quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

nº 1932 - Homilia da Apresentação do Senhor (02.02.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Apresentação do Senhor”
Consagrado ao Senhor
A celebração da Apresentação do Senhor ao templo é revestida de muita solenidade no Oriente. Entre nós tem pouco mais que a celebração da bênção das velas. É um momento forte de contemplar a Manifestação do Senhor. Cristo é a luz da vida. A luz é vida. Nas celebrações da Manifestação os escolhidos (pobres pastores, Magos, judeus e discípulos) vão até o Menino que é a verdadeira luz. Agora é o Menino que vai ao templo de seu Pai. É como se viesse tomar posse do que é seu: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar” (Sl 23). Ele é o prometido por Deus. Ele vem purificar pelo fogo e pela soda. Purificação para o culto perfeito (Ml 3,2-4). Jesus, primogênito, é consagrado ao Senhor. Pertence a Deus como todos os primogênitos. Esse gesto de apresentá-los ao templo e oferecer um sacrifício é o momento de resgate dos primogênitos. Com a morte dos primogênitos do Egito, poupando os primogênitos hebreus, esses passaram a pertencer a Deus. O sacrifício oferecido os devolve. Ser consagrado significa a posse total de Deus sobre a pessoa. Esse consagrado é reconhecido pelo justo Simeão que o toma nos braços e louva Deus pela salvação. Esse consagrado levará todos ao discernimento. Ninguém fica indiferente diante de Deus. A festa das luzes, de tradição muito antiga, leva-nos a perceber que somos consagrados a Deus pelo batismo e participamos das condições de Jesus. Com Ele podemos receber e participar da salvação do mundo. Com Ele vamos ao templo na permanente oferta a Deus. 
Sofreu a tentação
Corremos o risco de entender Jesus e sua missão como algo totalmente distante da condição humana. Até preferimos, porque nos compromete menos. A Carta aos Hebreus ensina que “Ele devia ser em tudo semelhante aos irmãos”... “Ele não veio ocupar-se com os anjos, mas com a descendência de Abraão”... “Tendo Ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (Hb 2,14-18). Somos ajudados assim a compreender a condição de Jesus entre nós. Ser em tudo igual aos irmãos anima a que nos aproximemos Dele com a confiança de quem conhece nossas condições. Isso nos faz perceber que é na condição humana que vamos viver a salvação. É muito mais fácil e nos compromete menos, se tirarmos a fé e a vida cristã de sua condição de continuar o Redentor e sua missão. Uma Igreja que perde o contato com o povo de que é feita, perde sua finalidade e sua força transformadora. É mais fácil, pois não nos compromete com o ser humano. Por isso vemos que o Reino perde sua força evangelizadora porque nada tem a ver com o homem em sua realidade. Somos todos irmãos de Cristo e entre nós. 
Vimos a salvação 
O santo homem Simeão era um homem justo, era movido pelo Espírito Santo. O Espírito lhe havia anunciado que não morreria antes de ter visto o Messias que vem do Senhor (Lc 2,32). Tem consciência do momento e diz: “... Meus olhos viram a salvação que preparaste para todos os povos” (id 30). Essa salvação nos é dada por Jesus, levando consigo toda a condição humana. Ele cresceu. Não nasceu pronto, desenvolveu-se: “Voltaram para a Galiléia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com Ele” (Id 39-40). É o grande projeto de Deus: seu Filho crescer. Encontramos aqui o projeto fundamental para nós que acolhemos o Reino de Deus: Crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Por isso é fundamental viver como Jesus viveu, crescendo em todas as dimensões. 
Leitura: Malaquias 3,1-4; Salmo 23; 
Hebreus 2,14-18; Lucas 2,22-40 
Ficha nº 1932 - Homilia da Apresentação do Senhor (02.02.20) 
1. Ser consagrado significa a posse total de Deus sobre a pessoa. 
2. Uma Igreja que perde o contato com o povo, perde sua força transformadora. 
3. O projeto fundamental para nós que acolhemos o Reino de Deus: Crescer em todas as dimensões do ser humano. 
Sabão que santifica 
Entre os títulos e nomes dados ao Messias, temos esse especial: potassa dos lavadeiros. Não eram lavadeiras. É o sabão de cinza. Como não existia soda, usava-se (e chegou até nós) a soda natural da cinza. Podemos entender que a purificação que Jesus quer fazer vai fundo no coração de cada pessoa. Penetra. Como um fogo, purifica pelo calor. Um mundo purificado vai ser mais saudável. Jesus participa da condição humana de fragilidade e graça. Podemos fazer nossa parte.

nº 1930 - Homilia do 3º Domingo Comum (26.01.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Convertei-vos” 
 Uma luz se levanta 
A Palavra de Deus salienta fortemente o início da pregação de Jesus como o sair das trevas de um mundo abandonado. Jesus é a luz que surge das trevas e inicia sua caminhada monumental de iluminar o mundo com a luz que não se apaga. Depois de passar pelo batismo e pelo deserto tentado pelo demônio, Jesus está fortalecido pelo amor do Pai e pela Palavra do Antigo Testamento. Recebe a notícia da prisão de João. Podemos até pensar que está encerrado o ciclo de João. Agora vem o tempo definitivo. Jesus inicia seu ministério numa terra mal vista. É a Galiléia. Esta região de Israel está na fronteira com o mundo pagão. E muitos pagãos vivem no território. Eram mal vistas pelos judeus fiéis que estavam em Jerusalém. Viviam na escuridão. A esses o profeta Isaías promete um futuro luminoso: “O povo que vivia na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). É como sair de uma grande escuridão e ter razões para muitas alegrias. Essa realidade se dá em Jesus que é a luz que ilumina todo homem que vem a esse mundo. O salmo explicita de onde vem essa luz: “O Senhor é minha luz e salvação” (Sl 26). O Senhor é sempre a luz. Por isso Jesus diz de si mesmo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). A luz é vida. Por isso a conversão encaminha para a luz. Jesus proclama a conversão porque o Reino de Deus está próximo (Mt 4,17). Jesus e seu Espírito constituem essa luz que tira os povos da escuridão. Vir para a luz é acolher o Reino que Jesus anuncia próximo. 
Colaboradores da missão 
Assim que começa o anúncio da conversão, Jesus inicia a reunir companheiros para a missão. Um dia Jesus lhes dirá: “O Espírito Santo... dará testemunho de mim. E vós também dareis testemunho porque estais comigo desde o começo” (Jo 15,27). Estando com Ele, vivem juntos para depois comunicarem. O chamamento de Jesus se dá à beira do lago, entre os humildes e fortes pescadores. São chamados para a mesma missão de Jesus: serem pescadores. O lago significa o mundo; e a pesca, a missão de lançar a rede da Palavra. Eles, estando sempre com Ele, aprendem suas atitudes e mentalidade para anunciarem o Evangelho na força de Cristo. É o que vemos em Paulo, na primeira carta aos Coríntios “Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar a boa nova da salvação, sem me valer dos recursos da oratória, para não privar cruz de Cristo de sua força própria” (1Cor 1,17). A missão de Cristo continua integral em seus discípulos. Jesus convida para que sejam “pescadores de homens”. Fez um jogo de palavras para comunicar a missão e que essa missão não se confunde com apego a grupos. Não admite divisões ou preferências. O que se exige é que estejamos concordes: “Eu vos exorto, pelo nome do Senhor Jesus, a que sejais concordes uns com os outros... sejam concordes no pensar e no falar” (Id 10).
Exigências da resposta 
Jesus chama os primeiros discípulos em seu ambiente natural de trabalho. E eles respondem prontamente: “Imediatamente deixaram as redes e O seguiram” (Mt 4,20). Não fizeram perguntas ou explicações. Imediatamente. O Reino de Deus tem pressa e pede que os seus não se fixem em pequenas coisas, mas lancem longe suas redes. Essa missão inclui igualmente as atitudes de Jesus: “Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino e durando todo o tipo de doença e enfermidades do povo” (Mt 4,23). Não bastam palavras, é necessária a permanente atitude de cuidado com o ser humano total. Por isso nossas palavras não convencem. 
Leituras Isaías 8,23b-9,3; Salmo 26; 
1Coríntios 1,10-13.17; Mateus 4,12-23 
Ficha nº 1930 - Homilia do 3º Domingo Comum (26.01.20) 
1. Jesus é a luz que surge das trevas e inicia sua caminhada de iluminar o mundo. 
2. Eles aprendem suas atitudes e mentalidade para anunciarem o Evangelho na força de Cristo. 
3. O Reino de Deus tem pressa e pede que os seus não se fixem em pequenas coisas, mas lancem longe suas redes. 
Interruptor 
Nada como encontrar o interruptor numa sala escura. Podemos identificar todas as coisas. Tudo toma vida. Assim também aconteceu com o mundo que, ao receber Jesus, se ilumina e tira as trevas que cobrem o universo. Tudo toma vida e fica claro. Não podemos ter uma vida que seja simplesmente calendário que passa, mas vida que penetra iluminando tudo o que nos cerca. Com a luz de Cristo podemos continuar sua missão com sua força e sua mentalidade.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

nº 1928 - Homilia do 2º Domingo Comum (19.01.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Eis o Cordeiro de Deus!”
Manifestado a Israel
Iniciamos o Tempo Comum do Ano Litúrgico. Neste tempo não celebramos nenhuma festa que seja memória de um acontecimento da vida do Senhor, mas celebramos o Mistério de Cristo na sua globalidade. Nesse tempo damos importância particular ao domingo como dia do Senhor. É cotidiano da vida, celebrado como presença do Senhor. Usamos a cor verde significando que vivemos voltados para a realização do Mistério Pascal de Cristo em nós e em nossas pequenas coisas do dia a dia, na expectativa da vida eterna. Nada de nossa vida está fora da luz que emana do Mistério de Cristo. Sua Paixão e Morte estão presentes em nosso caminhar sofrido. Sua Ressurreição está presente em nossa esperança e em nossa capacidade de compreender a vida a partir da Palavra de Deus. Todos anos, no segundo domingo, lemos o evangelho de João. É a apresentação de Jesus aos discípulos, como o faz hoje João Batista. Consciente de sua missão de preparar o caminho, o apresenta ao povo de Israel e agora aos discípulos. Nós nos colocamos junto com os discípulos para o seguimento de Jesus na caminhada desse ano. A apresentação que João Batista faz é muito clara: “Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Ele está cheio do Espírito Santo. Ele é o Filho de Deus. João dá a ficha Daquele que é a salvação que vai chegar até os confins do mundo. Esta salvação a todos. 
João apresenta Jesus como Cordeiro 
Jesus é chamado de Cordeiro de Deus. É uma expressão bonita e rica, pois traz em si um ensinamento profundo sobre Jesus. Entre as figuras do Antigo Testamento que são profecias sobre Jesus, está a figura do cordeiro. Por exemplo: Abraão oferece um cordeiro no lugar de seu filho Isaac (Gn 22.13). No templo são oferecidos dois cordeiros por dia (Ex 29,39). Jeremias faz uma das mais belas profecias usando a imagem do cordeiro: “Mas eu, como um cordeiro manso que é levado ao matadouro” (Jr 11,19; Is 53.7). Deste modo, percebemos que o cordeiro expressa as atitudes de Cristo como redentor. Ele é sacrificado silenciosamente por nossos pecados. No tempo antigo o sangue dos cordeirinhos sacrificados afastava os maus espíritos, como diziam, e protegiam os rebanhos. Assim Jesus com seu sangue afasta de nós o mal e nos dá nova vida. O cordeiro pascal é o símbolo maior, pois ele é sacrificado e seu sangue afasta o anjo destruidor. Agora Cristo é verdadeiro cordeiro pascal (1 Cor 5,7). O Cordeiro sacrificado na Cruz é a luz das nações (Is 49,6). O livro do Apocalipse mostra que Ele é digno de toda honra. Ele estará no trono com Deus seu Pai (Ap 22,3). Por isso temos, na Eucaristia, diversas vezes, a chamada do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, como ouvimos na liturgia. 
Luz das Nações 
Jesus se põe a serviço de todos, de modo particular em sua Paixão na qual Se oferece pela salvação do mundo. No momento em que eram sacrificados os cordeiros pascais no templo, Jesus era sacrificado no Calvário. Em seu serviço à humanidade, Jesus é identificado com o Servo Sofredor que aparece no livro de Isaias. É uma figura que não se identifica com outro personagem. São quatro cânticos que descreve esse amado de Deus que dá a vida. É fiel a Deus, mesmo na perseguição. Sua missão é universal: “Não basta seres meu servo para restaurar as tribos de Jacó... Eu te farei luz das nações para que minha salvação chegue aos confins da terra” (Is 49,6). Deus não desqualificou o povo de Israel, mas levou-o a cumprir sua missão de ser o anunciador a todos os povos. 
Leituras: Isaías 49,3.5-6;Salmo 39; 
1Coríntios 1,1-3;João 1,29-34.
 Ficha nº 1928 -Homilia do 2º Domingo Comum (19.01.20) 
1. Nada de nossa vida está fora da luz que emana do Mistério de Cristo. 
2. João apresenta Jesus como Cordeiro. 
3. Jesus se põe a serviço de todos, de modo particular em sua Paixão. 
  Mandou eu faço 
João cumpre sua missão, sem querer se colocar como o Messias, o que não deixava de ser uma tentação. Até o povo pensava que ele fosse o Messias. Recebeu a missão de Deus e a levou a cabo, sabendo ser aquele que preparou os caminhos para o Senhor e que tem a sabedoria de sair de cena quando Jesus inicia sua missão. Isso causa uma grande impressão em Jesus que valorizava seu primo. Assim também nós, se quisermos levar Jesus ao mundo, temos que sair de cena, dar espetáculo, mas promover sempre mais o conhecimento de Jesus e de sua Igreja que é sua continuadora. Ela não é o centro, é o instrumento.

domingo, 12 de janeiro de 2020

nº 1926 - Homilia do Batismo do Senhor (12.01.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Meu Filho, o Dileto” 
 Eis o meu Filho 
Celebramos a Manifestação do Senhor. Esse mistério se revela em quatro celebrações diferentes que são um único mistério. A celebração do Batismo de Jesus é uma das celebrações mais antigas da Igreja. Vem já desde o segundo século. Há uma oração na Liturgia das Horas – o Ofício Divino - que assim reza na Epifania: “Três prodígios celebramos nesse dia santo: “Hoje a estrela guiou os Magos ao Presépio; hoje a água é mudada em vinho nas bodas de Caná; hoje Cristo é batizado por João no Jordão para nossa salvação” (Antífona das Vésperas da Epifania). Deus Se manifestou como diz João: “Veio para o que era seu e os seus (judeus) não O receberam” (Jo 1,11). Deus Se manifesta para que seja visto na pessoa de seu Filho Dileto. Não se trata de dizer filho “queridinho”, mas Filho no qual o Pai Se vê inteiramente e que realiza sua entrada no mundo. Nós vimos Deus com nossos olhos. Isso nos basta. Acolher o Filho é acolher o Pai. Tudo está pleno do grande amor de dileção de Deus. Por isso a celebração da festa do Batismo de Jesus não é um aniversário a ser celebrado, mas o acolhimento de um Mistério que se revela como amor. No batismo do Filho, todos os filhos adotivos (oração) são contemplados pelo Pai, amados e assumidos em sua total predileção. Não há filho menor ou pior. A todos o Pai dá o Espírito em abundância para que possam continuar com o Filho Divino a missão de manifestar o agrado do Pai a todos. No gesto ritual do batismo dos fiéis, lembramos nosso batismo e nele recordamos que somos filhos diletos. 
Batismo em Cristo 
“Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre Ele” (Mt 3,16). João batizou Jesus, no batismo de conversão. Jesus, em sua condição, Se abre totalmente à ação do Espírito. Por isso dizemos que recebe a unção do Espírito para a missão. É confirmado pelo Pai em sua completa dileção amorosa: “Este é meu Filho amado, no qual pus o meu agrado” (Id 17). O Espírito Santo, amor do Pai, consagra o Filho na primeira e fundamental missão que é manifestar o amor que vivia com o Pai. É o momento de mostrar que a presença de Deus entre os homens é obra do amor para que se realize o amor. Desse modo podemos também compreender o batismo que recebemos. Chamados filhos de Deus, nós o sejamos de fato. Isso se realiza pelo Espírito. O batismo nos coloca na missão de Jesus. Mais que uma religião é um modo de viver. Por isso Pedro diz sobre Jesus: “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio. Porque Deus estava com Ele” (At 10,38). 
Eis o meu Servo 
Na leitura de Isaias sobre o Servo amado, podemos conhecer o que Deus espera de cada um que se une a Cristo pelo batismo: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão. Eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirares os cativos da prisão, livrares do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,6). Lembramos o discurso inaugural de Jesus na sinagoga de Nazaré. Essa é a missão de todo aquele que sai das águas e é depositário do amor do Pai e ungido pelo Espírito. Sem isso, torna-se impossível realizar a missão cristã e perseverar no amor (Oração). Pedimos na pós-comunhão: “Chamados filhos de Deus, nós o sejamos de fato”
Leituras: Isaias 42,1-4.6-7;Salmo 28; 
Atos 10,34-38; Mateus 3,13-17. 
 Ficha nº 1926 - Homilia do Batismo do Senhor (12.01.20) 
1. A festa do Batismo de Jesus não é um aniversário, mas o acolhimento de um Mistério. 
2. O Espírito consagra o Filho na missão de manifestar o amor que vivia com o Pai. 
3. Chamados filhos de Deus, nós o sejamos de fato. 
Padrinho de Batismo de Jesus 
Sabemos as confusões que se dão por conta de padrinhos nos batizados. No de Jesus não houve esse problema. Os pais não podem ser padrinhos. Precisa ser católico e, de preferência, de boa conduta para servir de exemplo. E Jesus... como foi? Certamente sabemos que o batismo de Jesus não é o nosso, mas o de João. Contudo tem um padrinho muito bom que é o Espírito Santo. O Pai demonstrou o amor ao Filho e o Espírito pousou sobre Ele. Em nossas circunstâncias batismais temos padrinhos e todo um ritual. Mas falta deixar-se conduzir pelo Espírito.

sábado, 4 de janeiro de 2020

nº 1924 - Homilia da Epifania do Senhor (05.01.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Viram a estrela no Oriente” 
Sentiram grande alegria 
Vieram Magos do Oriente. Assim diz a Bíblia. Não disse quantos eram ou se eram reis. Eram magos, estudiosos dos movimentos dos astros. Homens da ciência. E quando são homens de verdadeira ciência, conhecem os caminhos de Deus. Conhecendo as profecias sabiam daquela que dizia o profeta pagão Balaão: “Vejo, mas não agora, contemplo, mas não de perto: Um astro se levanta dos acampamentos de Jacó e se torna chefe” (Números, 24.17). Esse astro não é aquele cometa que se coloca nos presépios, mas é o próprio Cristo. Os Magos seguiam uma estrela para encontrar a Estrela viva, o Sol vivo que ilumina todo homem que vem a este mundo. Eles seguiam a estrela. Quando viram a novamente sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram à casa viram o Menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante Dele e O adoraram. Depois abriram seus cofres e ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. A oferta de ouro, incenso e mirra, significa que este Menino que nasce e que eles adoram, é o Senhor rei do universo a quem se oferece o ouro. É Deus, a quem se oferece o incenso de adoração. Mas é também o homem das dores, que participa de nossas fraquezas a quem se oferece a mirra. Esta é uma resina usada para embalsamar cadáveres. Servia também de anestésico para a dor e é amarga. Essa é a resposta que podemos dar ao Menino que nos foi dado. Herodes recusou e quis matar. Os Magos acolheram, adoraram e voltaram por outro caminho. Não fizeram o jogo de Herodes, caindo na sua ideologia e em seu pecado. O Menino mudou seus corações e seus rumos. Agora anunciam a Estrela. 
Os pagãos são admitidos
O mundo jazia nas trevas, diz o profeta Isaias a Jerusalém na primeira leitura. Ele conclama: “Levanta-te Jerusalém porque chegou a tua luz” (Is 60,1). Essa luz é a presença do Senhor. “Os povos caminham à tua luz. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti” (id 3-4). Fala também dos que vêm de longe trazendo ouro, incenso e mirra. O mundo em trevas vê uma luz. São Paulo diz, na carta aos Efésios, que recebeu a revelação de Deus e teve conhecimento do mistério: “Todos os povos são admitidos à mesma herança e, como membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho” (Ef 3,6). Deus é Deus de todos. Cristo veio para todos. Por isso Paulo anuncia. Estamos diante de uma das questões prementes para a Igreja dos tempos atuais. O Concílio deu diretivas muito claras sobre a missão da Igreja no mundo. A missão é cada vez mais premente. Se a Igreja que são os cristãos, não sai de si e de seu mundo, ela perde o sentido e fica uma “religião a mais”. Jesus não veio para implantar mais uma religião, mas para levar à comunhão com a Trindade e entre si. 
Voltaram por outro caminho 
A Igreja, nós os cristãos de todas as denominações, não podemos nos fechar e achar que Cristo é nosso. Somos chamados a ser como Paulo: anunciar a todos. Chamar todos à luz de Cristo e não a nós. Faremos muito mal se assim o fizermos. Quem não é missionário de Cristo destrói o Cristo como Herodes quis fazer. O Cristo não pode ser feito a nosso modelo, mas nós devemos ser semelhantes a Ele. Eles não eram reis, não eram três, mas eram fiéis e de fé inteligente. Eles voltaram por outro caminho. O sábio não faz o jogo da maldade. Eles fazem o grande convite a todos os “sábios desse mundo” a mudarem caminhos e serem transformadores do mundo. Celebrar a Epifania é celebrar a manifestação de Deus que está sempre a nos atrair. Mundo novo por outro caminho. 
Leituras-Leituras: Isaias 60,1-6; 
Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus, 2,1-12 
Ficha nº 1924 - Homilia da Epifania do Senhor (05.01.20) 
1. Herodes recusou e quis matar. Os Magos acolheram, adoraram e voltaram por outro caminho. 
2. Se a Igreja não sai de si, ela perde o sentido e fica uma “religião a mais”. 
3. A Igreja, nós os cristãos, não podemos nos fechar e achar que Cristo é nosso.
Velhinhos espertos
Quem pensa que velho é bobo, é mais bobo que eles, pois são danados. A ciência e a sabedoria juntas compõem o homem completo na humanidade e na participação da divindade. Quando vemos o velho Simeão no templo, compreendemos o que significa amadurecer no Espírito Santo. Foi capaz de conhecer o dia do Messias. Percebeu-O à distância. Refletindo sobre os Magos, que nem sabemos quem eram, mas eram homens de sabedoria. Souberam procurar, conhecer e encontrar o Messias naquela criança. Com os olhos de Deus podemos encontrá-Lo.

nº 1923 - Homilia da Solenidade da Mãe de Deus (01.01.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Manifestação aos pastores” 
Povo de Deus 
A celebração do Natal nos traz uma riqueza muito grande de ensinamentos. Jesus nasce em um povo que de séculos esperava o Messias prometido. Estava até descrito o lugar: “E tu, Belém... de ti sairá um que será o guia que apascentará Israel, o meu povo” (Mt 2,6). Nasce rodeado dos privilegiados de Deus: “É o resto de Israel que permaneceu fiel a Deus”. Belém é a cidade de Davi, colocando assim Jesus recém nascido na linha real, conforme a promessa feita a Davi (2Sm 7,16). Os pastores eram os últimos. Esses, chamados de resto, foram os que permaneceram fiéis a Deus, pois só Nele podiam por sua esperança. Os pastores recebem a notícia: “Nasceu para vós um Salvador, o Cristo Senhor” (Lc 2,11). Senhor significa Deus. O que nasce é Divino. Maria e José faziam parte desses fiéis. Nazaré, onde viviam, estava fora do circuito. De lá não vinha nada bom, como disse Natanael e como disseram os fariseus (Jo 1,46 e 7,41). Não é uma posição política, mas profundamente nascida do coração de Deus que escolheu os fracos, pois é seu defensor. A visita aos pastores, no campo, fora do ambiente do templo e da sinagoga abre uma visão da missão do Messias. Deus não despreza os poderosos, mas tem que assumir sozinho o cuidado dos abandonados. Aqueles não entenderam que o que receberam de Deus era para ser multiplicado em bem de todos. O poder e a riqueza bloqueiam a graça. As atividades terrenas podem obstruir o alegre anúncio. 
Nascido de uma mulher 
Jesus nasce de Maria. Quando o Anjo Gabriel faz o anúncio, diferentemente, ele se dirige diretamente à mulher, não ao homem. Por que? É a grande dignidade da mulher decidir a entrada de Deus no mundo. O pecado veio por Eva e a Graça por Maria. Vemos que José é dado como responsável, como esposo legítimo, tanto pela Mãe como pelo Filho. Já dizemos que pai é aquele que cria. Maria, assumindo a maternidade, entra em uma dimensão humana diferente, pois, não é somente mãe de uma criança, mas de uma criança que é Deus, o Filho Divino. Por isso pode e deve ser chamada Mãe de Deus. Se dissermos diferente, negamos a Divindade de Jesus. Perde-se todo o sentido de Salvador, pois Ele nos salva como Deus, na condição humana. Nele está a salvação. Não podemos ver na Santíssima Virgem Maria só os dons, mas o modelo acabado do fiel redimido. Ela se torna o modelo de definição por Deus, acolhendo sua vontade de Deus, participando de seu desígnio de salvação. “Ela conservava tudo em seu coração, meditando (Lc 2,19)” Ele é o cofre onde se guardam os tesouros de Deus. Dali ela tira tudo para a formação de seu Filho. A educação de Jesus não foi feita de milagres, mas de carinho de Mãe que colheu as riquezas de Deus em sua missão e transmitiu ao Filho e agora a nós os filhos.
Bênção que permanece 
O Senhor ensinou a Moisés a abençoar o povo. O povo gosta de bênção. Assim o povo pode caminhar com a certeza da presença de Deus: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6,24-27). Mais que derramar bênçãos, o Senhor se manifesta e mostra seu rosto. Ser abençoado é ter Deus que está voltado para nós. Queremos mais? Sua face e seu rosto estão voltados para nós. É o Deus Mãe que está atenta ao filho pequeno. Por isso a criança tem tanta liberdade em suas ações. “Tem quem cuida de mim”. Vemos o salmo do bom pastor. A bênção que fica conosco são os olhos do Senhor que ama. 
Leituras Números 6,22-17; Salmo 66; 
Gálatas 4,4-7; Lucas 2.16-21
Ficha nº 1923 - Homilia da Solenidade da Mãe de Deus (01.01.20) 
1. A visita aos pastores, fora do ambiente do templo abre uma visão da missão do Messias. 
2. Não podemos ver em Maria só os dons, mas o modelo acabado do fiel redimido. 
3. Ser abençoado é ter Deus que está voltado para nós. 
De pequenino... 
Jesus na manjedoura dá a maior lição da grandeza do ser humano: Grande em qualquer situação. Não é a casca que conta, mas a grandeza da semente que há. Dali em diante, Jesus, continuamente traz a lição do berço. O que aprendeu no berço, cocho dos animais, será sua vida. Muda o cocho, mas o coração é o mesmo. Ele sempre esteve com os pequenos. A ideia do tempo do Natal é justamente ver nas pequenas coisas um presépio no qual se manifesta a grandeza de Deus que é amor.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/