na carta aos Romanos. Acharam o endereço: Se seguem a Estrela, Jesus, acham o endereço certo. Encontrar Jesus sempre dá alegria. Acharam. Agora têm o endereço: Voltar por outro caminho é ter a estrada segura para levar a outro a grande alegria com que se alegraram.

nº 2027 Artigo - Bênção do Senhor

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
 O Senhor te abençoe 
O que pode significar pedir uma bênção? Iniciamos o ano com uma ordem e um desejo de bênção. Deus manda abençoar o povo. E nós queremos bênção. O que se espera desse ano? O atual trouxe suas grandes diferenças. Queremos outro que também terá sua diferença. Mas não tem nenhum à venda. Então, temos que nos voltar para o Pai e pedir sua bênção, quer dizer: “Fica conosco!” Ele quer estar presente. O que quer significar uma benção? Assim nos ensina o livro dos Números: “Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” (Nm 6,22-27). Essa bênção é tudo o que Deus quer oferecer e o que o homem tem necessidade. Devemos entender dessas palavras o que o homem espera de Deus. “Que faça brilhar sua face”: Haja entre Deus e nós um relacionamento tão próximo como de quem olha nos olhos. Deus olha todos. Por isso pedimos que faça brilhar sobre nós sua face. É brilho que atrai. O que pedimos, em nossa fragilidade, é que se compadeça de nós. Compadecer-se é olhar com ternura que abraça. Que não vire as costas para nós. Sabemos que sem Ele perdemos toda segurança. Olhar para nós é garantir a certeza do caminho. Assim podemos ficar em paz. Dar a bênção a alguém não é tirar algo de nós, mas dar o Deus que está em nós para amarmos com Ele.
Abba, Pai!
Jesus nos ensina a ser criança no relacionamento com Deus, chamando de Abba - Pai. Criancinha é a totalidade da ternura e do amor. O Abba de Jesus quer dizer Paizinho. O relacionamento com Deus do judaísmo, Jesus o modifica para o Deus carinho e cheio de ternura. Por que ter medo de Deus? Temos aqui o princípio de todo o relacionamento com Deus. Pena que a piedade levou para outros lados do intimismo e vazio, a pregação para o temor, a liturgia para o formalismo, a moral para o puritanismo. Na verdade, não temos nada de criança no relacionamento com Deus. Rezamos decorado ou lido. Não rezamos com o coração. E quem pode nos ensinar a nos relacionar com o Pai é justamente o Espírito Santo que intercede por nós com gemidos inefáveis (Rm 8,26-27). É a língua do Espírito, como o balbuciar da criança enquanto manifesta o carinho com quem a embala. Por isso, podemos pensar que a celebração que abre o ano é a Maternidade Divina. O ano começa no colo da Mãe. Temos aí a imagem dos pastores que vão ao presépio. É a expressão da ternura de Deus. Seus pequenos filhos humildes são os primeiros a ouvir o anúncio do nascimento. Para a sociedade não resolveu nada. Mas para o coração de Deus, a intenção de começar pelo lugar certo: no coração aberto. Ouviram o anúncio e foram ver. 
Cofre do Coração 
Ali, a Mãe, com o Menino deitado no cocho é a imagem da ternura. Os pastores são espontâneos com Maria: chegaram e contaram. Os que ouviam ficaram maravilhados. O encanto vai ao coração. E Maria, guardava esses fatos e meditava sobre eles em seu coração: o cofre da ternura. Ali está o triturador de tudo que se passava. Na ternura decantava lentamente as maravilhas de Deus. São as duas imagens para esse ano: a criança que balbucia a oração e ocoração que acolhe o que Deus fala através do que a vida traz. Essa é a grande bênção para o novo ano. Quem sabe podemos ter um ano diferente, ao menos dentro de nós. A vida é o que eu faço dela. Deixemos o Nenê Jesus agir em nós.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/