sexta-feira, 28 de maio de 2021

nº 2071 Artigo - “Festa de Corpus Christi”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Graças e louvores 
A festa do Corpo de Cristo (Corpus Christi) nasce da necessidade de trazer Jesus para o meio do povo. A missa era bela, completa, mas distante. É uma inata tendência de se dizer: Deus é diferente, por isso não pode se misturar. Está longe do Jesus de Nazaré, homem gente, sem deixar de ser Divino para a o povo. S. Juliana queria uma festa para o Santíssimo Sacramento. Apesar dos protestos, atualmente temos uma proximidade maior. Refletindo sobre o texto da liturgia, vemos que tendem a explicitar mais a teologia da Eucaristia e seus fundamentos bíblicos. A celebração da festa reflete o culto do Santíssimo Sacramento. Quantas maravilhas, sobretudo criadas pelo barroco. Que altares! Magníficas procissões. Busca-se reconhecer a grandeza desse Sacramento. Sente-se que é o espaço dado ao povo, por não ter esse espaço de manifestação na celebração que era sempre mais fechada e incompreensível. É verdade que a Eucaristia é para ser “consumida” e não a leitura de textos. É certo que os ritos são necessários, Mas sua exatidão não dispensa sua realidade sacramental humana. Nessa celebração estamos dando essa festa ao coração do povo que se manifesta de tantos modos. Enquanto não se fizer uma reflexão sobre a unidade da devoção e celebração, teremos duas realidades diferentes na Eucaristia. 
Devoção equilibrada 
Temos orientações sobre o culto eucarístico e missa que não foram acolhidas. Por outro lado a liturgia voltou ao que era: rito a ser executado. Já de séculos há uma distinção inaceitável: Missa é uma coisa e Santíssimo Sacramento é outra. Conhecendo a história podemos ver essa situação. Isso se reflete no Concílio de Trento que em um período se discutiu sobre o sacrifício da Missa e em outro em data distante, sobre o Santíssimo Sacramento. Basta conferir as datas das sessões. Pior é fazermos com culto eucarístico logo após a missa. A celebração eucarística é completa. Dizem católicos de outros ritos que a Eucaristia foi feita para ser comida, não para ser adorada. São questões que não foram enfrentadas. Não se nega o rito, mas sua celebração deve ser coerente. Basta fazer bem feita. Temos também a noção de que a Eucaristia só está na missa e no sacrário. Mas nos esquecemos que o Cristo que recebemos na comunhão permanece em nós como presença viva. Já se chegou a afirmar que a presença eucarística em nós só durava enquanto existia ainda a matéria da hóstia dentro de nós. Como ela é tão pequena, seria pouco tempo. Essa é uma presença permanente como ensina evangelho (Jo 6,56). 
De coração para coração 
Cristo é levado pelas ruas. É adorado em belos altares. São magníficos os gestos de adoração e afeto. Todos querem tocar, como tocavam Jesus pelas ruas quando Ele passava, no desejo de receber a graça. “Se eu tocar, nem que seja na sua veste, ficarei curada” (Mt 9,21). É esse o sentimento de quem quer tocar. Jesus atrai, chama. Precisamos ter um coração aberto, como é aberto o coração de Jesus. Como temos essa porta aberta, nosso coração está aberto para que Ele possa entrar. Jesus seja uma presença viva e possamos sempre senti-Lo: “É o Senhor!”. É Ele... É a oração do camponês de S. João Vianey: “Eu olho para Ele, e Ele olha para mim.”. De coração para coração. Fé não é só ideia. É sentimento, coração, corpo. Enquanto não chegarmos a isso, nossa oração perde sua consistência.

nº 2070 - Homilia da Santíssima Trindade 30.05.21

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Trindade Santa”
 Trindade Santa ensina 
A Trindade nos foi revelada por Jesus. No Antigo Testamento havia ação conjunta do Pai, Filho e Espírito Santo, mas não o conhecimento. Por isso, os que seguem o A. Testamento sem admitir o Novo Testamento como continuação da revelação, não são cristãos. Jesus acaba por ser um profeta, ou um grande, mas não como Filho de Deus, revelador e salvador. Um com o Pai e o Espírito. Ele mesmo disse: “São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos!” (Lc 24,44). O Espírito Santo continua a missão de Jesus: “O Espírito me glorificará, porque receberá do que é meu e vos anunciará” (Jo, 16,14). A Igreja não cuidou de anunciar a missão do Espírito. Vivemos o tempo do Espírito, que na Trindade tem a missão de santificação. Da Santíssima Trindade aprendemos a viver a vida cristã e a vida na Igreja, pois em Deus temos a vida, o movimento e o ser (At 17,28). Ela é o espelho e a vida da Igreja. Tudo o que realizamos, iniciamos com o sinal da cruz: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. O mistério da salvação, do qual participamos, está em perfeita comunhão com a Trindade. Participamos da missão do Filho na evangelização, com todo o poder que lhe foi dado (Mt 28,18). Amar a Trindade não é uma devoção, mas uma vida e missão. Para a Trindade não temos devoção, mas acolhimento e compromisso.
Comunhão que acolhe 
Aprendemos dessa nossa Família o modo de viver concretamente em nossa comunidade, pois Jesus nos quis comunidade. A união da Trindade se faz no mútuo acolhimento. O Pai ama o Filho (Jo 5,20). Em seu amor ao Pai nos dá o Espírito (Jo 15,26). Aquele que realiza o pleno amor entre o Pai e o Filho nos é dado para viver. O Espírito vem nos acolher porque com Ele se iniciou a vida da comunidade cristã, no dia de Pentecostes. A vivência da comunidade não é primeiramente social, é profundamente trinitária. Não nos acolhemos porque é bom, mas acolhemos porque vivemos a vida da Trindade. O que nos une não são gestos de boa vontade, mas gestos do Pai que acolhe o Filho no acolhimento do Espírito. Vivemos esse gesto para renovar o mundo. Aí sim, o social nos ajuda. Comunhão é para acolher. Quando comungamos, nós o fazemos para gerar comunhão com Deus e os irmãos. Comungar não é para gerar um momento espiritual, mas para deixar a Trindade Santa de continuar em nós, para o mundo, sua presença. Jesus veio para abrir para nós a comunhão com a vida de Deus. A Igreja não é, em primeiro lugar, uma instituição, mas a comunhão, Corpo de Cristo. 
Anunciando a vida 
Sair de si significa ter vida, como o ramo cresce, o rio se alarga, o sol se levanta. Como as águas que nascem do trono de Deus significando o Espírito Santo, participamos da vida da Trindade na missão do Filho que se encarnou para anunciar as maravilhas que conhecemos de sua Páscoa. Ele estourou os gonzos da morte para que a Vida reinasse para sempre entre nós. Anunciamos fortemente que o Pai nos amou e enviou seu Filho que nos dá o Espírito Santo para que a vida de Deus em nós se torne missão. Quem encontrou Jesus O leva aos outros. Sem isso não passamos de idólatras, adorando ficções e fantasias que nos levam ao egoísmo. Vivamos a liberdade que, no Espírito nos conduz ao Pai.
Leituras: Deuteronômio 4,32-34.39-40;Salmo32; 
Romanos 8,14-17; Mateus 28,16-20. 
Ficha nº 2070
Homilia da Santíssima Trindade 30.05.21 
1. Amar a Trindade não é uma devoção, mas uma vida e uma missão. 
2. Não nos acolhemos porque é bom, mas acolhemos porque vivemos a vida da Trindade. 
3. Vivemos a liberdade que, no Espírito nos conduz ao Pai. 
Quando três é um. 
Quem não se dá bem com matemática, não tenha receio de estar errado ao dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são Um, sem que cada um seja parte, mas que viva na união com as outras duas Pessoas. Refletimos sobre essa nossa Família, aquela da qual fazemos parte, não por escolha nossa, mas por uma deferência do Pai, do Filho e do Espírito. Jesus sempre reflete o que Ele é: família, não como a nossa. A nossa que tem que ser como a Dele, sem diminuir a outro ou esgotá-lo, Se fazem Um. Cada um tem uma missão que é comum ao Outro. Esse é o modelo para a Igreja. Seremos inteiramente Igreja quando somos uns para os outros.

nº 2069 Artigo - “Tempo Pascal”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Tempo de aprender 
Certamente estamos mais ou menos como os apóstolos depois da ressurreição de Jesus. Não temos mais dúvidas do maravilhoso acontecimento que foi ter Jesus novamente entre eles:“Nós comemos e bebemos com Ele depois de sua Ressurreição de entre os mortos” (At. 10,41). Mesmo tendo-O visto e tocado Nele, ainda estavam fechados e temerosos. O temor tinha uma razão: temiam o costume que havia de matarem um líder e todos os seus seguidores, para acabar com a tentativa da reorganização do grupo com outro líder. É certo que ainda não haviam tirado as conseqüências da radical mudança. Jesus esteve com eles quarenta dias, isto é, tempo de formação e afirmação de sua missão. Estiveram presentes ao mistério, mas ainda não haviam compreendido. Seria necessária a vinda do Espírito Santo para iniciar o tempo novo. Vemos a transformação que se dá em Pentecostes e durante todo o tempo de suas vidas. Para nós, que não vivemos intensamente a liturgia, tudo fica na base de um calendário. Passa a folhinha e tudo segue igual. Perdemos a noção da união do celebrar e viver. A liturgia desse tempo celebra os acontecimentos com diversos símbolos como o círio pascal, os textos, as cores brancas, o canto do aleluia e os hinos. Procurou-se manter vivo o clima de Páscoa. As leituras proclamam a Palavra de Deus mostrando a vida da comunidade. Há uma dificuldade de falar de Ressurreição, pois não entrou em nossa experiência. Na vida dos primeiros séculos havia uma consciência maior, pois a comunidade estava muito ligada à vida litúrgica. A vida dos cristãos dependia do modo de ser Igreja. Temos que chegar a isso. 
O que nos é oferecido 
A mistagogia é o termo próprio para a compreensão do que foi celebrado. É um mistério, mas aberto à comunicação. Mistagogia é o conhecimento daquilo que nos é secreto, mundo desconhecido para uma vivência coerente. É como pegar a mão de uma pessoa e introduzir em um mundo desconhecido. Aos poucos vai ficando acessível. É um crescimento lento, mas necessário. Por exemplo: Em suas catequeses, São Cirilo explicando o batismo, diz: “Vocês viram a água”? Então vai introduzindo os símbolos a partir da experiência feita. Nós também estamos voltados para o Batismo. Aprofundamos o conhecimento dos símbolos e ao mesmo tempo a vivência das celebrações, iluminados pela Palavra de Deus. Por isso é importante fazer, em cada sacramento, a proclamação da Palavra que atualiza e ilumina. A participação da celebração desenvolve o conhecimento dos temas do Mistério Pascal. Vemos assim, como estamos distantes. O sacramento do Batismo, quando de crianças, poderia ser uma mistagogia aos pais. Há muitos modos de envolver pais e padrinhos na realização de um Batismo. Não se trata de fazer cursos, mas de envolver de modo que busquem o conhecimento pela experiência dos ritos. É celebrando que se aprende a celebrar e viver. 
Recuperando energias 
O Tempo Pascal é tempo de vivência comunitária. Todos nós fomos salvos como corpo, não somente como indivíduo. Por isso a experiência da comunidade é um dos primeiros resultados do anúncio evangélico: “Eles se mostravam assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). Os apóstolos levaram os primeiros fiéis a adquirirem o que necessário para a vivência da fé que preenchia o arco completo da vivência e manutenção da comunidade. Eram instruídos, aprendiam a viver juntos sua fé, transformavam o ensinamento e a unidade dos irmãos em uma celebração. Assim poderiam fazer suas orações. O que nos falta?

sexta-feira, 14 de maio de 2021

nº 2068 - Homilia de Domingo de Pentecostes (23.05.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Recebei o Espírito Santo” 
 Enviai vosso Espírito 
A História da Salvação se faz através das grandes teofanias de Deus que se faz presente para revelar seu mistério e nos atrair à comunhão com Ele. Desde a criação, tem repetidas vezes aberto os tesouros de sua misericórdia. Em nossa salvação manifestou-se em seu Filho como Homem-Deus. Foi uma manifestação prolongada. Não foi ruidosa, mas como o orvalho sobre a relva (Dt 32,2). Deus quer salvar pela ternura. Se não for por amor, mas pelo temor não muda o coração (S.Afonso). A teofania de Pentecostes tem algo a ver com a teofania de Deus no Sinai quando nasce o povo (Ex 20,18-21). O Espírito vem como libertador de todas as pressões. Ali, diante do Espírito, está reunido o universo, representado pela diversidade dos povos. Geograficamente eles fazem um círculo a Jerusalém. Renovando esse momento pela celebração memorial de Pentecostes, a manifestação toca o coração e realiza aquela mudança monumental que aconteceu nos apóstolos. De tímidos e escondidos, saem com o vigor que vem até nós. Hoje e sempre, Igreja está em permanente súplica: “Vinde, Espírito Santo e enchei o coração dos vossos fiéis com a luz de vosso amor”. Por quê? O Espírito Santo é vida em nós. Ele é o respiro espiritual como o ar (Jesus o chama de vento – Jo 3,8) que mantém a vida. Pedir o Espírito é pedir que a vida se mantenha. Rezamos para que santifique a Igreja e o mundo para que se realizem em nós o que se realizou no início da pregação do evangelho (Oração). 
Santificais a vossa Igreja 
Jesus, em seu Mistério Pascal, deu o Espírito fazendo a unidade de todos os momentos de salvação, como no anúncio, na Cruz, na Páscoa e em sua Glorificação. Por isso, na celebração litúrgica rezamos: “Deus, que enriqueceis a vossa Igreja com os bens do Céu, conservai a graça que lhe deste para que cresçam os dons do Espírito”. Não confundamos dons pessoais com os dons eclesiais. Os dons do Espírito são a vida que dá à Igreja em seu ministério fundamental que é servir o Senhor e anunciar a graça do Evangelho. Existem os dons pessoais que enriquecem a Igreja na comunidade e são maravilhosos para a conversão e oração. Quem acolhe o dom, seja para a Igreja parceiro na evangelização e criativos na caridade para com os necessitados. Quem se fecha não tem o Espírito de Deus. A santificação se faz pela vitória contra todo o mal, vencendo toda divisão para que todos sejam o Corpo de Cristo. Santificação não é só um momento espiritual, mas a vida do Corpo de Cristo que somos nós (Rm 12,5). O Espírito não é uma devoção pessoal, mas é ser fiel envolvido na evangelização pela palavra e pela ação. 
Pela graça e pela pregação 
Ao morrer, Jesus nos dá o Espírito. Na primeira aparição Jesus dá a paz que é a plenitude dos dons de Deus. Depois diz: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados, a quem não os perdoardes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,19.22). É o dom da Redenção que chega a todos na paz universal. Nesse momento os discípulos são enviados com todo o poder de Cristo: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 19,21). A missão de Cristo para a implantação do Reino de Deus está nas mãos dos discípulos que agem no Espírito Santo. O fenômeno maravilhoso da compreensão do Evangelho está na reunião da variedade das línguas e na confissão da mesma fé. É a plenitude do mistério Pascal (prefácio). Todos ficaram cheios do Espírito Santo e proclamavam as maravilhas de Deus (At 2,4.11). 
Leituras: Atos 2,1-11;Salmo 103;
1Coríntios 12,3b-7.12-13;João 20,19-23 
Ficha: nº 2068
Homilia de Domingo de Pentecostes (23.05.21) 
1. Pedir o Espírito é pedir que a vida se mantenha. 
2. Os dons do Espírito são a vida da Igreja para anunciar a graça do Evangelho a todos. 
3. A missão de Cristo está nas mãos dos discípulos que agem no Espírito Santo. 
Vento Sem Poeira 
Engraçado! Deus apronta cada leréia! Acho que entende bem nossa cabeça. Quanto mais confuso, mais claro. Veja a criação do mundo: Do nada saiu tudo. Escolhe pessoas de seio morto para ser mãe de um povo. Só por Deus! Jesus, para ser proclamado o Senhor, nasceu escondido num estábulo. O Espírito que é silêncio, vem no meio de uma ventania. O vento sopra onde quer, mas não precisa exagerar. Acho que para seguir o Espírito e o jeito de Deus, temos que fazer mais confusão. O normal não anuncia nada. Dizemos: Já sabia. Os apóstolos saíram tinindo depois daquele momento. Quando mais confuso o avesso do bordado, mais precioso é o desenho.

nº 2067 Artigo - Mistério da Ascensão

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Festa no Céu 
É uma festa muito celebrada já na metade do século IV. Ela é colocada no clima da Páscoa. É manifestação de uma realidade da vida de Jesus. É também um momento forte para a Igreja que sobe ao Pai juntamente com o Filho. Jesus não encerra sua missão. Ele a continua de modo diferente, agora através do Espírito. O Espírito está unido intimamente à missão de Jesus, pois a continua como esteve presente nela desde a Encarnação. Jesus ausente está presente no Corpo da Igreja que anuncia sua Ressurreição e seu Senhorio. Dizer festa no Céu é demonstrar que o Mistério de nossa redenção chega ao máximo com nossa presença, em Cristo, na morada eterna. Jesus dissera: “É melhor para vós que Eu vá” (Jo 16,7). “Vossa tristeza (por causa da morte) se transformará em alegria” (Jo 16,20). A maior alegria dos discípulos é ver completar totalmente a glorificação de Jesus, que tanto sofrera para chegar a esse momento. O Céu se abre, não só para Jesus entrar, mas pela alegria de um universo todo que agora participa da alegria divina. O Paraíso fora fechado para Adão e seus descendentes (Gn 3,23). De agora em diante a comunicação será permanente, por meio do Espírito Santo. A presença de Jesus entre os seus, de agora em diante. será muito maior, pois se realiza, não no modo humano, mas em sua condição de Divindade” “Deus é maior que nosso coração” (1Jo 3,20). 
Riquezas da Ascensão 
Os textos da liturgia são a melhor maneira de entender o sentido e a densidade espiritual de uma festa litúrgica, como é o caso da Ascensão. Não podemos ter a Ascensão de Jesus como o fechar uma porta do elevador. Foi para o andar de cima. É muito pouco. Na verdade, nas pregações ficamos sem assunto. O que dizem os textos? A primeira leitura faz a narrativa dos últimos momentos e anuncia o acontecimento da vinda do Espírito. Jesus vivo entre eles promete a vida nova no Espírito: “Sereis batizados com Espírito Santo” (At 1,5). Anota que não é o mesmo batismo de João. O Salmo descreve o sentido de festa: “Povos todos batei palmas! Por entre aclamações Deus se elevou” (Sl 46). A segunda leitura tem um sentido eclesial, como a dizer: que significa para nós, Igreja? Paulo mostra a grandeza de Cristo por nós, de modo particular como cabeça do Corpo: “Deus pôs tudo a seus pés e fez Dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja que é seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal” (Ef 1,22-23). Tudo está em Cristo e tudo a Ele se refere. Não se trata de uma religião ao lado das outras. Ele é o centro de tudo e está acima de tudo. Paulo mostra claramente Cristo na glória. Mas está conosco: “Eis que estou convoco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). 
Missão da Igreja 
A missão de Cristo não se encerra com a Ascensão, mas continua em seu Corpo que é a Igreja. Como Jesus era movido pelo Espírito Santo, a Igreja está cheia do mesmo Espírito para cumprir a mesma missão que se inaugura na Ascensão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho à toda criatura” (Mc 16,15). Vemos os três mistérios: Jesus Ressuscitou, subiu ao Céu e enviou o Espírito para continuar sua missão. Temos a plenitude dos dons para a vida em Cristo e no mundo. Os apóstolos compreenderam tanto a missão que lhe fora confiada, que assumem em totalidade a vida de Cristo e a transmitem como vida e não somente como ensinamentos. Vemos que, eles, não tendo um evangelho escrito, foram capazes de dar os fundamentos da Igreja a partir de sua experiência com Jesus. Assumiram a vida e a missão. E aqui somos o fruto dessa fé.

nº 2066 - Homilia da Ascensão do Senhor (16.05.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Ascensão do Senhor” 
 Nossa vitória em Cristo 
A oração da missa nos desvenda o mistério da Ascensão de Jesus em nosso favor: “Ascensão de vosso Filho já é nossa vitória... como membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar de sua glória”. Esse momento da vida de Cristo não é simplesmente um sair de cena, mas continuar sua missão com o envio do Espírito em Pentecostes. “Se Eu não for, o Espírito não virá a vós (Jo 16,7). É um único mistério que acontece em continuação da Ressurreição do Senhor. Não haveria o dom do Espírito, nem a condição humana completaria a Encarnação de Jesus em relação a nós. Ele Se encarnou para nos levar à participação da Divindade. Ascensão está em relação imediata com a Encarnação. Como o Filho participou de nossa humanidade, renascemos para o Céu assumindo a participação na Divindade. Estamos na Glória. Nossa humanidade está definitivamente presente, com Cristo, junto ao Pai, para sempre. Não falta senão conduzir o mundo para Cristo para chegarmos e à total glorificação (Ef 1,10). Desse modo Paulo exorta a conhecermos “qual é a esperança que seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança e, entre os santos e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos” (Ef 1,17-19). Sem a Ascensão, a fé perderia toda sua dimensão de movimento para o Pai. Como o Cristo foi, Ele nos leva consigo em sua Humanidade e nos espera para que um dia essa condição seja glorificada juntamente com todo Universo. 
Temos uma missão 
Ele está conosco. E conosco está na continuação de sua missão no mundo. Ele que recebera todo o poder de proclamar e instaurar o Reino entre nós, deixa aos discípulos a continuação de sua missão. Não se trata de uma nova missão, mas a mesma, com o mesmo poder de salvação. A missão de Jesus continua nos discípulos. Não é uma empresa pessoal. É a mesma de Cristo. Os discípulos têm o poder de fazer o que Jesus fazia. Os sinais que comprovavam a missão dos discípulos era a garantia da verdade. Continuamos modificando as estruturas do mundo para que seja sempre o mundo querido por Deus. Quanto mais vamos aos carentes de Deus e de vida, mais o Evangelho se faz verdade no meio deles. O Pai O fez Senhor pela Ressurreição e Ascensão e Lhe deu o poder sobre os homens e sobre o mundo. Esse mesmo poder passa aos seus seguidores no exercício de sua missão. É a mesma missão com a presença permanente de Jesus e de seu Espírito. Tudo que se refere ao bem do ser humano faz parte do anúncio da Redenção. 
Comunhão entre o céu e a terra 
A Ascensão de Jesus não é um mistério que se acaba com sua subida ao Céu. Não é um fechar de cortinas e um encerrar o espetáculo. A oração depois da comunhão nos instrui sobre a continuação desse mistério: “Vós nos concedeis conviver na terra com as realidades do Céu. Fazei que nossos corações se voltem para o alto, onde está junto de vós a nossa humanidade”. Há uma permanente e frutuosa presença nossa no Céu, na Humanidade de Jesus, bem como, uma permanente insistência da presença Divina entre nós, que nos impulsiona à uma presença do Céu em nosso dia a dia. Somos cidadãos dos céus (Fl 3,20). Mas permanecemos na terra, produzindo os frutos que nascem dessa fecunda integração. Estamos em caminho ao futuro. É fruto da Encarnação. Ele levou nossa humanidade e nos deixou sua Divindade. 
Leituras: Atos 1,1-11; Salmo 46; 
Efésios 1,17-23;Marcos 16,15-20. 
Ficha: nº 2066 
Homilia da Ascensão do Senhor (16.05.21) 
1. Como o Filho participou de nossa humanidade, assumimos a Divindade.
2. Ele está conosco. E conosco está na continuação de sua missão no mundo. 
3. A Ascensão de Jesus não é um mistério que se acaba com sua subida ao Céu. 
Trem da alegria 
Esse trem realmente é da alegria. Jesus puxou a fila e todo mundo vai atrás para chegar à estação da casa do Pai. Que festa bonita vai ser. Gente de todo o canto. O trenzinho veio rangendo de tanta gente. Pudera! Era o Filho que saíra para vir ao mundo e agora volta trazendo todo mundo consigo. Quando Se fez homem, assumiu nossa humanidade. Agora que volta para o Céu, leva consigo nossa humanidade. Não só na sua carne, mas todo mundo que veste essa mesma carne...Com a vantagem que nós vestimos a sua Divindade.

nº 2065 Artigo - “Tempo Pascal”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Cinquenta dias 
A festa da Páscoa é o centro da vida e das celebrações cristãs. A Quaresma nos encaminha como um processo de libertação. Assim é fecunda nossa participação no Mistério de Cristo Morto e Ressuscitado. Pensamos a Páscoa como um único dia, como se fosse um só momento fechado. A liturgia anuncia uma celebração de cinquenta dias. Cinquenta dias, em grego, se diz Pentecostes. Não é somente o domingo de Pentecostes que é a festa da vinda do Espírito Santo. Mais que um dia, é um tempo. Na celebração do dia de Pentecostes encerra-se o período de cinquenta dias depois da Páscoa. Já na tradição judaica é rica de significados. Existia a celebração da festa das colheitas. Depois se tornou a festa memorial do acontecimento salvífico da Aliança do Sinai. A festa cristã de Pentecostes, sempre teve o significado de efusão do Espírito Santo com sentido de dom universal. Desde os inícios da Igreja, nos séculos III e IV, volta-se a atenção também para segunda vinda e para a grande alegria da comunidade por causa da Páscoa. Não entendemos bem, mas essa alegria nos é dada pela celebração pascal. Por isso salientamos a celebração luz do círio, imagem de Cristo vivo e do canto aleluia (Louvores a Deus). Parece-me mais uma alegria que recebemos, do que uma alegria que provocamos. Parece-me também que temos como dom do Espírito somente no dia de Pentecostes. Por isso o tempo pascal fica diluído. Há uma espiritualidade própria na qual predomina também a alegria do Espírito. 
Alegrias da Páscoa 
Os cinquenta dias nos abrem ao dom da Páscoa que não é só a vida nova, mas é também o dom do Espírito que vem do Cristo Ressuscitado. Na primeira aparição aos discípulos Jesus diz, soprando sobre eles: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Dividimos esse tempo como se só fosse calendário. Mas há um conjunto de realidades que, mesmo distintas, formam uma unidade. Todo o mistério da redenção é único e se manifesta de modos diferentes. Além das celebrações, a graça se manifesta na celebração dos batismos. É o tempo propício para serem batizados filhos de Deus. Depois de serem preparados, durante a Quaresma, havia diversos ritos que culminavam na noite da Vigília Pascal com o Batismo, a Crisma e a Eucaristia. Ficavam com as vestes batismais durante toda a semana da Páscoa. Os batismos eram feitos também na festa de Pentecostes. Assim, agora, podemos manter essa tradição com os batismos no tempo pascal. Como nos renovamos pela Páscoa, mantemos a alegria de ressuscitarmos sempre com Cristo. Estimula também a esperarmos a vinda do Senhor, sobretudo aquela que acontece no dia a dia. 
Tempo que nos ensina 
Os textos da liturgia são uma escola para compreendermos o Mistério Pascal de Cristo. Desses textos entendemos esse tempo. É um tempo dedicado, tanto aos apóstolos como a nós, de compreender essa renovação. Jesus aparece diversas vezes aos discípulos e os instrui até o dia da Ascensão: “Jesus foi levado para o Céu depois de ter dado instruções pelo Espírito Santo aos apóstolos”(At 1,2). Ele continua ensinar a partir da liturgia. Os cristãos são sempre criancinhas que devem continuamente aprender. Aprende-se pela vida e pela instrução. A celebração da Eucaristia, e a quem pode, do Ofício Divino, levam-nos a essa mistagógica fundamental da vida cristã: celebrar para aprender e aprender para celebrar melhor. E, crendo, somos estimulados a conhecer melhor. A leitura recomendada para esse tempo é os Atos dos Apóstolos. Aliás, como é feito desde os inícios da Igreja.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

nº 2064 - Homilia do 6º Domingo da Páscoa (09.05.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Permanecei no meu amor” A morada de Deus 
A liturgia desse domingo nos remete à oração coleta da celebração: “Dai-nos celebrar com fervor esses dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda aos mistérios que recordamos”. A correspondência ao mistério celebrado e à vida em Cristo estão na verdade de que são um só mistério vivido na dimensão simbólica e em sua realização na vivência do amor fraterno. Simbólica enquanto podemos conhecer a vida de Deus em nós e no mundo através dos gestos sacramentais. São símbolos eficazes da graça. Realizamos os gestos sacramentais e Deus nos dá sua graça correspondente aos sinais. A vida de Deus em nós se manifesta através do amor fraterno que é expressão do amor colocado em nossos corações. Esse é o tempo de Deus: o amor. É como um espelho do Céu. “A glória de Deus a ilumina e sua lâmpada é Jesus, o Cordeiro” (Ap 21,23). O esplendor da Cidade Santa – Jerusalém Celeste – o Céu - está na glória de Deus manifestada em Cristo Ressuscitado. O povo judeu sentia a presença de Deus na cidade santa e o templo era seu orgulho. Com a vida de Cristo e sua Ressurreição se reconstrói essa cidade no coração do povo. Ela acolherá todos os eleitos. Quem são os eleitos? Os que constroem o templo de Deus em suas vidas e na comunidade. A comunidade é o templo de Deus no mundo. Sua luz é a vida dos fiéis, aqueles que, como Cristo, permanecem unidos ao Pai e aos irmãos. Precisamos fazer da Igreja uma luz diferente para o mundo. As estruturas humanas quando não são morada de Deus no mundo, são inúteis e perniciosas. 
A morada dos homens 
Jesus proclama a nova residência de Deus na morada dos homens: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e viremos a ele e nele estabeleceremos morada” (Jo 14, 23). O coração fraterno edifica a casa de Deus no mundo. Nela encontramos o Pai, o Filho e o Espírito. O Pai ama, O Filho é a Palavra e o Espírito é a memória do ensinamento. Abre o sentido e o conteúdo da Palavra expressa através de nossas categorias humanas. Recorda o que Jesus disse e edifica nossa vida de acordo com a Palavra. Assim o amor de Deus é permanente. Dessa casa de peregrinos, pois estamos de passagem, vamos à casa definitiva. Nela edificamos a Jerusalém celeste, feita de pedras preciosas que são o coração dos filhos de Deus. O amor fraterno fortalecerá os alicerces no ensinamento dos Apóstolos do Cordeiro. É a casa do amor fraterno. Onde há o amor de doação, ali Deus está. O amor não é um privilégio da instituição Igreja. É o fruto do Espírito derramado no mundo. Onde existe o amor, aí Deus está. Não nos interessa ter mais cristãos no mundo, mas que o amor penetre todos os segmentos da sociedade. Podemos ver que muitas ações sociais existente são como que continuação das obras de caridade das irmandades. 
Buscando caminhos 
Queremos uma vida serena na Igreja. Mas continuamos humanos e recebemos o Evangelho em nossa condição humana. Esse é o melhor chão para se semear a Palavra pois Cristo viveu essa condição como o melhor meio de fazer a revelação do Pai. As tensões na comunidade não querem demonstrar que não conseguiram ainda ser morada de Deus entre os homens. Na linha da Encarnação, Deus dirige seu povo através de homens e mulheres vivos e em crescimento. A comunidade é perfeita porque não tem problemas, mas porque tem a capacidade de ver os problemas e procurar a solução na fé animada pelo amor. O amor fraterno dá a certeza de que Deus fez sua morada em nós. Por isso produzimos frutos. 
Leituras:Atos10,25-26.34-35.44-48;
Salmo 97;1ªJoão 4,7-10;João15,9-11. 
Ficha nº 2064
Homilia do 6º Domingo da Páscoa (09.05.21) 
1. A vida de Deus em nós se manifesta através do amor fraterno. 
2. O amor não é um privilégio da Igreja. É o fruto do Espírito derramado no mundo. 
3. Deus dirige seu povo através de homens e mulheres vivos e em crescimento. 
Deus quer uma casa 
Tá ruim o negócio imobiliário. Jesus escolheu a terminologia morada para expressar sua vida em nós. Quer nossa casa. Está difícil ser uma casa para Deus morar. Ele é muito exigente. Tem uma mobília grande e muito tareco. Temos casa. Mas não se ajusta às suas necessidades. Primeiro temos que sair de dentro para Ele poder entrar. Deus só entra em nós quando saímos de nós. Deus quer fazer muitas coisas, mas só faz através de nós. O Reino de Deus não é das alturas, mas das baixuras. Essa casinha que somos nós tem que ser aberta para todos. É uma invasão. Só confusão.
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nº 2063 Artigo - “Dia do Senhor”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Domingo dia do Senhor 
O domingo já teve muito mais honra. Nem por isso precisamos perder sua riqueza na vida da Igreja. Ouvi dizer que os comunistas russos quiseram fazer uma semana de dez dias...não deu certo. O Criador, que fez o homem e a mulher, soube dar o ritmo. E o pôs sob lei sagrada (10 mandamentos) um dia de repouso. Era o sábado que foi sufocado com tantas leis humanas. A Igreja, a partir dos apóstolos, começou o mundo novo no primeiro dia da semana que passou a ser chamado dia do Senhor. A primeira criação termina no sábado. A segunda criação começa com a Ressurreição. O feriado é outro departamento. A celebração, desde o início, é o dia do Senhor. Razão: João, no Apocalipse diz: “Entrei em êxtase no dia do Senhor” (Ap 1,8). “O dia do Senhor é atribuído pelos cristãos ao dia que segue o sábado, já desde o primeiro século, até hoje”. Tertuliano o chama de Kyriaké, dia do Kýrios, do Cristo, o Senhor ressuscitado e glorificado, o dia Daquele que conheceu a morte e que é o Vivente para sempre, por todos os séculos (id 18). “Vemos que não fala da criação do mundo, não faz referência ao Deus Criador, mas a Cristo, o Senhor. O domingo é dia de Cristo por excelência, porque é o dia de sua Ressurreição. O culto cristão primitivo é centrado sobre Jesus morto e ressuscitado ao qual são atribuídos os títulos de glória como “Salvador” (At 5,27), Cristo (At 5,42) e Cristo Senhor (At 2,36)” (A Bergamini, Cristo Festa da Igreja, p 142-143). O cristianismo se desenvolveu no meio pagão e não judeu, por isso, o sábado não influiu. 
Domingo, dia da Ressurreição
O domingo é memorial do Mistério Pascal em sua totalidade. O oitavo dia foi o dia da presença do Ressuscitado e dia de Pentecostes. É o dia em que celebramos a presença de Cristo em seus mistérios de Ressurreição, da Ascensão e da efusão do Espírito. É dia da presença atual do Senhor entre seus discípulos reunidos em assembleia. É dia da espera da volta do Senhor glorioso; porque e dia da nova criação e da vinda do alto, é dia de ouvir a Palavra, como fez Jesus aos dois discípulos que iam a Emaús (Lc 24,25-27). Dia de celebrar os sacramentos pascais, como “partir o pão”, Eucaristia. É dia da celebração eucarística. Um pagão, chamado Plínio, escreve no ano 112, que os cristãos acusados e presos se reuniam num dia fixo, antes da aurora para cantar junto um hino a Cristo como Deus. São Justino (+ 165) diz as razões: “No dia chamado do sol, nos reunimos em um único lugar... fazemos a leitura das memórias dos apóstolos e dos escritos dos profetas... Reunimo-nos porque é o primeiro dia no qual Deus mudou as trevas e a matéria, fez o mundo, e no qual Jesus Cristo, nosso Salvador ressuscitou dos mortos”. Os mártires de Abitene, Tunísia, presos diziam: “Nós devemos celebrar o dia do Senhor. É nossa lei. Não podemos viver sem celebrar o dia do Senhor”. Não se falou de feriado. 
Páscoa semanal
O povo de Deus nasceu do acontecimento pascal. É um acontecimento comunitário, tanto no antigo, como no novo povo. A Igreja se reúne para proclamar o fato que mudou o mundo. Para proclamar esse dom, reúne-se semanalmente. A Palavra de Deus congrega a comunidade na fé, junto com Cristo Ressuscitado. Antes de celebrar a Páscoa anual, já celebrava a Páscoa semanal. Nela se realiza o culto completo. Aqui se deveriam fazer todos os sacramentos que são a expressão da Ressurreição na vida. É dia da Assembleia no qual se celebra a totalidade do Mistério Pascal, inclusive a Segunda Vinda: Dizemos “Vinde, Senhor Jesus”. Estamos juntos para acolher o Senhor que vem.
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sábado, 1 de maio de 2021

nº 2062 Homilia do 5º Domingo da Páscoa (02.05.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Creiamos em Jesus”
Permanecei em mim 
Celebrando a Páscoa de Jesus, é bom nos perguntarmos se sabemos o que é Páscoa. Usamos a saudação de “Feliz Páscoa” quando ainda não é parte de nossa vida, mas somente um dia do calendário. Ela é a fonte de tudo o que somos e sabemos sobre salvação e Igreja. Paulo insiste: “Cristo é nossa Páscoa” (1Cor 5,7). O sacrifício do cordeiro purificava do pecado. Cristo, Cordeiro de Deus, com seu sacrifício, purificou-nos de todo o pecado e instaurou uma vida nova. O fermento novo nos faz massa nova. Não massa cujo fermento é o mal. Como vivemos essa nova vida? Jesus nos conta a bela parábola da videira e seus ramos. Como um ramo tem vida? Permanecendo unido à videira para dar fruto: “Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós. Como os ramos não podem dar fruto por si mesmo, se não permanecerem na videira, assim também vós, não podereis dar fruto se não permanecerdes em Mim... sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,4-5). Páscoa permanente é a união a Cristo. Assim damos frutos, como é o desejo do Pai. Essa é a glorificação e o culto que podemos fazer (Id7). O projeto de vida cristã consiste na permanente união a Cristo. Assim Cristo produz frutos em nós e através de nós que somos galhos unidos ao tronco. Tudo o que fazemos é Cristo que faz em nós: O ramo que corta essa ligação seca e é queimado. Essa união ao tronco nos dá uma garantia de força da oração: “Pedi o que quiserdes e vos será dado” (Id 7). É a oração na força de Cristo vida. 
Guardar os mandamentos 
João, em sua carta, nos convida a amar “em ações e em verdade”. Nisso não há pecado porque Deus é maior e conhece nosso coração. “Se nossa consciência (coração) não nos acusa, temos confiança em Deus que é maior que nosso coração e conhece todas as coisas” (1Jo 3,19-21). Temos certeza de sermos ouvidos no que pedirmos, pois temos confiança junto de Deus. Por que será que tanto no evangelho, como na leitura há essa insistência de pedir e ser ouvido. Somos carentes e necessitamos até de coisas humanas. Mais ainda das espirituais. Os pedidos devem estar em torno da união ao tronco que é Cristo e dos frutos do Reino que possamos produzir. O que significa permanecer unido ao tronco, senão “observar os mandamentos fazemos o que é de seu agrado”? O mandamento é claro: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome (na Pessoa) do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros” (1Jo 23). “Quem guarda os mandamentos permanece em Deus e Deus com Ele. Que Ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que nos Ele nos deu” (Id 24).
Liberdade que salva 
Rezamos na oração da missa: “Concedei aos que creem no Cristo, a liberdade verdadeira e a herança eterna”. Paulo que fora perseguidor, por um magnífico dom da graça, acolhera totalmente a fé em Cristo. Lentamente foi conhecendo o Evangelho e assumindo fortemente a missão de evangelizar. Esse processo de libertação o transforma. Quem conhece evangelho não deixa de dar a vida por Cristo. Em Jerusalém Barnabé o introduz no grupo apostólico. Imediatamente começa a perseguição. Paulo, à medida que vai se unindo a Cristo se torna maior apóstolo. Ele mesmo diz que trabalhou mais que os outros apóstolos (1Cor 1,15-10). A liberdade de se dar totalmente a Cristo o faz livre em relação a todos e pode assim assumir a evangelização dos pagãos. A liberdade dada pela fé em Cristo o transforma de judeu fiel seguidor das tradições, em um livre seguidor de Cristo. 
Leituras: Atos 9,26-31; Salmo 21; 
1João 3,18-24; João 15,1-8. 
Ficha nº 2062 
 Homilia do 5º Domingo da Páscoa(02.05.21) 
1. Páscoa permanente é a união a Cristo. 
2. Temos certeza de sermos ouvidos, pois temos confiança junto de Deus.
3. Quem conhece evangelho não deixa de dar a vida por Cristo.
Quebrando galho 
Quando encontramos, em situações difíceis, um quebra-galho resolve bem nossos problemas. Quebrar galho é remendo. Jesus não é um quebra-galho de nossa vida. Nós somos o galho. Ele nos quebra para nos unirmos a Ele. Assim unidos temos vida e damos frutos. Ele nos ajuda, quebra nosso galho quando nossa vida não tem sentido, pois não está unida a seu sentido, o sentido que dá vida. A ressurreição de Jesus trouxe uma nova vida. Trouxe a Vida. Essa quebra nossa fraqueza e nos une como testemunhas da Vida que dura