sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

nº 1918 - Homilia do 3º Domingo do Advento (15.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Alegrias da salvação” 
Alegrai-vos! 
A temática do terceiro domingo do Advento abre à alegria do Natal mostrando que o Senhor está perto: “Alegrai-vos! O Senhor está perto”. A alegria é resultado da ação de Deus que sempre transforma as realidades humanas. Vemos essa realidade acontecer nas ações redentoras que Jesus realiza para com os muitos necessitados. Esta alegria da vinda do Senhor é descrita pela imagem da renovação da natureza. Deus vem para a recompensa. O povo que volta do exílio vem cheio de alegria pela libertação. A futura missão do Messias já é manifestada pela cura de cegos, de surdos, de aleijados e de mudos. É uma felicidade eterna. O nascimento de Jesus não é um fato da história que passou, mas um novo modo de viver no mundo. O Advento nos prepara para esse momento. Rezamos na oração da missa: “Dai-nos chegar às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia”. O presépio é um símbolo. A celebração litúrgica é a memória atuante que realiza o mistério da Encarnação e Nascimento do Senhor. As celebrações têm como característica a profunda alegria da salvação: “Exulto de alegria no Senhor, e minha alma se regozija em Deus, meu Salvador, porque Ele me revestiu com vestes de salvação” (Is 61,11). Maria, ao cantar seu encantamento por Deus que a magnificara, retoma as palavras de Isaias (Lc 1,46-47): “Minha alma engrandece o Senhor e se alegrou o meu espírito em Deus me salvador” (Lc 1,46-47). Exultar é sempre um ato de culto, pois o júbilo é uma participação da vida celeste. 
Espera que fortalece 
São Tiago nos oferece um traço da espiritualidade desse tempo de espera que caracteriza o Advento. O Senhor virá no fim dos tempos, e vem no Natal de forma sacramental. Esperar exige paciência e firmeza. O apóstolo usa a imagem do lavrador que semeia e espera o fruto. Essa espera tem que se espelhar na paciência dos profetas que passaram por tantos sofrimentos e não chegaram ver cumprida sua profecia: “Muitos profetas quiseram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram” (Lc 10,24). A espera se sustenta com o espírito de pobre diante de Deus. Não de miséria, mas de desapego. Essa pobreza espiritual dá forças para colocar suas esperanças nas coisas que permanecem para sempre. Por isso esperamos o Senhor. Pobres diante de Deus se sustentam com as alegrias da salvação. A alegria passageira entristece. Alegria no Senhor fortalece a esperança. A alegria de Deus é força. 
Para ser profeta como João 
O Advento deste ano reflete sobre João Batista. Ele é o maior profeta. É dele que falam Escrituras: “Eis que envio o meu mensageiro à sua frente; Ele preparará o caminho diante de ti” (Mt 11,9-10). João quer saber se Jesus é o Messias prometido “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? (Mt 1,3). Jesus mostra aos enviados, através dos seus milagres, ação de Deus no Messias: “Os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,4-5). É a síntese da ação de Jesus. João é modelo para os profetas e evangelizadores: centrado no fundamental que é sua vida e mensagem voltadas para a missão. Por isso é desapegado, pois se vestia com peles e comia gafanhotos e mel silvestre. Nós nos perdemos no secundário e deixamos de lado o importante e que dá vida como Jesus. A salvação sempre nos vem após a libertação do desnecessário para a vida. 
Leituras: Isaias 35,1-6a.10; Salmo 145; 
Tiago 5,7-10; Mateus 11,2-11.
Ficha nº 1918 - Homilia do 3º Domingo do Advento (15.12.19) 
1. O nascimento de Jesus não é um fato histórico, mas um novo modo de viver. 
2. O Senhor virá no fim dos tempos, e vem no Natal de forma sacramental. 
3. João é modelo para evangelizadores: sua vida e mensagem voltadas para a missão. 
Olhando pela fresta 
Voltados para o fim dos tempos, como vemos na reflexão do Advento, temos a impressão que vai ocorrer algo em breve. Por isso ficamos esperando, como que olhando por uma fresta para sermos os primeiros a ver. A ansiedade nos tira do rumo. É bom saber buscar o Senhor, mesmo que isso nos custe uma vida. A expectativa da vinda do Senhor, seja no Natal, seja no fim do mundo, seja em cada momento, constrói dentro de nós como que um lugar de permanente acolhimento. Pode chegar quando quiser que o cafezinho vai estar pronto. É uma satisfação poder ser feliz com antecipação.

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