quarta-feira, 16 de setembro de 2020

nº 1996 - Homilia do 24º Domingo Comum (13.09.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“O Senhor é bondoso” 
 Perdoa por inteiro 
No contexto do “discurso sobre a Igreja”, Jesus anuncia esse programa de renovação do mundo que é a fraternidade. É preciso tornar-se pequenino, respeitar o outro, corrigir na fraternidade, unir-se para que Deus esteja em nosso meio e, ter o perdão ilimitado, como lemos na parábola do devedor implacável. Todo o capítulo 18 trata desse assunto. A liturgia apresenta-nos o Deus bondoso, como lemos no salmo102: “Quanto os céus se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes” (Sl 102). A parábola nos retrata como Deus perdoa mostrando um caso de grandes proporções. Um rei acerta as contas com os governadores. Como sabemos, os estados vivem endividados. O que lhe devia muito recebeu uma compaixão total: “Perdoou toda dívida”. Não parcelou. Esse indivíduo suplicou piedade. E foi ouvido. Mas não teve a mesma piedade com quem lhe devia algumas moedas. Então o rei o condenou. Assim fará o Pai do Céu conosco se não perdoarmos de coração. Acho que estamos em má situação, pois temos muita dificuldade de perdoar. Dizemos: “Perdoo, mas não esqueço”. Deus esquece. Assim responde à pergunta de Pedro: “Quantas vezes devo perdoar: até sete vezes? (Mt 18,21). Daí para frente não tem mais perdão. Queremos o perdão total de Deus, mas não sabemos ser como Deus que perdoa totalmente. O tema do perdão é fundamental na fé cristã, pois Jesus foi a expressão máxima do perdão de Deus. O perdão deve penetrar a Igreja e o mundo. 
O mal faz mal 
No livro do Eclesiástico encontramos um desenvolvimento do tema do perdão e as consequências ruins da falta de perdão. Faz muito mal para a gente: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis... Quem se vingar, encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados...” (Eclo 27,33.28,1). Se perdoar, quando orar terá o perdão dos pecados. Se guardar raiva, como poderá pedir a Deus a cura?... Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos pecados? O autor sagrado ainda acrescenta remédios para a cura desse mal: “Lembra-te de teu fim e deixa de odiar; pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos. Pensa nos mandamentos e não guardes rancor do teu próximo. Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia” (Eclo 28,6-9). Somente um bom relacionamento com Deus, como Vida, possibilitará viver como Ele é, e vive. O Salmo descreve esse Senhor: “Ele perdoa toda a culpa e te cura toda enfermidade... e te cerca de carinho e compreensão”. O autor do salmo descreve Deus como muito educado: “Não fica repetindo suas queixas, não guarda rancor...”. Seu amor é maior que a distância entre o céu e a terra” (Sl 102). Como nos ama, ensina a amar. 
Vivos para o Senhor. 
Paulo, na Carta aos Romanos, embora o texto não esteja voltado para esse tema, nos dá um fundamento dessa vida em amor. Ele é o Senhor também do amor. Ele é o Vivo que é a fonte da vida e para quem vivemos: “Ninguém vive para si mesmo, ou morre para si mesmo... é para o Senhor que vivemos e morremos”... Pois, pertencemos ao Senhor. Sua vida e morte foi exatamente para que Ele fosse “Senhor dos vivos e dos mortos” (Rm 14,7-9). O mandamento do amor que é um só na mesma intenção e intensidade é o fundamento de tudo. “Pois Deus é amor” (1Jo 4,16). A fé mostra sua obra no amor (Gl 5,6). A obra é o amor em todas suas dimensões e conotações. Não é bem isso que nos preocupa.
Leituras: Eclesiástico 27,33-28,9; Salmo 102; 
Romanos 14,7-9; Mateus 18,21-36. 
Ficha nº 1996
Homilia do 24º Domingo Comum(13.09.20) 
1. Queremos o perdão total de Deus, mas não sabemos perdoar totalmente, como Deus. 
2. O bom relacionamento com Deus, como vida, possibilitará viver como Ele é e vive. 
3. O mandamento do amor que é um só na intenção e intensidade é o fundamento de tudo. 
Bão de matemática 
Pedro resolveu fazer um teste de matemática em Jesus e acabou errando a conta. Perguntou: “Quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus responde: “Não só sete vezes, mas setenta vezes sete”. Quer dizer sempre. A matemática do perdão sempre dá o mesmo resultado: infinito. Este ensinamento Jesus nos deixa vem da sua capacidade de ser totalmente expressão do amor total e irrestrito do Pai. Esse é o pensamento da liturgia da Palavra desse domingo. Não há como escapar. O que acontece é que a gente gosta de brigar e ficar brigado. Complicou muito. Se tivermos que perdoar os inimigos, é sinal que inimigos existem.

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