quinta-feira, 7 de março de 2019

nº 1839 Artigo - “A luta contínua”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
2170. Luta permanente 
Iniciamos a leitura do capítulo V da Exortação Apostólica - Gaudete et Exultate - de Papa Francisco sobre a santidade. Nela o Papa analisa o processo da santidade à qual somos chamados. Esta Exortação nos ensina como viver. Constata que “a vida cristã é uma luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demônio e anunciar o Evangelho” (GE 158). Não é peso, mas é um esforço organizado para libertar-nos dos males e organizar a vida espiritual a partir da graça. Esta deve penetrar a vida e orientar as atitudes. O Papa aprofunda o conhecimento dessa batalha dizendo que não “se trata apenas de uma luta contra o mundo e a mentalidade mundana”. Não é também a luta contra a própria fragilidade e defeitos. “Mas é a luta constante contra o demônio, que é o príncipe do mal” (GE 159). Dizem que a grande vitória do demônio é convencer-nos de que ele não existe. Essa vitória é possível. Jesus dizia que “via Satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10,18). Claro que essa questão não está ligada ao modo como estamos acostumados a ver apresentado Satanás. Sua personificação pode prejudicar a compreensão do mal que nos cerca e nos invade. Vemos através da história quantas figuras temos de tentador, a partir da serpente que tentou Eva. Fazemos caricatura do diabo, mas ele continua sua ação no mundo usando os filhos de Deus. Corremos o risco de ficarmos no folclórico a respeito do Maligno e descuidarmo-nos de sua realidade e ação no mundo. As tentações de Jesus mostram claro que o mal nos ataca através do ter, do poder e do prazer. 
2171. Remédio para a carne 
Rezamos no Pai Nosso professando a existência do mal que nos cerca: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Maligno” (ou do mal) (Mt 6,13). Na Ceia Jesus reza: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guarde do Maligno (ou do mal) (Jo 17,15). Jesus sofreu a tentação, como lemos na carta aos Hebreus: “Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15). Não se trata de um mito ou de um folclore. Faz parte da condição humana passar pela tentação do mal. O Papa Francisco chama atenção: “Não admitiremos a existência do demônio, se nos obstinarmos a olhar a vida com critérios empíricos e sem uma perspectiva sobrenatural” (GE 160). Como entender o mal que praticamos, que destrói tanta gente, somente como questões humanas? O combate com o “inimigo” não se faz somente com instrumentos humanos, mas com a força da graça. A tentação é forte. Por isso somos chamados à prática espiritual como dizia Jesus: “tem certo tipo de demônio que só com muito jejum e oração pode ser tirado” (Mt 17,21). O empenho na caridade ocupa nosso tempo, fortalece nossa disposição e nos leva a vencer os males: “Se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber....Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12,20-21). 
2172. Sabor da fruta 
A tentação tem sabor agradável e desperta desejos dos olhos (Gn 3,6). São Pedro diz em sua carta que o adversário ”como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé” (1Ped 5,8-9). O Papa Francisco lembra: “Então, não pensemos que seja um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia” (GE 161). Encontramos a tentação no belo jardim de Deus que é o mundo. Deus disse a Caim: “Se praticares o bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se procederes mal, o pecado está a tua porta, espreitando-te; mas tu deverás dominá-lo” (Gn 4,7).

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