sexta-feira, 20 de julho de 2018

nº 1767 Artigo - “O Homem que fazia”


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2061. Saber amar
              Falar da prata da casa pode ser deselegante, mas, como é para o conhecimento dos grandes homens da Igreja, vale a pena. Uma coisa impressiona é leitura dos autores muito antigos. Falam a mesma linguagem de hoje com muita profundidade. É o que chamamos de Tradição da fé e do conhecimento desta fé. A Igreja, ao longo dos séculos, teve homens e mulheres que foram capazes de mudar os rumos da sociedade. Por isso lembro nosso querido Beato Januário Maria Sarnelli que no século XVIII (1702-1744), realizou uma obra fantástica. Viveu pouco, mas intensamente para o bem dos outros. Nem a fragilidade de sua pessoa o impediu de fazer a cidade melhorar sua condição de vida. Não viveu só em questões sociais, mas fundamentava com uma literatura espiritual. Esse homem foi companheiro de Santo Afonso e, como ele, advogado, sacerdote e missionário. Esteve entre os primeiros da Congregação. Como advogado cristão tinha o compromisso de assistir doentes no Hospital dos Incuráveis, como seu amigo. Com ele e outros padres seculares se dedicava aos pobres da cidade, nas chamadas Capelas Vespertinas. Nápoles era uma cidade populosa, mas problemática. Dez da população estava na prostituição. Eram de trinta a quarenta mil prostitutas, espalhadas pela cidade, misturadas com as crianças, seus filhos. Foi missionário com Afonso e outros na grande missão das periferias de Nápoles. Ali conheceu mais ainda essa situação. Nessa missão pode se animar para entrar para a Congregação. Como a saúde era fraca, teve que sair de Scala e voltar para Nápoles onde continuou suas atividades.
2062. Trazendo soluções
              Januário Sarnelli, filho do Barão Sarnelli, era de família bem colocada. Apesar de ter saúde frágil trabalhava fortemente na solução dos problemas da sociedade. Quando lhe diziam de se curar e depois trabalhar, respondia que, se fosse parar, nunca iria fazer nada. Enfrentou em primeiro lugar as missões na periferia de Nápoles, dirigindo essa missão no lugar de Afonso que teve que se retirar. Depois enfrentou a questão da prostituição, conseguindo provocar leis das autoridades para a solução do problema que envolvia também a higiene, a moralidade e a educação das crianças num ambiente promíscuo. A prostituição foi isolada em uma área. Ajudava as que queriam sair da prostituição, cuidava das crianças numa educação preventiva. Não se limitou a esse problema, mas também na santificação da sociedade, implantando, por onde passava, a meditação diária, que era também preocupação de S. Afonso. Pregava missões e orientava. Trabalhou muito, tanto que temos dele, em treze anos, trinta obras publicadas, num total de quatro mil páginas.
2063. Cuidar da pessoa toda
            Beato Januário Sarnelli nos dá uma lição magnífica de evangelização: cuidar da pessoa como um todo. Nós vemos que trabalha no cuidado espiritual, mas ao lado está a organização política e social. Como deseja recuperar a mulher da prostituição, começa já com as meninas, dando-lhes condição de saírem de seu meio e crescerem com dignidade. Para a vida espiritual, não adiantava só pregar, mas ensina a meditação que é um meio de crescer e se fortalecer espiritualmente. Mesmo tendo que se afastar do grupo de Afonso para ficar em Nápoles, está cumpriu sua missão para com os abandonados de outro modo. Seu pai, o Barão de Sarnelli, deu a Afonso a área para construir o convento e a Igreja. Até hoje, esta casa continua a mesma missão. Ser santo tem que ser por inteiro.

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