sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

nº 1940 Homilia do 1º Domingo da Quaresma (01.03.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Caminho do Paraíso” 
A vitória sobre o mal 
Conduzidos pelo Espírito Santo, como Jesus, iniciamos o tempo da Quaresma. Há um caminho a ser feito e uma espiritualidade a alimentar neste tempo santo. Não podemos correr o risco de ficar na periferia e não ir ao essencial. A Quaresma é um sacramento que leva à graça dos gestos que realizamos. Acompanhamos Jesus em sua caminhada e tentação no deserto. A espiritualidade do deserto é muito rica. O deserto é lugar da tentação, mas também do Espírito. Abrimos esse tempo de deserto como viveu o povo, como viveu Jesus e como vivemos nós no deserto da vida. Ali é o lugar da tentação, do pecado e da vitória. Há necessidade do deserto, pois é o próprio Espírito que impulsiona. Não há necessidade de muita areia para fazer um deserto. Estamos sempre a sós diante de Deus. Lembramos Jacó que entrou em luta com Deus (Gn 32,22-32). Lutar com Deus é entrar na tentação. Tanto para Cristo como para nós, ela atinge nossas dimensões e desejos. A tentação dura a vida toda. Vencê-la significa seguir Jesus nas opções fundamentais da vida. Mesmo que o pecado nos envolva, a força do Espírito que nos conduz, leva-nos ao desapego dos bens, do prazer e do poder. O pecado não é um beco sem saída. A tentação nos faz fortes, pois nos adestramos pelas vitórias. Paulo diz que o pecado entrou no mundo (Rm 5,12). Adão não venceu a tentação e fechou o paraíso. Jesus venceu e abriu a todos as portas do Paraíso. Deus o abre, mas o caminho está repleto de perigos e tentações. Podemos vencer, pois Jesus já nos deu o exemplo vencendo a luta pelo poder, a sede do prazer e ânsia pelo o ter.
Caminho de deserto 
No deserto o povo se educou para entrar na terra prometida. Nós nos educamos para entrar na terra conquistada por Jesus, que é nossa Páscoa. A Igreja nos oferece muitos meios para atravessar esse deserto: a Palavra de Deus abundante, o Pão do Céu, o estímulo à caridade e o empenho no desapego fazendo jejum dos males que nos atentam. O povo de Deus foi libertado da escravidão do Egito. Mas, para entrar na terra prometida, teve que ouvir Deus que lhe falava, desapegar-se dos falsos deuses e acolher seu amor sempre presente. Os falsos deuses são identificados nas três tentações que Jesus passou. O processo de educação no deserto foi tirar as falsas seguranças e dar a certeza da presença de Deus que conduz, alimenta com o maná e dá a água tirada da pedra. Deus fechou o paraíso terrestre, mas abriu o novo em Jesus que é o novo Adão. Na Quaresma refazemos simbolicamente o deserto, como os milagres que Jesus fez. Ela é um momento de aprendizado para vivermos como povo em caminho à terra prometida onde celebramos a Páscoa. Depois que entrou na Terra Prometida, o maná parou de cair do céu. A vida não se faz de milagres, mas do milagre da fraternidade. Essa foi a vida de Jesus. 
Vitória da Páscoa 
Jesus mesmo começou sua pregação convocando à conversão. Anunciava a chegada do Reino. O convite à penitência é para voltar sempre o coração a Deus, tirar o que é obstáculo à graça e nos dedicar aos necessitados. Há gente sofrendo por toda parte. A Páscoa acontecerá quando atravessarmos bem esse deserto. A espiritualidade quaresmal nos alimenta. As antigas tradições desapareceram. É um convite a não ficarmos no exterior, mas nos voltarmos para o sentido mais profundo que é caminhar com Cristo como o mesmo amor que Ele teve ao subir o Calvário. Temos certeza que a graça nos conduz ao Paraíso. A celebração da Páscoa é o prenúncio desse paraíso. 
Leituras Gênesis 2,7-9;3,1-7; Salmo 50; 
Romanos 5,12.17-19; Mateus 4,1-11 
Ficha nº1940-Homilia do 1º Domingo da Quaresma(01.03.20) 
1. Acompanhamos Jesus em sua caminhada e em sua tentação no deserto. 
2. Nós nos educamos para entrar na terra conquistada por Jesus, que é a Páscoa. 
3. O convite desse tempo à penitência é para voltarmos sempre a Deus nosso coração. 
Cobrinha danada!
Lendo a história do pecado, encontramos a figura da cobra. Como pode a mulher conversar com esse bicho sem o mínimo medo? A tentação é perigosa, mas vem de mansinho, com conversa mole. A cobra já foi deus em certas culturas. O culto era dos mais safados. A cobra envenenou tudo. A tentação tem a mesma mentalidade: mansinha, conversa mole, mentira... como fugimos das cobras, fugimos das tentações. Todas as tentações são boas. Ninguém tem tentação de subir um morro carregando um saco de cimento. A virtude sempre exige um esforço e persistência. Começando a Quaresma, temos que praticar o encantamento de serpentes. Assim as dominamos.

nº 1939 Artigo - “Cinzas do Perdão”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Deixai-vos reconciliar 
Paulo, em sua segunda epístola aos Coríntios, toma o lugar de Deus, falando em seu Nome,chamando à Reconciliação: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: Deixai-vos reconciliar com Deus” (2C6,20). Por que essa insistência? Porque Cristo é a reconciliação. Veio ao mundo para salvar, isto é, reconciliar todos com o Pai. Por isso, o tempo da Quaresma é o “momento favorável, é o dia da salvação” (id 6,1). É sempre o agora de Deus. Ele nos busca como o pastor procura a ovelha perdida. Não descansa enquanto não nos vê repousando em Cristo. Na Páscoa celebramos essa salvação. Para que esse momento fosse de fato marcante e eficiente, a Igreja organizou os tempos litúrgicos que realizam essa verdade. Infelizmente perdemos esse ritmo. Não é um rito só exterior. Mas realizado em nosso coração como lemos no evangelho: “entra no teu quarto”, isto é, assume conscientemente, não dependendo de estímulos externos. É o coração que tem que comandar. Tudo deve nos levar a caminhar com o mesmo amor com que Cristo caminhou para nos salvar (1Jo 2,6). As cinzas nos lembram a fragilidade, mas também a ressurreição do pó. Somos fracos. Por isso pedimos perdão: “Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia. Eu reconheço toda minha iniquidade e meu pecado está sempre à minha frente... Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido... dai-me de novo a alegria de ser salvo”(Sl 50). É tempo do perdão e do caminho novo. A temática é batismal. É pelo batismo que realizamos essa passagem e a conservamos sempre renovada. 
O Pai que vê o oculto 
É certo que devemos dar testemunho de nossas boas obras, mas Jesus diz que a prática da justiça, da santidade, não é para desfilar, mas para que o Pai veja e saiba que tudo tem fundamento em nosso coração. Não é algo simplesmente humano, mas se refere a Deus que, através de nós, faz o bem. Não fazemos para aparecer. Nada do que fazemos em nossa vida é oculto a Deus. Por isso, Jesus recomenda que entremos em nosso quarto, isto é, em nosso interior. Se realizarmos nossa oração, nossa esmola e nosso jejum para que os outros vejam, já temos nossa recompensa. Se os realizarmos de modo sincero e discreto, Deus verá e dará a recompensa, pois realizamos para Ele. Na Quaresma somos chamados a realizar nossos compromissos com Deus na comunidade de modo silencioso e discreto, não desfilando. A recompensa será, que essas ações sejam feitas em Deus. E assim terão seu pleno resultado. Estaremos realizando o Mistério Pascal de Cristo em nosso cotidiano. Esse mistério não está distante de nós, mas se realiza nas pequenas coisas. Ele também é silencioso, e se manifesta aos que o acolhem com simplicidade. Cada pequeno ato de amor é uma realização da redenção em sua totalidade. 
Perdoa, Senhor! 
O profeta Joel dá uma tônica muito forte de busca do perdão pelos pecados cometidos. Não podemos perder a dimensão de pedido de perdão que o tempo da Quaresma nos estimula a fazer. Se Jesus oferece sempre a graça, é porque temos sempre necessidade de conversão e busca do perdão. O próprio salmo 50 nos leva a esse pedido. O pecado não é inerente ao homem. Ele é o resultado da falta de busca de Deus e de uma vida coerente com os irmãos. Certo que pecamos sempre. Sempre saibamos reconhecer nossas culpas e pedir que o Senhor nos perdoe. É tempo de estimular o sacramento da penitência. Não como um alívio de pecados, mas de busca da graça santificadora. Tudo, desde o início da Quaresma, nos dá uma direção segura: a Páscoa da Ressurreição.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

nº 1938 - Homilia do 7º Domingo Comum (23.02.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Sede santos” 
 Espiral do amor 
 São Mateus resume em um só texto os “ditos” de Jesus sobre diversos assuntos. Aqui quer dar a característica sobre o modo de viver o mandamento do amor. Como vivemos sempre em comunidade, com tipos diferentes de pessoas, Jesus dá uma regra única: Ir além da expectativa nas respostas que damos às situações concretas. Nota-se que é o catecismo do amor. Não fazer como fazem os malvados: “olho por olho, dente por dente”. Mas oferecer a face esquerda, dar o manto a quem toma a túnica, andar um quilometro a mais a quem força andar um, dar esmola ao que te pedir, amar os inimigos. Ser mais, não por vanglória, mas ultrapassar as barreiras da expectativa humana. O motivo desse amor que vai além, bloqueia a onda da maldade, e realiza o projeto de Jesus, é a razão porque o fazemos: “Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus que faz nascer o sol sobre bons e maus e cair a chuva sobre justos e injustos”. É o modo de agir de Deus que não faz distinção de pessoas. Trata bem a todos, além do que as pessoas pedem ou precisam. O amor sempre adianta. Jesus dissera que não iria mudar a lei. Mas, sim os costumes. Já há no Antigo Testamento uma bela lei sobre o amor: “Não tenhas no coração ódio contra teu irmão... não procures vingança, nem guardes rancor... amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Como a comunidade cristã não é uma religião individualista, como se estando bem com Deus não precisa se preocupar com mais nada, mas vive em comunidade que é o ninho do amor. Os relacionamentos exigem colocar o mandamento em prática. 
Sede perfeitos 
O Antigo Testamento coloca como razão da prática dessa santidade “porque vosso Pai Celeste é santo. A santidade de Deus é sua perfeição à qual somos chamados a buscar em nossa vida porque dela participamos da condição de humanos. Santidade não é primeiramente um acúmulo de coisas boas que fazemos, mas uma participação da santidade de Deus. Jesus nos abriu essa porta. No Antigo Testamento, só o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, lugar da presença de Deus. Agora, por Jesus e pelo dom do Espírito, somos seu templo: “O santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário” (1Cor 3,17). Jesus convida a ser perfeito como o Pai celeste é perfeito (Mt 5,48). Temos nesse texto uma indicação do caminho de santidade dos cristãos. Jesus é o modelo e diz que o que o Pai faz Eu faço. Seguir Jesus é seguir sua palavra e exemplo, fazer como Ele fazia. Era na união com o Pai que viva sua santidade. Vejamos bem o que consiste a santidade no momento: mais em coisas exteriores que não envolvem o coração com Deus. Falta em nossa nós ser como Deus é: bom para com todos. Ele não faz distinção. 
Santuários de Deus 
O santuário de Deus não é uma casa, uma edificação, é uma vida, pois o Espírito Santo é vida. O santuário de Deus é santo. Não será santo quando vive só a sabedoria do mundo. Essa é insensatez, diz Paulo. O que é ser sensato diante de Deus? Fazer como Deus faz: Ele perdoa toda culpa, cura a enfermidade, salva tua vida, te cerca com carinho e compaixão. Ele é indulgente, favorável, é paciente é bondoso e compassivo, não nos trata conforme merecem nossas faltas, não nos pune em proporção à nossas culpas. Como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que O temem (Sl 102). É esse o modelo que Jesus aplicava em sua vida. Por que ensinamos coisas que não levam para Deus, mas somente para uma dimensão somente humana? 
Leituras: Levítico 1-2.17-18; salmo 102; 
1 coríntios 3,16-23;Mateus 5,38-48. 
Ficha nº 1938 – Homilia do 7º Domingo Comum (23.02.20) 
1. Jesus oferece uma regra única: Ir além da expectativa nas respostas às situações humanas. 
2. Santidade não é um acúmulo de coisas boas, mas participação da santidade de Deus. 
3. Não será santo aquele que vive só sabedoria do mundo. 
Tal pai, tal filho
A Palavra de Deus, refletida nesse domingo, nos oferece uma orientação para a vida cristã: viver e ser como o Pai. Ele sempre age com um amor maior do que esperamos. Assim fez Jesus. Assim ensina para que a gente viva integralmente a vida cristã. Ser chamado a ser como o Pai Celeste questiona a espiritualidade que vivemos. A espiritualidade que vivemos corresponde ao que Deus quer? É boa uma espiritualidade que não nos comprometa, pelo amor, com o irmão, sobretudo os sofredores? Mas não é esse o modo como Jesus vivia. Então, nada como procurar ser como Jesus que estava o tempo todo voltado para seu Pai.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

nº 1936 - Homilia do 6º Domingo Comum (16.02.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Feliz o Homem” 
 Lei no coração 
Depois de apresentar a identidade do cristão nas bem-aventuranças e sua missão de ser sal e luz, Jesus descreve como deve ser o coração de cada discípulo. E, dizendo que não veio abolir nem a lei e nem os profetas, propõe o modo perfeito de viver os mandamentos de Deus (Mt 5,17). Não basta uma obediência exterior, mas é necessário que vá até o íntimo de sua vida. Esse discurso de Jesus vai além de todo pensamento que imperava na maneira de os judeus viverem sua fé. Jesus leva a lei à sua perfeição. Toca em pontos centrais, como o respeito à vida, ao amor e à verdade. Não basta não matar, é preciso tratar as pessoas com carinho e respeito. O adultério não pode ser visto apenas como um ato, mas chega ao coração. A observância desse mandamento deve ser total. O juramento que garante a verdade deve ser completo. A falsidade não tem lugar no coração de seu discípulo. Trata-se de uma identidade cristã. Assim se é cristão. A justiça, isto é, a vida de Deus em nós, deve estar no interior e envolver a pessoa toda. O cristão o é em totalidade. Assim se pode estabelecer a vida da Igreja que se sustenta na obediência dos mandamentos. A leitura da Palavra de Deus não é só recitação de um texto, mas vai ao mais profundo do ser humano. Ali se aninha e gera o homem novo feito à imagem de Deus. Lemos na oração: “Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos viver de tal modo que possais habitar em nós”. O coração humano é o sacrário de Deus. O salmo nos faz rezar: “Dai-me o saber, e cumprirei vossa lei e de todo coração a cumprirei” (Sl 118). 
Escolhas fundamentais 
Deus não obriga ninguém a nada. Tudo está na livre escolha. Não existe destino, nem conjunção de astros, nem pragas etc... Existe a opção pessoal destinada a orientar os nossos caminhos. O que escolho encaminhará minha vida. Deus não manda o homem pecar: “Não mandou ninguém agir como o ímpio e a ninguém deu licença de pecar” (Eclo 15,21). Usamos muito a pergunta: “Por que Deus deixou acontecer isso comigo ou com alguém?” Podemos ver que sempre há uma razão humana por trás. E culpamos a Deus por nossos males. Quem pouco conhece a Deus, O julga. O Salmo nos ensina: “Oxalá seja bem firme minha vida em cumprir vossa vontade e vossa lei!”(Sl 118). Seremos felizes se cumprimos os mandamentos com todo nosso coração. Os mandamentos não são preceitos impositivos criados pela mão humana. São uma síntese de tudo que se refere ao relacionamento com Deus e o relacionamento com o próximo. Eles são setas indicativas dos bons caminhos e dos bons resultados para nossa vida. Por isso Jesus os leva até o mais íntimo de nós. Jesus os resume todos na lei do amor. Santo Agostinho ensina: “Ama e faze o que quiseres”. 
Preparado para os que amam 
Paulo falando da misteriosa sabedoria de Deus nos ensina o bom resultado da vida de acordo com os mandamentos: “O que Deus preparou para os que O amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram, nem coração jamais pressentiu. Deus nos revelou esse mistério através do Espírito” (1Cor 1,9). Vivendo os mandamentos no coração estaremos em posse de um magnífico mundo novo em Cristo. Desde já, não num futuro nebuloso. As alegrias do Espírito nos revelam as profundezas de Deus. Por isso é o momento de revisar nossa vida. Não numa neurose de perfeccionismo, mas na perfeição do amor. Somos chamados a apresentar as belezas da fé que se manifesta em toda nossa vida. 
Leituras: Eclesiástico 15,16-21;Salmo 118; 
1Coríntios2,6-10;Mateus 5,20-22ª.27-28.33-34ª.37 
Ficha nº 1936 - Homilia do 6º Domingo Comum (16.02.20) 
1. Não basta uma obediência exterior, mas é necessário que vá até o íntimo de sua vida. 
2. Seremos felizes se cumprimos os mandamentos com todo nosso coração. 
3. Vivendo os mandamentos no coração teremos um magnífico mundo novo em Cristo. 
Manda não 
Quando falamos de mandamentos pensamos logo em cercas de arame farpado, proibições, cobranças etc... Não é bem assim. Deus não manda, oferece. Quer saber se uma religião é verdadeira, ou se o modo que vivemos é o correto, é ver as muitas proibições que as pessoas fazem. É uma doença comum nas comunidade:s os donos da verdade que só aprontam sobre os fracos. Pessoalmente temos que ver se nossa obediência nasce do coração ou do perigo de uma lei que faz cobrança.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

nº 1934 - Homilia do 5º Domingo Comum (09.02.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Brilhe a vossa luz” 
Vocação fundamental 
Jesus iniciou sua missão chamando discípulos, começando por Pedro e André, Tiago e João, no lago de Genesaret (Mt 4,18). O chamamento era para que estivessem com Ele. Assim poderiam continuar sua missão e presença no mundo. O texto de Mateus que vemos hoje segue o discurso das bem-aventuranças (não foi lido nesse ano por causa do dia da Apresentação do Senhor). Entende-se que aquele que vive o espírito das bem aventuranças é o verdadeiro discípulo. Desse modo o discípulo se torna sal que dá o tempero do mundo e alimenta a vida cristã no mundo. É luz que mostra caminhos e atrai. São as obras transbordam dos que seguem o caminho do Evangelho e atraem outros ao mesmo caminho. Por isso diz Jesus: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Podemos disfarçar e esconder o mal que temos em nós. Mas o bem, nada consegue ocultar. Tudo o que o Evangelho produziu em nosso coração é um testemunho vivo. Se não vivermos esse caminho, recebemos a dura explicação: “Se o sal perder seu sabor... não servirá para mais nada”... escondida não ilumina ninguém. E tudo permanece na escuridão. Jesus recomenda: “Assim brilhe também a vossa luz”. A luz do cristão vem de seu interior. A escolha de Jesus e seu Evangelho como vida é a fonte do sal e da luz de onde nasce essa luz interior. O milagre, nasce da atitude de vida. 
Coração aberto 
A luz que temos se mostra na atitude fundamental da vida cristã que é o amor que serve. As bem aventuranças mostram a opção interior. As obras são o resultado. A leitura de Isaias proclama de onde vem a luz: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa o pobre e o estrangeiro... se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá a tua luz e tua vida obscura será como o meio dia” (Is 58,7.9-10). O coração aberto resulta em uma mudança interior e uma obra de socorro às muitas dimensões da miséria humana. Não se pode falar de fé cristã, adesão a Cristo e fé católica sem uma adesão completa à caridade. Todos os santos foram de extrema caridade. Deram suas vidas. Sair de si é a melhor maneira de encher-se de vida Divina e ser evangelizador. O texto de Isaias é uma leitura do Evangelho feita tantos séculos antes. Jesus aperfeiçoou dando a si mesmo na máxima caridade. “Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15.12). Não se trata de amigos “de farra ou de afeto”, mas de todos. Todos são amigos de Deus. Por isso conhecemos que Deus é o “filantropos” que ama as pessoas. Amor não é egoísta. O coração aberto não está nos sentimentos, mas deles se parte à ação. 
Humildade e simplicidade 
Notamos em Paulo um lado de “fraqueza”. Ele mesmo diz que ele foi com simplicidade. A palavra anunciada floresce quando é dada na simplicidade de vida e de palavras. Queremos impressionar pelo vigor. Paulo insiste que marca pela humildade. Deus não se impõe, propõe. É bom vermos que essas palavras têm efeito transformador. Não são acolhidas no medo ou na pressão dos argumentos ou apresentação. E diz: “Minhas palavras eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens” (1Cor 2,5). Há muitos modos de pressionar o povo, até na educada forma de celebrar. Os pobres sempre ficam fora. O coração aberto é humilde. 
Leituras : Isaias 58,7-10;Salmo 111;
1Coríntíos 2,1-5; Mateus 5,13-16 
Ficha nº 1934 - Homilia do 5º Domingo Comum (09.02.20) 
1. A escolha de Jesus e seu Evangelho como vida é a fonte do sal e da luz.
2. O coração gera uma mudança interior e uma obra de socorro à miséria humana. 
3. A palavra anunciada floresce quando é dada na simplicidade de vida e de palavras. 
Pressão baixa 
Vivemos medindo a pressão. É um tal de sobe e desce que complica nossa vida. Com pressão baixa buscamos o sal. São muitos significados e explicações dessas palavras de Jesus. Ele pegou por onde toca a gente. Ele sabe o quanto é ruim estar com pressão baixa. Ruim quando nossa lâmpada de vida não gera luz. A resposta de Jesus às nossas carências está na palavra do profeta Isaias que indica o cuidado com os necessitados como fonte de luz. É tão simples que é difícil fazer.