domingo, 29 de agosto de 2021

nº 2100 - Homilia do 22º Domingo Comum (29.08.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Puros de coração” 
Fonte da vida 
O evangelista Marcos traz um aspecto da pregação de Jesus que parece não ter importância. Fala de lavar os pratos... e muitas outras coisas que constituía o mais importante para os fariseus e oprimiam a vida do povo. E Jesus é não contra. Não aceita por valorizam mais que o mandamento de Deus buscando mais a tradição. Isso é muito oportuno para nós, pois há modos de viver a fé que se baseiam só no exterior, e não no que une o coração com Deus. Não convertem o coração. A Jesus interessa a fonte das atitudes. O que suja os homens é o que sai do mau coração e não os ritos exteriores. Esses são necessários, mas não em primeiro lugar. Isso tem muito na fé cristã, seja católica, seja evangélica. As devoções que não envolvem a pureza do coração devem ser revistas. O coração será fonte da vida quando estiver ali a fé em Cristo e o amor a Deus e a seus mandamentos. Jesus liberta-nos desse mal e nos dá os critérios para aquilo que fazemos em nossa fé. Há casos de pessoas que, se ficarem sem uma medalhinha de Nossa Senhora, se sentem inseguros. Mas não se preocupam com os mandamentos. Pode até ajudar, mas se buscarmos a Palavra de Deus e os sacramentos. Por isso disse Moisés: “Nada acrescentareis, nada tirareis à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor, vosso Deus que vos prescrevo” (Dt 4,2). Cuidado com o tradicional, só por ser tradicional. Cuidado com o que é avançado, só por ser avançado. É preciso ver o coração. A verdadeira pureza purifica-nos desses males. Jesus liberta dessas prisões, para a pureza da vida pela fé, como nos apresenta o salmo 14. 
Deus está no outro
Perguntamos: como podemos ter certeza da pureza de nosso coração? Descobrir Jesus nos leva a descobrir o outro. Esta é a religião pura. Tiago, que era muito concreto, diz: “A religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27). É isso que faz a diferença na fé: Não é um punhado de verdade, mas uma atitude de vida. Basta seguir Jesus: Deu a vida para que todos tenham a vida e a tenham em abundância. Numa comunidade onde há abandonados, seja na pobreza humana ou na pobreza espiritual, ela não está cumprindo seu dever, ou pior, não tem a vida de Jesus. Esta não é só um dado espiritual, mas se concretiza no amor e no serviço. Assim estamos servindo e amando a Deus, pois o amor de Deus é fonte do amor que se realiza no amor ao próximo. Quando se iniciou a comunidade cristã, era fundamental o serviço aos pobres, que não havia no judaísmo, nem no paganismo. Havia muita viúva abandonada. Os pobres eram uma grande massa sem o mínimo recurso. A Igreja sempre foi e sempre será dos pobres. Que Deus fortifique nosso coração e nos leve a servi-lo em nossos irmãos 
Praticantes da Palavra 
Somos responsáveis por um cuidado sempre maior ao evangelizar, pois a Palavra tem origem Divina. A Palavra é acolhida para ser vivida. Pelo fato de conhecermos pouco a Palavra, procuramos viver o secundário que não nos compromete. Tiago é firme: “Recebei com humildade a palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas” (Tg 1,21b). É preciso fazer a união do culto e vida. Viver a fé não é cumprir leis, mas a Lei de Deus. Essa dará vigor às leis da vida sem que o nosso coração produza obras más ou vazias. Assim se manifesta a fé através das obras (Tg 2,17). 
Leituras: Deuteronômio 4,1-2.6-8; Salmo 14; 
Tiago 1,17-18.21b-22.27; Marcos 7,1-8.14-15.21-23 
Ficha nº 2100
Homilia do 22º Domingo Comum (29.08.21) 
1. As devoções que não envolvem a pureza do coração devem ser revistas. 
2. A fé não é um punhado de verdades, mas um dom que leva a uma atitude de vida. 
3. Se conhecermos pouco a Palavra, vivemos o secundário que não nos compromete. 
Saco de lixo 
O coração humano tem facilidade de virar saco de lixo quando vai armazenando o que não precisa para a felicidade. Daquela sujeira não sai nada de bom. Que pena que o coração humano seja feito para saco de lixo. Dali saem só cheiros maus e ratazanas. Horrível. ` Jesus pode ser um excelente lixeiro para tirar fora o ruim e aproveitar para colocar coisas boas. A água limpa purifica as sujeiras. A graça limpa os corações. É do coração que saem os males diz Jesus. Por isso a purificação e limpeza darão bons resultados. Tendo um coração renovado pela Palavra de Deus, pelo acolhimento das indicações espirituais, o coração se torna uma fonte de boas obras.

Nº2099 Artigo - José, Pai Trabalhador (7)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Pai Carpinteiro 
Em sua reflexão na comemoração ºdos 150 anos da proclamação de S. José, como patrono da Igreja, pelo Papa Pio IX, o Papa Francisco se volta para algo importante: José, pai trabalhador, o carpinteiro. É fundamental para a devoção a S. José, não o tirar de sua realidade. As imagens e pinturas de nosso santo trazem a lembrança de seu trabalho. Às vezes com Jesus, o menor aprendiz, O trabalho de José servirá para identificar Jesus como “o Filho do carpinteiro” (Mt 13,55). Notemos também que esse trabalho não esgotava a atividade de José. A família tinha que tirar o alimento também na plantação de sobrevivência. Sabemos disso pelo tanto que Jesus cita a vida do campo, das plantas, da família na realidade em que viveram, que era a vida de todos os poucos habitantes de animais, das sementes... Ali estão os três em função. Quando voltaremos a pensar a sagrada Nazaré em sua normalidade? O Papa leva José a seu mundo. Nesse ponto relembra a encíclica de Leão XIII (15.05.91) na qual trata da questão dos operários no início da industrialização: “São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão, fruto do próprio trabalho”. O trabalho foi a escola de Jesus. Não ser educado no trabalho e numa escola é deficiente, penso eu. Como no tempo do Papa Leão XIII, nosso tempo que carece de uma reflexão sobre a dignidade do trabalho e do trabalhador. Não basta uma devoção para justificar o amor a esse patriarca. É necessário refletir como ele viveu, para vivermos melhor. 
No mundo atual 
O Papa lembra que, em nosso tempo, o trabalho é uma questão urgente pelo desemprego que vivemos. “É necessário tomar renovada consciência do trabalho que dignifica e do qual José é o patrono”. “Esta nos leva a redescobrir a união do trabalho com a obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidade e qualidade, colocando-as a serviço da sociedade e da comunhão”. A seguir mostra o bem que faz o trabalho à família, e o mal que ocorre quando não há trabalho. O sustento sustenta a dignidade. O trabalho tem também uma dimensão espiritual: “A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida, criadora do mundo que a rodeia”. E continua dizendo que no momento atual, com todos os problemas que vivemos e viveremos, há uma necessidade de “redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que “ninguém seja excluído”. Os planos de Deus são claros. 
Deus trabalhou 
Relembra o Papa: “O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho” Jesus afirma: “Meu Pai trabalha sempre. Eu também trabalho” (Jo 5,17). E comenta: “A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs, tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19. Isso deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho”. O lucro não é a primeira meta num mundo justo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

nº 2098 - Homilia do 21º Domingo Comum (22.08.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Palavras de Vida Eterna” 
 O Espírito dá Vida 
Depois do milagre sem igual da multiplicação dos pães, depois de uma explicação tão clara e,por com promessa de vida e de felicidade, temos essa resposta horripilante: “Essa palavra é dura! Quem consegue escutá-la”? Os discípulos murmuravam causa disso. Jesus não cede em nada. Não precisa de nosso aplauso. Já fugira de ser proclamado rei. Ele quer mais. Quer dar vida: “O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem” (Jo 6,63-64). Muitos já não andavam com Ele. Imaginemos que, se Ele foi recusado desse modo, depois de ter feito tal milagre, que podemos esperar? Tudo depende da opção que fazemos por Jesus. Bonita é a resposta de Pedro a Jesus que diz que não precisa de nós (mas quer precisar): “Vocês também não querem ir embora?” A resposta de Jesus é triste (a leitura do domingo não traz o texto): “Não vos escolhi, Eu, doze? No entanto, um de vós é um demônio!” (id 67-70). Percebe-se, pela leitura do evangelho de João, que Judas é colocado como símbolo da recusa e da maldade “Um de vós é um demônio” (Id 70). João conservou uma mágoa grande do que Judas aprontou com eles e com Jesus. Reflete aquilo que Jesus não queria, pois queria vida. A maldade quando se torna opção de vida, se torna difícil a recuperação. Mas há, quando se busca alimentar-se do pão da vida. Jesus multiplica os pães e nós multiplicamos a maldade com nossas recusas. 
Nós serviremos o Senhor 
O texto do livro de Josué nos mostra o momento final dos quarenta anos de deserto. Aqueles que se revoltaram contra Deus, 10 vezes, juncaram o deserto com seus cadáveres e não entraram na terra prometida (Nm 14,28-30). Que mistério da iniquidade está presente em nossa vida. Vimos tudo isso na história do povo no deserto. Deus não se cansava de fazer milagres e o povo não se cansava de recusar as maravilhas de Deus. Agora, Josué faz uma grande assembleia para que o povo possa fazer sua opção por Deus antes de entrar na Terra Prometida: “Se vos parecer mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir... E Josué proclama: “Quanto a mim e à minha família, serviremos o Senhor”... o povo, relembrando as maravilhas, proclama: “Nós também serviremos ao Senhor, porque Ele é o nosso Deus” (Js 24,15.18b). Somos chamados: “Provai e vede como é bom o Senhor”. Somente depois da experiência da bondade de Deus poderemos fazer essa magnífica opção de prazer; é um caminho fácil que atravessa os desertos, onde as montanhas são abaixadas. Caminho onde nascem árvores para fazer sombra. Isso tudo mesmo nos maiores sofrimentos. Muitos males se abatem sobre os justos, mas o Senhor os liberta. Mesmo os seus ossos, ele os guarda e os protege, e nenhum deles haverá de se quebrar” (Sl 33). 
Serviremos em nossa casa 
A maravilhosa história e os maravilhosos ensinamentos de Jesus acontecem dentro de nossas casas. O amor a Deus e ao próximo não acontecem em ideias ou bons sentimentos. Entram em nossa vida e nos levam a assumir atitudes coerentes dentro de nossas casas e no povo de Deus – Igreja. É o que nos diz Paulo em sua carta aos Efésios 5,21-32. É como um estatuto de vida. A Igreja não se estabelece em um ajuntamento de pessoas, mas na célula da família onde o amor é concreto. Ali está a Igreja. Esposa e Esposo são símbolos de Cristo que se doa e esposa que acolhe. É o grande mistério, como diz Paulo. E eu o digo em relação a Cristo e à Igreja 
Leituras:
Josué 24,1-2ª.15-17.18b;Salmo 33; 
Efésios 5,21-32; João 6,80-69. 
Ficha nº 2098
Homilia do 21º Domingo Comum (22.08.21) 
1. A maldade quando se torna opção de vida, se torna difícil a recuperação. 
2. Depois da experiência da bondade de Deus poderemos fazer a opção de prazer. 
3. Esposa e Esposo são símbolos de Cristo que se doa e esposa que acolhe. 
Sai, diabinho! 
O diabo é que nem aqueles cachorrinhos que você toca pela porta da frente e ele entra pela porta do fundo. Bichinho danado. Como é difícil limpar essa praga de dentro de nós. A tentação de recusar o que é, nos leva para Deus, nos leva a ver escuro o que é tão claro. Os discípulos viram de perto essa realidade e eles mesmos ficaram abalados e sem rumo. Jesus não teme ficar sozinho, pois o que lhe interessa não é a fama, a glória, mas a verdade de sua mensagem. Deu seu recado, os discípulos se afastaram e ele ainda os pressiona. Temos a bela expressão de Pedro: “A quem iremos? Só tu tens palavras de Vida Eterna” . Aí sobre Judas que representa a recusa. Por isso... se aparecer por aí a recusa... podem dizer: “Sai, diabinho!”

nº 2097 Artigo - Pai na Obediência (6)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Obediência que amadurece 
Estamos lendo o que o Papa Francisco escreveu sobre S. José. Parece-me que conhecemos José por sua missão na família de Nazaré. Deus quis vir ao mundo numa família. Rompendo com os esquemas humanos, nos oferece o grande dom que é seu Filho. O mistério da Redenção foi realizado nas condições humanas, no seio famíliar. Tão humanas que só se podem compreender a partir da fé. Percebe-se nessa mensagem do Papa qual é o lugar de José nas Escrituras: Ele é o justo fiel. Ele poderia constar na lista dos antepassados notáveis, como lemos no Eclesiástico: “Façamos os elogios dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem” (Eclo 44,1). São José educa Jesus na linhagem fiel dos antepassados do povo. Viviam a Aliança. José, homem da Palavra. Por aqui entendemos como Jesus conhecia bem as Escrituras. Era o pão de cada dia. Alimentava-se da Palavra. José entra na linha dos patriarcas. Reconhecemos Jesus como Deus-Homem, mas que vivia inteiramente como homem. Por isso, aprendeu de José a ser um homem fiel à Aliança de seu povo. Preparou Jesus para que assumisse sua missão, no meio de seu povo. José, como que encerra o tempo antigo e prepara Jesus para o novo. 
Sonhos de vida 
Deus o orientava pelos sonhos. Seus escolhidos estavam abertos a essa modalidade de Deus se manifestar. Esses sonhos não eram somente como sonhamos, mas eram o resultado da busca de Deus que acabava fazendo parte de sua natureza. José obedecia a Deus em tudo e sabia encontrar os caminhos de Deus. O Papa afirma: “De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos”. José obedece sempre. O sonho não dispensa a capacidade de José de resolver as questões com sua maturidade e experiência. É obediente quando, querendo “deixar secretamente Maria por causa da gravidez”, recebe o anúncio de que é obra do Espírito Santo. Assume imediatamente (Mt 1,24). Obedece imediatamente a ordem de fugir para o Egito (Mt 2,13), e de lá, voltar e ir para Nazaré (Mt 2,14-15; 21.22-23). Soube se ajustar à vida do povo, no caso do recenseamento, indo para Belém. E ali nasce o Filho de Deus, seu Menino (Lc 2,1-7). Jesus não foi um estranho na comunidade. Era um deles. Todos o conheciam, e sabiam quem era o pai. A grandeza da obediência de José foi conduzir o Filho de Deus a ser filho do homem. Muito humano. 
Obediência que edifica 
O Papa Francisco salienta como vivia a Família de Nazaré a fé dos pais. Sua obediência à Lei estava unida a todo o povo de Israel: Os ritos da circuncisão de Jesus, da purificação de Maria depois do parto, da oferta do primogênito a Deus (Lc 2,21-24). Cumprir a vontade de Deus era o trilho da fé dessa família: Maria disse ao Anjo: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Jesus diz no horto das Oliveiras: “Não a minha vontade, mas a tua seja feita” (Lc 22,42).“Em sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (Lc 2,51), segundo o mandamento de Deus” (Ex 20,12). Assim foi a vida de Jesus na escola de Nazaré. Era tão grande esse hábito que, no encontro com a samaritana diz “Meu alimento é fazer a vontade do Pai e realizar sua obra” (Jo 4,34). Na carta aos Hebreus, lemos: “Aprende a obediência por aquilo que sofreu” (Hb 5,8). Diz o Papa: Assim exerceu sua paternidade e coopera no grande mistério da Redenção e é verdadeiramente ministro da salvação”. Grande José, rogai, por nós!

nº 2096 - Homilia da Assunção de Maria (15.08.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Maria no Céu” 
Assunção, uma necessidade! 
Nossa alegria de Jesus ter ressuscitado e subido aos Céus como Senhor e Criador de do Universo, deixa ainda uma ponta de insegurança: E nós? Poderemos um dia entrar no Paraíso com todo o peso dos pecados que temos? Sabemos “que o corpo corruptível torna pesada a alma” (Sb 9,15). Jesus sempre nos dá certezas que nos confortam. Uma delas é a Assunção de Maria. Além de ser um privilégio magnífico daquela que gerou o Deus feito homem, Ela esteve totalmente unida a Ele por ser sua mãe e discípula e pertencer a seu corpo místico; Ela é garantia que o Céu é para todos. Podemos entrar no Céu. Na Encarnação, Jesus se uniu totalmente a sua Mãe. Ele tomou dela a natureza, e Ela recebeu Dele a graça e a Vida Divina. Não iria sofrer a corrupção aquela que gerou a Vida. Isabel a proclamou Bendita e Mãe do Senhor. A união à Divindade do Filho e à sua Humanidade justifica que tenha levado para junto de si, aquela que em nada se separou Dele. Essa condição de Maria não é narrada pela Escritura, mas pela Santa Tradição. A Tradição foi o campo onde foi semeada e cresceu a Palavra de Deus dos Evangelhos e das Cartas. O próprio Lucas diz que, ao escrever o Evangelho e Atos, fez uma pesquisa acurada de tudo desde o princípio (Lc 1,3). Os informantes eram “os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da Palavra” (At 1,2). A tradição da fé na Assunção de Maria foi testemunhada pelos que estavam ali, viram e deixaram a lembrança. 
Meta de todo humano 
A descrição do acontecimento, como nos narra o evangelho apócrifo de Tiago, não é garantida, pois ele é posterior, datando do século III, quando o texto dos evangelhos e a tradição já estavam consolidados. O Papa Pio XII, ao proclamar como dogma em 1º de novembro de 1950, não fez mais que confirmar uma verdade já comum. Tem a garantia da fé do povo que é critério de fé (Sensus Fidelium). O Papa escreveu a todos os bispos e suas dioceses, perguntando se concordavam com a proclamação do dogma. Houve a resposta positiva. Nesse dogma não só contém a verdade de um dom da Mãe de Deus, mas confirma que todos os que crêem, têm uma meta segura que é o Céu. Todos podemos chegar ao Céu e fazer da vida uma antecâmara do Paraíso. Maria estimula “a buscar as coisas do alto” (Cl 3,1), como Jesus Ressuscitado. É pela noção de Corpo Místico de Cristo, como nos ensina Paulo: “Vós sois o Corpo de Cristo e sois seus membros, cada um por sua parte” (1Cor 12,27). A ligação de amor por Maria e sua importância em nossa vida, não se faz por devoção mas por necessidade de fé em Cristo, de cujo Corpo Total fazemos parte.
Devoção evangelizada 
A devoção deve consistir, não tanto em obter graças, mas, sobretudo, em fazer como Maria fez. Somos filhos que imitam a Mãe e sentem, da parte dela, a necessidade de cumprir sua missão de ser Mãe dos filhos de Deus, pois em Cristo somos todos irmãos. Nossa união com nossa querida Mãe não se faz só através de nossa devoção, mas a partir do conhecimento espiritual e de uma fé manifestada. Como irmãos de Cristo, temos com Ele a mesma filiação à Maria. Continuamos a Encarnação. Por isso, não é condenado nenhum tipo de devoção, pois responde a nosso jeito, mas temos que crescer na fé e fazer como Maria fazia para educar seu Filho, seguindo sua Palavra e assumindo nosso lugar na Igreja. 
Leituras: 
Apocalipse 11,19ª;12,1.3-6ª10ab;Salmo 44; 
1Coríntios15,20-27ª; Lucas 1,39-56 
Ficha nº 2096 
Homilia da Assunção de Maria (15.08.21) 
1. Essa condição de Maria não é narrada pela Escritura, mas pela Santa Tradição. 
2. Todos podemos chegar ao Céu e fazer da vida uma antecâmara do Paraíso. 
3. Nossa união à Maria se faz através da nossa devoção e pelo conhecimento espiritual. 
Medo de altura 
Nossa querida Mãe subiu ao Céu. Mas tem elevador? Qual é o elevador que o santo usa? Como é que a gente não vê? Mas não podemos esquecer que nós o usamos sempre. Sobe andar, desce andar... estamos indo e voltando. Ele se chama Graça do Céu. Nele vamos subindo. A gente falha, mas continuamos o caminho. Quando falamos que Nossa Senhora foi para o Céu de corpo e alma, estamos descrevendo nosso caminho. Vamos chegar lá. Tudo que ela faz, podemos fazer também. Afinal é a mãe que estimula os filhotinhos.

nº 2095 Artigo - Pai na Ternura (5)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
A ternura do Pai 
A reflexão do Papa Francisco sobre S. José busca no Pai do Céu, a reflexão sobre esse pai que foi dado ao Filho de Deus que Se fez homem. Não podemos conhecer a relação íntima entre o Pai e o Filho na Trindade. Conhecemos a ternura de Deus a partir da Escritura quando narra seu relacionamento com povo. O Papa diz que Deus foi para Israel como um pai que ensinou andar, citando Oseias: “Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para ele como o pai que levanta o filho até seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de lhe dar de comer” (Os 11,3-4). Jesus viu a ternura de Deus em José: “Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor se compadece dos que O temem” (Sl 103.13). O Jesus humano, Aquele que tinha um Pai no Céu, tinha um pai na terra. Podemos perceber que o relacionamento de Jesus com seu pai da terra, modelava o relacionamento com o Pai do Céu. Desse relacionamento humanamente aprendido, Jesus ensinou-nos a amar seu Pai. Lembra o Papa que a ternura de Deus foi ensinada a José na sinagoga quando se rezavam os salmos: “Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura, que é bom para com todos e “a sua ternura repassa todas as suas obras”’ (Sl 145,9). A ternura de Deus se reflete quando sentimos a fragilidade. José era pequeno diante da missão. Mas aceitou sua fraqueza, pois nela se manifestou a força de Deus (2Cor 12,7-9). 
Fragilidade não é um mal 
O Papa Francisco, refletindo sobre a ternura, coloca a questão: “O Maligno faz-nos olhar para nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito a traz à luz com ternura. A ternura é a melhor forma para tocar o que há de frágil em nós”. O Papa salienta que é a misericórdia de Deus, sobretudo no ministério da Reconciliação, no qual fazemos a experiência da verdade e da ternura. A fragilidade, colocada na misericórdia de Deus se transforma em força. Paulo diz: “Quando somos fracos é aí que somos fortes” (2Cor 12,10). Somos fortes é porque quem age é Deus Pai amoroso. Ele é o pai misericordioso da parábola do filho perdido (Lc 15,11-32). “A Verdade se nos apresenta sempre como o Pai misericordioso da parábola (Lc 15,11-32): vem ao nosso encontro, devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para nós, dando como motivo que ‘este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado’” (Lc 15, 24). José,jovem adulto, em sua condição de homem simples, mas maduro em Deus, assumiu sua missão e descobriu os caminhos de formar o Filho de Deus. Assumia crendo na ternura de Deus para confiar. 
Caminhar na ternura 
Seria muito difícil para José viver o mistério da Encarnação do Filho de Deus que estava em suas mãos e levá-lo à realização, se não soubesse crer na ternura de Deus. Aquele que lhe confiou a missão, estará junto para ajudar a exercê-la. Não se trata de peso, mas de confiança na força que Deus dá às pessoas. Diz o Papa: “A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através das angústias de José. Assim ele nos ensina que ter fé em Deus que inclui também acreditar que Ele pode intervir, inclusive, através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E nos ensina que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe”.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

nº 2094 - Homilia do 19º Domingo Comum (08.08.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Provai e vede” 
 O pão que darei é minha carne 
Pão, carne e vida! Três palavras que são uma única realidade no ensinamento de Jesus. Quem come vive, quem vive tem sua carne que pede sempre o alimento para a vida. Elias, em sua sofrida vida de profeta, foge de uma rainha perversa que quer sua vida, por isso o persegue. Para viver foge para o deserto. Ali, cansado, dorme e é despertado: “Levanta-te e come” (1Rs 19,5). Com força do alimento caminha quarenta dias e quarenta noites até o monte de Deus (Id 8). O profeta desiste da vida e, cansado da luta, se sente inútil e pede a morte. O grande profeta também é frágil. Por isso o alimento vindo de Deus se torna o alimento do caminhante em sua fragilidade. É um profeta de fogo, como lemos no livro do Eclesiástico: “Então o profeta Elias surgiu como um fogo” (Eclo 48,1). Mas era frágil e necessitava do pão de Deus para sua missão. Quem busca servir a Deus encontra vida, mesmo no deserto da vida. Sua caminhada o conduz ao encontro com Deus no Sinai. No tempo do profeta a fé estava em grande crise. Diante de Jesus, a murmuração é a demonstração da falta de fé. Desconfiar de Deus é pecado que mata. A fé não é um fruto humano. É dada por Deus. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que Me enviou não o atrair” (Jo 6,44). “Aquele que escutou o Pai e foi por Ele instruído vem a Mim” (Id 45). A fé é sempre um dom pessoal ao qual correspondemos. Crer é alimentar-se e viver para sempre: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer desse pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é minha carne dada para a vida do mundo” (Id 51). 
Na força do alimento
Aceitar Jesus não é uma atitude humana, mas é a ação de Deus em nós. O pão que alimenta o profeta é já o prenúncio do encontro com Deus no Horeb, que é o monte Sinai, onde recebe a missão de restauração do povo. O profeta parece refazer a história do povo no encontro com Deus no Sinai. Deserto é o momento da volta ao primeiro amor, quando o povo fez aliança com Deus. A vigor desse pão dado por Deus tem a mesma vida do pão que é Jesus que diz: “Eu SOU o pão vivo, descido do Céu” (Id 51). No termo Eu Sou está a revelação da Divindade de Jesus e do pão que Ele oferece que se consome pela aceitação na fé. O maná, mesmo descido do céu, não foi capaz de dar a Vida, pois morreram. Comer do pão assimila a imortalidade que ele comunica. A murmuração dizendo: “Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe?”(Id 42). A murmuração é sua demonstração de falta de fé. O conhecimento de Jesus vem de Deus. Comer na fé e no amor é viver a vida divina. A Eucaristia deve chegar à nossa compreensão. A vivência não é um ato exterior, mas experiência da Divindade. Serão instruídos por Deus (Jr 31,34). 
Não contristeis o Espírito 
Jesus afirma que o pão é sua carne, a que dá a vida divina ao mundo (Jo 6,51). Quem rejeita se opõe ao Espírito. Qual o resultado da fé em Jesus? É a vida nova em Cristo como ensina em Efésios capítulo 4 ss. Comer o Pão do Céu que é crer em Jesus e, alimentar-se de sua carne, conduz a uma vida nova na comunidade. Unindo-se a Jesus ensina a ser “imitador de Deus”. Indica o caminho: “Vivei no amor como Cristo nos amou e Se entregou a Si mesmo a Deus por nós em oblação e sacrifício de suave odor” (5,2). O que se opõe contra o Espírito não possui a fé e não come o Pão do Céu. A Eucaristia é um alimento que supera o tempo e pode nos sustentar ao infinito. Acolher essa mensagem é agradar o Espírito Santo.
Leituras: 1 Reis 19,4-8;Salmo 33; 
Efésios 4,30-5,2; Mateus 6,41-51. 
Ficha nº 2094 
Homilia do 19º Domingo Comum(08.08.21) 
1. Quem busca servir a Deus encontra vida, mesmo no deserto da vida. 
2. Comer do pão assimila a imortalidade que ele comunica. 
3. Comer o Pão do Céu que é crer em Jesus e, alimentar-se de sua carne, é uma vida nova. 
Pão fresco 
Se o pão é fresco, como pode estar quente? Se Jesus é pão, o que significa alimentar-se Dele que é carne? Deus quer cuidar de seu povo. Para isso mandou Jesus que deixou a Eucaristia para, através de nós, cuidando do povo. E o povo que não tem falta de pão? É certo que cada um escolhe o recheio. Deus não quer interferir nem impor seu sabor. A Eucaristia é um grande dom de Deus, pois é a carne de Jesus. O sabor é o gosto de Deus. Sentimos o mesmo gosto que Deus sente ao se unir a nós em seu Filho. Quando somos capazes de repartir temos o sabor de Jesus. Comungar sem ter a capacidade de repartir é comer pão seco. Não tem sabor. Quanto mais distribuímos, mais tornamos Jesus presente no mundo. Mais Ele se torna presente em nós. Partir e repartir para celebrar com dignidade.

domingo, 1 de agosto de 2021

nº 2093 Artigo - S. José, Pai Amado (4)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Grandeza de S. José 
Celebrando os 150 anos da proclamação do Papa Pio IX de S. José como Patrono da Igreja, coisa ele que já fazia, vamos refletir sobre o que o Papa Francisco escreveu em Patris Corde – (Com o Coração do Pai). No primeiro aspecto o atual Papa se refere ao termo Pai amado. Afirma com S. João Crisóstomo, que ele “colocou-se inteiramente ao serviço do plano salvífico”, pelo fato de ter sido esposo de Maria e o Pai de Jesus. No caminho da encarnação de Jesus teve seu lugar claro: Esposo e Pai. O evangelho não diz você vai ser pai, mas “O que nela, Maria, foi gerado, vem do Espírito Santo”. E a seguir lhe diz qual o projeto de Deus para ele: “Ela dará à luz um filho e tu O chamarás com o nome de Jesus” (Mt 1,20-21). S. Paulo VI, em 19 de março de 1966, ensina que “sua paternidade se exprimiu, ‘em ter feito de sua vida um serviço e um sacrifício ao mistério da Encarnação e à missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida e de seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa’”. Dizemos que é pai, quem cuida. É um exemplo de santificação e realização cumprindo uma missão. Diante da lei assumiu seu lugar de pai. Jesus era em tudo como “Filho de José” (Jo 6,42). 
Na História da Salvação
Encontrou seu lugar no plano de Deus. Isso não o fez menor. O povo de Deus soube acolher sua presença. Na evangelização dos primeiros tempos e nos estudos dos Santos Padres escritores, o interesse estava voltado para as questões do conhecimento de Cristo. Mas José foi sempre amado pelo povo cristão. O culto se tornou mais vigoroso a partir de Pio IX. Conhecemos santos e santas seus devotos, como é o caso de Santa Teresa de Ávila que escreve: “Eu tomei por advogado e senhor o glorioso São José e encomendei-me muito a ele” (Livro da Vida, 6,6). Pelo fato de não sido propagado tanto o culto é porque estava na consciência do povo de que, o que é normal, não precisa ser explicado. O conhecimento da doutrina do mistério de Cristo levou séculos para se esclarecer. O povo, contudo, gosta de santos que fazem coisas maravilhosas. São José foi muito normal em sua realidade extraordinária. Nisso se torna modelo de espiritualidade: Fazer bem as coisas da vida. Nisso José seguia seu modelo: Jesus Homem-Deus. Jesus era muito humano. 
Ide a José 
O Papa diz que os manuais de oração, a piedade da quarta-feira, o mês de março são testemunhas dessa devoção. Há uma explicação tirada do Antigo Testamento. É curioso que o nome José esteja no início da história do povo de Deus. É o patriarca José que salva sua família, mesmo depois de ter sido vendido como escravo. Depois, quando veio a fome no Egito, o Faraó diz ao povo: “Ide a José e fazei o que ele vos disser” (Gn 41,55). Com essa comparação o Papa continua: “Enquanto descendente de Davi (Mt 1,16.20), de cuja raiz deveria nascer Jesus segundo a promessa feita ao rei pelo profeta Natan (2Sam 7), e como esposo de Maria de Nazaré, São José constitui a dobradiça que une o Antigo e o Novo Testamento. S. José pode se compreendido como administrador da casa de Deus. 

nº 2092 - Homilia do 18º Domingo Comum (01.08.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Dá-nos desse pão”
 Sinal do pão 
O evangelista João não narra a instituição da Eucaristia na Santa Ceia como os outros evangelistas. O motivo é simples. Já era do conhecimento das comunidades a prática da Ceia, chamada “Fração do Pão”. João escreve pelo ano 100. Em seu texto sobre o Pão da Vida dá o sentido da Eucaristia. No início do texto temos a afirmação: “Estava próxima a Páscoa dos judeus” (Jo 6,4). Dá-nos a dimensão pascal: “Antes da festa da Páscoa e a hora de passar para o Pai’ (Jo 13,1). Sem esse contexto, a revelação sobre o Pão da Vida, lembra só o milagre. Jesus, dizendo que tinham vindo atrás Dele por causa do pão, chama-lhes a atenção por terem visto o milagre do pão barato e abundante e não compreenderem o sinal. Disse: “Esforçai-vos pelo alimento que não perece e que permanece até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará” (Id 27). Daqui em diante Jesus parte do milagre para Se apresentar como alimento que o Pai dará e marcou com seu selo, isto é, como sinal da Vida Divina que é o Espírito Santo. O povo entendeu que se devia fazer a obra de Deus. Crer na obra de Deus é aceitar Jesus: “A obra de Deus é que acrediteis Naquele que Ele enviou” (Id 29). É interessante a pergunta do povo a Jesus: “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em Ti? Que obra fazes”? Não compreenderam o sinal que Jesus lhes dera ao alimento a toda aquela multidão. É interessante que o texto tem uma progressão no sentido de crer em Jesus e depois compreender que Ele dá sua carne como alimento através no pão da Eucaristia. Comer pela fé e acreditar pelo alimento. 
Pão do Céu 
A partir desse versículo começa a questão do sinal: “Que sinal Tu realizas para que possamos crer em Ti?” (Id 30). Sinal é a prova dada por Deus em favor de Jesus garantindo sua palavra afirmando que é Ele quem dá o pão que dá a vida eterna. Esse alimento quem o dará será o Filho do Homem. Esse foi marcado pelo selo de Deus (Id 27). Os judeus tiveram a prova do milagre que aprovou a obra de Moisés: “Nossos pais comeram o maná no deserto, como está na Escritura: ‘Pão do Céu deu-lhes de comer’”. A história do maná é fascinante. Não há uma explicação sobre a palavra “maná”. Um possível que venha do que o povo disse quando viu o maná (man’hu – que é isso?). Toda história do povo, mais que narrativa histórica é uma profecia sobre o Messias futuro. Jesus se põe nessa profecia. A palavra de Moisés foi garantida pelo milagre do maná. A palavra de Jesus afirma que dará um pão que dá vida eterna e mata toda fome. O maná não deu a vida para sempre. Crer em Jesus é ter a vida eterna. 
Verdadeiro pão 
“Meu Pai vos dá o verdadeiro pão do Céu” (Id 32). Esse pão é Jesus que foi dado pelo Pai para a vida do mundo. Então pedem: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!”. Pensavam ainda no pão material. Jesus responde com a afirmação que atravessa todo o capítulo 6º: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (id 35). Esse Pão sustenta a vida em seu total. Temos aqui o alimento que dá vida ao mundo e aos corações. Temos a tendência de espiritualizar a Eucaristia a ponto de ficarmos nos louvores. Jesus põe a questão de sustentar a vida: “Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Id 35). Sacia a sede e a fome de Deus presente em todo ser humano. Mas cuida da vida por completo: humano, psicológico e espiritual. O homem é um todo. Jesus nos alimenta em todas as dimensões. 
Leituras: Êxodo 16,2-4.12-15;Salmo 77; 
Efésios 4,17.20-24; João 6,24-35. 
Ficha nº 2092
Homilia do 18º Domingo Comum(01.08.21) 
1. Esforçai-vos pelo alimento que não perece. 
2. A história do povo, mais que narrativa, é uma profecia sobre o Messias futuro. 
3. Deus cuida da vida humana, psicológica e espiritual. O homem é um todo. 
Dá um pedaço de pão! 
Quando se ouve um pedinte dizer “tem um pedaço de pão velho” nunca ousamos dizer: Pão velho, não tenho. Tenho só novo. Jesus é a novidade total. Deus sabe que pensamos com o estômago, por isso, ao apresentar Jesus de uma maneira tão maravilhosa, com o milagre da multiplicação, explicou por onde entendemos mais depressa. Falou pão, falou vida. Assim entendemos a Eucaristia: é pão que sustenta e nos dá vida. Por isso Jesus se fez Pão do Céu. É tão bom... o recheio do pão somos nós que somos a força desse alimento.
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