sexta-feira, 20 de agosto de 2021

nº 2097 Artigo - Pai na Obediência (6)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Obediência que amadurece 
Estamos lendo o que o Papa Francisco escreveu sobre S. José. Parece-me que conhecemos José por sua missão na família de Nazaré. Deus quis vir ao mundo numa família. Rompendo com os esquemas humanos, nos oferece o grande dom que é seu Filho. O mistério da Redenção foi realizado nas condições humanas, no seio famíliar. Tão humanas que só se podem compreender a partir da fé. Percebe-se nessa mensagem do Papa qual é o lugar de José nas Escrituras: Ele é o justo fiel. Ele poderia constar na lista dos antepassados notáveis, como lemos no Eclesiástico: “Façamos os elogios dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem” (Eclo 44,1). São José educa Jesus na linhagem fiel dos antepassados do povo. Viviam a Aliança. José, homem da Palavra. Por aqui entendemos como Jesus conhecia bem as Escrituras. Era o pão de cada dia. Alimentava-se da Palavra. José entra na linha dos patriarcas. Reconhecemos Jesus como Deus-Homem, mas que vivia inteiramente como homem. Por isso, aprendeu de José a ser um homem fiel à Aliança de seu povo. Preparou Jesus para que assumisse sua missão, no meio de seu povo. José, como que encerra o tempo antigo e prepara Jesus para o novo. 
Sonhos de vida 
Deus o orientava pelos sonhos. Seus escolhidos estavam abertos a essa modalidade de Deus se manifestar. Esses sonhos não eram somente como sonhamos, mas eram o resultado da busca de Deus que acabava fazendo parte de sua natureza. José obedecia a Deus em tudo e sabia encontrar os caminhos de Deus. O Papa afirma: “De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos”. José obedece sempre. O sonho não dispensa a capacidade de José de resolver as questões com sua maturidade e experiência. É obediente quando, querendo “deixar secretamente Maria por causa da gravidez”, recebe o anúncio de que é obra do Espírito Santo. Assume imediatamente (Mt 1,24). Obedece imediatamente a ordem de fugir para o Egito (Mt 2,13), e de lá, voltar e ir para Nazaré (Mt 2,14-15; 21.22-23). Soube se ajustar à vida do povo, no caso do recenseamento, indo para Belém. E ali nasce o Filho de Deus, seu Menino (Lc 2,1-7). Jesus não foi um estranho na comunidade. Era um deles. Todos o conheciam, e sabiam quem era o pai. A grandeza da obediência de José foi conduzir o Filho de Deus a ser filho do homem. Muito humano. 
Obediência que edifica 
O Papa Francisco salienta como vivia a Família de Nazaré a fé dos pais. Sua obediência à Lei estava unida a todo o povo de Israel: Os ritos da circuncisão de Jesus, da purificação de Maria depois do parto, da oferta do primogênito a Deus (Lc 2,21-24). Cumprir a vontade de Deus era o trilho da fé dessa família: Maria disse ao Anjo: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim, segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Jesus diz no horto das Oliveiras: “Não a minha vontade, mas a tua seja feita” (Lc 22,42).“Em sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (Lc 2,51), segundo o mandamento de Deus” (Ex 20,12). Assim foi a vida de Jesus na escola de Nazaré. Era tão grande esse hábito que, no encontro com a samaritana diz “Meu alimento é fazer a vontade do Pai e realizar sua obra” (Jo 4,34). Na carta aos Hebreus, lemos: “Aprende a obediência por aquilo que sofreu” (Hb 5,8). Diz o Papa: Assim exerceu sua paternidade e coopera no grande mistério da Redenção e é verdadeiramente ministro da salvação”. Grande José, rogai, por nós!

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