sexta-feira, 17 de julho de 2020

Nº 1980-Homilia do 16º Domingo Comum (19.07.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“O Fermento do Reino” 
Paciência do Reino 
Sempre estamos falando do Reino de Deus. É preciso aprofundar sempre mais o sentido de nossa participação. O primeiro elemento é que o Reino cresce como a semente boa. Mas não é somente Ele quem planta boa sementes. O Maligno está sempre ocupado em plantar a semente maldita. O joio, em seu crescimento, parece o trigo. Os empregados se oferecem para arrancar o joio. Com isso arrancaria também o trigo. É o primeiro ensinamento. Escolhemos o Reino, mas ele vai crescer em meio das maldades do mundo. Não podemos separar. Dentro de nós temos essa situação. Isso não se arranca com a mão. É preciso paciência na prática do bem, tendo o mal semeado em nós. A força de crescimento do Reino é interna. Mesmo pequenina, pode crescer como uma grandiosa árvore. Podemos comparar com a semente do eucalipto que é um pozinho. Não depende de nós seu crescimento. E Jesus explica que essa força interior da semente é igual ao fermento. É a energia de Deus. Nós não a controlamos. É preciso paciência nesse crescimento. Semear uma planta é crer no seu crescimento. Mas não podemos espremer para que cresça logo. O crescimento vem de Deus. O Maligno semeia também e suas plantas crescem. Quanto mais crescem, mais difícil fica de acabar com elas. É preciso não deixar o Maligno trabalhar perto de nós. Depende muito de nossas opções. No final vem a separação, como se separa o joio do trigo. As sementes do Maligno vão para o fogo. 
O Espírito é por nós 
Temos dentro de nós essa batalha entre o bem e o mal. São nossas opções, não são externas a nós como algo que nos foi imposto. Temos em nós a tendência ao mal. Jesus nos anunciou o Reino. Escolhendo seu caminho vamos convivendo com nossas tendências ao mal. O mal cresce. Mas temos a presença do Espírito Santo que nos foi dado por Jesus: “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inenarráveis” (Rm 8,26). Nossa fragilidade se torna força pela ação do Espírito Santo que nos foi dado em nosso Batismo. Se o mal atua em nós, temos a intercessão do Espírito. Ele implora o que não sabemos dizer. Não sabemos a língua de Deus, mas Ele a sabe, e o faz em nosso favor. O mal e o bem não se equiparam. “Aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito” (Id 27). A batalha interior se desenvolve na liberdade humana. Deus não força seus filhos a amá-Lo, mas lhes dá todas as condições para vencerem. Por isso podemos seguir o que disse o dono da lavoura de trigo: “Deixem crescer um e outro até à colheita... Direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixe para ser queimado. Recolhei o trigo no meu celeiro” (Mt 13,30). 
O Reino é sabedoria 
O Livro da Sabedoria nos mostra como Deus age. O Deus vingador não cabe no ensinamento de Jesus. “Deus cuida de todas as coisas, não é injusto no julgamento; é indulgente”... “Julgas com clemência e nos governas com grande consideração”. Esse procedimento é o maior ensinamento para nosso agir: “Assim procedendo, ensinaste que o justo deve ser humano”. “Desse modo nos deu a esperança de que Deus concede o perdão aos pecadores” (Sb 12,13,16-19). O Reino de Deus dentro em nós é regido pela sabedoria generosa compassiva. Deus não nos castiga e até cura nossas feridas. Ele nos fortalece e nos conforta com a presença de seu Espírito. 
Leituras: Sabedoria 12,13.16-19; Salmo 85; 
Rm 8,26-27;Mateus 13,24-43. 
Ficha nº 1980 
Homilia do 16º Domingo Comum (19.07.20) 
1. É preciso paciência na prática do bem, sendo o mal semeado em nós. 
2. A fragilidade se torna força pela ação do Espírito que nos foi dado em nosso Batismo. 
3. O Deus vingador não cabe no ensinamento de Jesus. 
Lavoura sem cerca 
Jesus gostava das sementes para suas explicações. Ele era um homem do campo. E entendia bem. Gostamos de ver o Jesus mestre, pregador, fazendo milagres etc... mas nos esquecemos que até os trinta anos foi um roceiro. Era filho do carpinteiro. Mas tinha seu lugar para plantar para o sustento da casa. Não havia supermercado. Comia-se o que plantava. Por isso Jesus usa parábolas que caiam bem no ouvido do povo que era como Ele. Fazendo a comparação com esse problema que o homem teve em sua plantação, diz que acontece conosco do mesmo modo, pois junto de boas sementes o inimigo planta as más. Com elas temos que conviver. Na verdade é até bom porque, batalhando contra as más tendências e males, podemos ficar fortes para fazer crescer o bem. Não tiramos com as unhas. Mas defendemos com unhas e dentes o bem que há em nós.

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