sexta-feira, 28 de maio de 2021

nº 2069 Artigo - “Tempo Pascal”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Tempo de aprender 
Certamente estamos mais ou menos como os apóstolos depois da ressurreição de Jesus. Não temos mais dúvidas do maravilhoso acontecimento que foi ter Jesus novamente entre eles:“Nós comemos e bebemos com Ele depois de sua Ressurreição de entre os mortos” (At. 10,41). Mesmo tendo-O visto e tocado Nele, ainda estavam fechados e temerosos. O temor tinha uma razão: temiam o costume que havia de matarem um líder e todos os seus seguidores, para acabar com a tentativa da reorganização do grupo com outro líder. É certo que ainda não haviam tirado as conseqüências da radical mudança. Jesus esteve com eles quarenta dias, isto é, tempo de formação e afirmação de sua missão. Estiveram presentes ao mistério, mas ainda não haviam compreendido. Seria necessária a vinda do Espírito Santo para iniciar o tempo novo. Vemos a transformação que se dá em Pentecostes e durante todo o tempo de suas vidas. Para nós, que não vivemos intensamente a liturgia, tudo fica na base de um calendário. Passa a folhinha e tudo segue igual. Perdemos a noção da união do celebrar e viver. A liturgia desse tempo celebra os acontecimentos com diversos símbolos como o círio pascal, os textos, as cores brancas, o canto do aleluia e os hinos. Procurou-se manter vivo o clima de Páscoa. As leituras proclamam a Palavra de Deus mostrando a vida da comunidade. Há uma dificuldade de falar de Ressurreição, pois não entrou em nossa experiência. Na vida dos primeiros séculos havia uma consciência maior, pois a comunidade estava muito ligada à vida litúrgica. A vida dos cristãos dependia do modo de ser Igreja. Temos que chegar a isso. 
O que nos é oferecido 
A mistagogia é o termo próprio para a compreensão do que foi celebrado. É um mistério, mas aberto à comunicação. Mistagogia é o conhecimento daquilo que nos é secreto, mundo desconhecido para uma vivência coerente. É como pegar a mão de uma pessoa e introduzir em um mundo desconhecido. Aos poucos vai ficando acessível. É um crescimento lento, mas necessário. Por exemplo: Em suas catequeses, São Cirilo explicando o batismo, diz: “Vocês viram a água”? Então vai introduzindo os símbolos a partir da experiência feita. Nós também estamos voltados para o Batismo. Aprofundamos o conhecimento dos símbolos e ao mesmo tempo a vivência das celebrações, iluminados pela Palavra de Deus. Por isso é importante fazer, em cada sacramento, a proclamação da Palavra que atualiza e ilumina. A participação da celebração desenvolve o conhecimento dos temas do Mistério Pascal. Vemos assim, como estamos distantes. O sacramento do Batismo, quando de crianças, poderia ser uma mistagogia aos pais. Há muitos modos de envolver pais e padrinhos na realização de um Batismo. Não se trata de fazer cursos, mas de envolver de modo que busquem o conhecimento pela experiência dos ritos. É celebrando que se aprende a celebrar e viver. 
Recuperando energias 
O Tempo Pascal é tempo de vivência comunitária. Todos nós fomos salvos como corpo, não somente como indivíduo. Por isso a experiência da comunidade é um dos primeiros resultados do anúncio evangélico: “Eles se mostravam assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). Os apóstolos levaram os primeiros fiéis a adquirirem o que necessário para a vivência da fé que preenchia o arco completo da vivência e manutenção da comunidade. Eram instruídos, aprendiam a viver juntos sua fé, transformavam o ensinamento e a unidade dos irmãos em uma celebração. Assim poderiam fazer suas orações. O que nos falta?

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