sábado, 21 de julho de 2018

nº 1775 Artigo - Alegrai-vos e Exultai

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
Alegrai-vos e Exultai

2073. Santidade, urgente!
           Tudo em Jesus é unidade. Sua missão é apostólica no duplo sentido de caridade apostólica – busca de Deus e caridade missionária – atividade. Esta unidade segue o modelo de Jesus que se dedicava ao Pai e ao mesmo tempo estava se dedicando aos seus queridos discípulos. Papa Francisco, que conhece bem o que o povo precisa, ofereceu-nos uma reflexão: “Gaudete et exultate” que quer dizer: “Alegrai-vos e exultai”. E completa o evangelho: “porque é grande a vossa recompensa no Céu” (Mt 5,12). Esse documento do Papa Francisco é muito bom. É simples, de fácil leitura e muito claro sobre o caminho da santidade. Para mim, fica muito claro, que é o caminho que ele faz. Então, não é tão difícil assim ser santo. Vamos tirar da cabeça tudo o que costumamos falar sobre santos e fazer um caminho novo. Não é um caminho novo, mas o caminho que fizeram os santos. Os que não se interessaram ficar santos complicaram as coisas. Vamos, então, lentamente ler o documento de nosso querido Papa Francisco. Temos um mundo que cresce em ciência e bens materiais, mas cresce pouco em santidade. Não se procura a santidade como um modo normal, simples e prático de vida. Todos podem ser santos. Cada um em sua profissão, em seu estado de vida e em suas atividades. Ser santo é ser normal. Tão simples. Assim era Jesus. O esforço que exigem só aumenta nossa felicidade. Por isso, diz o Papa: Alegrai-vos e exultai. É ser humano. Ninguém é suficiente humano, se não cresce espiritualmente. É aleijado em uma parte de sua vida.
2074. Anda na minha presença
            Por que Deus quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa? A chamada à santidade está patente, de várias maneiras, desde as primeiras páginas da Bíblia; A santidade é uma preocupação que acompanha a história do povo de Deus. Quando é peca, ele sofre. Quando pratica o bem é recompensado pela fartura dos bens. A santidade, isto é, viver de acordo com a lei de Deus traz bem estar, pois ajuda até na vivência cotidiana do povo.  Não se quer dizer se obedece a Deus para ter bens. Mas obedecendo a resposta é a boa organização da vida que é resultado da obediência. “A nosso pai Abraão, o Senhor propôs nestes termos: ‘anda na minha presença e sê perfeito’” (Gn 17, 1) (AE 1). Nesse seu ensinamento o Papa quer continuar ouvindo e proclamando essa chamada à santidade. Ele diz: “O meu objetivo é humilde: fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor” (Ef 1, 4 EA 2). A Igreja é santa e pecadora. Santa da parte de Deus, e pecadora da parte humana. Não se deve justificar que haja pecado, mas estimular que os pecados sejam vencidos pela obediência à Palavra de Deus.
2075. Chamada à santidade
            Os santos que nos encorajam e acompanham”. O Papa Francisco inicia suas palavras com uma proposta futura, mas com o reconhecimento do passado. A santidade não tem um modelo fixo. Nós é que criamos normas para Deus. Criamos um tipo de santo. Deus não fez assim na história de seu povo.  E diz: “Na Carta aos Hebreus, mencionam-se várias testemunhas que nos encorajam. Mas, sobretudo somos convidados a reconhecer-nos «circundados de tal nuvem de testemunha que incitam e testemunham a não deter-nos no caminho. E, entre tais testemunhas, podem estar a nossa própria mãe, uma avó ou outras pessoas próximas de nós (2 Tm 1,5). Os santos estão dentro de nossas casas.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

nº 1774 - Homilia do 21º Domingo Comum (29.07.18)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Cinco pães e dois peixes”
Estava próxima a Páscoa
            Iniciamos a reflexão do capítulo sexto de S. João que é discurso sobre o Pão da Vida. Interrompemos, por um mês, a leitura o evangelho de Marcos.Jesus fez o milagre de alimentar uma grande multidão com cinco pães e dois peixes. O que era um lanche de um menino tornou-se um banquete para uma multidão. Como no deserto Deus alimentou o povo com o maná durante quarenta anos, assim também Jesus alimentará o mundo até o fim dos tempos. Jesus faz o milagre estando próxima a festa da Páscoa dos judeus. Celebra a Páscoa com a multidão. Fez uma celebração com relação com a vida.Assim também será em sua Páscoa de morte e ressurreição. Primeiro ela aconteceu em Jesus que foi o pão partido para ser repartido com todos, dando sua vida na cruz. Jesus é o pão da vida, que dá vida. O Evangelho quer, com esse texto, mostrar-nos que a Eucaristia atinge a vida da comunidade. Sua vida tão humilde é destruída pelos homens torna-se o grande milagre de Deus que dá vida a todos. Nos textos que seguem, vai nos orientar a crer, pois crer é alimentar-se da Vida. A Eucaristia,por fazermos dela um rito que não nos leva ao milagre da multiplicação, perde muito de seu dom. Estamos sendo assim, colocados à prova para corresponder ao dom de Jesus que se faz pão para que todos tenham vida. Depois ensinará que, quem se alimenta dele, comendo sua carne e bebendo o seu sangue, tem a vida eterna.Celebra a Páscoa primeiro em Si. Depois em cada gesto de amor de partilha.  O amor de partilha é participação na entrega que Jesus nos fez de sua vida.
Milagre modelo
            Os pãezinhos do garoto são símbolo de Jesus que, tão pequeno, nos trouxe tão grande Páscoa de salvação. Mostra-nos igualmente que Páscoa é uma grande festa quando acontece em nossas fragilidades cheias de boa vontade e dedicação aos outros. A multiplicação dos pães continua quando multiplicamos as oportunidades de fazer bem aos outros. Ao dizer que é milagre modelo, queremos afirmar o anseio de Jesus de dar sua vida para a salvação de todos. João, em seu evangelho, quer dar o sentido da Eucaristia que é a Páscoa de Jesus. Essa Páscoa em seu sangue acontece em sua Paixão quando dá sua vida para a vida do mundo. Quando se parte o pão para repartir se retoma o gesto e Jesus que partiu o pão e repartiu aos apóstolos. Seu gesto ritual acontecerá realmente em sua morte quando seu corpo é dado – repartido - e seu sangue é derramado para a salvação. Jesus não mandou repetir um rito, mas tornar presente entre os cristãos sua Páscoa que é para dar vida através do pão repartido. Partir e repartir. Sua morte e ressurreição são a realização da Páscoa. A multiplicação é programa da Páscoa cristã realizando,em sinais, a memória da Paixão e Ressurreição, a multiplicação que continua a criação da fraternidade que ama.
Pão da união
            O livro da Didaqué nos diz que os grãos que estavam espalhados pelos montes foram reunidos em um único pão. A multidão dos ouvintes de Jesus se torna um corpo pelo pão do milagre. Nós formamos um único corpo com o Pão Vivo. A multidão saciada quis fazer Jesus rei para continuar a dar pão em abundância e de graça. A multidão saciada pelo Pão Vivo se faz um único corpo que continua a vitória de Cristo sobre o mal e a morte. Por isso dirá: “Quem come desse pão viverá eternamente”. Mesmo pequenos e de poucos recursos, podemos servir ao grande milagre da multiplicação da vida de Cristo para o mundo. Participando de sua Páscoa, participamos de sua missão.
Leituras: 2 Reis 4,42-44; Salmo 144; Efésios 4,1-6; João 6,1-15
Ficha nº 1774 - Homilia do 21º Domingo Comum (29.07.18)
           
1.  O Evangelho quer mostrar-nos que a Eucaristia atinge a vida da comunidade.
2.  Quando se parte o pão para repartir se retoma o gesto e Jesus que partiu o pão e repartiu aos apóstolos.
3.  Participando de sua Páscoa, participamos de sua missão.
                                                                            
O menino no lanche milagroso


            O menino que possuía cinco pães e dois peixes sai da história do milagre de Jesus. Mas, se não fosse ele, não haveria o milagre. Tenho a impressão que não damos o devido valor à criança na história da salvação. São os pequenos que não contam, que contam toda a história. Lembramos a irmãzinha de Moisés que viu a filha do Faraó tirar Moisés das águas e oferecer a própria mãe como ama de leite.
            Samuel era garotinho quando recebe de Deus uma missão e se torna o grande profeta e juiz do povo.
            Davi era um pastorzinho quando foi escolhido. Tornou-se rei e teve garantido seu trono para a eternidade, pois Jesus é Rei, descendente de Davi.
            Maria superara a adolescência quando é chamada para Mãe do Senhor.
            Não neguemos às crianças sua capacidade de conhecer a Deus compreender seu evangelho.
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nº 1773 Artigo - “Afonso cresce em sua vocação”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2070. Crescendo na vida cristã       
           Como sabemos, um santo não nasce pronto e demora para aprofundar seu relacionamento com Deus e no serviço aos irmãos. Desde pequeno está em busca de servir a Deus. A vida espiritual depende muito da família. Sem essa base é difícil o crescimento na fé cristã. Sto. Afonso nasceu em uma cidade religiosa e de família cristã praticante. Sua mãe, Ana Cavalieri, formada por religiosas, vivia o que aprendeu. As práticas religiosas do tempo eram o Presépio, a Paixão, a Eucaristia e Nossa Senhora. Ela deu um diretor espiritual muito bom para seus filhos, Padre Pagano, da congregação de S. Felipe Neri, muito humano. Dona Ana lhe escreveu as primeiras orações num caderninho que ele usou até o fim da vida. Não abandonou suas devoções quando se formou, mas foi lhes dando sempre maior conteúdo. Normalmente as pessoas abandonam a prática religiosa porque não lhes satisfaz sem aprofundar seu conteúdo espiritual. Depois de mais adulto, todos os anos, na Semana Santa, fazia retiro com os padres lazaristas, juntamente com seu pai, Dom José de Liguori. Na semana santa de 1722 (29-03 a 05.04), tomou a decisão de consagrar-se a Deus, o que faz a partir de julho de 1723, quando abandonou a advocacia.
2071. Comprometendo-se na ação
           A Igreja tinha modelos diferentes no tempo de Santo Afonso. Além das devoções populares, havia para as famílias diversos tipos de agremiações que chamavam de “confraternità”. Era um meio de espiritualidade e de ação social caritativa. Ele pertenceu a diversas: Como advogado era membro da confraria dos advogados que tinham como compromisso de ir ao Hospital dos Incuráveis para cuidar dos doentes. Imaginemos o que seria no tempo. Fazia parte também da Confraria dos Brancos (porque vestiam uma capa branca) que tinha como missão enterrar os condenados à morte e cuidar de suas famílias. Era dedicado também aos padres pobres e peregrinos, dando acolhida e sustento. No seu tempo havia muito padre ordenado sem condições que acabavam na mendicância. Era chamada Misericordiella. Havia um grupo para padres bem graduados que pregavam missões na cidade e fora dela. Ele era o nº 111. Desse grupo foram escolhidos bispos e cardeais. Tinha um grupo de amigos padres jovens que começaram a reunir o povo pobre e simples e ensinava o catecismo e cantavam. A música faz parte da genética napolitana. Formavam os grupos e colocavam os leigos mesmo como responsáveis e catequistas. Esses grupos se desenvolveram muito até a Unificação Italiana em 1870. Vemos como ele vai se transformando. A Congregação Redentorista não foi um acaso. Tem uma pré-história.
2072. Crescer em comunhão
           Quanto chega à maturidade é movido a dar uma resposta concreta às muitas situações que viu em sua experiência de padre. Não era padre de ficar na sacristia, mas ia ao povo. Depois de descobrir os pobres da cidade, descobre os pobres do campo. E, depois de muita reflexão, decide reunir um grupo para a evangelização desse povo abandonado pelo Estado e pela própria Igreja. A vida espiritual de Afonso se entrelaça com a sua vida pastoral no meio do povo. Seus missionários deverão sempre trabalhar em comum, como grupo, como corpo missionário, colocando em comum vida e dons humanos e espirituais. O contato permanente com os abandonados e vivendo no meio deles inspira sua pregação e seus escritos. Quando escreve, compõe músicas e pinta, é para ajudar na evangelização dos pobres. A grande obra de ciência moral que compõe é para ajudar na orientação do povo. E a escreve depois de 30 anos de missões. Não é populista. É fiel ao seu modelo: Jesus.
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nº 1772 - Homilia do 16º Domingo Comum (22.07.18)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Ele teve compaixão”

Assim é Jesus
            A compaixão é uma característica fundamental de. Ela vem de sua união com o Pai, pois o desígnio de salvação se explica pela compaixão que Deus teve com a humanidade no pecado que é sempre uma escolha livre do homem. Mas Deus, quis salvar porque teve misericórdia, teve compaixão. Por isso enviou o Filho para libertar do mal. Jesus assume a condição humana para ser em tudo igual ao homem, menos no pecado (Hb 4,15). Assim Jesus exerce a misericórdia sem limites para com todos: pecadores, doentes, presos pelo mal, o que chama de endemoniados. Ele, conhecendo a condição humana, sabe o quanto necessitamos de sua compaixão. O médico não precisa sentir a dor do doente para curá-lo. Jesus sente a dor do homem sofredor e tem compaixão. Significa que participa dessa dor. Ele vai até a morte e sepultura para que não haja nenhuma dúvida de que Jesus tenha estado em tudo do nosso lado. Isso é importante para que ninguém se escuse dizendo que Deus não conhece minha dor. Deus me esqueceu! Deus sumiu. Se parecer ser isso, é porque sabe que damos conta sozinhos ou tem muitos que podem nos socorrer. Não sentimos a presença de Deus como um sentimento humano. É mais, é Divino.
Tende em vós os mesmos sentimentos
            Aqui entra algo importante, pois seguir Jesus significa exercer sua compaixão. Quanto mais encarnarmos os sentimentos de Jesus (Fl 2,5), mais manifestaremos sua Pessoa e exerceremos sua missão. Não é possível uma fé cristã sem que sejamos imbuídos de sua compaixão. Quem não é capaz de ter compaixão, tem um mal maior. Desse mal só se cura com o remédio da dor. O sofrimento é uma escola. A compaixão não é uma dor que passa. É uma ferida no coração de onde jorra o sangue da misericórdia, o mesmo que correu do coração ferido de Jesus. Ter dó nunca resolveu o problema de ninguém. A compaixão tem que ser o elemento fundamental para a pastoral e para a estruturação de uma comunidade, de uma Igreja. Vemos que essa não tem sido a energia que move nossa vida de Igreja e vida espiritual. Por isso não crescemos na vida espiritual. Falta a alma das virtudes. Não sujamos as mãos pelos outros. Não nos comprometemos. Vemos nossas comunidades, paróquias, dioceses e outros que não vão em frente, pois o necessitado é o primeiro excluído. Uma espiritualidade que não nos compromete com os carentes e abandonados pode parecer boa. Examinemos nossas devoções, associações, movimentos. Tudo vazio. Muito espiritualismo e pouco Jesus compassivo. Mesmo a vida da Igreja e congregações estão perdendo a vida pela ausência da compaixão de Jesus.
Misericórdia para com todos
              Paulo nos ensina que Cristo é como o pacificador que destruiu a separação entre judeus e gentios (Povos pagãos) e os fez um só povo. Toda a herança de Israel foi calcificada no fechamento dos judeus que se consideravam o único povo de Deus. Paulo na epístola aos Efésios, diz que por sangue, Cristo aproximou os que estavam longe; o que era dividido fez uma unidade; aboliu a lei com seus mandamentos e decretos... quis assim, a partir do judeu e do pagão, criar em Si um só homem novo, estabelecendo a paz; quis reconciliá-los com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz; assim destruiu em Si mesmo a inimizade; graças a Ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso ao Pai (Ef 2,13); o sangue de Cristo e o Espírito realizam a unidade de pagãos e judeus. Tudo porque Deus teve compaixão de todos. Jeremias criticou os maus pastores. Jesus é o bom pastor.
Leituras: Jeremias 23,1-6;Salmo 22;Efésios 2,13-18;Marcos 6,30-34.
Ficha nº 1772 - Homilia do 16º Domingo Comum (22.07.18)
           
1.     Jesus é a compaixão.
2.     Participamos da compaixão de Jesus.
3.     A compaixão de Jesus abre a todos a mesma participação como povo.

            Ter dó não dói.

            Quando queremos explicar quem era Jesus, o que mais nos ajuda é dizer que Ele curava os doentes, ressuscitava os mortos, expulsava os demônios e alimentava o povo multiplicando a comida. Não falamos nada de que era Deus, que morreu e ressuscitou. Falamos, mas para garantir que, quem fazia isso só podia ser Deus. Há uma frase que diz: “Os discípulos, vendo essa humanidade de Jesus tão generosa, diziam: Só pode ser Deus.

            Paulo na carta a Tito escreve: “A graça de Deus se manifestou parda a salvação de todos” (Tt 2,11). A graça é a benignidade de Deus. Deus é bom e compassivo. Essa compaixão Jesus a trouxe como primeira recomendação do Pai a todos nós. Para ser igual a Jesus temos que aprender sua compaixão. Uma espiritualidade desacompanhada da compaixão que suja as mãos com os necessitados não constrói vida cristã. Vemos religiões que se dizem cristãs, movimentos, associações e piedosas pessoas que não têm a compaixão em seu modo de viver a fé.
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nº1771 Artigo - Uma opção coerente

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2067. Escolher o Evangelho
              Continuando falar da prata da casa, vamos ver o caminho espiritual de Santo Afonso. É o fundador da Congregação Redentorista, teólogo da moral que contribuiu muito para o estudo dessa dimensão da vida cristã. Criou um método de reflexão que influi na Igreja até hoje através de seus seguidores. Foi dedicado à vida espiritual do povo através das missões e de seus escritos de espiritualidade. Por que foi tão longe assim? Porque fez um caminho coerente no seguimento de Cristo. Por isso ficou santo. Sem fazer um caminho para Cristo, não chegamos a santidade nenhuma. Era nobre de sangue, não tanto de dinheiro. Foi advogado e chegou aos 28 anos com grande fama, pois tinha em mãos um processo muito grande. Por conta da corrupção, ele perdeu (1723). Mas Jesus já o tinha conquistado, pois no ano anterior já se decidira deixar o mundo, fazendo-se religioso. Deixou os tribunais, e entrou para o seminário da diocese, sendo ordenado sacerdote em 1726, com 30 anos. Ele não perdeu a causa, ganhou Jesus Cristo. Deixou a injustiça do mundo para a justiça do Evangelho. Ao se fazer sacerdote, preocupou-se, sobretudo em servir como anunciador da Palavra e ministro de outro tribunal, o da confissão. Nesses anos que seguem sua ordenação se faz missionário na cidade. Sua vida vai ser sempre apoiada no conhecimento de Jesus Cristo, sobretudo na Eucaristia, e na Palavra. Lendo seus escritos, vemos que eles nascem da reflexão da Palavra de Deus. Esse é o primeiro passo de sua caminhada de santidade.  Êxodo em direção ao Evangelho.
2068. Escolher os pobres
              Como sacerdote soube, como diz Papa Francisco, fazer uma Igreja em saída. Juntamente com alguns companheiros padres, começou a reunir o povo simples e pobre que vivia na cidade, para cantar, rezar e aprender a doutrina cristã. Assim foram formando grupos que eram dirigidos por eles mesmos, acompanhados dos padres. Esses grupos se multiplicaram. Os padres percorriam os grupos dando assistência. Ali Afonso conheceu a ignorância religiosa do povo humilde e pobre da cidade. E eram muitos. Aprendeu a falar a língua do povo e a sair ao seu encontro. Esses grupos tiveram grande desenvolvimento. É importante ver como Afonso dá esse passo em direção aos abandonados da cidade. Mesmo tendo tantos padres, era um povo sem assistência. Os pobres vão conquistando seu coração. Aprende a falar com eles e se deixa educar na sua linguagem. Por isso exigirá de seus padres uma linguagem simples, mas nobre. Assim exigirá de seus confrades na Congregação. É o segundo passo: Êxodo em direção aos pobres.
2069. Escolher morar com os pobres
              Cansado, tira férias e vai para as montanhas de Scala, perto de Amalfi (Itália). Ali descobre que há gente ainda mais abandonada do que os que estão na pobreza da cidade, Aqui o abandono é total. Não há socorro: nem espiritual, nem material. Como dizemos: o descanso se transformou em uma missão evangelizando os pobres pastores. Então chega ao ponto decisivo de sua vida: Decide-se ir para Scala para viver entre os currais e os casebres dos pastores. Funda sua Congregação para viver no meio do povo abandonado do campo. Ali aprendeu a linguagem do povo e pode ver como atendê-los melhor. Para isso prega missões, escreve e faz até musicas para a evangelização. Sem uma caminhada em direção aos abandonados não podemos dizer que encontramos Jesus Cristo para valer. Quem escolhe viver o Evangelho encontra seus destinatários: os mais abandonados. E há tantos ainda. É o êxodo que marca sua passagem para o mundo dos pobres.
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nº 1770 - Homilia 15º Domingo Comum (15.07.18)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“E começou a enviá-los”

E eles foram
            Vimos a situação triste da recusa dos conterrâneos de Jesus. Não o aceitam porque é de sua gente. Jesus, ao enviar os discípulos dois a dois, tem uma atitude inversa acolhendo seus discípulos, gente simples. Pelo visto Jesus fez diversas vezes essa experiência com os apóstolos e os setenta e dois discípulos. Depois de fazerem essa experiência com sua pessoa, fazem a experiência do fruto do ministério, como veremos no próximo domingo. A missão de Jesus era também passar aos outros, o que viera realizar. Após a Ressurreição os discípulos começaram a proclamar dos telhados o que ouviram ao pé do ouvido (Mt 10,27). Jesus não somente os ensina, mas envia-os praticar. Tiveram dificuldades e Jesus já previne: “Se em algum lugar não vos receberem nem quiserem escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” (Mc 6,11). O profeta Amós nos testemunha que o ministério do anúncio não vem dos homens, mas de Deus. Não é uma profissão para “ganhar o pão”, como muitos faziam usando a Palavra para bajular os poderosos. Ele era um fazendeiro que tinha ovelhas e plantações Foi a Betel para profetizar, isto é, chamar Israel à conversão. O profeta da “corte” manda que vá buscar seu pão em sua terra. Ele responde: Não sou profeta (de profissão), nem filho de profeta. Eu tenho do que viver. O Senhor me chamou quando eu tangia o rebanho (Am 7,12-15). Vemos a recusa da estrutura religiosa. Anunciar é desafio, também na conversão Igreja.
Ministério frutuoso
            Para Jesus, o que significava anunciar? Quem vai anunciar tem que ser desapegado dos bens materiais. O Evangelho não é fonte de renda. Devem ir de sandália, não são escravos, fazem parte da família. É compromisso. Não é turismo de casa em casa. Os discípulos foram e pregaram a conversão, expulsaram muitos demônios e curaram doentes ungindo-os com óleo. Atinge a pessoa como um todo: as doenças espirituais, o pecado, e as doenças corporais. É dimensão social da pregação. É claro que a sociedade, como era no palácio onde profetizava Amasias, não quer saber de mudança. O Amós era duro em suas palavras contra a vidinha da classe alta, do luxo das madames e da vida esbanjadora dos ricos. Os demônios a serem expulsos são os que pervertem o coração. Quem anuncia tem poder sobre os espíritos imundos. A força da Palavra é transformadora para o bem: “É a paz “que ele vai anunciar... a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão”. O bem resultante da pregação vai até à terra onde se planta: “O Senhor nos dará tudo o que é bom, e nossa terra nos dará suas colheita; a justiça andará à sua frente e a salvação há de seguir os passos seus” (Sl 84). O resultado vai até a raiz das plantas. A Palavra cuida da ecologia para não haver fome e miséria.  Só o evangelho consertar o mundo.
Abençoados por Deus
            O discípulo é missionário de nossa união com Cristo no Céu. Tem a bênção de Deus: “Ele nos abençoou com toda bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo no céu”.  Não podemos ser minimalistas, ficando com uma religião vazia, mas para “sermos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor”. E nos dá a meta que justifica nossos esforços pastorais: “Ele nos fez conhecer o mistério de sua vontade... levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular em Cristo, todo o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra” (Ef 1,3-10). Esse hino de Paulo é como a síntese de todo o ministério da Palavra que se conclui na Eucaristia que nos alimenta e envia.
Leituras: Amós 7,12-15;Salmo 84; 1,3-10;Marcos 6,7-13.
Ficha nº 1770 - Homilia 15º Domingo Comum (15.07.18) 
                                         
1.    Jesus envia os apóstolos e os orienta como devem agir. Podem ser recusados.
2.    O Evangelho transforma todas as realidades, espirituais, humanas e materiais
3.    O hino de Paulo resume nossa missão: recapitular tudo em Cristo.

            Aprendiz de missionário

            É até divertido ver Jesus instruindo seus discípulos para a missão. Pensamos que eles começaram a ser anunciadores do Evangelho somente a partir da Ressurreição. Não ficaram prontos de um dia para o outro. Jesus sfoi treinando. Ensinava-os através de suas longas conversas e depois os enviava para treinamento. Jesus dá as orientações e eles vão de dois em dois, isto é, como testemunhas garantidas e também em comunidade, pois a missão não é individual nem
            Eles fazem o que Jesus fazia: anunciavam a conversão, e levavam a palavra à prática transformante dos milagres que tiram o poder do demônio e o demônio do poder, dão vida e saúde. A pregação é para a mudança total da pessoa e da sociedade. Quando os demônios são expulsos, até a natureza sente o bem e se transforma para o ele.
            Paulo nos ensina que tudo o que fizermos na evangelização tem como finalidade levar todas as pessoas a Cristo. Tudo vai a Cristo. Não há outro fim nem do mundo nem do homem.
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nº1769 Artigo - O Redentor de todos

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
2064. Festa do Santíssimo Redentor
            O titular da Congregação Redentorista é o Santíssimo Redentor. Por cair durante o período de férias... já sabemos o destino. Não é o patrono, pois este é a Imaculada Conceição. Por que a festa é celebrada no terceiro domingo de julho? Não foi a Congregação que inventou essa festa. Ela foi fundada como Instituto do Santíssimo Salvador cuja festa é nove de novembro, dia de sua fundação. E o Santíssimo Redentor? Pelas informações sabemos que a festa provém de Veneza, e é celebrada nesses dias com grandiosos festejos populares. Houve uma epidemia entre 1575 e 1577 que matou um terço da população. A doença era a peste negra – bubônica ou pulmonar. Não era a primeira que sofriam. Provinha do rato negro. Com a súplica ao Santíssimo Redentor, foram libertados desse mal em 1576. Os Doges, chefes da cidade, mandaram construir a Igreja do Santíssimo Redentor, em ação de graças, e instituíram a festa nesse terceiro domingo. Por isso celebramos nesse dia. A Igreja comumente é chamada de Redentor, na ilha da Giudecca. A festa envolve toda a cidade numa grande participação, sobretudo para os fogos de artifício da meia noite. Como o Redentor é o titular da Congregação, toma-se dessa festa também o caráter de salvação de todos os males e a característica alegre da redenção. O nome da Congregação, inicialmente era Instituto do Santíssimo Salvador. Por haver outra congregação com esse nome, os cônegos do Santíssimo Salvador da Basílica de Latrão, tivemos que mudar de nome, não de missão.
2065. Um Redentor de todos
            Proclamamos “Copiosa Apud Eum Redemptio”. Numa tradução menos literal dizemos: Jesus é a abundante Redenção. A tradução junto dele é abundante redenção não parece correta. Se está junto, não está Nele. Ele é a Graça. A teologia da redenção não se reduz a cura de males espirituais, redenção de pecados, mas de todos os males. É verdade que os pecados são fonte dos males do mundo. Por isso a Redenção atinge todos os males. A natureza não tem pecado e paga por eles, como lemos em Romanos 8,20-22. Pela redenção a natureza como também todas as pessoas se redimem. As Constituições Redentoristas dizem: “O anúncio do Evangelho Redenção visa e maneira especial a Copiosa Redenção que atinge o homem todo e aperfeiçoa e transfigura os valores humanos” (Cc 6). Tudo que se refere ao ser humano, homem e mulher, em todas as etapas e fases, deve ser transfigurado pelo Evangelho da Redenção. O Redentor em seu mistério é o centro da vida de todos os cristãos. Os redentoristas e todos os que amam o Redentor, escolhem a pessoa de Cristo como centro da própria vida. “Assim, no coração da comunidade, para formá-la e sustentá-la, está presente o próprio Redentor e seu Espírito de amor” (Cc 23).
2066. Redenção do mundo
            Aqui entra uma questão muito séria: Que tipo de espiritualidade nós temos? Está baseada em Jesus ou desfiguramos seu rosto? Que tipo de pastoral nós implantamos? Só na sacristia ou saímos em busca dos mais abandonados.  Vivemos espiritualismo ou espiritualidade evangélica? Nessa festa, convém repensar nossa opção por Jesus Cristo, como Maria o fez. Sem uma profunda espiritualidade do Redentor não conseguiremos continuar sua missão, com sua mentalidade. A opção pelo Redentor traz a opção pelos redimidos. Na verdade o Redentor age através de nós. Por isso, somente depois que assumimos o Redentor como centro de nossa vida podemos nos dedicar aos redimidos.
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nº 1768 - Homilia do 14º Domingo Comum (08.07.18)


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Filho do carpinteiro”

Abertura à Palavra de Deus
             Na história do povo de Israel há uma constante que atravessa todos os tempos: o fechamento à Palavra de Deus. O povo somente ouvia Deus quando era pressionado por profundos sofrimentos, a história nos conta pois como cobrava a obediência e recebia as recusas. É o que pudemos ver na sinagoga de Nazaré quando Jesus, que era um conterrâneo, começa a realizar sua missão. Ele era conhecido como o Filho do carpinteiro José e tem sua família ali com eles. Não acolhem o que vem de Deus só porque não corresponde a seus critérios pequenos. Esse texto é uma amostra do que aconteceu na história. É também um retrato nosso quando não acolhemos a Palavra porque não corresponde às nossas exigências e esquemas. A recusa bloqueia até a ação de Deus: “Jesus lhes dizia: ‘Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares. E, ali, não pode fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos” (Mc 6,4-6). Há muitos tipos de fechamento no momento atual, usando inclusive questões religiosas para ocultar as exigências de uma verdadeira conversão. É mais fácil dar mais importância às idéias políticas, sociais, tradicionalismo ou liberalismo que à mensagem de Jesus. É mais fácil uma religião que usa certos atos de piedade que assumir o evangelho como fonte de vida. É o cuidado que devemos ter com religião que encobre a verdade com roupas, ritos, fumaça etc... e não aquela ensinada por Jesus vivo e sofredor.
Levanto os olhos para vós  
           A abertura à visita de Deus através da Palavra, como o fez Jesus na sinagoga de Nazaré, é um momento de relacionamento com Deus na obediência que o próprio Jesus apresentou em sua vida. O que Jesus pregava era o que Ele vivia. Por isso vai dizer: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Jesus era mais palavra viva que palavra anunciada. Ele é o Evangelho e a Redenção. Ao contrário da recusa, requer-se a abertura de buscar e estar com os olhos fitos no Senhor (Sl 122) . “Nossos olhos estão fitos no Senhor...Como os olhos dos escravos estão fitos nas mãos de seu Senhor” (Sl 122). Por isso, Nele, os profetas devem tirar força para não se abaterem quando suas palavras não são ouvidas. Não se pode perder o ânimo de continuar anunciando “quer escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes – ficarão sabendo que houve entre eles um profeta” (Ez 22,5). Na situação em que se encontra o mundo e a situação da Igreja, tem-se vontade de deixar de lado, como muitos fazem, mas é preciso ficar de pé como sentinela sobre o povo. Haverá seu momento de graça. O mal é sempre passageiro; o bem, contudo, é eterno. O profeta é a trombeta, mas a voz é de Deus.
Basta-te minha graça
           O sofrimento dos profetas e anunciadores da Vontade de Deus é sentir que não são ouvidos. É a experiência de Paulo em seu ministério. Sofreu muita perseguição justamente por sua pregação aos pagãos, não se deixando levar pelos judaizantes. Estes queriam que os convertidos do paganismo vivessem como judeus. Isso era um espinho em sua carne. Eles lhe moviam constante perseguição. Era como um anjo de Satanás que o esbofeteasse. Nem a oração suplicante tira esse espinho. A resposta está nas palavras de Jesus a Paulo: “Basta-te minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2Cor 12,9). Na fraqueza, o grito de socorro será sempre ouvido, não como queremos, mas como Deus quer. Ele é sempre maior que nosso coração, e por isso compreende o que mais necessitamos. A missão do profeta é a mesma de Jesus e vai levá-lo pelos mesmos caminhos. Sentimos que nada vai em frente. Mas é Ele quem dá o querer e o agir.
Leituras: Ezequiel 2,2-5; Salmo 122; 2Cor,12,7-10; Marcos 6,1-6
Fichanº1768 - Homilia do 14º Domingo Comum (08.07.18)

      1. Na história do povo de Deus e da humanidade encontramos a recusa da Palavra
      2. Em lugar da recusa, somos chamados termos os olhos fixos no Senhor para saber sua vontade.
      3. O profeta que sente a recusa, deve perceber que sua força está na graça

Cabeça dura

           Conhecemos quanto são duros os ossos da cabeça. Mas dura mesmo é a cabeça de quem não quer ouvir a Palavra de Deus e pô-la em prática. Não adianta cortar a machado e por dentro as palavras. Já no Antigo Testamento encontramos as palavras de Deus: “A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou te enviar” (Ez 2,4). É a experiência que Jesus fez durante seu ministério entre seus conterrâneos e sua família (Mc 6,1-6). Essa recusa o segue durante todo seu ministério.
           Paulo passa pelo mesmo sofrimento da recusa a ponto de chamar isso de espinho na carne e demônio a esbofeteá-lo (2Cor 12,7). Para vencer esse sofrimento, Jesus lhe garante: “Basta-te minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta” (2Cor 12,9).
           Na sociedade de hoje há uma profunda recusa de tudo o que vem de Deus pela Igreja. Há também na Igreja um ateísmo religioso: procura-se o religioso, a devoção, mas sem compromisso com a Palavra de Deus. Ritualismo ainda não é fé.

nº 1767 Artigo - “O Homem que fazia”


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2061. Saber amar
              Falar da prata da casa pode ser deselegante, mas, como é para o conhecimento dos grandes homens da Igreja, vale a pena. Uma coisa impressiona é leitura dos autores muito antigos. Falam a mesma linguagem de hoje com muita profundidade. É o que chamamos de Tradição da fé e do conhecimento desta fé. A Igreja, ao longo dos séculos, teve homens e mulheres que foram capazes de mudar os rumos da sociedade. Por isso lembro nosso querido Beato Januário Maria Sarnelli que no século XVIII (1702-1744), realizou uma obra fantástica. Viveu pouco, mas intensamente para o bem dos outros. Nem a fragilidade de sua pessoa o impediu de fazer a cidade melhorar sua condição de vida. Não viveu só em questões sociais, mas fundamentava com uma literatura espiritual. Esse homem foi companheiro de Santo Afonso e, como ele, advogado, sacerdote e missionário. Esteve entre os primeiros da Congregação. Como advogado cristão tinha o compromisso de assistir doentes no Hospital dos Incuráveis, como seu amigo. Com ele e outros padres seculares se dedicava aos pobres da cidade, nas chamadas Capelas Vespertinas. Nápoles era uma cidade populosa, mas problemática. Dez da população estava na prostituição. Eram de trinta a quarenta mil prostitutas, espalhadas pela cidade, misturadas com as crianças, seus filhos. Foi missionário com Afonso e outros na grande missão das periferias de Nápoles. Ali conheceu mais ainda essa situação. Nessa missão pode se animar para entrar para a Congregação. Como a saúde era fraca, teve que sair de Scala e voltar para Nápoles onde continuou suas atividades.
2062. Trazendo soluções
              Januário Sarnelli, filho do Barão Sarnelli, era de família bem colocada. Apesar de ter saúde frágil trabalhava fortemente na solução dos problemas da sociedade. Quando lhe diziam de se curar e depois trabalhar, respondia que, se fosse parar, nunca iria fazer nada. Enfrentou em primeiro lugar as missões na periferia de Nápoles, dirigindo essa missão no lugar de Afonso que teve que se retirar. Depois enfrentou a questão da prostituição, conseguindo provocar leis das autoridades para a solução do problema que envolvia também a higiene, a moralidade e a educação das crianças num ambiente promíscuo. A prostituição foi isolada em uma área. Ajudava as que queriam sair da prostituição, cuidava das crianças numa educação preventiva. Não se limitou a esse problema, mas também na santificação da sociedade, implantando, por onde passava, a meditação diária, que era também preocupação de S. Afonso. Pregava missões e orientava. Trabalhou muito, tanto que temos dele, em treze anos, trinta obras publicadas, num total de quatro mil páginas.
2063. Cuidar da pessoa toda
            Beato Januário Sarnelli nos dá uma lição magnífica de evangelização: cuidar da pessoa como um todo. Nós vemos que trabalha no cuidado espiritual, mas ao lado está a organização política e social. Como deseja recuperar a mulher da prostituição, começa já com as meninas, dando-lhes condição de saírem de seu meio e crescerem com dignidade. Para a vida espiritual, não adiantava só pregar, mas ensina a meditação que é um meio de crescer e se fortalecer espiritualmente. Mesmo tendo que se afastar do grupo de Afonso para ficar em Nápoles, está cumpriu sua missão para com os abandonados de outro modo. Seu pai, o Barão de Sarnelli, deu a Afonso a área para construir o convento e a Igreja. Até hoje, esta casa continua a mesma missão. Ser santo tem que ser por inteiro.

nº 1766 - Homilia Sol. Pedro e Paulo (01.07.18)


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
Duas Oliveiras
Plantadas na casa do Senhor
No livro do Apocalipse encontramos a figura de duas testemunhas a quem chama de as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor. Elas serão perseguidas e terão seus cadáveres expostos, mas depois receberão o hálito de vida (Ap 11,3-11). Podemos ler nessas duas magníficas figuras, os apóstolos Pedro e Paulo. Anunciarão o Evangelho, mas também serão perseguidos e mortos. Contudo, permanecem vivos como mestres permanentes do povo de Deus. Paulo e Pedro são duas figuras diferentes como formação. Pedro, humilde pescador. Paulo doutor formado. Ambos zelosos pela fé judaica e convertidos ardentes ao Evangelho de Jesus. Jesus é o sentido de suas vidas. A Igreja, em seus primeiros momentos, viveu situações difíceis às quais deviam dar respostas que não estavam escritas nas “leis” que não existiam ainda. Tiveram que resolver na fé em Jesus e em seu modo de crer. Pedro, mesmo sendo muito aberto às novidades que surgiam, ainda era apegado às tradições. Paulo, mesmo sendo muito fiel, pelo contato com os povos pagãos e depois de ver o efeito da graça do Evangelho entre os pagãos, soube discernir a missão do povo hebreu aberta a todos os povos. Com isso houve, inclusive choques, entre Pedro e Paulo. Mas venceu o bom senso e a abertura ao Espírito Santo. Tivemos assim dois modos de ser cristão: Cristãos que continuavam seguindo a lei judaica, e cristãos que não a seguiam, por serem provenientes do paganismo. Paulo não aceitava que se impusesse a lei judaica aos pagãos. Ele era um judeu fiel, mas vivendo a liberdade em Cristo.
Uma Igreja de Pedro e Paulo
           A Igreja proveniente do judaísmo não teve longa duração. A Igreja proveniente dos gentios se desenvolveu e chegou até nós. Todos nos baseamos na fé proclamada por Pedro: “Tú és o Messias o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). E temos a mesma fé que Paulo também professou: “Guardei a fé” (2Tm 4,7). Vivemos atualmente na igreja duas tendências. Cada uma se coloca como a única opção. A única opção é a fé em Jesus que é o definidor de nossa posição. Normalmente queremos que todos pensem do mesmo modo, ou pior, que cada um aceite minhas opções pessoais. E, o que é pior, em assuntos tão secundários. Houve muito centralismo pelos séculos afora. O mundo não é mais o mesmo. O Evangelho continua o mesmo, pronto a se implantar em qualquer cultura, como nos ensina o Vaticano II. Pedro e Paulo não eram de fé diferente, mas, fundados na fé em Cristo, souberam implantar o evangelho na herança de Israel e nas nações (prefácio). Por isso os celebramos juntos para mostrar claramente que quem os une é Cristo. A Igreja tem que ter diferenças, fora do que é da fé, para não ficar acorrentada num só modo de pensar, numa só cultura, numa só filosofia, deixando de lado a sabedoria de Deus implantada no mundo pelo seu Espírito.
Aprendendo de Pedro e Paulo
           Que lição nós podemos tirar de tão querida festa, até popular, que mostra o carinho do povo cristão por tão grandes apóstolos. Eles foram fiéis até ao sangue a Cristo. Pedro foi crucificado e Paulo decapitado. Souberam se apoiar em Cristo. Eles têm a certeza de terem o Senhor a seu lado (2Tm 4,17). Foram batalhadores da evangelização não deixando passar o momento de evangelizar. Souberam ouvir o Espírito ao qual sempre acorriam: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15.28). Por estarem sempre unidos ao Espírito sabiam o que Ele dizia. O Espírito ilumina todo aquele que sinceramente busca Cristo e o bem dos irmãos. Com Paulo e Pedro, temos responsabilidade sobre a Igreja em sua missão.
Leituras: Atos dos Apóstolos 12,1-11; Salmo 33; 2 Timóteo 4,6-8.17-18; Mateus 16,13,-19
Fichanº1760–Homilia da S. Pedro e Paulo (01.07.18)
           1. Pedro e Paulo, homens diferentes, mas unidos no Espírito Santo.
           2. A Igreja soube crescer na diversidade.
           3. Na Igreja devemos ter abertura ao novo e ao diferente.
Bons de briga
           Celebrando os dois apóstolos, celebramos o povo de Deus que os venera e acolhe, mesmo sem conhecer suas vidas e realidade. O povo sabe alguns fatos mais ou menos cômicos de Pedro que se tornaram piada. Pedro é mais conhecido, pois é uma figura mais próxima do povo. Homem simples, trabalhador... não é diferente. Paulo, por outro lado é conhecido só porque caiu do cavalo, o que na verdade não aconteceu. Pedro é conhecido pelos fatos, e Paulo muito reconhecido, pelos que estudam, por suas cartas.
             Eram diferentes e tinham opiniões diferentes em pontos que, para a comunidade,eram centrais. Mas souberam buscar a orientação do Espírito Santo. Para chegar a isso, imaginemos quanto não tiveram que estar abertos. Só estamos abertos a Deus quando nos abrimos aos outros e temos a liberdade de ver o diferente.