terça-feira, 8 de junho de 2021

nº 2077 Artigo - Celebrações Marianas

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Maria no Ano Litúrgico 
A Igreja celebra o mistério de Maria na liturgia porque ela está indissoluvelmente unida à obra salvífica de seu Filho. Cada tempo litúrgico traz a memória da Mãe de Deus no mistério de Cristo, como Natal, Paixão, Páscoa e Pentecostes. Ela está presente na economia da salvação. Podemos ver que não há o nascimento de Cristo sem sua Mãe. Esteve em Nazaré e em seu ministério. Por que notar a presença de Maria ao pé da Cruz e na vinda do Espírito? Não é uma mera citação. Não sem razão ela está ali. Temos também algumas festas durante o ano previstas pelo calendário e pelas tradições locais. Não somos exagerados. O Rito Etíope tem 38 festas de Nossa Senhora. Não são temas só atuais. Já nos primórdios ela está ali presente, e ali colhemos a viva memória da comunidade cristã. A Palavra de Deus não dispensa o conhecimento do mundo onde ela foi escrita. A memória de Maria está nas muitas referências a sua presença junto de Cristo. Está presente na história da salvação. Temos as celebrações de seus dogmas, como Imaculada Conceição, Virgindade, Mãe de Deus e Assunção. Há celebrações de sua Natividade, Apresentação e Visita a Isabel. Temos diversas festas que têm uma dimensão mundial, como Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora Rainha, N.S. do Rosário, N.S. das Dores. Igualmente celebramos os títulos mais regionais ou devocionais. Cristo é o centro. Mas não sem Maria. Não podemos, contudo, celebrá-la sem o Filho. Há festas devocionais, patrimônios de congregações e espiritualidades. Na realidade, Nossa Senhora está sempre presente. 
Razões desse culto 
No Vaticano II havia um temor de se tirar ou diminuir o culto a Maria na Igreja. Paulo VI desanuviou tudo quando fez a declaração de Maria como Mãe da Igreja no dia 21.11.64, no encerramento da terceira sessão. Houve um prolongadíssimo aplauso. Os alemães e a comissão doutrinal não acharam oportuna. Poderia até ser chamada de Mãe da Igreja dos Pobres. Esses sabem o que é ser mãe. Como Lucas escreve em seu evangelho, temos a certeza da presença de Maria na comunidade como mãe. Já no final do século II, (ano 170 + ou -), Militão de Sardes, bispo, em sua homilia diz: “o cordeiro mudo foi imolado. Ele que nasceu de Maria, a bela ovelhinha”. Alude a sua pureza, como o Cordeiro sem mancha. A oração a Nossa Senhora “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus...” é a mais antiga invocação à Maria. Foi encontrada num papiro no Egito do ano 250. Para chegar a ser uma invocação escrita, deve ter uma longa história. Na catacumba de Priscila, há um afresco (pintura) de Nossa Senhora com o Menino no colo e o profeta Balaão (Nm 23,17). Maria, em seu lugar na Igreja, como Mãe de Deus já é arte. 
Concílio de Êfeso 
O título de Mãe de Deus foi a indicação clara da verdadeira fé em Jesus. O concílio definiu sobre a Divindade de Jesus (Éfeso 431). Se dissesse Mãe de Cristo, estava negando que Jesus fosse Deus. (o jogo de palavras: Theotokos e Cristotokos – Mãe de Deus e Mãe de Cristo). Foi uma glória a proclamação de Maria Mãe de Deus. Esse concílio influenciou no culto à Maria na Igreja, construindo-se logo a belíssima Basílica de Santa Maria Maior (consagrada em 05.08.331). A presença de Maria se faz cada vez maior nas celebrações e na devoção pela Idade Média afora. Paulo VI, em 2 de fevereiro de 1974 dá-nos a belíssima Exortação Apostólica sobre o culto de Maria. Não tenhamos medo de ter uma devoção regulada pelos ensinamentos da Igreja. Mas sempre é a Maria de Nazaré.

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