terça-feira, 13 de outubro de 2020

Nr.2006 - Homilia do 29º Domingo Comum (18.10.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“De quem é a imagem” 
Deus é o Senhor 
Jesus se aproxima do fim de seu ministério. O evangelista resume questões fundamentais que lhe eram propostas: uma é questão de política religiosa, o imposto ao imperador, outra é de moral, o matrimônio, uma espiritual, o maior mandamento e a sua divindade. Os inimigos de tendências diferentes se ajuntam para comprometê-lo a tomar partido contra o imperador, contra o imposto ou contra o povo que não admitia esse imposto. Para fazer o mal os inimigos se combinam. Jesus pede uma moeda e pergunta: “De quem é a imagem e a inscrição?” - “De César”, respondem. E Jesus, sabendo que era uma armadilha, responde: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Essa frase já recebeu muitos sentidos. Até se falou que se refere à separação de Igreja e Estado. Nós nos fixamos na resposta de Jesus. Mas seu sentido é mais amplo. Pode-se partir dos termos imagem e inscrição da moeda. O império aceita a imagem do imperador. E até lhe fazem templos, como um culto a um deus. Todos aceitam sua política, sua ordem econômica e devolvem uma parte do dinheiro recebido de César como tributo exigido. Trata-se de restituir a César o que veio de César (Imperador). Mas a grandeza de um rei é estar a serviço de Deus, como nos apresenta a primeira leitura. É estar a serviço de Deus, como nos apresenta o texto de Isaías. Deus é o Senhor que tudo comanda: “Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus”. O imperador não é dono do mundo. 
De quem é a imagem? 
Na moeda estava cunhada a imagem (ícone) do imperador. Jesus pergunta: “De quem é a imagem?” Jesus escapa da armação que lhe fazem e conduz o assunto a declarar-Se Senhor e todos como imagem de Deus. Essa temática é muito rica. Deus fez o homem a sua imagem e semelhança. Com o sopro lhe deu a existência (Gn 2,7) destinada à vida imortal. O imperador, através de sua imagem, não é o dono do mundo. Deus criou tudo e a terra é sua. Também Cesar, seu dinheiro, sua imagem, sua inscrição e seu tributo pertencem a Deus. O selo de Deus está marcado na testa dos homens. Nele pôs o selo de seu Filho (Jo 6,27). Tudo deve ser restituído a Deus. Com isso não está descartada a autoridade humana constituída para o bem do povo e que tem sua origem em Deus. Não dispensa a restituição do tributo à autoridade. Estando sujeito à autoridade deve saber que César não é autônomo. Ele também tem que prestar contas a Deus. Esse complexo de autoridade, como poder, está presente também nas autoridades eclesiásticas e naqueles que os cercam. Jesus nos mostra muito bem o que é o serviço do poder. Este deve estar a serviço da glória de Deus. O salmo convida a todas as nações que dêem ao Senhor poder e glória (Sl 95). 
Fraternidade apostólica 
Paulo em suas cartas chega aos cumes da sabedoria cristã. Mas não sai da realidade humana. Fala de coisas humanas como lemos hoje: “Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações... recordamos a atuação de vossa fé, o esforço de vossa caridade e a firmeza da vossa esperança” (1Ts 1,2-3). É uma comunidade cheia do Espírito Santo que, no dizer de Paulo, foi seu evangelizador: “O evangelho chegou até vós, não somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso com abundância” (Id 5b). Mesmo sabendo do poder do Espírito Santo, Paulo não deixa de se comprometer afetivamente com essa comunidade (1Ts 2,17). O afeto deve permear todos os aspectos da evangelização. A fé atinge a pessoa toda em todas as suas dimensões. 
Leituras: Isaias 45,1.4-6; Salmo 95;1 
Tessalonicenses 1,1-5b; Mateus 22,15-21. 
Ficha nº 2006 - 
Homilia do 29º Domingo Comum (18.10.20)
1. A grandeza de um rei é estar a serviço de Deus. 
2. A autoridade humana que é constituída para o bem do povo, tem sua origem em Deus. 
3. O afeto deve permear todos os aspectos da evangelização e as dimensões do homem. 
Rei da cocada 
Temos muitos tipos de reis desde a Inglaterra até ao rei do carnaval, o Momo. Jesus não Se gloria de ser rei, a não ser para declarar a verdade. Ele responde a Pilatos que pergunta se Ele é rei. Responde “tu o dizes”, isto é: você que está falando. E diz que seu reino não é desse mundo. Pior é que gostamos de ser rei na Igreja. O Papa usava uma tríplice coroa. Outros, se não usam coroa, fazem o que os reis faziam e querem essas glórias. Ele foi rei coroado na cruz. Ali sim, estão as insígnias reais. Todo o poder que Jesus concede é o de servir. Para esse, não tem partido político. Nem a concorrência é grande. Os que têm vida, são os que se doam.

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