terça-feira, 8 de junho de 2021

nº 2076 - Homilia do 12º Domingo Comum (20.06.21)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Acima da tempestade”
Por que tendes medo? 
Os evangelhos não são só um livro de memórias de Jesus, com tantos ensinamentos, mas eles são também uma leitura do coração humano. Afinal, Jesus era muito humano. O Divino resplandecia Nele através de sua humanidade. A narrativa de hoje nos leva a perceber nossa realidade tantas vezes tempestuosa. É duro ser humano. É fácil falar do ser humano. Difícil é descrevê-lo em meio a uma tempestade. A leitura do livro de Jó nos mostra que Deus está acima da tempestade e tem o controle de tudo o que criou. O salmo relata como os que viajavam pelos mares, na tempestade, gritaram a Deus e foram ouvidos. Em toda a situação Deus é o eterno libertador de todos os males. O evangelho mostra o desespero dos discípulos no meio de uma feroz tormenta. E Jesus dormia sobre um travesseiro. Essa narrativa é um retrato de nossa vida. Parece-nos muitas vezes que, no pior momento, Jesus está dormindo e nos sentimos sós. Temos o direito de ter medo e nos desesperar. Mas não perder Jesus de vista. Eles gritaram a Jesus: “Mestre, estamos perecendo e Tu não Te importas?” “Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: ‘Silêncio! Cala-te! E houve calmaria”. Jesus os recrimina: “Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé”? (Mc 4,38-39). Ele nos mostra que a fé, nas tempestades da vida, pode nos ajudar a buscar Jesus. “Ele não dorme nem cochila aquele que te guarda” (Sl 120,4). A falta de confiança pode nos levar a perder o rumo da vida. Jesus está sempre presente. Mesmo que não tenhamos as tempestades acalmadas, Ele está ali, presente sereno. 
Cristo morreu por todos 
“O amor de Cristo nos estimula quando consideramos que um morreu por todos e logo todos morreram”. O sentido do texto “todos morreram” é explicar que vivemos uma vida nova, vida de ressuscitados, pois estamos unidos a Cristo em sua humanidade. Logicamente, ressuscitados com Ele. Por isso, temos um novo modo de vida: Ser ressuscitado com Ele é viver como viveu. “De fato, Cristo morreu por todos, para que os vivos não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por nós morreu e ressuscitou” (2Cor 5,15). “Não conhecemos ninguém conforme a natureza humana”. Não devemos nada à natureza humana ou até pecaminosa, pois fomos libertados em Cristo. Nossa referência direta e permanente é Cristo, modelando nossa vida para Ele e a partir Dele. Acrescenta que, mesmo tendo-O visto como homem, agora O vemos como ressuscitado. “Se alguém está em Cristo é uma nova criatura. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (id. 16). A vida cristã não se faz a partir da condição humana, mas se realiza na condição divina. 
Agradeçam ao Senhor 
O salmo, depois de tanta tempestade, nos orienta: “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia”. Ele é a resposta ao mar revolto. Quando Jesus está no barco, podemos ter confiança que Ele não vai deixar o barco afundar. É preciso a paciência na tentação, na dificuldade, na escuridão durante a tempestade. Libertados, somos sempre chamados a agradecer e louvar: “Mas gritaram ao Senhor na aflição, e Ele os libertou daquela angústia. Transformou a tempestade em bonança, e as ondas do oceano se calaram... Agradeçam ao Senhor por seu amor e por suas maravilhas entre os homens” (Sl 106). Jesus se desagradou dos nove leprosos que não vieram agradecer. Agradecer é a melhor forma de celebrar. Pela Redenção fazemos Eucaristia. Agradecemos. 
Leituras: Jo 38,1.88-11;Salmo 106; 
2ª Coríntios 5,14-17; Marcos 4,35-41. 
Ficha nº 2076 
Homilia do 12º Domingo Comum (20.06.21) 
1. A falta de confiança pode nos levar a perder o rumo da vida. 
2. Ser ressuscitado com Ele é viver como viveu. 
3. Agradecer é a melhor forma de celebrar. 
Cadê a bóia? 
No desespero a gente se agarra a qualquer coisa que nos pareça salvação. No meio de uma tempestade uma bóia pode muito bem salvar. Hoje a liturgia está com tempestade pra todo lado. O salmo narra a situação dos que estão nas tempestades no mar. Os discípulos estão naquele sufoco de tempestade. As tempestades do lago de Genesaret são perigosas até hoje. E Jesus dormindo... Já era demais o sufoco e Jesus dormindo... beleza! Eles O acordam bravos: “Mestre, estamos indo para o fundo e tu não te importas?” A calma de Jesus acalma o mar. E não deixa por menos: “Ainda não tendes fé?”. Ter a presença de Jesus é a segurança total. Mesmo se vamos ao fundo, estamos com Ele.

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