terça-feira, 29 de janeiro de 2019

nº 1828 Homilia do 4º Domingo Comum (03.02.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Anunciando a Boa Notícia” 
Missão de anunciar
           A leitura do Evangelho desse domingo continua a reflexão do domingo passado, quando contemplamos a belíssima inauguração do ministério apostólico de Jesus na sinagoga de Nazaré. Guiado pelo Espírito Santo, proclama sua missão de anunciar a Boa-Nova e o ano da graça, o grande jubileu. Continuando a leitura, vemos como da admiração passam à recusa. Deixando de lado as maravilhas que viam em Jesus, não querem admitir que Ele tenha uma missão especial de Deus, pois é alguém do meio deles, um que eles conheciam. Nós também somos capazes de recusar um ensinamento dado por alguém do mesmo nível que nós. Jesus mostra essa realidade quando lembra a viúva que cuidou de Elias e o leproso estrangeiro que foi curado por Eliseu. O fechamento pode resultar mal para nós. Deus está aberto a todos, mas espera a abertura. Os pagãos são mais abertos do que os que recebem a graça da ação de Deus. A recusa dos judeus vem do fato de não verem a hora da visita de Deus.  Agiram assim porque Jesus não preenchia os requisitos da tradição que fora criada pelos homens, não correspondendo à vontade e plano de Deus. Essa atitude dos judeus vai levar Jesus à morte.  Eles tinham muitas ideias sobre o Messias. Havia muita curiosidade sobre as maravilhas que esse Enviado de Deus iria demonstrar. A Palavra de Deus nos apresenta a vocação de Jeremias que também passou por isso. Ele tem a missão de anunciar e, é escolhido para isso desde o seio de sua mãe. Ele deve enfrentar: “Levanta-te e comunica-lhes tudo o que eu te mandar dizer; não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles” (Jr 1,17).
A grande recusa
           Ao final do discurso de Jesus, os judeus se enfureceram, levantaram-se, expulsaram de sua cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício.  “E Jesus, passando pelo meio deles, continuou seu caminho” (Lc 4,29-30). O homem perigoso deve ser totalmente aniquilado. Aqui temos um detalhe: Em Nazaré não há nem monte nem precipício. O texto de Lucas quer indicar que os judeus queriam uma aniquilação completa do novo profeta, sem deixar sinais. Percebemos que essa atitude é muito atual na sociedade que quer acabar totalmente com os traços de Jesus na comunidade. E o estão conseguindo em tantos lugares. Não se refere a pagãos revoltados. É a sociedade que viveu a fé cristã e agora quer tirar os traços de Cristo. Nada de crucifixos, presépios, princípios cristão e família. As ideologias querem imperar nas escolas, nos meios de comunicação etc. Mesmo entre os que o escolheram vivem como se Jesus não mais existisse. A recusa tira a possibilidade de uma vida cristã coerente.
Conteúdo da profecia
           Num mundo de tantas ideias nós podemos ficar perdidos procurando o que falar e que caminhos seguir. Basta lembrar os tempos de eleição. Quanta radicalização em pessoas ou partidos. Nós cristãos, infelizmente, nos dividimos e nos esquecemos que temos um caminho, de todos o melhor (1Cor 13,31). Não queremos partir do Evangelho. Esse é o conteúdo da missão. O apóstolo Paulo nos diz com toda segurança, que o amor é o maior. Não tendo esse, não chegamos a nada. A profecia não é para fundar uma religião, uma igreja, um grupo particular. É para levar Jesus e seu Evangelho. Em Nazaré Ele foi claro e não voltou atrás. Passou entre os que queriam destruí-lo, como também seu programa. Não se trata de fazer um partido, mas estar acima dos pensamentos do mundo que fracassam sempre .
           Leituras: Jeremias 1,4-5.17-19; Salmo 70;1Coríntios 12,31-13,13; Lucas 4,21-30.
Ficha: nº 1828 - Homilia do 3º Domingo Comum (27.01.19) 
           1. Os judeus passaram da admiração para a recusa mortal de Jesus.
           2. Quiseram anular totalmente Jesus, na simbologia do precipício.
           3. O conteúdo do anúncio é o amor. 
                              Eu estou contigo 
           Jesus, na sinagoga de Nazaré, mostra sua missão: renovação total. E diz que é Nele que estão as soluções. O povo, ciumento, não gostou, pois era um quem nem eles. Então não devia prestar também. E botaram Jesus para fora da sinagoga para destruí-Lo, jogando do precipício. Jesus, passando no meio deles foi embora.
           A Boa-Nova não agradou. Nem o profeta Jesus servia para eles. Preferem a mesmisse de sempre. A sociedade atual tenta todos os caminhos, mas não é capaz de aceitar Aquele que pode trazer a paz, dar a vida e ser uma fonte que jorra. Então... chispa no deserto sem água e cheio de serpentes. As nossas escolhas têm seus bons e maus resultados.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/                                                                              

nº 1827 Artigo - “Santidade no mundo atual”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
2151. Características de nosso mundo
            O Papa Francisco, em sua exortação apostólica Gaudete et Exultate (GE), se volta para nossa realidade, nosso mundo. Realmente não podemos programar nossa vida espiritual como se vivêssemos em outro século sem passado nem futuro. Temos que ter e dar respostas aos homens e mulheres de hoje. É um desequilíbrio viver num passado que não existe mais. O Evangelho é antigo, mas é vivo no hoje de nossa vida e o caminho para Deus se faz hoje. Por isso, nesse documento, o Papa procura ler o momento presente. Inicia dizendo que não vai se referir aos pontos normais de espiritualidade que são válidos para todos os tempos, como Eucaristia e Reconciliação, mas analisará o momento atual e sua contribuição para a espiritualidade. Não é só uma análise superficial. “Neste grande quadro da santidade que as bem-aventuranças e Mateus 25,31-46 nos propõem, gostaria de recolher algumas características ou traços espirituais que, a meu ver, são indispensáveis para compreender o estilo de vida a que o Senhor nos chama” (GE 110). São cinco grandes manifestações do amor a Deus e ao próximo, que considero mais importantes devido a alguns riscos e limites da cultura de hoje”... “Estas características que quero evidenciar não são todas as que podem constituir um modelo de santidade. Nesta se manifestam os grandes riscos que nos incomodam: a ansiedade nervosa e violenta que nos dispersa e enfraquece; o negativismo e a tristeza; a acédia cômoda (preguiça), consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade sem encontro com Deus que reinam no mercado religioso atual(GE 111).
2152. Suportes para a espiritualidade
            Contra essas dificuldades acima apresentadas, o Papa Francisco indica: suportação, paciência e mansidão. “A primeira destas grandes características é permanecer centrado, firme em Deus que ama e sustenta. A partir desta firmeza interior, é possível aguentar, suportar as contrariedades, as vicissitudes da vida e também as agressões dos outros, as suas infidelidades e defeitos: ‘e Deus está por nós, quem pode estar contra nós?”’ (Rm 8,31). No tempo dos mártires a força de aguentar o martírio era um dom precioso de Deus. Não vivemos mais atacados por um leão. É uma alcatéia de leões de todos os tipos. É preciso suportar.  “Essas são as atitudes dum santo. Com base em tal solidez interior, o testemunho de santidade, no nosso mundo acelerado, volúvel e agressivo, é feito de paciência e constância no bem. É a fidelidade (pistis) do amor, pois quem se apóia em Deus também pode ser fiel (pistós) aos irmãos, não nos abandonando nos momentos difíceis, nem se deixando levar pela própria ansiedade, mas mantendo-se ao lado dos outros mesmo quando isso não lhe proporcione qualquer satisfação imediata” (GE 112). Não se deixar levar pelos sentimentos que as situações difíceis podem exigir de nós.
2153. Cuidar-se para não pecar
            Nas dificuldades que nos incomodam, é preciso não fazer exatamente o que fazem. É necessário estar atentos a nós mesmos e não deixar que nossa agressividade crie raízes, diz o Papa. E cita: “Se vos irardes, não pequeis; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4,26). E recorre à tradição espiritual: Quando a situação nos incomoda, temos um bom caminho: a oração. Ela nos põe nas mãos de Deus e nos devolve a paz: “Por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em ações de graças. Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações” (Fl 4,6-7)(GE114).

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

nº 1826 Homilia do 3º Domingo Comum (27.01.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Na força da Palavra” 
Abriu o livro na Assembléia
           Iniciamos o Tempo Comum. Iniciamos esse tempo litúrgico com o magnífico discurso de Jesus na sinagoga de Nazaré apresentando seu programa de ação e de vida. Ele, sempre movido pelo Espírito Santo, como nos narra Lucas, está presente na oração da Sinagoga. É a assembléia do povo. Vemos pela Escritura como Deus privilegia o povo reunido. A Palavra de Deus tem seu habitat, seu lugar de se manifestar com plenitude, na assembléia da comunidade. Como lemos na carta de Paulo aos Coríntios “Vós todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12,20).  Abrir o livro é o gesto sagrado da comunicação de Deus pela Palavra. Assim temos diversos momentos marcantes das assembléias do povo como no Sinai (Ex 24,1-8), na renovação da aliança com Josué 24,1-33, com Josias 2,23, com Neemias 8,2-10 e agora, na sinagoga de Nazaré (Lc 1.14-21). O povo em assembléia ouve a Palavra de Deus e se compromete. Em Nazaré Jesus apresenta o código da nova aliança. Esses textos nos ensinam a importância da assembléia que ouve e se compromete. Toda celebração liturgia é uma assembléia. A abertura do livro, como iremos ver no Apocalipse no capítulo V, é um momento solene da celebração. A Palavra de Deus volta a seu lugar onde foi vivida e escrita, isto é, na comunidade onde ela foi vivida e escrita. Ali ela se torna viva e eficaz (Hb 4,12). Somos um único corpo de Cristo no qual estamos unidos pelo mesmo Espírito.
Palavra que dá vida
           A Palavra de Deus orienta o modo de viver. No projeto de vida que Jesus se faz naquele momento tão solene, não é um momento “espiritualizado”, mas espiritual, isto é, cheio da ação do Espírito (Lc 1,4,14). Sua ação evangelizadora não se reduz a discursos, mas a gestos concretos: “Anunciar a boa nova aos pobres, proclamar a libertação dos cativos, aos cegos a recuperação da vista e para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18,19). Coloca a mão na ferida de todo homem. Vemos que são, em outras palavras, os termos do grande julgamento (Mt 25,31-46). O Rei julgará não boas idéias, mas os gestos concretos. É o que podemos ver no correr da vida de Jesus, como diz Pedro: “Ele andou fazendo o bem e curando os oprimidos do demônio” (At 10,38). A comunidade deve sentir o resultado da presença do Espírito em cada pessoa. Notamos que há uma falta de consciência sobre essa exigência do Espírito em nós. A fé de tantos de nós acaba por ser algo a ser aceito sem ligação com a vida. Não me comprometa é sua profissão de fé.
Hoje de Deus
           Jesus, ao terminar a proclamação de sua missão, diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21). O hoje de Deus se realiza em Jesus que realiza Sua palavra. Com Jesus se torna realidade a profecia de Isaias (61,1-2). Jesus é o prometido e implanta no mundo esse modo de vida que é o d’Ele próprio. Não basta dizer que tem fé em Jesus se não segue seu caminho. A fé sem obras é morta por si mesma (Tg 2,17). Cada vez que realizamos as obras da fé, tornamos presente o hoje de Deus. Como a reflexão de hoje se inicia com a assembléia, tomamos consciência que nossas celebrações são as convocações de Deus para ouvir a Palavra e levá-la à prática. As pessoas não dão valor à comunidade e abandonam por comodismo. A carta aos Hebreus alerta sobre isso: “Não abandonemos a nossa assembléia (comunidade) como é costume de alguns” (Hb 10,25).
Leituras: Neemias 8,2-4ª.5-6.8-10; Salmo 18B; 1ª Coríntios 1º2,12-14.27; Lucas 1,1-4;4,14-21.

Ficha nº 1824 - Homilia do 3º Domingo Comum (27.01.19)

              1. Jesus, na sinagoga, apresenta o fundamento de seu projeto de vida
           2. Suas palavras levam a viver a fé na prática da vida, como Ele fez.
           3. Quando realizamos a obra de Jesus, temos o hoje de Deus.        

                       Pegando pela raiz

           Em poucas palavras, um grande discurso. Jesus parece que tinha pouco espaço no Céu, pois tudo é bem sintetizado, com poucas palavras, poucos gestos e tudo se esclarecia. Como a gente pode aprender. No muito falar, pouco se tem a dizer.
           É bonito o povo reunido. A oração feita em comum tem mais força espiritual, pois ajunta todos na mesma direção. Tanto é que vemos que os grandes momentos foram realizados nas grandes assembléias. Não há individualismo em Deus. Mais ainda, o que Jesus oferece não é a chave do céu, mas a estrada para chegar com garantia. Há muitas rezas fortes, mas forte é o Espírito que ora em nós, como orava em Jesus e como lhe mandava para a frente em sua missão.

nº 1825 Artigo - “O culto que agrada a Deus”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2148. Oração e misericórdia
         Nosso querido Papa Francisco, refletindo sobre a santidade, faz a bela síntese da vida dedicada a Deus e dedicada aos irmãos. Tudo isso não em dois tempos, mas como uma única realidade. Há os que querem santidade, mas não fazem da caridade o programa de vida. Necessitamos de todos os aspectos da vida cristã, mas não podemos nos esquecer que a avaliação de nossa vida será sobre o que fizermos aos outros (GE 104). “A oração é preciosa porque se alimenta de uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos” (GE 104). A oração que vai a Deus se transforma em misericórdia. Quanto mais nos unirmos a Deus, mais formamos em nós os sentimentos de Jesus. Por isso é que a caridade é o suporte da oração. “Pela mesma razão, o melhor modo para discernir se o nosso caminho de oração é autêntico será ver em que medida a nossa vida se vai transformando na luz da misericórdia (GE 105). Não há santo que tenha crescido na fé, no amor e na oração, sem a caridade para com os necessitados. Santo Tomás pergunta quais são nossas maiores ações exteriores para manifestar nosso amor para com Deus. Responde que, mais do que os atos de culto, são as obras de misericórdia para com o próximo. Estas são o sacrifício que Lhe agrada   (Summa Theologiae, II-II, q. 30, a. 4). O amor vai além do sentimento e passa à vida (GE 105).
2149. Em lugar Dele
“Para ter uma vida de santidade, é chamado a obstinar-se, gastar-se e cansar-se procurando viver as obras de misericórdia” (GE 107). Assim fez Jesus e agora Se serve de nós “para seremos seu amor e a sua compaixão no mundo, apesar de nossos pecados e defeitos. Ele depende de nós para amar o mundo e demonstrar-lhe o muito que o ama” (Id). Podemos compreender esse aspecto da continuada encarnação de Jesus no mundo. Como se Ele assumisse nossa natureza para continuar a missão que o Pai Lhe confiou de comunicar para a redenção. O Papa Francisco continua ensinando que o egoísmo de nos ocuparmos só na busca do prazer, centrados em nós mesmos, procurando só gozar a vida, não nos permitirá ter tempo para os outros (GE 107). Vemos bem como estamos centrados no consumismo, na busca do prazer e na procura do divertimento. Com isso não sobrará tempo para dar a mão a quem está mal. Somos vítimas de uma sociedade que quer vender e nos engana terrivelmente tirando-nos o direito à simplicidade, à moderação. Todo mundo quer vender. Há uma espiral de violência contra a liberdade pessoal de se construir. Somos feitos à imagem da mídia. Não podemos fazer diferente. O Evangelho seja nossa opção.
2150.Força do testemunho
Os santos são aqueles que vivem as bem-aventuranças e a regra do comportamento ditada pelo Juízo Final. Não devemos ter medo de uma surpresa que caia sobre nós. O que pode acontecer conosco e chegarmos à constatação que foi a vida que escolhemos longe do Evangelho da misericórdia. Deus não condena ninguém. Cada um escolhe seu caminho. Tudo o que Jesus diz sobre os que serão salvos ou condenados, são coisas do dia a dia. Os bons cristãos são os que vivem essa verdade do amor ao próximo nas mais diversas situações. Tudo é muito simples e prático. Gostamos de uma religião que  não nos leve a tomar atitudes de misericórdia. Não dispensamos a oração, a devoção e a emoção. Mas, ficar só nisso não corresponde à santidade proposta pelo testemunho de Jesus e seguida por todos os cristãos dignos desse nome.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

nº 1824 Homilia do 2º Domingo Comum (20.01.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“O vinho novo das bodas” 
Manifestou-se sua glória
           Muitas vezes ouvimos a narração desse casamento em Caná que está dando o que falar há  séculos. Nós nos fixamos no milagre da água transformada em vinho. O estudo do tema é muito rico dentro da exegese bíblica, mas a partir da liturgia, ele tem uma interpretação enriquecida. Estamos no segundo domingo. Todo ano é lido um texto de João, mesmo que o evangelista do ano comum seja outro. No Tempo do Natal celebramos a Manifestação do Senhor que compreende as festas do Natal, da Epifania e do Batismo de Jesus. Aí termina o Tempo do Natal. A Manifestação de Deus se faz em seu Filho Encarnado. Deus Se manifestou e para isso assumiu a condição humana na qual podia ser ouvido, visto e tocado para gerar comunhão (1Jo 1,1-13). Deus quis Se comunicar. Ele Se manifestou aos pequeninos no Natal, aos Magos na Epifania e aos judeus no Batismo. Em Caná Jesus manifestou sua glória aos discípulos (Jo 2,11). Quando entramos no Tempo Comum, lembramos que a Manifestação continua. Jesus é apresentado pelo Pai nas bodas e João Batista, como profeta, apresenta Jesus aos discípulos, como vindo de Deus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Ele é o Cordeiro da Páscoa definitiva que tira o pecado. Celebramos o mistério da Encarnação que culmina na Páscoa e na Glorificação. A Manifestação de Jesus é para gerar comunhão e levar todos ao Pai. A unidade do Mistério aparece nas orações da Igreja na Epifania: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela guia os Magos ao Presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos” (Antifona das Vésperas).
Os discípulos creram Nele
           A água transformada em vinho é o sinal que realiza a transformação dos discípulos pelo ato de fé: “Este foi o início dos sinais de Jesus... Ele o realizou em Caná e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram Nele” (Jo 2,11).  O sinal, isto é, o milagre, fez da água um vinho muito bom. Isso explica o que a fé realiza no coração daquele que crê. “Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhe fora dito” (Lc 2, 20). “Os Magos voltaram por outro caminho para sua região” (Mt 2,12). “Jesus, pleno do Espírito Santo, voltou do Jordão. Era conduzido pelo Espírito através do deserto” (Lc 4,1). “Os discípulos creram Nele” (Jo 2,11). A Manifestação sempre provoca uma resposta de fé. Esse é o verdadeiro milagre. O outro foi grandioso, mas acolher Jesus é o grande milagre da fé. Esse é o vinho novo que o Pai nos oferece. Assim se celebra o casamento da humanidade com Deus. O casamento marido e mulher é imagem desse matrimônio de unidade com Deus. Por isso que Paulo diz: “Grande é esse mistério: eu o digo em relação a Cristo e à Igreja” (Ef 5,32). A Encarnação leva a crer e viver como se crê.
Fazei o que Ele vos disser
           Percebemos que crer exige sempre uma decisão de vida por uma mudança. Acolher a Manifestação é fazer usar os dons que Deus deu a cada um a serviço da comunhão de todos, como lemos na primeira carta aos Coríntios: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1Cor 12,7). Cada um tem um dom que deve ser manifestado, acolhido, aproveitado e desenvolvido. “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito” (4). “Todas estas coisas as realiza um e o mesmo Espírito que distribui a cada um conforme quer” (11). O que fazemos é seguirmos a palavra que Jesus nos diz, e nos transformemos em um vinho sempre novo.
Leituras: Isaias 62,1-5; Salmo 95; 1 Coríntios 12,4-11; João 2,1-11
Ficha nº 1824 - Homilia do 2º Domingo Comum (20.01.19)

              1. Em Caná continuamos a celebração da Manifestação do Senhor.
           2. A água transformada em vinho significa a mudança que a fé realiza no discípulo.
           3. Crer significa também mudar e usar os dons para a comunhão de todos.

De copo cheio

             Esse casamentinho de Caná, para o qual não fomos convidados, é uma festa que não se acaba. E nem falta o vinho. Os convidados não vão embora. E ninguém reclama.
           Quando refletimos esse texto achamos o milagre uma maravilha. Mas ele não é só um espetáculo, mas é uma revelação de Deus e uma resposta nossa. Não estamos bêbados, mas estamos cheios do vinho novo que é Jesus.
           Esse milagre que acontece conosco é um momento importante para tomar as decisões de viver para o projeto de Deus que é comunhão. Pode ficar bêbado desse vinho que não faz mal.
           O Evangelho não pode ser assumido pela metade. É o que Jesus fala do vinho novo e o vinho velho. O novo em odre velho rompe o odre e perde o vinho (Mt 9,14-17).
           Vinho velho não faz bem. Pior é que a gente acha ainda que é o melhor. Assumir o Evangelho de Jesus e querer viver do jeito do Antigo Testamento, estraga um e outro.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

nº 1823 Artigo - “Mutilando o coração do Evangelho”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
2145. As ideologias que destroem
Papa Francisco, em sua reflexão sobre a santidade, indica dois erros que destroem o conteúdo autêntico do Evangelho. A vida cristã no mundo, mas não pode seguir as ideologias do mundo. Deve evangelizá-las. Normalmente acontece o contrário. Uma ideologia pode tirar o vigor evangélico da fé cristã. As ideologias levam para dois erros nocivos. Primeiro: Cristãos que separam as exigências do Evangelho de seu relacionamento pessoal com o Senhor, da união interior com Ele na graça.  Vemos o caso de S. Francisco que fez uma opção fundamental pela pobreza para dar vida aos pobres. É o desapego total para que o Senhor continuasse sua vida pobre no mundo, através dessa opção. Ele vivia no tempo de uma Igreja rica e poderosa. Ele fez, como todos os outros santos que viveram o desapego. Esses santos são aclamados por tantos. Mas muitos o buscam só pelo lado “social”. Isso é consequência de sua escolha. Diz o Papa em sua reflexão: “O cristianismo se transforma em uma espécie de ONG, privando da beleza irradiante, como nos santos, como S. Francisco, Vicente de Paulo, Tereza de Calcutá... Nem a oração, nem o amor a Deus, nem a leitura do evangelho diminuíram a paixão e eficácia da sua dedicação ao próximo; antes pelo contrário...” (GE 100). Tomaram como modelo Jesus. As idéias e aspirações dos grandes líderes, são maravilhosas, só falta o miolo delas: Jesus. Assim foram reconhecidos como imagens vivas de Jesus, santos.
2146. Ideologia da ausência
            Há um segundo erro nas ideologias: Assim diz o Papa: “Mas é nocivo e ideológico também o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo de superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista, populista; ou então o relativizam como se houvesse outras coisas mais importantes” (GE 101)
E dá um exemplo: A defesa do nascituro deve ser total, mas é sagrada também a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte. O ser humano, em todas as circunstâncias deve ser total.  Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo em que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente” (GE 101). Fé e vida andam juntas. É por isso que a vitalidade do Evangelho se dilua em muitos setores da Igreja e são apoiados os movimentos que buscam a santidade intimista sem o núcleo do Evangelho, que é o amor.
2147. Problemas do mundo
            Entre as muitas situações no mundo, o Papa cita o caso dos migrantes. Na verdade, o mundo está se movendo. Isso não é problema para muitos. Não podemos nos reger pelos políticos nem pelos que dizem que isso não é problema da Igreja nem tem a ver com a fé. Podem dizer: “Pensamos coisas mais sérias e teológicas”. Ou ficamos na piedade balofa e sem compromisso evangélico com o mundo. Os pequenos gestos podem resolver muito. O Papa cita S. Bento, que estabeleceu que as pessoas que passassem por ali fossem hospedadas e recebidas como Cristo. Isso não atrapalha a vida do mosteiro, se o peregrino for tratado como Cristo (GE 102). Já no Antigo Testamento há mandamentos que mandam cuidar dos estrangeiros. E o motivo é: “Porque foste estrangeiro na terra do Egito” (Lv 19,34). E dirá Isaias: “Então, a tua luz surgirá como a aurora” (Is 58, 7-8).

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

nº 1822 - Homilia do Batismo do Senhor (13.01.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Batismo do Senhor” 
O Pai manifesta o Filho
           O Batismo de Jesus é sua Manifestação aos judeus. Nesse momento é o próprio Pai que abre os céus é Lhe dá o Espírito. E dá o sentido desse dom do Espírito como o Amor do Pai: “Tu és meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer” (Lc 3,22). O Batismo de Jesus é uma manifestação do sentido da missão de Jesus: ser amor. Por isso se manifesta o Espírito que é o Amor. O batismo dos cristãos tem essa característica: entrar nesse movimento do amor. Inicia-se uma transformação. Por isso não é só um rito, uma água que jorra. No Batismo se iniciou a missão de Jesus “Vós sabeis o que aconteceu na Judéia, a começar pela Galiléia, depois do Batismo pregado por João... Jesus, cheio do Espírito, andou por toda parte fazendo o bem...” (At 10,38). O batismo de Jesus mais que um rito é uma vida que se torna uma missão. O Batismo do Senhor é uma teofania, uma manifestação de Deus Trindade. Por isso somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não porque usamos seus Nomes, mas pelo rito de sermos mergulhados nas águas somos mergulhados nesse mistério de amor e assumimos o plano de Deus em Cristo. Não somos batizados para entrar numa religião, mas para participar da vida de Deus. Entramos na Igreja para dar condições para que essa vida seja consistente e possa continuar a manifestação do Filho ao mundo. Cada cristão é uma teofania do amor de Deus que é a missão fundamental de Jesus. Acima de tudo o que possamos fazer.
                                                     Este é meu Filho amado           
            O Batismo é participação no amor do Filho. Por isso também somos chamados de filhos queridos do Pai, como disse a Jesus “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer” (Lc 3,22). O caminho espiritual é corresponder ao Pai no amor, a Jesus como continuadores de sua missão e ao Espírito para jorrar o amor para o mundo. Este não espera outra coisa dos cristãos: quer ser amado no serviço concreto de redenção total do ser humano e do universo. Devemos evitar transformar o batismo em um costume, um rito que não atinge a vida ou uma obrigação. É um dom de Deus que devemos aproveitar ao máximo. Diz o Papa Leão Magno: “Toma consciência, cristão, da tua dignidade.” Após batismo, conduzido pelo Espírito Santo, Jesus vai para o deserto para ser tentado por Satanás (Lc 4,1). A vida cristã é cheia de dificuldades e lutas, pois, para corresponder ao projeto de Deus temos que assumir um caminho forte de seguimento de Jesus. Viveremos como Ele viveu. A missão que Ele recebeu no Batismo, passa ser também a nossa. Essa missão de Jesus não é só tirar pecados, mas começar no mundo a onda do amor do Pai. Essa onda não destrói, mas fecunda o mundo de uma vida nova. O amor pode mudar todas as coisas. O Pai pôs em Jesus todo seu bem querer. O Filho nos pede o mesmo amor.
Ser filho de fato
           Como somos chamados a ouvir o Filho amado, a oração pós-comunhão diz: “chamados de filhos de Deus, nós o sejamos de fato”. Não é possível ser meio cristão. É comum ouvir das pessoas que são católicas, mas não aceitam tudo. Então não o é. Há coisas que não têm nada a ver com a fé. Isso podemos recusar. Mas devemos manter a unidade que é o vínculo da perfeição (Cl 3,14). Nosso compromisso é preciso permanecer Nele e, com Ele, levar o amor ao mundo. Nossa vida cristã não é constituída a partir de um conjunto de ideias, mas de um encontro no qual Deus se manifesta para ser manifestado ao mundo. O Batismo de Jesus era para a Missão, pois já era totalmente de Deus Pai.
Leituras Isaias 42,1-4.6-7/; Salmo 28; Atos 10,34-38; Lucas 3,15-16.21-22
Ficha: nº 1822 - Homilia do Batismo do Senhor (13.01.19) 
1. O Pai manifesta o Filho ao mundo e lhe dá o Espírito para sua missão.
2. O batismo é participação do amor do Filho pelo Pai e pelo mundo.
3. Ser filho de fato. Não é possível ser cristão pela metade. 
Afogado nas águas. 
            Quando somos batizados, o padre joga um pouquinho d’água em nossa cabeça e diz: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Batizar em nome significa mergulhar no Pai, no Filho e no Espírito Santo, isto, unir-nos completamente na vida e pessoa da Santíssima Trindade. Estão certos os que querem batizar nas águas abundantes. Mas não é na quantidade de água que somos batizados, mas no imenso mar da vida do Pai. Para Deus, uma gota d’água ou um oceano vale o mesmo. Mas o Pai é sempre sem medida em sua vida e em seu amor. 
            Se somos mergulhados e participamos tanto dessa vida, temos que viver como vive o Pai, o Filho e o Espírito em sua comunhão de amor e comunhão de abertura ao outro, como são as Três Pessoas Divinas. São tão unidas que são um só Deus. Deus não é solitário ou distante, não precisando de nós. Ele nos atrai e nos envia para que seu dom de amor chegue a todos.

nº 1821 Artigo - “A grande regra de comportamento”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2142. Felizes os misericordiosos
            Depois de termos refletido sobre as bem-aventuranças, guiados pelo Papa Francisco, continuamos aprendendo seu ensinamento sobre a santidade. Ele o faz em sua exortação apostólica Gaudete et Exultate (Alegrai-vos e exultai). É bom notar que difere muito de certas tradições de vida espiritual baseadas mais em reflexões, às vezes sem o fundamento no Evangelho. Para saber se é evangélico, basta ter o amor como conteúdo. É o que nos diz S. João em sua primeira carta. No texto que vamos refletir, retomamos a bem-aventurança da misericórdia, como nos esclarece o capítulo 25 de Mateus sobre o julgamento final. Diz o Papa: “Se andamos a procura da santidade que agrada a Deus, neste texto encontramos precisamente uma regra de comportamento com base na qual seremos julgados: “Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e vestistes-Me, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo” (Mt 25,35-36) (GE 95). Notemos que aqui estão os graves problemas do mundo. Podemos ver por trás destas palavras também a figura de Jesus com seu modo de agradar o Pai. É como Ele vivia sua santidade. É Cristo no rosto daquele com os quais quis Se identificar”. “Neste apelo a reconhecê-Lo nos pobres e atribulados, revela-se o próprio coração de Cristo, os seus sentimentos e as suas opções mais profundas, com os quais se procura configurar todo o santo” (GE 96). Estudando a história da espiritualidade, não é o que vemos em tantas épocas. Pior é que ainda exercem influência sobre as pessoas.
2113. Por fidelidade ao Mestre
“O texto de Mateus 25,35-36 “não é um mero convite à caridade, mas uma página de cristologia que projeta um feixe de luz sobre o mistério de Cristo” (GE 96). O Papa Francisco continua firme dizendo que esse ensinamento do Evangelho deve ser entendido com clareza e sem desculpas que tirem sua força. Aliás, temos que reconhecer que, infelizmente, o Evangelho não é o fundamento de vida para tantos cristãos. Vejamos a beleza do ensinamento: “O Senhor deixou-nos bem claro que a santidade não se pode compreender nem viver prescindindo destas suas exigências, porque a misericórdia é o “coração pulsante do Evangelho(GE 97). Se as situações tristes do mundo não me tocam, estou realmente muito mal. Mesmo que eu não tenha solução, sou parte da solução. Algo posso fazer. O que destrói nossa fé é a falta de compromisso, como Jesus fazia. Fé que não toca o coração, não tem direito a esse nome. Não adiantam belas palavras e reflexões. Precisamos buscar soluções. Se buscarmos podemos não achar, mas se não buscamos, não achamos mesmo. O mínimo que fazemos pode ser o início. Há tantos meios de fazer alguma coisa. Não será por isso que nossa Igreja tem enfraquecido? Tanto clero como povo, não tomam atitudes.
2144. Contemplação em Cristo
            Só conhecendo bem Jesus, contemplando sua vida e ação, podemos ver o mundo com seus olhos de misericórdia. Mesmo que não saiba o que fazer, “posso reagir a partir da fé e da caridade e reconhecer no sofredor um ser humano com a mesma dignidade que eu, uma criatura infinitamente amada pelo Pai, uma imagem de Deus, um irmão redimido por Jesus Cristo. Isto é ser cristão!” (GE 98). Não é possível entender a santidade de outro modo. O ser humano é caminho para realizar a santidade esperada por Deus. Não se diz isso por conta de socialismo. É o próprio Jesus quem diz: “Toda vez o que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,25,40). Ser santo é fazer como Jesus fazia. “Andar como Ele andou” diz S. João (1Jo 2,6).

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

nº 1820 - Homilia da Solenidade da Epifania (06.01.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Luz para as nações” 
 Recolhendo as riquezas dos povos
         O Mistério Pascal de Cristo que tem seu início na Encarnação. E, na Glorificação chega à plena realização. No período natalino celebramos a Manifestação (Epifania) do Senhor. A festa tem diversos momentos que celebram Manifestação do Senhor: O Natal, a Epifania, o Batismo e as bodas de Caná.  Na celebração da Epifania, que chamamos também de Festa de Reis, celebramos Jesus que veio para todos. Nós celebramos a Manifestação no Natal. No Oriente, Orientais e Ortodoxos celebram a Manifestação do Senhor no dia 6 de janeiro. A liturgia nos enriquece com tantos e belos textos. Dizemos que o Natal se tornou comércio. Talvez a Igreja não tenha manifestado o Senhor que veio para nós com fé e atitudes coerentes. Criticamos o mundo, mas não vemos que somos culpados. A festa quer também superar questão que perdurava por séculos e ainda continua. Os judeus, como povo escolhido para acolher o Senhor, tinham um tipo de exclusivismo. Foram escolhidos para levar Deus a ser conhecido por todos, não só para eles. É uma alerta também a nós da Igreja que nos esquecemos de nossa missão. Essa celebração significa a busca do coração humano para plenitude. Por isso busca a Deus. Esse é o grande plano de Deus: atrair todos a Si. Vemos países do primeiro mundo que deixaram a fé. Reclamamos do secularismo, mas não reclamamos de nossa incapacidade de levar longe a mensagem do nascimento de Jesus.
Seguindo a estrela
Os Magos simbolizam todos os povos. Não eram reis. Eram sábios que conheciam as Escrituras e esperavam o Messias. Os Magos fazem um longo caminho. Deus se deixa encontrar por quem O procura. Essa longa viagem dos Magos expressa a busca. Eram sinceros e simples. Procuraram e encontraram: Eles foram e encontraram Maria e o Menino. Alegraram-se com uma alegria muito grande (Mt 2,10). Deus é causa de nossa alegria. Não há riqueza maior do que a alegria de estar com Deus. Essa é uma das maiores descobertas do coração humano. Eles abriram seus presentes. A vida doada é o maior presente, mais que ouro, incenso e mirra, símbolos de sua divindade, realeza e sofrimento. Não sabemos o fim dessas ofertas. Sabemos sim que quando entregamos nossa vida damos o maior tesouro a Deus. É isso que Ele quer. Eles voltaram por outro caminho.  Caminhar com Jesus é ter abertura para o novo. Eles souberam que voltar pelo mesmo caminho era anular a riqueza da descoberta de Jesus. Não podemos ter medo das mudanças radicais, desde que sejam pelo evangelho.
As riquezas das nações
Os Magos representam também as muitas culturas da humanidade. Todas elas podem acolher a graça da salvação e vivê-la com a mesma intensidade. Para Mateus, a narrativa significa que o Evangelho é para todos. Paulo, em Efésios, traz esse pensamento (Ef 3,6). Deus veio para todos. Todos podem servir a Deus nas suas culturas e a Igreja não pode se apoiar em uma única cultura, pois empobrece o mistério da salvação que é para todos. As raízes firmes na tradição bíblica, que inclui a cultura do povo judeu, ela se abre para todos os povos. Onde ela é plantada, absorve das culturas tudo o que é apto para o anúncio da salvação. Temos muito que aprender dos povos. O anúncio é da salvação e não de uma cultura que o envolve. A festa dos Santos Reis nos estimula e provoca à evangelização aberta ao mundo. Não diminui o Evangelho, mas o torna aberto a todos.
Leituras Isaías 60,1-6; Salmo 71;  Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12
Ficha
1. A festa da Epifania celebra a Manifestação do Senhor a todos os povos.
2. Os Magos simbolizam todos os povos que buscam e acolhem a chegada de Deus.
3. A festa da Epifania nos questiona sobre como fazemos nossa evangelização.

Sabedoria do velhinho
          
           A cena dos três Magos do Oriente é sempre inquietante. Sabemos que ela é mais um ensinamento que um fato concreto. Seja o que for, o importante é saber que é um ensinamento. Dizemos que são velhos, mas não dariam conta de tal viagem pelo Oriente.
           Não deixa de ser uma lição para nossa idade mais adulta: o que vale é procurar ir encontrar o Senhor, onde ele estiver. E dar o melhor que temos. Cada um tem uma riqueza especial. Ajuntando dá uma beleza especial. Quer melhor fundamento para a terceira idade?
           A lição é para todos. Nosso desafio é uma corrida para chegar ao presépio e pegar a estrela e sair anunciando ao mundo. Guardando todas as coisas no coração.