sexta-feira, 28 de maio de 2021

nº 2071 Artigo - “Festa de Corpus Christi”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Graças e louvores 
A festa do Corpo de Cristo (Corpus Christi) nasce da necessidade de trazer Jesus para o meio do povo. A missa era bela, completa, mas distante. É uma inata tendência de se dizer: Deus é diferente, por isso não pode se misturar. Está longe do Jesus de Nazaré, homem gente, sem deixar de ser Divino para a o povo. S. Juliana queria uma festa para o Santíssimo Sacramento. Apesar dos protestos, atualmente temos uma proximidade maior. Refletindo sobre o texto da liturgia, vemos que tendem a explicitar mais a teologia da Eucaristia e seus fundamentos bíblicos. A celebração da festa reflete o culto do Santíssimo Sacramento. Quantas maravilhas, sobretudo criadas pelo barroco. Que altares! Magníficas procissões. Busca-se reconhecer a grandeza desse Sacramento. Sente-se que é o espaço dado ao povo, por não ter esse espaço de manifestação na celebração que era sempre mais fechada e incompreensível. É verdade que a Eucaristia é para ser “consumida” e não a leitura de textos. É certo que os ritos são necessários, Mas sua exatidão não dispensa sua realidade sacramental humana. Nessa celebração estamos dando essa festa ao coração do povo que se manifesta de tantos modos. Enquanto não se fizer uma reflexão sobre a unidade da devoção e celebração, teremos duas realidades diferentes na Eucaristia. 
Devoção equilibrada 
Temos orientações sobre o culto eucarístico e missa que não foram acolhidas. Por outro lado a liturgia voltou ao que era: rito a ser executado. Já de séculos há uma distinção inaceitável: Missa é uma coisa e Santíssimo Sacramento é outra. Conhecendo a história podemos ver essa situação. Isso se reflete no Concílio de Trento que em um período se discutiu sobre o sacrifício da Missa e em outro em data distante, sobre o Santíssimo Sacramento. Basta conferir as datas das sessões. Pior é fazermos com culto eucarístico logo após a missa. A celebração eucarística é completa. Dizem católicos de outros ritos que a Eucaristia foi feita para ser comida, não para ser adorada. São questões que não foram enfrentadas. Não se nega o rito, mas sua celebração deve ser coerente. Basta fazer bem feita. Temos também a noção de que a Eucaristia só está na missa e no sacrário. Mas nos esquecemos que o Cristo que recebemos na comunhão permanece em nós como presença viva. Já se chegou a afirmar que a presença eucarística em nós só durava enquanto existia ainda a matéria da hóstia dentro de nós. Como ela é tão pequena, seria pouco tempo. Essa é uma presença permanente como ensina evangelho (Jo 6,56). 
De coração para coração 
Cristo é levado pelas ruas. É adorado em belos altares. São magníficos os gestos de adoração e afeto. Todos querem tocar, como tocavam Jesus pelas ruas quando Ele passava, no desejo de receber a graça. “Se eu tocar, nem que seja na sua veste, ficarei curada” (Mt 9,21). É esse o sentimento de quem quer tocar. Jesus atrai, chama. Precisamos ter um coração aberto, como é aberto o coração de Jesus. Como temos essa porta aberta, nosso coração está aberto para que Ele possa entrar. Jesus seja uma presença viva e possamos sempre senti-Lo: “É o Senhor!”. É Ele... É a oração do camponês de S. João Vianey: “Eu olho para Ele, e Ele olha para mim.”. De coração para coração. Fé não é só ideia. É sentimento, coração, corpo. Enquanto não chegarmos a isso, nossa oração perde sua consistência.

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