terça-feira, 1 de junho de 2021

nº 2072 - Homilia do 10ºDomingo do Tempo Comum (06.06.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“No Senhor, toda Graça” 
 Fonte do mal 
Encerramos o Tempo Pascal e retomamos o Tempo Comum. Agora não celebramos um acontecimento da vida de Cristo. E sim, o Cristo em seu mistério e o ser humano no mistério de Cristo. O salmo mostra nossa realidade: “De fundos abismos clamo a Vós, Senhor... No Senhor ponho minha esperança” (Sl 129). Parece que hoje somos colocados diante do problema do Mal. Lemos no texto da queda como o mal penetra no coração das pessoas e leva à rejeição do bem que é Jesus. O que é mais sagrado é pervertido até chegar à impossibilidade do perdão. Somos convocados a refletir sobre o mal. Qual é sua origem? Ele não é um concorrente de Deus, como um deus que destrói o homem. Deus não é o criador do Mal. Como é que surgiu? Parece até que é anterior ao homem. Vem simbolizado na serpente. É claro que isso tudo é uma linguagem para explicar um sentido aos que viviam no tempo do autor sagrado. A narrativa tem o significado no seu conteúdo e não na história. Não se trata de um fato de um tempo, mas de uma realidade que nos persegue. O mal não é senhor do homem. Mas nos cerca. Estamos entre o bem e o mal. Satanás, a serpente atrai. Qual a tentação? Ser igual a Deus. Sendo o homem livre, esse mal está presente ao homem. Deus disse a Caim: “O pecado está à sua porta. Compete a você, dominá-lo” (Gn 4,7). O mal existe, atrai e envolve, levando-nos à cegueira, como os doutores da lei. Dizer que Deus provoca o mal é um pecado que não procura o perdão. 
Olhar o invisível 
Se por um lado há o mistério do mal, por outro, temos o mistério da graça que é Jesus Cristo. Paulo nos ensina que a fragilidade humana não é o fim: “Por isso não desanimemos. Mesmo se nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai se renovando, dia a dia” (2Cor 4,16). O mal não é senhor do homem e da mulher. Podemos escolher o mal. Mas podemos escolher o bem. “Estamos com nossos olhares voltados para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (2Cor,4,18-). A dimensão frágil do ser humano, com grande tendência para o mal, tem na graça sua maior força. Nela podemos recompor a vida e nos organizar para viver intensamente o projeto de Deus. O que ocorreu com os doutores da lei, fariseus e outros foi se colocarem iguais a Deus no julgamento das pessoas com a luz do mal. Todos esperavam um Messias, mas que fosse de acordo com seus modelos. Jesus se manifesta com o projeto de tirar todo o poder de satanás que dominava os corações a ponto das pessoas julgarem a Deus atribuindo os poderes de Jesus a poderes do mal. Esse é o pecado contra o Espírito Santo (Mc 3,22). Deus só faz o bem 
Tua mãe e teus irmãos 
No Evangelho de hoje aparece duas vezes a família de Jesus. Jesus apresenta sua família e a família ampliada como lugar de se viver bem no meio da imensidão de males. A família que Deus criou deixou-se invadir pelo mal. Jesus propõe novamente o projeto de Deus para vencer o vivendo a Palavra. Nele podemos criar a nova família que vive o bem. Não exclui seu ser humano. Propõe o novo modo de ser: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,35). A família é uma proposta de se viver intensamente a vida nova. Ela se forma a partir da escolha que fazemos de rejeitar o mal e procurar o bem que é Jesus, bondade de Deus. 
Leituras: Gênesis 3,9-15; Salmo 129; 
2ª Cor 4,13-18.5,1; Marcos 3,20-35.
Ficha nº 2072
Homilia do 10º Domingo do Tempo Comum(06.06.21) 
1. O mal não é um fato de um tempo, mas uma realidade que nos persegue 
2. A fragilidade do ser humano, com a tendência para o mal, tem na graça sua maior força. 
3. Jesus propõe novamente o projeto de Deus: Viver a Palavra.
Minhoquinha do mal 
Vemos que o mal vai penetrando a realidade. Essa minhoquinha do mal não aduba a terra, mas a torna infrutífera. O mal penetra tudo e tem muita força, exigindo que se lute com muita garra para exterminá-lo. Temos essa esperança de acolher o bem e fazer tudo frutificar. No paraíso terrestre, Eva deixou-se enganar. Dentro dela já havia desejos ambiciosos de meter o nariz aonde não tinha sido convidada. Pior é que, além de fazer o mal, complica a vida dos outros. Aí começa o jogo do empurra. O castigo não é algo de mal que Deus joga em nós, mas escolhas que fazemos e não dão certo. Das coisas ruins podemos tirar coisas boas. Dos males que sofremos, podemos dar um sentido novo à vida e a tudo que nos cerca.

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