quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

nº 1922 - Homilia da Festa da Sagrada Família (29.12.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista “
Jesus, Maria e José” 
 Honra teu pai 
No período do Natal celebramos a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Não se trata só de uma devoção, mas de um modo de compreender a Redenção que Jesus nos trouxe. Ele se fez homem, mas se fez família também. Tirar os pais de Jesus do anúncio evangélico é desfigurar a Encarnação. Deus quis assim. Não é minha opção religiosa que vai mudar o desígnio de Deus. Quis uma Mãe, que O gerou, e um pai que transmitiu a realeza: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo”... “José, filho de Davi (rei), não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). Sendo assim, a festa não é a comemoração de uma família exemplar, mas a celebração do Mistério da Encarnação, manifestação de Deus, através de seu Filho, em sua condição humana dentro de uma família. A família é o primeiro lugar para a formação dos filhos de Deus, como o foi para Jesus. Há os que querem ver mau relacionamento de Jesus com Maria. O mandamento de honrar os pais estava muito encarnado em Jesus: “Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso” (Lc 2,51). Jesus completa esse relacionamento com sua obediência ao Pai, sem destruir os laços humanos que tinha com seus pais. É justamente isso que os apóstolos e Paulo tomam como modelo para a vida de comunidade. Tudo o que Deus quer para o mundo começa com a família. Vemos isso no Eclesiástico, nas cartas de Paulo e Pedro. É a condição para entrar em oração: “Quem honra seu pai... no dia em que rezar será atendido” (Eclo 3,6).
Revesti-vos de virtudes 
Paulo, na carta aos Colossenses, descreve as virtudes que devem reinar no lar e na comunidade. O que predomina é o amor: “Amai-vos uns aos outros, pois o amor é vínculo de perfeição” (Cl 3,14). Paulo coloca a vida em família a partir de uma mudança interior: “Revesti-vos de sincera misericórdia...”. Passa a seguir à vida comum na base do amor, da paz e da ação de graças. São as virtudes que constroem uma comunidade. A Palavra de Deus é o fundamento do relacionamento: “A Palavra de Cristo, com toda sua riqueza, habite em vós” (Cl 3,16). Não é possível uma vida de família sem que seja modelada pela Palavra. Como faz falta em nossas famílias a orientação a partir da Palavra de Deus! Como há grande fragilidade por falta de conhecimento, Paulo insiste: “Ensinai, admoestai-vos uns aos outros” (16). O que nos falta muito é justamente a formação. Mais que gente que instrua, falta gente que queira aprender. A vida cristã é centrada em Cristo: “Tudo seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo”. O relacionamento espiritual vai ao concreto da vida matrimonial no mútuo amor e respeito. Vai até o cuidado no relacionamento dos filhos. 
Famílias novas? 
A Igreja não desiste de sua compreensão da família, como recebemos do Evangelho e da Tradição. A complementaridade assume todos os campos. É tão rico ver a diferença sendo fonte de crescimento pessoal. O que quero em mim, eu encontro em você. Um é espelho do outro. Crescemos quando somos capazes de acolher o outro como um dom de Deus e um estímulo de vida. Certo que o passado não é o melhor modelo, pois cada época tem suas riquezas e pobrezas. A Igreja é uma família de famílias. Desse modo todo o empenho exigirá a família como um todo. Infelizmente as pastorais não trabalham com a família que deve estar presente em todos os setores. Vivendo os ensinamentos evangélicos e desenvolvendo seus próprios dons, contribuirão para uma evangelização envolvente. 
Leituras: Eclesiástico 3,3-7.14-17; Salmo 127; 
Colossenses 32,12-21; Mateus 2,13-15.19-23. 
Ficha nº 1922 - Homilia da Festa da Sagrada Família (29.12.19) 
1. Tirar os pais de Jesus do anúncio evangélico é desfigurar a Encarnação. 
2. Não é possível uma vida de família sem que seja modelada pela Palavra. 
3. Crescemos quando somos capazes de acolher o outro como um dom de Deus.
Éramos três 
Deus gostou muito do jeito humano de viver que quis que seu Filho dileto vivesse do mesmo modo. Parece que era o melhor jeito para Deus realizar seu plano de salvar a humanidade. Não adiantava passar uma tinta bonita no mundo para ele ficar bom. Precisava consertar por dentro. Por isso quis iniciar a redenção dentro de uma família. As virtudes da família se realizaram todas naquela familiazinha que foi crescendo, ficando forte, aumentando os números dos filhos até chegarmos ao que somos, Igreja, família de Deus.

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