quinta-feira, 9 de setembro de 2021

nº 2104 - Homilia do 24° Domingo Comum (12.09.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Perder pelo evangelho é ganhar!” 
 Uma fé que salva 
Pedro fez a profissão de fé. Fé é um dom de Deus, como lemos em Mateus: “Não foi carne ou sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos Céus” (Mt 16,17). Crer significa aceitar Jesus como Homem-Deus. Ele se encarnou, morreu por nós e ressuscitou. Exige fé. Por isso, os outros acreditavam que Jesus fosse uma personagem do passado que voltara. Jesus pergunta a opinião do povo. Os discípulos dizem: “Uns dizem que Tu és João Batista (já morrera). Outros, que és Elias (Fora levado ao Céu e agora voltara). Outros ainda que és um dos profetas, também mortos”. “E vós, quem dizeis que Eu sou? Pedro respondeu: ‘Tu és o Messias’” (Mc 8,27-28). A proclamação de Pedro o coloca no caminho de Jesus. Por isso, a seguir, Jesus lhes mostra o que iria acontecer com Ele que é o sofredor, como o Servo (Is 50, 5-9ª). O profeta Isaias, em seu cântico sobre o Servo, mostra os sofrimentos do Servo. E relata também sua profunda união a Deus que lhe dá força: “Ao meu lado está quem me justifica” (Is. 50,8). A fé assume também essa condição de Servo sofredor e participa com Ele de seus sofrimentos, como nos disse Paulo: “Justiça que vem de Deus na base da fé. Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força de sua Ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornar-me semelhante a Ele em sua morte para ver se alcança a ressurreição de entre os mortos” (Fl 3,9-10). Jesus foi recusado por não corresponder a uma fé criada pelos homens. Ele que viveu a condição humana, tem condições de acolher o coração humano em sua fragilidade. É nessa condição que obtemos a salvação e a construímos. É um ganho sofrer com Jesus. 
Um dom de obediência 
A obediência é estar atento ao projeto de Deus. Abre para compreender e defender contra a tendência de recuar, mesmo nos momentos de duro sofrimento por estar no exercício da vontade de Deus. Assim o fez Jesus. Rezamos no salmo: “Nosso Deus é amor compaixão”. O salmo coloca a situação do fiel que esteve no fundo do poço quando tudo parecia ter chegado ao fim. Mas Deus o libertou. Deus salva os humildes sofredores humilhados. São sempre os pobres que chegam ao fim das forças. Grande mal é não saber viver essa situação como o caminho de Jesus. Quem rejeita e põe obstáculo a esse caminho é um satanás, que quer dizer, aquele que divide. Pedro queria desviar Jesus de seu caminho de fidelidade ao Pai: “Arreda-te de mim, satanás, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens” (Mc 8,33). O dom da obediência une o cristão ao caminho redentor de Jesus. É complicado ver Jesus dando aquele “pito” em Pedro. Falou demais. 
A fé que se mostra na caridade 
São Tiago enfrentou a interpretação errada sobre Paulo que diz que só a fé salva. Lutero ensina que não precisamos fazer mais nada. Tiago Afirma: “A fé, se não tiver obras, será morta em seu isolamento” (Tg 2,14-18). Certamente já havia discussão sobre isso. Mas Paulo ensina que a fé deve “agir na caridade” (Gl 5,6). Jesus realizou a verdade da fé na caridade. Mostrou que sua missão, de extrema caridade, passava pela morte e ressurreição que foram o sumo da fé expresso na caridade de sua doação. Para seguir Jesus, cada cristão deve deixar muitas coisas para ter tudo, isto é, salvar sua vida (Mc 8,35). Cristo manifestou sua caridade e sua entrega total, para dar a vida. Quem quiser tudo, tem que deixar tudo. Paulo afirma: Em nada me glorio, a não ser, da cruz de Cristo. Grande prova do amor. 
Leituras: Isaias 50,5-9b;Salmo114;
Tiago 2,14-18; Marcos 8,27-35. 
Ficha nº 2104 
Homilia do 24° Domingo Comum(12.09.21) 
1. Jesus foi recusado por não corresponder a uma fé criada pelos homens.
2. O dom da obediência une o cristão ao caminho redentor de Jesus. 
3. Cristo manifestou sua caridade e sua entrega total ao dar a vida por nós. 
Vazando da Cruz 
Temos o costume de usar o termo vazar quando queremos explicar que vamos saindo de mansinho. A Cruz sempre nos assusta. E fazemos o possível para tirar todos os sinais de cruz em nossa vida. Uma das piores pragas da espiritualidade atual é esconder a cruz, fugir da cruz, não aceitar e dizer que não sabemos rezar, por isso temos esses problemas. O verdadeiro santo não tem problema. Vamos ver na vida deles como é que anda isso. Muitos tiveram problemas imensos, souberam sobreviver porque se uniram à cruz de Jesus. A leitura do Evangelho disse claramente: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,35). Então, podemos estar longe da espiritualidade, quando estamos longe da cruz. Não é choradeira, mas é dor mesmo. Sem isso não tem Céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário