domingo, 5 de julho de 2020

nº 1976 - Homilia do 14º Domingo Comum (05.07.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Vinde a Mim” 
 Meu fardo é leve 
Jesus nos leva a conhecer o Pai: “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. A grande revelação não são mistérios profundos e insondáveis, revela os mais profundos, pois penetramos o próprio coração do Pai onde está a sede de seus sentimentos. As leituras de hoje nos ensinam a leveza de seu coração. O projeto de Deus para o mundo e para nossos corações já aparece na profecia de Zacarias: “Ele é justo e salva; é humilde e vem montado num jumento” (Zc 9,9). O salmo complementa: “Misericórdia e piedade é o Senhor. Ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144). Jesus faz essa bela revelação: “Vinde a mim, vós todos que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e Eu vos darei descanso”. Jesus não cria um sistema de pensamento ou uma estrutura de leis, mas abre a cada pessoa um lugar de descanso. Deus não é pesado. Interessante como se multiplicaram as leis, as proibições, os temores. Tudo parte de corações doentes e inseguros. O amor exige liberdade e confiança. Assumir o projeto de Jesus, tomando sobre si seu jugo, aprendendo Dele que é manso e humilde de coração. Só assim teremos descanso: “Meu jugo, isto é, seu evangelho é suave e meu peso é leve”. Na lei judaica havia muitas proibições e condenações. Podemos compreender as atitudes de severidade que percorreram a história da Igreja e existem ainda. São frutos de doenças pessoais e sede de domínio. A verdade não é dura e má. 
Viver segundo o Espírito 
Jesus, num desafogo jubiloso, louva seu Pai por manifestar seu grande segredo aos pequeninos. Somente esses são abertos a essa revelação. Esse Pai que é Senhor do céu e da terra, revela-se aos seus pequenos queridos e frágeis. Foram eles que acolheram os discípulos que Jesus enviara para precedê-lo aonde Ele iria. São eles ainda agora que enchem nossas igrejas. Essa simplicidade, muitas vezes de pouca instrução, tem a sabedoria que é agir como Deus age e fazer como Jesus fazia. O Espírito não gera fantasias, mas atitudes de simplicidade e de amor. E não colocam peso sobre os outros. Era a crítica que Jesus fazia sobre os fariseus que colocavam pesos que eles não tocavam com o dedo. Paulo nos recomenda, na Carta aos Romanos, a viver segundo o Espírito, segundo a mentalidade gerada pela fé em nós. Viver segundo o Espírito é viver essas atitudes do Pai e do Filho: Um Pai que se abre aos humildes revelando Jesus, e o Filho que está sempre voltado para o Pai no diálogo amoroso, revelando sua paternidade. Se as pessoas nos conhecem por ter os traços do Pai, estamos revelando o Filho. O conhecimento de Deus não é resultado de um livro, mas de um coração cheio de ternura. 
O Senhor é muito bom 
No salmo podemos cantar: “O Senhor é bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144). O Deus carrasco foi inventado por quem queria dominar a fé do povo. A bondade de Deus não tem limites. Somos chamados atenção sobre sua justiça. Sua justiça é para defender os oprimidos. Ele faz justiça aos pobres e sofredores. Na verdade queremos que Deus queira mal às pessoas, como nós queremos mal. Justiça, no sentido hebraico é a santidade de Deus. Sua santidade se manifesta em bondade. Passaremos pelo julgamento para ver se nossas ações foram as mesmas de Jesus. Lembramos o juízo final: “Tudo que fizestes a esses pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). É essa a nossa fé? 
Leituras Zacarias 9,9-10; Salmo 144;
Romanos 8,9.11-13; Mateus 11,25-30. 
Ficha nº 1974 - 
Homilia do 14º Domingo Comum (05.07.20) 
1. Jesus não cria um sistema, uma estrutura de leis, mas abre um lugar de descanso. 
2. O Espírito não gera fantasias, mas atitudes de simplicidade e de amor. 
3. O Deus carrasco foi inventado por quem queria dominar a fé do povo. 
O peso de Deus 
Gostamos de uma balança que mostre que estamos no peso ideal, ou melhor, diminuímos. Não queremos ser pesados aos olhos dos outros. A balança que Deus nos apresenta pesa seu amor. O amor não é pesado. O amor nos leva longe até às nuvens. Quer dizer, no espaço de Deus que é infinito. (Uma digressão: já perceberam que as pessoas santas quando envelhecidas apresentam um pouco de corcunda. Parece que carregam um peso. Claro que pode ser problema de saúde. Lembro de João Paulo II, Dulce, Teresa de Calcutá, Frei Damião...Questão de observar!) É o peso de Deus. Mas que não pesa. O peso de Deus age de modo inverso: alivia o humano e carrega o Divino. Na Angola, aprendi dos umbundos, um provérbio: “Aquele que te põe o peso nas costas, vai junto”. Mais ou menos assim.

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