terça-feira, 8 de junho de 2021

nº 2073 Artigo - “Tempo mais que comum”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Todo o Mistério 
Encerramos as festas pascais. Entramos no Tempo Comum. São 34 semanas. Pequena parte delas vem depois do Tempo do Natal e antes da Quaresma. Nesse tempo não temos celebração de um mistério particular de Cristo, mas é celebrado o mistério de Cristo como um todo. É o tempo em que celebramos, sobretudo, a Páscoa Dominical. Cada domingo é dia do Senhor. Primeiro temos o Domingo, a Páscoa Semanal e, só depois, a Páscoa anual. Os pagãos eram excessivamente festivos. A vida cristã, como festa em Cristo, vive-se como um todo, o tempo todo. A sabedoria da Igreja em suas celebrações está em meditar as muitas faces do Evangelho que nos são oferecidas. Nesse tempo celebramos as festas de Nossa Senhora e dos santos. Elas são frutos de Cristo na vida do povo. Maria e os santos são frutos benditos da Redenção. Nesse tempo também nos é dada a possibilidade de um contato maior com a Palavra de Deus no seu todo. Na liturgia se lê 90% da Bíblia, o que não tivemos nas liturgias anteriores. Há um elemento importante que é a santificação das horas do dia, como a manhã e o entardecer. Os mistérios de Cristo são vividos no dia a dia, tendo sempre o cume no Domingo, dia do Senhor. É uma catequese permanente. Santo Agostinho diz que é a Páscoa diária dos cristãos. Cresceu assim o culto dos mártires e as devoções de aplicar à sexta-feira, a Paixão, o sábado à Nossa Senhora e também o memorial da natureza, como eram as Rogações, com a bênção dos campos e das colheitas, elementos que perdemos na liturgia renovada. O mundo mudou.
Formação do povo de Deus 
O Tempo Comum é oportuno para a formação do povo de Deus. Um primeiro elemento é o valor do tempo cristão. Esse tem uma referência ao mistério de Cristo e à história da Salvação. É a grande questão: A celebração está desligada da vida. Por isso, a celebração não chega à vida, nem a vida vai à celebração. O tempo físico, como temos na Liturgia das Horas, encontra sempre seu sentido redentor. Por exemplo: o amanhecer nos traz a memória da Ressurreição, como o entardecer, a Paixão e a instituição da Eucaristia. É notável que a espiritualidade que estamos vivendo busca sua fonte em elementos até suspeitos, ou pouco evangélicos. Na liturgia temos a leitura permanente das Escrituras. A missa diária tem grande força de espiritualidade, não só pelos mistérios de Cristo, mas pela formação permanente que nos é dada. Ao menos, se não for presencial, que seja pessoal. Os santos eram fiéis à sua missa diária, como podemos ver no jovem Beato Carlo Acutis, recentemente beatificado. Ela não é um dever, é um dom. Temos nossas velhinhas de missa diária, tantos anos seguidos. Quanta graça recebida. 
Momento de graça 
A Eucaristia é a Páscoa cotidiana. Tudo o que Cristo fez para nossa redenção e santificação está presente em cada Eucaristia. A Páscoa é eterna não só porque para sempre, uma vez acontecida, mas que está sempre presente, pois é vida de Cristo em nós. O dia do cristão é Páscoa cotidiana. Ela é o alimento que dá vitalidade à monotonia de nossos dias. Não só porque aconteceu uma celebração, mas porque Cristo continua conosco a “concelebrar a vida” como “concelebramos” sua Páscoa em nossa vida. Ainda não fomos capazes de trazer a celebração para a vida, por isso temos dificuldade de levar a vida para a celebração. Podemos resumir dizendo que cada ato cristão é Páscoa. O amor é a Páscoa que fica. Vamos além da celebração.

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