sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

nº 1825 Artigo - “O culto que agrada a Deus”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2148. Oração e misericórdia
         Nosso querido Papa Francisco, refletindo sobre a santidade, faz a bela síntese da vida dedicada a Deus e dedicada aos irmãos. Tudo isso não em dois tempos, mas como uma única realidade. Há os que querem santidade, mas não fazem da caridade o programa de vida. Necessitamos de todos os aspectos da vida cristã, mas não podemos nos esquecer que a avaliação de nossa vida será sobre o que fizermos aos outros (GE 104). “A oração é preciosa porque se alimenta de uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos” (GE 104). A oração que vai a Deus se transforma em misericórdia. Quanto mais nos unirmos a Deus, mais formamos em nós os sentimentos de Jesus. Por isso é que a caridade é o suporte da oração. “Pela mesma razão, o melhor modo para discernir se o nosso caminho de oração é autêntico será ver em que medida a nossa vida se vai transformando na luz da misericórdia (GE 105). Não há santo que tenha crescido na fé, no amor e na oração, sem a caridade para com os necessitados. Santo Tomás pergunta quais são nossas maiores ações exteriores para manifestar nosso amor para com Deus. Responde que, mais do que os atos de culto, são as obras de misericórdia para com o próximo. Estas são o sacrifício que Lhe agrada   (Summa Theologiae, II-II, q. 30, a. 4). O amor vai além do sentimento e passa à vida (GE 105).
2149. Em lugar Dele
“Para ter uma vida de santidade, é chamado a obstinar-se, gastar-se e cansar-se procurando viver as obras de misericórdia” (GE 107). Assim fez Jesus e agora Se serve de nós “para seremos seu amor e a sua compaixão no mundo, apesar de nossos pecados e defeitos. Ele depende de nós para amar o mundo e demonstrar-lhe o muito que o ama” (Id). Podemos compreender esse aspecto da continuada encarnação de Jesus no mundo. Como se Ele assumisse nossa natureza para continuar a missão que o Pai Lhe confiou de comunicar para a redenção. O Papa Francisco continua ensinando que o egoísmo de nos ocuparmos só na busca do prazer, centrados em nós mesmos, procurando só gozar a vida, não nos permitirá ter tempo para os outros (GE 107). Vemos bem como estamos centrados no consumismo, na busca do prazer e na procura do divertimento. Com isso não sobrará tempo para dar a mão a quem está mal. Somos vítimas de uma sociedade que quer vender e nos engana terrivelmente tirando-nos o direito à simplicidade, à moderação. Todo mundo quer vender. Há uma espiral de violência contra a liberdade pessoal de se construir. Somos feitos à imagem da mídia. Não podemos fazer diferente. O Evangelho seja nossa opção.
2150.Força do testemunho
Os santos são aqueles que vivem as bem-aventuranças e a regra do comportamento ditada pelo Juízo Final. Não devemos ter medo de uma surpresa que caia sobre nós. O que pode acontecer conosco e chegarmos à constatação que foi a vida que escolhemos longe do Evangelho da misericórdia. Deus não condena ninguém. Cada um escolhe seu caminho. Tudo o que Jesus diz sobre os que serão salvos ou condenados, são coisas do dia a dia. Os bons cristãos são os que vivem essa verdade do amor ao próximo nas mais diversas situações. Tudo é muito simples e prático. Gostamos de uma religião que  não nos leve a tomar atitudes de misericórdia. Não dispensamos a oração, a devoção e a emoção. Mas, ficar só nisso não corresponde à santidade proposta pelo testemunho de Jesus e seguida por todos os cristãos dignos desse nome.

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