sexta-feira, 14 de maio de 2021

nº 2067 Artigo - Mistério da Ascensão

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
Festa no Céu 
É uma festa muito celebrada já na metade do século IV. Ela é colocada no clima da Páscoa. É manifestação de uma realidade da vida de Jesus. É também um momento forte para a Igreja que sobe ao Pai juntamente com o Filho. Jesus não encerra sua missão. Ele a continua de modo diferente, agora através do Espírito. O Espírito está unido intimamente à missão de Jesus, pois a continua como esteve presente nela desde a Encarnação. Jesus ausente está presente no Corpo da Igreja que anuncia sua Ressurreição e seu Senhorio. Dizer festa no Céu é demonstrar que o Mistério de nossa redenção chega ao máximo com nossa presença, em Cristo, na morada eterna. Jesus dissera: “É melhor para vós que Eu vá” (Jo 16,7). “Vossa tristeza (por causa da morte) se transformará em alegria” (Jo 16,20). A maior alegria dos discípulos é ver completar totalmente a glorificação de Jesus, que tanto sofrera para chegar a esse momento. O Céu se abre, não só para Jesus entrar, mas pela alegria de um universo todo que agora participa da alegria divina. O Paraíso fora fechado para Adão e seus descendentes (Gn 3,23). De agora em diante a comunicação será permanente, por meio do Espírito Santo. A presença de Jesus entre os seus, de agora em diante. será muito maior, pois se realiza, não no modo humano, mas em sua condição de Divindade” “Deus é maior que nosso coração” (1Jo 3,20). 
Riquezas da Ascensão 
Os textos da liturgia são a melhor maneira de entender o sentido e a densidade espiritual de uma festa litúrgica, como é o caso da Ascensão. Não podemos ter a Ascensão de Jesus como o fechar uma porta do elevador. Foi para o andar de cima. É muito pouco. Na verdade, nas pregações ficamos sem assunto. O que dizem os textos? A primeira leitura faz a narrativa dos últimos momentos e anuncia o acontecimento da vinda do Espírito. Jesus vivo entre eles promete a vida nova no Espírito: “Sereis batizados com Espírito Santo” (At 1,5). Anota que não é o mesmo batismo de João. O Salmo descreve o sentido de festa: “Povos todos batei palmas! Por entre aclamações Deus se elevou” (Sl 46). A segunda leitura tem um sentido eclesial, como a dizer: que significa para nós, Igreja? Paulo mostra a grandeza de Cristo por nós, de modo particular como cabeça do Corpo: “Deus pôs tudo a seus pés e fez Dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja que é seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal” (Ef 1,22-23). Tudo está em Cristo e tudo a Ele se refere. Não se trata de uma religião ao lado das outras. Ele é o centro de tudo e está acima de tudo. Paulo mostra claramente Cristo na glória. Mas está conosco: “Eis que estou convoco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). 
Missão da Igreja 
A missão de Cristo não se encerra com a Ascensão, mas continua em seu Corpo que é a Igreja. Como Jesus era movido pelo Espírito Santo, a Igreja está cheia do mesmo Espírito para cumprir a mesma missão que se inaugura na Ascensão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho à toda criatura” (Mc 16,15). Vemos os três mistérios: Jesus Ressuscitou, subiu ao Céu e enviou o Espírito para continuar sua missão. Temos a plenitude dos dons para a vida em Cristo e no mundo. Os apóstolos compreenderam tanto a missão que lhe fora confiada, que assumem em totalidade a vida de Cristo e a transmitem como vida e não somente como ensinamentos. Vemos que, eles, não tendo um evangelho escrito, foram capazes de dar os fundamentos da Igreja a partir de sua experiência com Jesus. Assumiram a vida e a missão. E aqui somos o fruto dessa fé.

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