quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

nº 1824 Homilia do 2º Domingo Comum (20.01.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“O vinho novo das bodas” 
Manifestou-se sua glória
           Muitas vezes ouvimos a narração desse casamento em Caná que está dando o que falar há  séculos. Nós nos fixamos no milagre da água transformada em vinho. O estudo do tema é muito rico dentro da exegese bíblica, mas a partir da liturgia, ele tem uma interpretação enriquecida. Estamos no segundo domingo. Todo ano é lido um texto de João, mesmo que o evangelista do ano comum seja outro. No Tempo do Natal celebramos a Manifestação do Senhor que compreende as festas do Natal, da Epifania e do Batismo de Jesus. Aí termina o Tempo do Natal. A Manifestação de Deus se faz em seu Filho Encarnado. Deus Se manifestou e para isso assumiu a condição humana na qual podia ser ouvido, visto e tocado para gerar comunhão (1Jo 1,1-13). Deus quis Se comunicar. Ele Se manifestou aos pequeninos no Natal, aos Magos na Epifania e aos judeus no Batismo. Em Caná Jesus manifestou sua glória aos discípulos (Jo 2,11). Quando entramos no Tempo Comum, lembramos que a Manifestação continua. Jesus é apresentado pelo Pai nas bodas e João Batista, como profeta, apresenta Jesus aos discípulos, como vindo de Deus: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Ele é o Cordeiro da Páscoa definitiva que tira o pecado. Celebramos o mistério da Encarnação que culmina na Páscoa e na Glorificação. A Manifestação de Jesus é para gerar comunhão e levar todos ao Pai. A unidade do Mistério aparece nas orações da Igreja na Epifania: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela guia os Magos ao Presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos” (Antifona das Vésperas).
Os discípulos creram Nele
           A água transformada em vinho é o sinal que realiza a transformação dos discípulos pelo ato de fé: “Este foi o início dos sinais de Jesus... Ele o realizou em Caná e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram Nele” (Jo 2,11).  O sinal, isto é, o milagre, fez da água um vinho muito bom. Isso explica o que a fé realiza no coração daquele que crê. “Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhe fora dito” (Lc 2, 20). “Os Magos voltaram por outro caminho para sua região” (Mt 2,12). “Jesus, pleno do Espírito Santo, voltou do Jordão. Era conduzido pelo Espírito através do deserto” (Lc 4,1). “Os discípulos creram Nele” (Jo 2,11). A Manifestação sempre provoca uma resposta de fé. Esse é o verdadeiro milagre. O outro foi grandioso, mas acolher Jesus é o grande milagre da fé. Esse é o vinho novo que o Pai nos oferece. Assim se celebra o casamento da humanidade com Deus. O casamento marido e mulher é imagem desse matrimônio de unidade com Deus. Por isso que Paulo diz: “Grande é esse mistério: eu o digo em relação a Cristo e à Igreja” (Ef 5,32). A Encarnação leva a crer e viver como se crê.
Fazei o que Ele vos disser
           Percebemos que crer exige sempre uma decisão de vida por uma mudança. Acolher a Manifestação é fazer usar os dons que Deus deu a cada um a serviço da comunhão de todos, como lemos na primeira carta aos Coríntios: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1Cor 12,7). Cada um tem um dom que deve ser manifestado, acolhido, aproveitado e desenvolvido. “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito” (4). “Todas estas coisas as realiza um e o mesmo Espírito que distribui a cada um conforme quer” (11). O que fazemos é seguirmos a palavra que Jesus nos diz, e nos transformemos em um vinho sempre novo.
Leituras: Isaias 62,1-5; Salmo 95; 1 Coríntios 12,4-11; João 2,1-11
Ficha nº 1824 - Homilia do 2º Domingo Comum (20.01.19)

              1. Em Caná continuamos a celebração da Manifestação do Senhor.
           2. A água transformada em vinho significa a mudança que a fé realiza no discípulo.
           3. Crer significa também mudar e usar os dons para a comunhão de todos.

De copo cheio

             Esse casamentinho de Caná, para o qual não fomos convidados, é uma festa que não se acaba. E nem falta o vinho. Os convidados não vão embora. E ninguém reclama.
           Quando refletimos esse texto achamos o milagre uma maravilha. Mas ele não é só um espetáculo, mas é uma revelação de Deus e uma resposta nossa. Não estamos bêbados, mas estamos cheios do vinho novo que é Jesus.
           Esse milagre que acontece conosco é um momento importante para tomar as decisões de viver para o projeto de Deus que é comunhão. Pode ficar bêbado desse vinho que não faz mal.
           O Evangelho não pode ser assumido pela metade. É o que Jesus fala do vinho novo e o vinho velho. O novo em odre velho rompe o odre e perde o vinho (Mt 9,14-17).
           Vinho velho não faz bem. Pior é que a gente acha ainda que é o melhor. Assumir o Evangelho de Jesus e querer viver do jeito do Antigo Testamento, estraga um e outro.

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