domingo, 5 de setembro de 2021

nº 2101 Artigo - José, Pai na Sombra (8)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Paternidade de José 
O Papa Francisco continua sua reflexão sobre São José na comemoração dos 150 anos da declaração de seu padroado sobre a Igreja. Precisamos desse homem escolhido por Deus para estar com Maria e Jesus no início da História da Salvação. Deus quis assim e dá um ensinamento preciso. Quando Deus se manifesta, comunica muito de sua natureza. O Papa da obra do autor polonês J. Dobraczynki, “A Sombra do Pai”, um pensamento sobre a missão de José. Lembramos que no Êxodo, Deus estava diante do povo durante o dia como coluna de nuvens e coluna de fogo durante a noite (Ex 13,21-22). Lembramos que coluna de nuvem significa a presença protetora de Deus. A paternidade de José era, para Jesus, como a sombra do Pai celeste: “Guarda-O, protege-o, segue os seus passos sem nunca se afastar d’Ele”. Jesus continuava sempre na sombra do Pai. “Essa era a paternidade que José exerceu durante toda sua vida”. O Papa lembra o que sempre dizemos: “Pai é quem cria e não quem gera”. José assume a responsabilidade pela vida de Jesus e de Maria, como esposo. “Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido, exercita a paternidade a seu respeito”. A imagem da sombra é muito forte quando lembrando que ela não ocupa espaço e assume o espaço como lugar de fazer o bem. As crianças sempre se encostam ao pai, no sentido de estarem seguras. Para Jesus, José era a imagem do Pai celeste, pois fazia como Ele faz. Jesus cresceu, como homem, no conhecimento do Pai, a partir da imagem de José. 
Ensina a ser pai 
Paulo, diz o Papa, evoca sobre si a condição de Pai diante das comunidades, pois as gerou na fé (1Co 4,15). José gerou Jesus no amor de Pai. Acaba por ser uma expressão clara do ser do Pai. Aí que Jesus teve em si também essa noção de ser pai de criancinhas espirituais. Vemos na Santa Ceia como chama os discípulos de filhinhos: “Filhinhos, por pouco tempo estou convosco”(Jo 13,33). Como pai amoroso não toma posse, mas promove. José é casto porque tem o amor verdadeiro. Não ser dono, mas promover a vida, deixando livre para assumir a própria missão. José é sombra... Faz o bem. Por isso ele age discretamente, pois era presença que fazia bem. Não fez falta para Jesus e Maria. Ele os libertou de si próprio. É como o pai que solta a mão da criança porque ela já pode andar. Vemos como Jesus leva adiante a formação de seus discípulos. Formou-os para a liberdade. É a escola de José. A devoção deve levar em conta a condição humana desse homem que o fez o maior santo da Igreja. Foi capaz de ensinar Jesus a amar seu Pai do Céu e exercer, em relação aos apóstolos, a mesma paternidade libertadora e educadora. Quando Jesus diz: “Ide por todo mundo” (Mc 16,15), está confiado na formação que lhes deu. 
Lógica do dom 
O Papa anota a personalidade de José: “A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança”. A vocação não conduz a um sacrifício doloroso, mas, toda a verdadeira vocação nasce do dom de si, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, se requer este gênero de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração.

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