terça-feira, 8 de junho de 2021

nº 2075 Artigo - “Espiritualidade do Tempo Comum”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Cristo na vida diária 
Espiritualidade nos estimula a viver como cristãos no dia a dia. No Mistério de Cristo, podemos cristificar nossa vida. Toda espiritualidade, se não partir da liturgia, na qual se celebra o mistério de Cristo, pode levar a espiritualismo, não à espiritualidade. Jesus disse: “Fazei isso em memória de mim” (Lc 22,19). Por essa memória eucarística realiza-se em nós a Redenção. A espiritualidade será sempre afinar nossa vida com a vida e missão de Cristo em sua ação salvadora. Ele não se foi, permanece entre nós através de seu Espírito que nos santifica. Santificar-se é ter a vida de Cristo. Para isso, temos os meios deixados por Jesus: Palavra, Eucaristia, fraternidade e orações (At 4,42). A comunidade logo os compreendeu. Assim, Jesus continua sua missão. Viver como bom cristão não é se fechar numa igreja ou se isolar em um grupo. A Palavra nos orienta, a convivência nos torna fraternos, a oração nos une a Deus e Eucaristia nos alimenta, nos põe em relacionamento com Deus. A leitura da Palavra é formação e comunhão com o Deus que fala. Como falou ao povo de Israel, agora pela Igreja fala conosco. Passamos a viver a história como história do Reino de Deus que se realiza e transforma o mundo. A presença de Deus é normal em nosso cotidiano. O povo de Israel tinha, no deserto, a presença de Deus como uma nuvem de dia e como uma coluna de fogo durante a noite (Ex 13,21). Esse sentimento foi mais forte com a presença de Jesus no Sacrário. Podemos dizer que agora “somos sacrários vivos da Eucaristia”. Por nós se faz presente no mundo. 
Igreja, povo em caminho 
O sentimento de ser Igreja nos torna apóstolos, como foram os doze escolhidos, que escolheram outros. Quando Jesus sobe ao Céu, deu só uma ordem: “Ide por todo mundo e fazei discípulos meus todos os povos, ensinando-os a guardar tudo o que vos ensinei” (Mt 28,19-20). O Espírito Santo firmou os ensinamentos de Jesus em seus corações. Eles os passaram aos outros e a nós. Por isso se diz da fé do povo de Deus, como critério de fé. O Papa quer a participação de todos no Sínodo que parte das bases. Mudança grande que reconhece o valor da fé do povo. De uma igreja clerical, onde só o padre sabe, passamos a uma Igreja onde todos procuram juntos o caminho de Deus, dirigidos por seus bispos e padres. A espiritualidade do tempo comum é estar centrado na Palavra e na Eucaristia que conduz à fraternidade e à oração. Não é difícil nem impossível. É cristão. Há muitas maneiras de viver a fé cristã, não podem fazer um caminho paralelo. Devemos partir para o que diz Paulo: “Grande é o mistério da devoção: Cristo Morto e Ressuscitado” (1Tm 3,16). Sentimento é dom, mas não esgota a devoção. 
A Virgem na minha vida 
Para com Maria não se tem “devoção”, e sim, participação em sua presença. Como gerou o Cristo em seu Natal, gera-O agora na Palavra e no Pão. O pão que se faz carne de Cristo. É o mesmo Cristo que foi gerado em Maria. É a continuada gestação de Cristo em seus fiéis. Não podemos dizer que comungamos Maria, mas que o Cristo Eucaristia, Pão da Vida, é o mesmo que Maria gerou. Realizamos assim uma união espiritual com Maria por estarmos unidos a seu Filho. Ela está presente à nossa comunidade, como esteve presente na comunidade dos discípulos. Por isso a invocamos na celebração. Ela está presente em nossas orações da comunidade. E a Ela rezamos nas orações e nas festas As celebrações podem nos ajudar a manter viva o Tempo Comum nossa vida cristã.

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