terça-feira, 29 de setembro de 2020

nº 2002 - Homilia do 27º Domingo Comum (04.10.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“O Reino vos será tirado” 
O Senhor plantou uma vinha 
Como vamos viver nessa situação, até angustiante, diante dessa parábola? Achamos que o Evangelho serve bem para os outros. Nós mesmos tomamos as atitudes dos chefes do povo, dizendo que isso não é para nós. Essa parábola resume a história do povo de Deus, a vinha predileta do Senhor. Durante toda a história de Israel, a vinha foi um sinônimo de povo de Deus que produz frutos. Rezamos no salmo: “A vinha do Senhor é a casa de Israel”. Povos foram desalojados para dar lugar a seu povo. Quando o povo sofria perseguição e destruição, o povo reclamava: “Por que lhe destruístes a cerca?...Voltai-vos para nós...visitai a vossa vinha e protegei-a” (Sl 79) . Entra também a súplica pela conversão para que Deus retome sua vinha: “Nunca mais vos deixaremos... Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome... Se voltardes para nós seremos salvos!” (Sl 79). Isaías proclama a beleza dessa vinha e o desencanto dos resultados. O profeta narra o carinho com que Deus cuidou desse povo, como o homem que cuidou de sua vinha. A parábola de Jesus foi perfeitamente compreendida pelos chefes do povo. Deus, mandou através da história, muitos servos para buscar o fruto do povo. Eram os profetas. Todos foram mortos. Por fim, mandou o Filho que teve a mesma sorte. Os chefes do povo se fizeram donos da vinha e queriam os frutos para si. Matam até o Filho para que tudo seja só deles. Essa atitude se repete de tantas maneiras no povo de Deus, chamado Igreja. Parece um mal que não tem cura. E tantos são os “servos” que são perseguidos dentro da própria Igreja. 
Jesus, pedra angular 
Jesus é a vítima, mas também o Senhor. Completando a série de seus crimes contra os profetas enviados por Deus, os Sumos Sacerdotes e os anciãos do povo, rejeitam Jesus e O lançam fora da vinha. Jesus foi morto fora das muralhas. O Reino que Deus lhes confiou pela aliança só é realizado por Ele. Pela sua Ressurreição é agora a pedra angular que dá sustentação ao novo povo, à nova vinha. Jesus, tendo assumido sua condição de Senhor e Mestre, vai dar ao Pai o fruto que Lhe pertence. Como Filho, entrega ao Pai o que produziu sua plantação. Igualmente podemos pensar e nos perguntar, se a Igreja do momento, não faz a mesma obra dos vinhateiros sufocando o crescimento das pessoas, e não as conduzindo ao Pai. Vemos igualmente aqui, o risco de uma religião sem frutos. Parece muito a vinha que bem cuidada só produziu uvas selvagens. Estamos levando o povo da herança que Deus nos confiou a nós ou ao Pai? É necessário um grandíssimo despojamento dos que têm a responsabilidade do povo: Sair de si, de seu mundo, de suas pretensões de poder e de suas figuras deixando de lado os preferidos de Deus. Aquele que tem Cristo como sua pedra angular será a base do mundo novo querido por Jesus.
Ocupai-vos com o verdadeiro 
Paulo nos oferece uma possibilidade e um modo de viver produzindo frutos para Deus. É na simplicidade que está o vigor da vinha. A primeira orientação é não preocupar-se com nada, confiando-se à vontade Divina. Recomenda-se uma vida de oração. Nesse relacionamento cresce a paz de Deus que ultrapassa todo o entendimento. Ela guardará os corações e os pensamentos em Jesus (Fl 4,6-7). Vejamos como Paulo vê a comunidade Igreja: “Ocupai-vos com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro amável, honroso, tudo que e virtude” (id 8). O vigor e o fruto da vinha estão na vida simples do cristão que vive sua fé. Assim os frutos amadurecerão na vida de cada um e serão entregues a Deus Pai. 
Leituras Isaias 5,1-7; Salmo 79; 
Filipenses 4,6-9; Mateus 21,33-43 
Ficha nº 2002 - 
Homilia do 27º Domingo Comum (04.10.20) 
1. Nós mesmos tomamos as atitudes dos chefes do povo dizendo que isso não é para nós. 
2. Pela Ressurreição é agora a pedra angular que dá sustentação à nova vinha. 
3. O vigor e o fruto da vinha estão na vida simples do cristão que vive sua fé. 
Perdemos a roça 
 Nós somos práticos em aplicar a bíblia aos outros e esquecemos que podemos estar incluídos nessa acusação de Jesus: “O Reino vos será tirado e entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Dizemos que os crentes crescem por todos os lados e que em cada garagem há uma igreja. Há outras razões. Mas o que fazemos por nossa fé. Países inteiros que eram católicos ficaram ateus. Pergunto: como eram os bispos, os cardeais, os padres, os leigos dessas comunidades? Quem é que vai às periferias e se gasta pelos necessitados? Como os padres, as paróquias recebem os pobres? As donas e donos do pedaço não abrem espaço. Pensamos só em nós, em nossos esquemas, em nossas tradições e não somos capazes de reformar. Ai de quem muda uma cadeira do lugar. O Brasil está entrando por esse caminho de ateísmo. As classes populares, depois dessa onda crente vai ficar atéia...Que fazemos?

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