sexta-feira, 14 de maio de 2021

nº 2065 Artigo - “Tempo Pascal”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Cinquenta dias 
A festa da Páscoa é o centro da vida e das celebrações cristãs. A Quaresma nos encaminha como um processo de libertação. Assim é fecunda nossa participação no Mistério de Cristo Morto e Ressuscitado. Pensamos a Páscoa como um único dia, como se fosse um só momento fechado. A liturgia anuncia uma celebração de cinquenta dias. Cinquenta dias, em grego, se diz Pentecostes. Não é somente o domingo de Pentecostes que é a festa da vinda do Espírito Santo. Mais que um dia, é um tempo. Na celebração do dia de Pentecostes encerra-se o período de cinquenta dias depois da Páscoa. Já na tradição judaica é rica de significados. Existia a celebração da festa das colheitas. Depois se tornou a festa memorial do acontecimento salvífico da Aliança do Sinai. A festa cristã de Pentecostes, sempre teve o significado de efusão do Espírito Santo com sentido de dom universal. Desde os inícios da Igreja, nos séculos III e IV, volta-se a atenção também para segunda vinda e para a grande alegria da comunidade por causa da Páscoa. Não entendemos bem, mas essa alegria nos é dada pela celebração pascal. Por isso salientamos a celebração luz do círio, imagem de Cristo vivo e do canto aleluia (Louvores a Deus). Parece-me mais uma alegria que recebemos, do que uma alegria que provocamos. Parece-me também que temos como dom do Espírito somente no dia de Pentecostes. Por isso o tempo pascal fica diluído. Há uma espiritualidade própria na qual predomina também a alegria do Espírito. 
Alegrias da Páscoa 
Os cinquenta dias nos abrem ao dom da Páscoa que não é só a vida nova, mas é também o dom do Espírito que vem do Cristo Ressuscitado. Na primeira aparição aos discípulos Jesus diz, soprando sobre eles: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Dividimos esse tempo como se só fosse calendário. Mas há um conjunto de realidades que, mesmo distintas, formam uma unidade. Todo o mistério da redenção é único e se manifesta de modos diferentes. Além das celebrações, a graça se manifesta na celebração dos batismos. É o tempo propício para serem batizados filhos de Deus. Depois de serem preparados, durante a Quaresma, havia diversos ritos que culminavam na noite da Vigília Pascal com o Batismo, a Crisma e a Eucaristia. Ficavam com as vestes batismais durante toda a semana da Páscoa. Os batismos eram feitos também na festa de Pentecostes. Assim, agora, podemos manter essa tradição com os batismos no tempo pascal. Como nos renovamos pela Páscoa, mantemos a alegria de ressuscitarmos sempre com Cristo. Estimula também a esperarmos a vinda do Senhor, sobretudo aquela que acontece no dia a dia. 
Tempo que nos ensina 
Os textos da liturgia são uma escola para compreendermos o Mistério Pascal de Cristo. Desses textos entendemos esse tempo. É um tempo dedicado, tanto aos apóstolos como a nós, de compreender essa renovação. Jesus aparece diversas vezes aos discípulos e os instrui até o dia da Ascensão: “Jesus foi levado para o Céu depois de ter dado instruções pelo Espírito Santo aos apóstolos”(At 1,2). Ele continua ensinar a partir da liturgia. Os cristãos são sempre criancinhas que devem continuamente aprender. Aprende-se pela vida e pela instrução. A celebração da Eucaristia, e a quem pode, do Ofício Divino, levam-nos a essa mistagógica fundamental da vida cristã: celebrar para aprender e aprender para celebrar melhor. E, crendo, somos estimulados a conhecer melhor. A leitura recomendada para esse tempo é os Atos dos Apóstolos. Aliás, como é feito desde os inícios da Igreja.

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