segunda-feira, 11 de novembro de 2019

nº 1908 - Homilia do 32º Domingo Comum (10.11.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista
“Deus dos vivos” 
Fé que vale uma vida 
Próximos já do final do ano litúrgico, a Palavra de Deus nos leva a contemplar nosso futuro, não só nosso fim. É como esperar que se acendam as luzes do espetáculo definitivo. Não se trata de um fim que nos anule e provoque em nós uma desilusão e um viver sem esperança. “Nós esperamos novos céus e nova terra” (2 Pd 3,13). A partir desse estímulo podemos entender o ensinamento da Palavra que nos é dirigida. A leitura do segundo livro dos Macabeus e do evangelho de Lucas nos traz dois casos que parecem absurdos. Os dois livros de Macabeus relatam também a necessidade de resistir às novidades que o paganismo quer introduzir na vida do povo. Vemos o exemplo de resistência dos sete irmãos e sua mãe diante da imposição de comer carne de porco. Isso simbolizava que abandonavam a lei de Deus e aceitavam os costumes pagãos. É uma narrativa tremenda, mas admirável pela fortaleza diante do sofrimento para ser fiel a Deus. No evangelho temos uma discussão de Jesus com os saduceus que não acreditavam na ressurreição. Esses apresentam um caso de sete irmãos que, sucessivamente morrem após terem se casado com a mesma viúva, que também morre. Eles cumpriram a lei do levirato na qual, na morte de um irmão, outro deve se casar com ela para suscitar descendência ao falecido. Perguntam: Na vida futura de quem será esposa? Jesus responde: a vida futura não se rege pelos moldes dos mortais. Lá a condição é outra, como os Anjos. Não nega a vida presente. Afirma que lá se vive a vida de ressuscitados. Vivemos para Deus. 
Eterna e feliz esperança
“Ao despertar, me saciará vossa presença e verei a vossa face” (Sl 16). Na caminhada rumo à ressurreição passamos pelo caminho de nossas decisões e opções. Por isso rezamos no salmo: “Inclinai vosso ouvido à minha prece, pois não existe falsidade nos meus lábios! Os meus passos eu firmei na vossa estrada e por isso os meus pés não vacilaram. Eu vos chamo porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me” (Sl 16). O conhecimento de Deus e de seu carinho por sua frágil criatura nos garantem um futuro. Paulo diz aos tessalonicenses: “Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo” (2Ts 2,5). A vida cristã não é a execução de preceitos, mas a confiança numa esperança que fundamenta nossas aspirações e nossa fé numa vida que continua. Aqui temos que tirar de nossa mente que nós viveremos nossa vida de novo, voltando para outro tempo em outras condições. Nossa fé não admite esse retorno. Passada nossa vida terrena, entramos na posse de uma vida que dura para sempre. A fé na ressurreição é fundamental. Temos certeza que teremos nosso encontro definitivo com Cristo. Para isso Ele morreu e ressuscitou. Nós viveremos unidos a Ele pela fé. 
Um mundo ressuscitado 
A ressurreição não é somente um fato espiritual, no fim da vida quando tudo estiver acabado. Ela penetra toda existência cristã e todo o universo. Paulo ensina que tudo será recapitulado em Cristo, isto é, todo o universo caminha para se unir a Cristo. Nele tudo tem sentido, Nele tudo se renova. Colocar o Evangelho no mundo é o mesmo que renová-lo à luz de Cristo. É através da vivência cristã, não como ideologia, mas como vida em Cristo. Todas as coisas deverão ser colocadas a serviço do homem e de Deus. Assim se renovam. Por isso não podemos fazer uma religião como uma prática individual e somente espiritualizada, mas que renove todas as coisas e pessoas. 
Leituras: 2º Livro dos Macabeus 7,1-2.9-14;Salmo 16; 
2Tessalonicenses 2,16-3,5; Lucas 20,27-38 
Ficha nº 1908 - Homilia do 32º Domingo Comum (10.11.19) 
1.A Palavra de Deus nos leva a contemplar nosso futuro, não só nosso fim. 
2.Na caminhada rumo à ressurreição passamos pelo caminho de nossas decisões e opções. 
3.Colocar o Evangelho no mundo é o mesmo que renová-lo à luz de Cristo.
Costelinha de Leitão 
Os sete irmãos e sua mãe foram trucidados por que recusavam comer carne de porco. Não se trata de não gostar. Aliás, os judeus e muçulmanos não comem carne de porco. Aqui era uma questão de fé. Comer a costelinha de leitão significava aceitar o culto pagão e deixar toda a lei de Deus. Então eles não fingem, não temem, pois amam a lei de Deus. Foram corajosos. A fé verdadeira nos leva a não necessitar dessas atitudes dolorosas, mas a deixar os pequenos leitões que vamos criando dentro de nós e por eles negamos todo o amor de Deus por nós, seu evangelho, a missão de Jesus, sua Igreja e tudo mais. Pequenas coisas, mas venenosas. Essas são mais difíceis de deixar que as grandes. Cuidemos de nosso chiqueirinho.

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