domingo, 5 de setembro de 2021

nº 2102 - Homilia do 23º Domingo Comum (05.09.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Criai ânimo!”
 Abre-te! 
Os milagres de Jesus despertam vida. E nós temos tantos bloqueios. O profeta anunciou essa mudança que atinge o ser humano por completo: ver, ouvir, falar, caminhar. Também a terra viverá: “A terra árida se transformará em lago e a região sedenta, em fontes de água” (Is 35 7ª). É o projeto da Ressurreição de Jesus: renovar o universo: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Em sua misericórdia quer renovar o homem todo. Esse milagre é um projeto de vida, não somente para o feliz homem que foi liberado de seu mal. Jesus transmite a ele sua intimidade, seu interior, tocando-o com sua saliva. A palavra tem sua fonte no interior do homem. A saliva era tida como a semente da palavra. Abrir-se, falar e ouvir estão intimamente ligados à palavra ouvida e palavra anunciada. Não contar milagre a ninguém não é mais que um desejo de Jesus que ficássemos na finalidade do milagre e não fizéssemos Dele um curadeiro maravilhoso, o que o identificava com o conceito errado de Messias que possuíam. Sua meta é maior: é o anúncio do Reino que transformará todas as coisas. Por isso o termo “Effetah” corresponde ao resultado da aceitação do Reino. Nesse Reino experimentamos a transformação daquele que crê em Jesus: Ouve a Palavra de Deus, vai em missão e anuncia com vigor de ação. É também continuação de sua missão. Continuamos sua presença e missão. No salmo lemos o resultado dessa missão que é o cuidado com os mais necessitados. Abrir as mãos para que todos tenham a vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). 
Jesus não faz distinção 
Os milagres de Jesus correspondem às expectativas de tempos novos, semelhantes aos tempos do Êxodo e da volta do Exílio. O povo, diante dos milagres, dizia: “Ele tem feito bem todas as coisas: Faz os mudos falarem e os surdos ouvirem”. É anúncio que chegaram os tempos messiânicos. Vivemos estes tempos. A carta de S. Tiago ensina a tomar atitudes novas a partir da fé em Jesus. Esse santo homem de Deus, estimado pela comunidade, tem uma linguagem forte e prática: “A fé que tendes em Jesus não deve admitir acepção de pessoas” (Tg 2,1). Era um problema que existia e ainda existe. O respeito se deve a todos. Convoca a tratar todos de modo igual, e não fazer distinção de pessoa privilegiando os ricos e poderosos. Deus não faz acepção de pessoas. Tratar com respeito a todos é a inteligência espiritual. Essa mudança de atitude será real quando nos deixarmos curar por Jesus. Jesus curou um surdo mudo. Abre os ouvidos para ouvir a Palavra e a boca para anunciá-la. Está a significar que Jesus cura pela Palavra anunciada. A fé tem uma força curativa. Cura as atitudes. As ditas missas de cura são muito apreciadas. É preciso também curar nossas atitudes. 
Vida que transforma 
A fé em Jesus não é a crença em uma série de verdades. Mas é uma vida nova que transforma nosso modo de ser e viver entre as pessoas. É sinal que tempos novos estão chegando. O gesto de Jesus de tocar o surdo mudo é usado no rito do batismo no qual o celebrante, dizendo effeta, toca os ouvidos e a boca do batizando diz: “O Senhor que fez os surdos ouvirem e os mudos falarem, te concedas que possas logo ouvir a sua palavra e professar a fé para o louvor e glória de Deus Pai”. Abre assim um projeto de vida para o novo cristão. Jesus quer que seu gesto se repita: direito de ouvir e falar. 
Leituras: Isaías 35,4-7ª; Salmo 145; 
Tiago 2,1-5; Marcos 7,31-37. 
Ficha nº 2102
Homilia do 23º Domingo Comum(05.09.21) 
1. Esse milagre para o surdo mudo se torna um projeto de vida para nós.
2. A carta de S. Tiago ensina a tomar atitudes novas a partir da fé em Jesus. 
3. Jesus quer que seu gesto se repita: direito de ouvir e falar. 
Não existe cala boca 
Jesus curou muitos doentes e gostava de ouvir os mudos falando, cegos vendo e surdos ouvindo. Sem falar dos estropiados. Parece que Ele gostava que ninguém ficasse com alguma parte sem condição de uso. Que bom! Quer dizer que ouvir de tudo, falar o que quer e ver tudo o que passa pela frente, não era problema para Jesus. Certamente o bom uso desses sentidos era muito agradável e servia para levar adiante o Reino de Deus. O testemunho de vida não era esquecido. O Reino de Deus é simbolizado por esses milagres. Jesus usa de tudo para implantá-lo no mundo. Quando enviou seus apóstolos mandou que curassem as pessoas. A glória de Deus é o homem vivo, diz S. Anselmo. Deus usa todos os nossos sentidos para amá-lo.

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