segunda-feira, 27 de setembro de 2021

nº 2109 Artigo - Culto digno de S. José (11)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Culto bíblico 
Prestar culto a S. José é a resposta que damos diante dos personagens que Deus associa a Si e estão unidos ao culto Divino. Não há culto que não seja a Deus, por Cristo no Espírito, na intercessão de seus santos. Deus é adorável em seus santos. Os santos são todos os que Deus amou e que O amaram nos irmãos. O amor a Deus não é só de pensamento. Como a Salvação foi na pessoa do Filho, o culto se torna real quando segue a Palavra de Deus. Jesus é a última Palavra de Deus ao mundo. Ele deixou claro o que o Pai espera de todos nós. Todo culto tem o fundamento bíblico. José cumpriu o projeto de Deus de acolher o Filho Divino que germinava no seio de sua esposa assumida. Cultuar José é tomar suas atitudes de obediência à comunicação de Deus por meio dos sonhos. Sonho não se trata só de uma realidade incontrolável quando estamos fora do consciente. É o acolhimento à inspiração que Deus que o homem percebe quando sabe identificar Deus nas realidades da vida. Era assim que os patriarcas agiam. Mesmo nós, não estamos distantes desta realidade. Podemos, como José, ser dóceis às inspirações do Espírito Santo no dia a dia. Discernimos o bem e o seguimos. Lembramos os sonhos de José do Egito. Sabia discernir os caminhos de Deus nos caminhos dos homens. Sabia ler sua vida como um caminho de Deus para a salvação de sua família. S. José está entre os patriarcas, mas também entre os primeiros discípulos. Quanto não terá aprendido de sei menino Jesus! 
Culto da Igreja 
A realização do que se celebra uma das características muito importante da liturgia. As palavras anunciam e o rito atualiza. É a manifestação do único mistério de Cristo em suas mais diferentes situações. Por isso é importante que o culto conduza sempre a atualizar, não somente lembrar. A memória é atualizante. Referente a S. José há os momentos litúrgicos e os momentos devocionais que decorrem da liturgia. Temos a celebração de um mês voltado à sua celebração. Nas quartas-feiras temos um dia da semana para essa memória. A Igreja oferece dois dias de celebração festiva: dia 19 de março, e dia 1º de maio, dia do trabalhador. Já no século IV S. Helena construiu-lhe uma capela em Belém. Por poucas notícias percebemos que o culto a S. José segue a vida da Igreja, continuando, como é de seu estilo, silencioso e discreto. A liturgia apresenta as missas votivas que podem ser usadas nos tempos comuns, como uma opção devocional litúrgica. Aliás, nós nos tornamos muito dependentes dos livretos que nos tolhem a liberdade de usar das riquezas da liturgia, como o caso das missas votivas. 
Culto do coração 
Somos sempre convocados a seguir o exemplo de S. José. Não há muito interesse em seguir essa recomendação, pois ela nos leva a viver na humildade, no silêncio, naquele papel simples de servir. Ele se cabe tão bem em todos os lugares que nos esquecemos de sua presença. Somos tocados pelo orgulho. Até na vida de santidade, temos a tentação de sermos diferentes. O orgulho é uma raiz daninha. Nós, no seio da Igreja, sobretudo os “bons”, os santos, são diferentes dos outros. Raiz do orgulho! Aqui temos o fundamento para um culto digno: imitá-lo em seu em sua discrição e escondimento. Assim ele pode educar o Filho de Deus e servir a sua querida esposa e mãe de todos nós. A discrição nos mostra a maturidade: não preciso aparecer para ser. Quanto mais maduro eu sou mais simples eu sou. Isto é: Viver o mistério de Deus no próprio jeito de ser.

nº 2108 - Homilia do 26º Domingo Comum (26.09.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Força da Palavra” 
 O Espírito é para todos 
Celebramos o dia da Bíblia, dia da Palavra escrita que alimenta a Palavra anunciada e vivida. Profetizar não é só falar o futuro. Ser profeta como Jesus, é anunciar a Palavra de Deus. Mostrar os caminhos de Deus. Falar em nome de Deus é ter capacidade de ouvir e segurança de anunciar. Jesus e Moisés, porque eram cheios do Espírito Santo, sabiam dar espaço para que Deus continuasse falando. Quem é do Espírito ouve a voz do Espírito onde Ele fala. Notamos que há muito fechamento na Igreja em ouvir o que fala o Espírito. Estamos bloqueando a Palavra porque toca nossos interesses e exige conversão. A Palavra anunciada está sempre exigindo mudanças radicais. A abertura à Palavra é condição para a mudança. O que nasceu do Espírito é do Espírito que é como o vento que sopra onde quer... Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito (Jo 3,6.8). O mal que realizamos é opção pessoal e pode fazer muito mal aos outros, sobretudo aos humildes que Jesus chama de crianças; também a elas. Dizemos: sou livre, não admito censura. Certo! Mas quando prejudico as pessoas com meu mau procedimento ou ensinamento, eu devo suportar que me “tirem do ar”. Não é contra a liberdade. É respeito à liberdade do outro. Eu devo ser minha censura. Uma palavra ou atitude não boas ferem como balas. É mortífera. Podemos encontrar profetas cheios do Espírito Santo fora de nossos esquemas. Mas podemos encontrar falsos profetas entre os “bons” que só danificam. Melhor é jogar no fundo do mar, diz Jesus (Mc 9,42). A Palavra de Deus não tem dono. Seu dono é o Espírito Santo. 
Responsabilidade de ser Palavra viva 
São Tiago faz uma séria advertência aos que abusam e exploram os pobres. O mal não é ter os bens, mas não saber viver a Palavra no meio das riquezas. Quando alguém se enriquece, a primeira coisa que faz é não ter mais tempo para Deus. Quem não dá tempo a Deus, não vai dar valor ao homem que consome sua vida no trabalho e lhe é negado o direito ao pagamento justo. O pobre gritará ao Senhor e Ele o ouvirá. Ser Palavra viva é deixar que o Espírito coloque nossa vida no caminho da Palavra de Deus vivida no concreto da vida. Preferimos uma religião distante da realidade. Por isso quem vive a Palavra é perseguido. A Palavra transforma nossas atitudes. Tiago toca em situações que se perpetuam: acúmulo de riqueza desmedida. A riqueza, diz Tiago, não pode ser fruto da exploração dos operários: “O salário dos trabalhadores que ceifaram vossos campos, e vós deixastes de pagar, está gritando, e o clamor chegou aos ouvidos do Senhor” (Tg 5,4). O luxo não enriquece. O que nos faz ricos é dar um copo d’água a quem nos pede (Mc 9.41). Jesus diz: “Se não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem?”(Lc 16,11). 
Ajustando metas 
Jesus nos quer inteiros para Ele, pois só lhe damos pedaços. Nem o olho, nem o ouvido, nem os pés podem nos escandalizar, isto é, levar-nos ao mal. Não quer que nos mutilemos. Está dizendo que o pior escândalo, empecilho ao Reino de Deus vem de nós mesmos: de uma mão, de um pé e de um olho, isto é, das más ações, dos caminhos errados e do desejo de realidades más. Justamente aqui atua a conversão que atinge toda nossa vida. Se nos habituarmos em fazer o mal, poderemos preparar nossa ruína. Se buscarmos as boas ações, os bons caminhos e os bons projetos, construiremos o Reino de Deus e viveremos do Espírito que não é negado a ninguém. Celebrando o dia da Bíblia, tenhamos em nosso coração um lugar sagrado onde possamos guardar toda a semente da Palavra.
Leituras: Números 11,25-29; Salmo 18; 
Tiago 5,1-6; Marcos 9,38-43.45.47-48. 
Ficha nº 2108 
Homilia do 26º Domingo Comum(26.09.21) 
1. A abertura à Palavra é condição para a mudança. 
2. Ser Palavra viva é deixar que o Espírito coloque nossa vida no caminho da Palavra. 
3. Jesus nos quer inteiros para Ele, pois só lhe damos pedaços. 
Conta de água 
Jesus estava sempre preocupado com que ninguém sofresse nada. Por que ele fala tanto do pobre, do doente, do faminto, da criança? Seu ambiente era repleto desses sofredores. Se em nosso mundo são tantos, imaginemos. Então Jesus se preocupa com a gostosura de um copo d’água. Ele dá uma satisfação muito grande. Como Ele não pode atender um por um, faz de nós suas mãos, seus pés, seus olhos, sua boca e seu coração misericordioso. Assim ninguém vai sofrer. E com tanto copo d’água, vai subir a conta. Oxalá! Mas quando colocamos como ponto de partida o necessitado, as soluções fazem presentes.

nº 2107 Artigo - São José do Povo (11)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Padroeiro 
São José aparece nas Sagradas Escrituras, silencioso e discreto. Assim está presente na devoção do povo. No Brasil, cinco milhões e setecentas mil pessoas têm o nome de José. (Com o nome de Maria, há mais de onze milhões). Notamos que não há barulho com esse nome. O nome José entra de mansinho, torna-se nome de cidade, lojas e tantos outros. A discrição de José está também em sua presença na Igreja. Somente com S. João XXIII que S. José é citado na prece eucarística romana (13.11.62). Estendido depois às outras preces eucarísticas. Esse padroeiro está presente, mas no silêncio. Certamente as pessoas pouco sabem quem ele foi. Essas figuras monumentais que vivem na simplicidade, são realmente os grandes porque são capazes de perceber os outros. Quem se humilha, diz Jesus, será exaltado (Lc 1411). Deus o exalta sem que seja necessário tirar sua condição de humilde servidor. Quem sabe fosse esta a formação que José dava ao garoto Jesus, pois a tendência a aparecer é dominante nas pessoas. Jesus mantém também essa simplicidade de não buscar aparecer, tanto que, muitas vezes, faz os milagres e manda que não faça publicidade, pois não fazia bonito para aparecer. Vendo as atitudes de Jesus podemos ler o que aprendeu dentro de casa. A Encarnação leva em conta também essas condições. É um exemplo para a Igreja quando busca mais aparecer do que fazer. Nossas atitudes eclesiásticas têm muito dessa mania de querer aparecer por roupas, títulos e poder. Que ganhamos com isso? Pura fumaça. Não era esse o sonho de José.
Participante 
O que tenho visto na vida da Igreja, nas comunidades e na vida religiosa um grande amor e respeito por S. José. Sempre há uma bela capela, uma bela imagem, uma presença querida. As comunidades, quando têm dificuldades financeiras apelam para S. José. Aí se queimam as velas. Dá-se a impressão que é dada a ele responsabilidade de não faltar o sustento. Sabemos que sempre se gasta muito.. É um socorro providente. Mas ainda é bastante silenciosa sua presença. Não mudou seu jeito de ser. Está presente, sempre com o Menino e o lírio. Esse lírio, que, de acordo com o evangelho apócrifo de Tiago, tem outro significado. José seria um viúvo, com filhos, que entrou como um dos pretendentes à jovem Maria, que vivia no templo. Cada um trazia seu bastão e deixava diante de Deus. O que florescesse, seria o escolhido de Deus. Isso não existiu. José era jovem. Deus crê no jovem. O escritor quis fazer uma adaptação do livro dos Números para a escolha de Aarão, como sacerdote (Nm 17,16-26). É o reconhecimento que José é o escolhido de Deus. Os fiéis têm também (agora menos) a devoção a S. José para ter uma boa morte, com os santos sacramentos. Contam-se muitos fatos maravilhosos dessa graça. 
Servo fiel 
São José, justo em todos os seus caminhos, acolhe Maria como esposa. Sua fidelidade a Deus o levou a querer romper do prometido casamento. Com isso manifestou sua a fidelidade a Deus. Ele era justo e aquilo estava errado. A partir da mensagem de Deus: “Não temas receber Maria como esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 2,20). A partir daí, foi fiel servidor de Maria e doe Jesus. Nós o vimos assumindo completamente a missão de esposo e de pai. Por que desaparece na vida pública de Jesus? Seu evangelho vivido já era conhecido e não haveria necessidade de citá-lo. O povo o conhecia e sabia de sua grandeza.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

nº 2106 - Homilia do 25º Domingo Comum (19.09.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Maior é o que serve”
 Acolhendo os pequenos 
Jesus desconstrói aquilo que pode danificar a pureza de seu ensinamento. Surpreende os discípulos em suas pretensões, pois estavam ainda na visão de um reino messiânico igual aos outros. Já estavam escolhendo os lugares para definir quem é o maior. No momento em que Jesus instruía, justamente sobre o que iria acontecer com Ele, revelando sua condição de Messias sofredor, eles falam a linguagem do poder. Jesus, contudo, fala a linguagem da humildade e do serviço: “Se alguém quer ser o primeiro, que seja aquele que serve a todos” (Mc 9,35). Isso é comum na Igreja. Falamos uma língua e Jesus outra. O Evangelho não nos penetra. Por isso perdemos a consistência de fidelidade a Cristo. Colocando-se como o menor que serve a todos, convida a que descubram a sabedoria de serem os servidores de todos: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último e aquele que serve a todos” (Mc 9,35). Por essa palavra Jesus está dando o sentido de seu sofrimento e morte. Ele se faz o menor, mais abatido, e por isso é o Senhor. Ser o maior é servir os pequeninos. Acolher os pequenos por causa de Jesus é acolhê-Lo. Mais ainda, quem recebe Jesus, recebe Aquele que O enviou, o Pai. Jesus Se preocupa muito com os sofredores e pequeninos. E dá isso como missão da Igreja que continua sua vida e missão. Insistimos em cuidar de quem não precisa. E esses não continuam voltados para si e para o poder no mundo. Se pensássemos como Jesus, a Igreja seria diferente. O testemunho que damos não convence. Dizemos uma coisa e fazemos outra. 
Nascente das maldades 
Quando não seguimos os passos de Jesus na vida cristã, acontecem os males. Tiago diz que as guerras e lutas entre as pessoas nascem do coração onde guerreiam nossos prazeres, nascem da cobiça e da avidez. Até nossa oração perde a eficácia porque queremos receber de Deus para gastar com nossos interesses mesquinhos. Podemos nos lembrar que nossas orações são sempre para coisas materiais ou simplesmente humanas. Tiago diz: “vossos prazeres”. Oração não é o diálogo com Deus, e não pensamos no bem dos outros quando nos dirigimos a Deus. Diferentemente acontece com a sabedoria que é “pacífica, indulgente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, isenta de parcialidade e de hipocrisia” (Tg 3,17). O coração pacificado pelo serviço fraterno aos frágeis produz um fruto de justiça semeado por quem promove a paz. O mal põe raízes profundas que escravizam e geram sempre maiores maldades. Por isso, Tiago aconselha a buscar a sabedoria que vem do alto, aquela que vivia Jesus: fazer a vontade do Pai que é a salvação de todos. A oração de Jesus se dirigia ao Pai no profundo agradecimento e reconhecimento da presença Divina em sua vida. A oração O colocava sempre no caminho da vontade do Pai (Mc 14,36). 
O injusto e o justo 
Jesus anuncia aos discípulos seu caminho de Paixão (Mc 9,31). Esse momento, sem explicação humana, corresponde ao que o livro da Sabedoria fala sobre o justo e o injusto. A presença do justo, o santo, provoca a consciência das pessoas que querem abafar o mal que possuem. Assim se dá a perseguição ao Filho de Deus. Essas palavras são repetidas pelos judeus quando Jesus está na Cruz: “Se Tu és o Filho de Deus, desce da cruz” (Mt 27,40). O justo confia em Deus e não cobra milagres. Deixa que se cumpra a vontade do Pai. Não pede milagre, mas confia. Não vivemos de milagres. Só o amor pode mudar o coração humano. 
Leituras:Sabedoria2,12.17-20;Salmo53;
Tiago 2,30-37; Marcos 9,30-37. 
Ficha nº 2106
Homilia do 25º Domingo Comum(19.09.21) 
1. Se pensássemos como Jesus, a Igreja seria diferente. 
2. O coração pacificado pelo serviço fraterno produz um fruto de justiça. 
3. O justo confia em Deus e não cobra milagres. 
Escolinha de Jesus 
Jesus instruía os discípulos a partir de situações que eles próprios criavam. Hoje temos o caso da instrução de Jesus sobre a base de toda a vida que nos transmitia. Eles discutiam sobre o poder e Jesus fala da força do poder que tem o serviço, sobretudo, aos pequenos. Assim, vemos em Jesus que nos dá a maior lição de amor quando se entrega na Cruz. Ali foi o máximo do serviço e o máximo do poder. O serviço tem poder de levar todos a servirem com maior vigor para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).

sábado, 11 de setembro de 2021

nº 2105 Artigo - Conhecendo S. José (10)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Patriarca 
Ao escrever sobre S. José, sinto o quão pouco conheço de sua pessoa. É o grande risco que temos de passar por cima dos assuntos sem procurar penetrar sua realidade. Ao menos conhecer o que dele disseram. Vemos no livro de oração da Igreja, o Ofício Divino, que o oficio das leituras é de um sermão de S. Bernardino de Semana (séc. XV). A liturgia da Missa e do Oficio nos dão o que a Igreja pensa de S. José. A posição de José na História da Salvação está um tanto vaga, ou por não haver necessidade, porque estava clara ou porque não se sente necessidade de uma busca mais aprofundada dessa pessoa fundamental na infância de Jesus, ao lado de Maria. Um primeiro elemento que pode nos iluminar é o termo “patriarca”. Está na linha dos patriarcas do Antigo Testamento. Recebeu uma missão e recebe as comunicações de Deus como os patriarcas: “José é o último patriarca bíblico que recebeu o dom dos sonhos”. Tem-se a impressão que cada patriarca resume em si, tanto as promessas de Deus como a resposta humana. Guiava-se por Deus. Diz a Carta aos Hebreus que “eles caminhavam como se vissem o invisível” (Hb 11,27). Eram sempre pais de um povo, condutores e canais de encontro com Deus. Eram instrumentos nas mãos de Deus e por outro lado estavam diante de Deus pelo seu povo. Deus conduzia o povo na segurança da fé e na resposta obediente. Vemos Abraão. Ordens concisas que resumiam uma vida. Em Jesus se completa essa missão. José faz a passagem... 
Justo de Deus 
No Evangelho da infância, ao falar do momento da decisão tão difícil, o evangelista vê nele um homem justo que vai levar avante a missão do Filho de Deus. Não é possível ver Jesus só como o Salvador glorificado. Mas há todo um caminho. Ele passa por um homem a quem Deus confiou seu Filho. Lemos no prefácio da missa: “Sendo ele um homem Justo, vós o destes por esposo à Virgem Mãe, e, servo fiel e prudente, o fizestes chefe da vossa família para que guardasse como Pai, o vosso Filho único, concebido do Espírito Santo. Vemos assim como a História da Salvação se repete e se realiza de acordo com cada etapa, através de homens e mulheres justos. O termo justo é riquíssimo, mas simplíssimo também. Como a Encarnação foi o orvalho sobre a terra. Sereno e completo. O termo “justo” se refere a Deus. Não tem o sentido da justiça aplicada aos outros, mas da justiça que é um dos atributos de Deus. Deus escolhe homens justos que têm essa opção por Ele como Justiça, diríamos: Santidade. Só um justo, mesmo sendo jovem, como é seu caso, tem as condições de realizar os planos de Deus. Deus não tem medo do jovem. Eles também podem ser instrumentos de Deus na salvação. E são. 
José, Pai! 
A paternidade de José está também na linha da descendência de Davi. A Mãe dava a raça e o pai assumia a paternidade de Deus. O prometido Messias seria da família de Davi. Por isso é chamado de Filho de Davi: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). Lembramos: “O evangelho o apresenta como uma figura fundamental no desígnio do amor do Pai, com uma função de ser sinal privilegiado da paternidade de Deus” (Missal Dominical. Ed.Paulinas). José será conhecido como o pai de Jesus. Não porque não soubessem, mas assim era apresentado por Deus: “Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo” (Id 17).

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

nº 2104 - Homilia do 24° Domingo Comum (12.09.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Perder pelo evangelho é ganhar!” 
 Uma fé que salva 
Pedro fez a profissão de fé. Fé é um dom de Deus, como lemos em Mateus: “Não foi carne ou sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos Céus” (Mt 16,17). Crer significa aceitar Jesus como Homem-Deus. Ele se encarnou, morreu por nós e ressuscitou. Exige fé. Por isso, os outros acreditavam que Jesus fosse uma personagem do passado que voltara. Jesus pergunta a opinião do povo. Os discípulos dizem: “Uns dizem que Tu és João Batista (já morrera). Outros, que és Elias (Fora levado ao Céu e agora voltara). Outros ainda que és um dos profetas, também mortos”. “E vós, quem dizeis que Eu sou? Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias’” (Mc 8,27-28). A proclamação de Pedro o coloca no caminho de Jesus. Por isso, a seguir, Jesus lhes mostra o que iria acontecer com Ele que é o sofredor, como o Servo (Is 50, 5-9ª). O profeta Isaias, em seu cântico sobre o Servo, mostra os sofrimentos do Servo. E relata também sua profunda união a Deus que lhe dá força: “Ao meu lado está quem me justifica” (Is. 50,8). A fé assume também essa condição de Servo sofredor e participa com Ele de seus sofrimentos, como nos disse Paulo: “Justiça que vem de Deus na base da fé. Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força de sua Ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornar-me semelhante a Ele em sua morte para ver se alcança a ressurreição de entre os mortos” (Fl 3,9-10). Jesus foi recusado por não corresponder a uma fé criada pelos homens. Ele que viveu a condição humana, tem condições de acolher o coração humano em sua fragilidade. É nessa condição que obtemos a salvação e a construímos. É um ganho sofrer com Jesus. 
Um dom de obediência 
A obediência é estar atento ao projeto de Deus. Abre para compreender e defender contra a tendência de recuar, mesmo nos momentos de duro sofrimento por estar no exercício da vontade de Deus. Assim o fez Jesus. Rezamos no salmo: “Nosso Deus é amor compaixão”. O salmo coloca a situação do fiel que esteve no fundo do poço quando tudo parecia ter chegado ao fim. Mas Deus o libertou. Deus salva os humildes sofredores humilhados. São sempre os pobres que chegam ao fim das forças. Grande mal é não saber viver essa situação como o caminho de Jesus. Quem rejeita e põe obstáculo a esse caminho é um satanás, que quer dizer, aquele que divide. Pedro queria desviar Jesus de seu caminho de fidelidade ao Pai: “Arreda-te de mim, satanás, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens” (Mc 8,33). O dom da obediência une o cristão ao caminho redentor de Jesus. É complicado ver Jesus dando aquele “pito” em Pedro. Falou demais. 
A fé que se mostra na caridade 
São Tiago enfrentou a interpretação errada sobre Paulo que diz que só a fé salva. Lutero ensina que não precisamos fazer mais nada. Tiago Afirma: “A fé, se não tiver obras, será morta em seu isolamento” (Tg 2,14-18). Certamente já havia discussão sobre isso. Mas Paulo ensina que a fé deve “agir na caridade” (Gl 5,6). Jesus realizou a verdade da fé na caridade. Mostrou que sua missão, de extrema caridade, passava pela morte e ressurreição que foram o sumo da fé expresso na caridade de sua doação. Para seguir Jesus, cada cristão deve deixar muitas coisas para ter tudo, isto é, salvar sua vida (Mc 8,35). Cristo manifestou sua caridade e sua entrega total, para dar a vida. Quem quiser tudo, tem que deixar tudo. Paulo afirma: Em nada me glorio, a não ser, da cruz de Cristo. Grande prova do amor. 
Leituras: Isaias 50,5-9b;Salmo114;
Tiago 2,14-18; Marcos 8,27-35. 
Ficha nº 2104 
Homilia do 24° Domingo Comum(12.09.21) 
1. Jesus foi recusado por não corresponder a uma fé criada pelos homens.
2. O dom da obediência une o cristão ao caminho redentor de Jesus. 
3. Cristo manifestou sua caridade e sua entrega total ao dar a vida por nós. 
Vazando da Cruz 
Temos o costume de usar o termo vazar quando queremos explicar que vamos saindo de mansinho. A Cruz sempre nos assusta. E fazemos o possível para tirar todos os sinais de cruz em nossa vida. Uma das piores pragas da espiritualidade atual é esconder a cruz, fugir da cruz, não aceitar e dizer que não sabemos rezar, por isso temos esses problemas. O verdadeiro santo não tem problema. Vamos ver na vida deles como é que anda isso. Muitos tiveram problemas imensos, souberam sobreviver porque se uniram à cruz de Jesus. A leitura do Evangelho disse claramente: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,35). Então, podemos estar longe da espiritualidade, quando estamos longe da cruz. Não é choradeira, mas é dor mesmo. Sem isso não tem Céu.

nº 2103 Artigo - “José, Pai intercessor” (9)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Imitar com amor 
Chegamos ao final da carta apostólica “Patris Corde” do Papa Francisco, uma comemoração dos 150 anos da declaração de Pio IX declarando S. José Patrono da Igreja Universal. Foi um momento feliz de procurarmos acolher um ensinamento profundo em sua realidade, fácil na sua compreensão e, melhor ainda, propício para aumentar nosso amor ao Santo Patriarca, José. E diz a finalidade da carta: “O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo”. Três motivos de sua carta: aumentar o amor, implorar sua intercessão e imitar suas virtudes e desvelo. A missão de S. José é “interceder por nós diante de Deus, como fizeram os patriarcas Abraão, Moisés e como faz Jesus “único mediador” (1Tm 2,5), que junto do Pai é nosso “Advogado” (1Jo 2,1), “vive para sempre a interceder por nós” (Hb 7,25). “Os santos ajudam os fiéis a “tender à perfeição do próprio estado” (LG 42). Jesus diz igualmente: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Sua intercessão e a imitação, que podemos fazer, são o caminho dessa espiritualidade. Normalmente queremos líderes falantes e eloqüentes. José é silencioso. Age sem precisar aparecer. Poderia ter passado despercebido, mas é eloquente no serviço. Em tão grande posição, tem tão grande simplicidade. Vivemos num mundo e numa Igreja onde o desfile e a posição em destaque parecem ser uma necessidade. 
Imitação de José 
Paulo diz: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1Cor 11,1). Imitar Cristo vai além de fazer as mesmas coisas ou ter o mesmo pensamento. Leva-nos a buscar também a união espiritual a ponto de podermos dizer como Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e se entregou por mim” (Gal 2,20). Diz o comentário (Bíblia de Jerusalém”): “Cristo torna-se, de certo modo, o sujeito de todas a ações vitais do cristão”. José não toma posse de nosso interior, mas nossas ações se unem num só conhecimento de Jesus. Imitar José, como ele imitava Jesus, sem deixar de ser seu pai e educá-Lo. Havia uma união de mútua imitação. Ele imitava Jesus em sua abertura ao Pai: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai” (Lc 2,49). José aprendia o amor de Jesus ao Pai e Jesus aprendia dele, ser o homem que Deus queria para salvar a humanidade. Jesus era um retrato de José. Podemos afirmar que, quem via Jesus, identificava seu pai. Por isso, falam tanto que era filho de José. Jesus dizia: “Quem me vê, vê o Pai” Vê também o pai da terra. 
Rezamos com o Papa 
“Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão. Dirijamos-lhe nossa oração: Salve guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,e defendei-nos do mal. Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, 8 de dezembro do ano de 2020, oitavo do meu pontificado”. Francisco 
Assim podemos concluir essa leitura refletida do ensinamento do Papa sobre S. José.

domingo, 5 de setembro de 2021

nº 2102 - Homilia do 23º Domingo Comum (05.09.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Criai ânimo!”
 Abre-te! 
Os milagres de Jesus despertam vida. E nós temos tantos bloqueios. O profeta anunciou essa mudança que atinge o ser humano por completo: ver, ouvir, falar, caminhar. Também a terra viverá: “A terra árida se transformará em lago e a região sedenta, em fontes de água” (Is 35 7ª). É o projeto da Ressurreição de Jesus: renovar o universo: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Em sua misericórdia quer renovar o homem todo. Esse milagre é um projeto de vida, não somente para o feliz homem que foi liberado de seu mal. Jesus transmite a ele sua intimidade, seu interior, tocando-o com sua saliva. A palavra tem sua fonte no interior do homem. A saliva era tida como a semente da palavra. Abrir-se, falar e ouvir estão intimamente ligados à palavra ouvida e palavra anunciada. Não contar milagre a ninguém não é mais que um desejo de Jesus que ficássemos na finalidade do milagre e não fizéssemos Dele um curadeiro maravilhoso, o que o identificava com o conceito errado de Messias que possuíam. Sua meta é maior: é o anúncio do Reino que transformará todas as coisas. Por isso o termo “Effetah” corresponde ao resultado da aceitação do Reino. Nesse Reino experimentamos a transformação daquele que crê em Jesus: Ouve a Palavra de Deus, vai em missão e anuncia com vigor de ação. É também continuação de sua missão. Continuamos sua presença e missão. No salmo lemos o resultado dessa missão que é o cuidado com os mais necessitados. Abrir as mãos para que todos tenham a vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). 
Jesus não faz distinção 
Os milagres de Jesus correspondem às expectativas de tempos novos, semelhantes aos tempos do Êxodo e da volta do Exílio. O povo, diante dos milagres, dizia: “Ele tem feito bem todas as coisas: Faz os mudos falarem e os surdos ouvirem”. É anúncio que chegaram os tempos messiânicos. Vivemos estes tempos. A carta de S. Tiago ensina a tomar atitudes novas a partir da fé em Jesus. Esse santo homem de Deus, estimado pela comunidade, tem uma linguagem forte e prática: “A fé que tendes em Jesus não deve admitir acepção de pessoas” (Tg 2,1). Era um problema que existia e ainda existe. O respeito se deve a todos. Convoca a tratar todos de modo igual, e não fazer distinção de pessoa privilegiando os ricos e poderosos. Deus não faz acepção de pessoas. Tratar com respeito a todos é a inteligência espiritual. Essa mudança de atitude será real quando nos deixarmos curar por Jesus. Jesus curou um surdo mudo. Abre os ouvidos para ouvir a Palavra e a boca para anunciá-la. Está a significar que Jesus cura pela Palavra anunciada. A fé tem uma força curativa. Cura as atitudes. As ditas missas de cura são muito apreciadas. É preciso também curar nossas atitudes. 
Vida que transforma 
A fé em Jesus não é a crença em uma série de verdades. Mas é uma vida nova que transforma nosso modo de ser e viver entre as pessoas. É sinal que tempos novos estão chegando. O gesto de Jesus de tocar o surdo mudo é usado no rito do batismo no qual o celebrante, dizendo effeta, toca os ouvidos e a boca do batizando diz: “O Senhor que fez os surdos ouvirem e os mudos falarem, te concedas que possas logo ouvir a sua palavra e professar a fé para o louvor e glória de Deus Pai”. Abre assim um projeto de vida para o novo cristão. Jesus quer que seu gesto se repita: direito de ouvir e falar. 
Leituras: Isaías 35,4-7ª; Salmo 145; 
Tiago 2,1-5; Marcos 7,31-37. 
Ficha nº 2102
Homilia do 23º Domingo Comum(05.09.21) 
1. Esse milagre para o surdo mudo se torna um projeto de vida para nós.
2. A carta de S. Tiago ensina a tomar atitudes novas a partir da fé em Jesus. 
3. Jesus quer que seu gesto se repita: direito de ouvir e falar. 
Não existe cala boca 
Jesus curou muitos doentes e gostava de ouvir os mudos falando, cegos vendo e surdos ouvindo. Sem falar dos estropiados. Parece que Ele gostava que ninguém ficasse com alguma parte sem condição de uso. Que bom! Quer dizer que ouvir de tudo, falar o que quer e ver tudo o que passa pela frente, não era problema para Jesus. Certamente o bom uso desses sentidos era muito agradável e servia para levar adiante o Reino de Deus. O testemunho de vida não era esquecido. O Reino de Deus é simbolizado por esses milagres. Jesus usa de tudo para implantá-lo no mundo. Quando enviou seus apóstolos mandou que curassem as pessoas. A glória de Deus é o homem vivo, diz S. Anselmo. Deus usa todos os nossos sentidos para amá-lo.

nº 2101 Artigo - José, Pai na Sombra (8)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Paternidade de José 
O Papa Francisco continua sua reflexão sobre São José na comemoração dos 150 anos da declaração de seu padroado sobre a Igreja. Precisamos desse homem escolhido por Deus para estar com Maria e Jesus no início da História da Salvação. Deus quis assim e dá um ensinamento preciso. Quando Deus se manifesta, comunica muito de sua natureza. O Papa da obra do autor polonês J. Dobraczynki, “A Sombra do Pai”, um pensamento sobre a missão de José. Lembramos que no Êxodo, Deus estava diante do povo durante o dia como coluna de nuvens e coluna de fogo durante a noite (Ex 13,21-22). Lembramos que coluna de nuvem significa a presença protetora de Deus. A paternidade de José era, para Jesus, como a sombra do Pai celeste: “Guarda-O, protege-o, segue os seus passos sem nunca se afastar d’Ele”. Jesus continuava sempre na sombra do Pai. “Essa era a paternidade que José exerceu durante toda sua vida”. O Papa lembra o que sempre dizemos: “Pai é quem cria e não quem gera”. José assume a responsabilidade pela vida de Jesus e de Maria, como esposo. “Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido, exercita a paternidade a seu respeito”. A imagem da sombra é muito forte quando lembrando que ela não ocupa espaço e assume o espaço como lugar de fazer o bem. As crianças sempre se encostam ao pai, no sentido de estarem seguras. Para Jesus, José era a imagem do Pai celeste, pois fazia como Ele faz. Jesus cresceu, como homem, no conhecimento do Pai, a partir da imagem de José. 
Ensina a ser pai 
Paulo, diz o Papa, evoca sobre si a condição de Pai diante das comunidades, pois as gerou na fé (1Co 4,15). José gerou Jesus no amor de Pai. Acaba por ser uma expressão clara do ser do Pai. Aí que Jesus teve em si também essa noção de ser pai de criancinhas espirituais. Vemos na Santa Ceia como chama os discípulos de filhinhos: “Filhinhos, por pouco tempo estou convosco”(Jo 13,33). Como pai amoroso não toma posse, mas promove. José é casto porque tem o amor verdadeiro. Não ser dono, mas promover a vida, deixando livre para assumir a própria missão. José é sombra... Faz o bem. Por isso ele age discretamente, pois era presença que fazia bem. Não fez falta para Jesus e Maria. Ele os libertou de si próprio. É como o pai que solta a mão da criança porque ela já pode andar. Vemos como Jesus leva adiante a formação de seus discípulos. Formou-os para a liberdade. É a escola de José. A devoção deve levar em conta a condição humana desse homem que o fez o maior santo da Igreja. Foi capaz de ensinar Jesus a amar seu Pai do Céu e exercer, em relação aos apóstolos, a mesma paternidade libertadora e educadora. Quando Jesus diz: “Ide por todo mundo” (Mc 16,15), está confiado na formação que lhes deu. 
Lógica do dom 
O Papa anota a personalidade de José: “A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança”. A vocação não conduz a um sacrifício doloroso, mas, toda a verdadeira vocação nasce do dom de si, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, se requer este gênero de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração.