terça-feira, 10 de novembro de 2020

Nr.2016 - Homilia de Cristo Rei (22.11.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Cristo, Rei do Universo” 
Restaurar todas as coisas 
O Papa Pio XI instituiu a festa de Cristo Rei em 1925 para frear o crescimento das correntes de pensamento laicista, como o comunismo e outros que se opunham aos valores cristãos. A festa era celebrada no último domingo de outubro. Com a reforma litúrgica foi transferida para o último domingo do ano litúrgico, tendo sido reformulada sua finalidade. Antes era um tanto política. Agora tem a finalidade de mostrar Cristo para o qual converge todo o universo. A festa encerra o ano litúrgico. Não sem razão, toda a celebração é “por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós, Deus Pai, todo poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda glória, agora e para sempre”. Só podemos dizer: “Amém!” A oração da festa apresenta a missão de Cristo Rei: “Ó Deus, que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do Universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, Vos glorifiquem eternamente”. E dizemos: “Amém!”. A festa lembra a missão de Cristo que é a restauração do Universo. Não só numa dimensão espiritual, mas aquela verdadeira espiritualidade que envolve todas as realidades. Tudo seja entregue a Cristo que submete tudo ao Pai. Cristo não é um líder religioso ao lado de tantos outros. Ele é o Senhor do Universo. Seguindo o Evangelho estamos em seu Reino de justiça, amor e paz. Como Jesus é o Servo, tudo Nele é para o serviço de levar as realidades à plenitude que é servir o homem. 
Servindo vossa majestade 
Esse Rei é o pastor que conduz pelos prados e campinas verdejante, águas repousantes e restaura as forças (Sl 22). Ele instituiu um reino que consiste fundamentalmente em servi-lo no pequeno sofredor. Por isso o julgamento está na fidelidade às constituições básicas que constituem o Reino de Deus: Como cuidamos de Cristo. Esse cuidado se dá no cuidado com os necessitados. Reino é cuidar. Por isso ele é reino da verdade e da vida, de santidade e graça, justiça de amor e de paz. As questões a serem julgadas são as maiores questões que mais atingem a humanidade. São a síntese da vida e da morte do mundo. Elas atingem diretamente todos os habitantes desse Reino. São questões de vida e morte ao mundo: fome, sede, migração, vestes, doença, sistema prisional. São males que atingem toda a humanidade. Pior de tudo é que a pastoral, a teologia, a doutrina e a espiritualidade cuidam de questões, nunca do ser humano. É mais fácil e nos tira a responsabilidade pelo Reino de Deus, na pessoa do Cristo Rei-Pastor. Como Jesus se identifica com seu Reino, tudo o que é feito para cada um dos pequeninos é feito ao Rei, Filho de Deus, Salvador: “Tudo o que fizestes a um desses pequeninos, foi a mim que o fizestes ou não fizestes”. O que passa disso, só tem sentido se está voltado para essa questão fundamental. 
Libertas da escravidão 
Rezamos na oração: “Fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo vossa majestade vos glorifiquem eternamente”. Quando falamos de libertação, não há outra finalidade que a promoção do homem, da mulher e do mundo, mas também o culto a Deus. Moisés, ao libertar o povo, dizia que era para ir para prestar culto a Deus. Só existe fé quando sai dos conceitos e passa à realidade do ser humano. Só existe culto perfeito quando o Celebrado é visto no pequenino, no pobre e no deserdado. E os que possuem bens? Jesus diz sobre o homem que ajuntou muitos bens e morreu de repente; “Assim acontece com o homem que ajunta tesouros para si, mas não é rico para Deus” (Lc 12,21). 
Leituras: Ezequiel 34,11-12.15-17; Salmo 22; 1 
Coríntios 15,20-26.28; Mateus 25,1-36. 
Ficha nº 2016 
Homilia de Cristo Rei (22.11.20) 
1. A missão de Cristo é a restauração do Universo que envolve todas as realidades. 
2. As questões a serem julgadas são as maiores questões que mais atingem a humanidade. 
3. Só existe fé quando sai dos conceitos e passa à realidade do ser humano.
Um rei na rua? 
Esse negócio de ser rei é uma invenção, pois Jesus afirma que é rei, mas não é daqui. Por isso é diferente. A diferença no aqui é que Ele está na calçada batendo palmas a quem passa, o verdadeiro rei. Quando fala de autoridade, diz que é diferente. Está por baixo e não por cima. Ele não tem um sósia. É Ele mesmo que está ali, identificado para ser mais conhecido. Não quer ser conhecido pela coroa, a não ser a de espinhos, a que sobrou. Ele está no corpo ferido pelos espinhos. Quem está na rua é o rei para Jesus. A ele, Ele serve.

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