quarta-feira, 16 de setembro de 2020

nº 1998 - Homilia do 25ª Domingo Comum (20.09.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Pensar como Deus” 
 Direito de ser bom 
O profeta Isaías nos traz o pensamento de Deus “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos”. São tão distantes como a terra do céu (Is 55,8). Esse texto de Isaías nos ajuda a fazer uma leitura do texto do evangelho de Mateus sobre os trabalhadores da última hora. O modo de agir de Deus não parte de uma justiça de contrato, mas da justiça do amor e da benevolência. Esse texto sobre o modo de Deus distribuir seus dons, responde a uma necessidade da comunidade primitiva. Havia judeus que se tornaram cristãos e traziam toda a herança milenar de Israel. Como nos diz Paulo: “Aos israelitas pertence a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, aos quais também pertencem os patriarcas e dos quais, descendente, o Cristo, segundo a carne...” (Rm 9,4-5). Para Paulo, era dor ter de ser separado do povo. Os convertidos judeus, com esse passado, se sentiam invadidos pelos pagãos convertidos que eram colocados em pé de igualdade. Estes são os “operários da última hora”, das cinco da tarde. Na Igreja são todos iguais. Está afirmando que Deus trata a todos de modo igual. Deus retribui com justiça, mas sua justiça supera a justiça humana. Não desprezou os judeus, mas trouxe outros. Abre a todos, sua bondade. Podemos notar que havia grandes cristãos, vindos do paganismo, como muito entusiasmo por Cristo. Essa realidade nós a encontramos nas comunidades quando chegam novos membros. Deus é diferente: abre as riquezas de seu amor para todos. É preciso ser generoso como Deus. 
Viver à altura do Evangelho 
Para pensar como o Pai, é preciso passar a viver como Paulo. Somente na união, cada vez mais íntima com Jesus que podemos entender e viver como o Pai, como vimos na parábola. Assim vamos aproximar de Deus nossos pensamentos como também nossos caminhos (Is 55.8-9). Paulo, em sua trajetória passou de perseguidor a ser proclamador da fé em Jesus. Ele une de tal modo sua vida a Cristo que afirma: “Para mim viver é Cristo e o morrer é lucro”. Dá a entender que morrer na terra e viver no Céu com Cristo, são a mesma coisa. Desejaria muito estar com Cristo, mas, se continuar em seu trabalho é frutuoso para os cristãos, não sabe o que escolher. Mas já tem sua escolha feita: “Uma só coisa importa: que vivam à altura do Evangelho de Cristo” (Fl 1,27ª). Continua para que os cristãos vivam sempre melhor sua fé. Na recitação do salmo temos a explicitação desse Senhor ao qual dedicamos nossa vida “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos. Sua ternura abraça toda criatura... está perto da pessoa que o invoca” (Sl 144). Um Deus assim atrai mesmo. Mas para Paulo, o segredo da espera é fazer o que Deus faz e como faz. 
Os últimos serão os primeiros 
“Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16ª). É uma afirmação complicada. Somente quem compreende a lógica do amor pode entender essa frase. Ninguém pode reclamar. Os primeiros não podem reclamar do patrão. Os que são últimos se tornam primeiros sem reclamar. O pagamento foi um “denário”. Nele há a imagem de César e a inscrição. Todos os batizados recebem a imagem de Cristo no batismo e devem devolvê-la a Deus. Todos recebem a imagem e a semelhança de Deus e de sua bondade participada por todos. E a Palavra divina que consagra no batismo (T.Frederici). Todos estão em igualdade diante de Deus que convida a trabalhar. 
Leituras Isaias 55,6-9 Sl 144 
Filipenses 20c-24.27ª; Mateus 20,1-16ª. 
Ficha nº 1998 
Homilia do 25ª Domingo Comum(20.09.20) 
1. Deus retribui com justiça, mas sua justiça supera a justiça humana. 
2. Somente na união mais íntima com Jesus que podemos entender e viver como o Pai. 
3. Somente quem compreende a lógica do amor pode entender a parábola dos operários. 
“De trás prá frente” 
É mais fácil explicar complicado. Jesus, de vez em quando, dava um nó cérebro dos discípulos. É simples, mas a gente entende complicado. Jesus contou uma parábola do homem que foi contratar gente para trabalhar na roça dele. E prometeu a diária. Havia um sistema de trabalho de bóia fria em que os que estavam sem trabalho se juntavam num lugar e, quem precisava de gente para trabalhar ia lá. Ali se combinava. Ainda existe isso naquelas regiões. Então, como o serviço era muito, ele foi em diversos horários chamando outros e dizendo que acertava depois. Já não era mais a diária. No fim do dia, no acerto, Ele começou de trás prá frente, pagando aos de uma hora de serviço, o que era para uma diária. Os primeiros disseram: tamos feitos. E nada. Então azedaram. Qual o combinado? Então entendemos que Deus nos dá sempre muito mais que merecemos. Ele é generoso com todos.

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