domingo, 30 de abril de 2023

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR NO CÉU

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA 
*21 DE AGOSTO DE 1947 
+30 DE ABRIL DE 2022 
Seguindo nossa proposta de apresentar a vocês mais sobre a vocação redentorista, convidamos o Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R, para dar seu testemunho vocacional.
O missionário redentorista desempenhou diversos trabalhos na Congregação. Foi pároco, trabalhou na formação de seminaristas, foi mestre de noviços, trabalhou no Santuário Nacional, entre outros. Atualmente, Pe. Luiz Carlos é secretário provincial e continua ajudando na paróquia e acompanhando a formação dos seminaristas. 
1- Com quantos anos teve o primeiro contato com os redentoristas e aonde? 
Não sei quando comecei a pensar sobre ser padre. Morávamos na roça, no município de Sacramento – MG. Tanto os familiares de meu pai, como de minha mãe viviam por ali. Todos os anos o pároco, Pe. Ivo Soares, vinha para a festa do padroeiro. Meu pai dizia que eu disse que queria ser padre. Ele mostrou-me para o padre dizendo isso. Minha avó dizia que eu disse a ela: Vó, um dia eu vou confessar a senhora. Quando ela estava para morrer eu já era estudante redentorista, eu lhe dei a comunhão e ela, então, disse: posso morrer porque o Luiz já me confessou.
Em 1958 um irmão Claretiano, que fazia as assinaturas da Revista Ave Maria, passou em casa e acertou minha entrada para o Seminário Claretiano de Rio Claro, no ano seguinte. Nesse meio tempo, apareceu o Pe. Antônio Borges fundando um seminário redentorista em Sacramento. A família decidiu colocar-me nesse seminário que estava ali perto e não tão longe. Deram-me a vocação redentorista. Não gostei na hora, mas eu tinha 11 anos. Cursava o 3º ano primário. 
2- Passou por algum tipo de acompanhamento vocacional? 
O acompanhamento foi somente acertar a entrada para o seminário no ano seguinte. Começamos com 15 alunos. O Padre Antônio dizia que eram os 15 mistérios do rosário. Dos 15, só eu fiquei. Eu era o 4º doloroso, Jesus carrega a cruz o caminho do Calvário. Depois eu continuei carregando. O acompanhamento era a vida da família que era religiosa. 
3- Com quantos anos entrou para a congregação como seminarista? E quanto tempo ficou na formação? 
Entrei com 11 anos. Era o normal do tempo. Entrei dia 26 de fevereiro de 1959. Fiz a profissão religiosa dia 02.02.68, e terminei os estudos no final de 74. Fui ordenado padre em 23 de agosto de 1975.
4- Como você percebeu que tinha vocação para a vida missionária? 
No começo a vocação era para ser padre. Eu havia visto uns missionários redentoristas que passaram lá perto de minha casa. Lembro-me do Pe. Henrique e do Pe. Domingos, eram redentoristas holandeses da Província do Rio de Janeiro. Mas isso não teve ligação com o fato de entrar para o seminário. Eu ainda era pequeno. 
5- Como aconteceu seu chamado? 
A consciência de uma vocação missionária se deu no correr da formação quando a gente ficava conhecendo a vida redentorista. Nunca pensei em sair. Sempre gostei de tudo. Passei momentos difíceis. Mas foi tudo muito sereno. 
6- Em sua opinião, quais são os principais desafios para se aceitar o chamado à vida religiosa? 
A vida religiosa não é um desafio, é um dom alegre e que preenche o coração. O desafio fundamental é o querer ser religioso redentorista. Isto é, querer ser o que se propõe. A vida religiosa não é um desafio, é um dom alegre e que preenche o coração. 
7- O que mais te encanta na vida missionária? 
O que me encanta é o povo. Meu compromisso é com o povo e me sinto feliz quando posso atendê-lo bem. É muito divertido viver com o povo como povo. Deus sempre me deu o jeito de ficar feliz com o povo. Uso meus dons e faço o que posso por ele. Gosto muito da vida comunitária e da espiritualidade da Congregação!
Padre Luiz Carlos de Oliveira(+), mais que um colega, mais que um amigo, mais que confrade, é meu irmão. Foi meu colega no SRSA nos anos 1958/1962. Desde 2012 tenho revisado seus textos semanais:homilias e artigos. Em conjunto criamos um blog - REFLETINDO A PALAVRA - 
https://refletindo-textos-homilias.blogspot.com/ 
- que substituiu o outro blog ainda em exercício - 
do WORDPRESS - 
https://padreluizcarlos.wordpress.com/. 
Nesses dois blogs temos a oportunidade de ver todos os textos das homilias e artigos desde 2001. Ele nos deixou... por uma rápida e insidiosa doença o levou em pouco mais de 1 mês. Que posso dizer mais???? Ele deixa farto material para evangelização cumprindo a vocação missionária que um dia surgiu e em 1959 ele, no caminho do Padre Antônio Borges, inaugurou o seminário de Sacramento, vindo logo após para o Santo Afonso em Aparecida-SP. Conte sempre com minhas orações, padre amigo, assim como conto com sua bênção perene! UMA VEZ REDENTORISTA, REDENTORISTA NO CÉU! -Antônio Ierárdi Neto
Não tinha como deixar de assistir às exéquias do padre Luiz Carlos, ele perseverou, teve as homenagens merecidas, seus confrades cantaram o Salve Regina e depois o Com Minha Mãe Estarei. Assisti a todo cerimonial, procurei no meu passado uma batina que me foi destinada, vesti-a e me integrei ao grupo redentorista entregando a Deus o corpo de nosso irmão. Alexandre Dumas 
Dumas, Padre Luiz Carlos, mais que um colega, mais que um amigo, mais que um confrade.... é nosso irmão como você disse com muita propriedade!!!! Ele deixou mais de 2.000 textos de homilias e artigos desde 2001. O último, Homilia do Domingo de Ramos, é de número 2.164! Podemos ver quando quisermos nos blogs REFLETINDO A PALAVRA - 
Recém ordenado, Padre Luiz Carlos chegou em Tietê, no Seminário Santa Teresinha. Muito jovem, sorriso aberto, alegre até nos dias feios, com muita facilidade Padre Luiz Carlos conquistou todos. Revelou-se um grande formador nos passos de Santo Afonso. Suas brincadeiras e leveza aproximavam-nos para grandes ensinamentos. Os meninos daquela casa e eu, como professora , chegávamos para desfrutar o privilégio de companhia tão leve. Momentos felizes nos uniram para que eu passasse a admirá-lo numa amizade fraterna. A vida seguiu, Padre Luiz Carlos cada vez mais dedicou-se aos estudos e à Congregação. Seguiu sua vocação e aprimorou-se na intimidade com Jesus. Nos últimos anos, em total sintonia com a UNESER, Padre Luiz Carlos enviava-nos seus textos, postados por Edivaldo Bortolleto, semanalmente. Grandes ensinamentos ali. Brilhante, Padre Luiz Carlos já deixa saudade, um vazio em nossos corações. Siga em paz , querido Padre Luiz Carlos. Há muitos no céu, de braços abertos para recebê-lo.Prof.Mali Moura - https://www.uneser.org.br/
Conheci o Padre Luiz Carlos de Oliveira numa palestra que ministrei na Vila Santo Afonso (Casa da Pedrinha). Lugar de beleza ímpar, propício para estudos, oração, descanso e convivência, localizada na cidade de Guaratinguetá (SP). A palestra seria sobre os fundamentos teológicos do sacramento do perdão (também conhecido como Sacramento da reconciliação ou penitência). Quase uma pretensão de minha parte, afinal o que um teólogo “acadêmico” poderia acrescentar a 27 padres redentoristas que trabalham há anos no santuário, atendendo e ouvindo centenas de confissões entre os peregrinos que visitam a casa da mãe semanalmente? Não nego que me sentia constrangido. E assim comecei a minha fala, fazendo uso de um trocadilho, confessando a todos o meu constrangimento e deixando claro que não era eu que deveria estra falando, mas deveria sim, ouvi-los a todos e aprender com a sua experiência. Um dos presentes era o Padre Luiz Carlos. Sentado numa das últimas poltronas do amplo e lindo salão, condescendia-me com sua atenção e vez ou outra me interpelava com alguma e sempre pertinente pergunta ou comentário. O pequeno espaço de tempo do almoço nos permitiu mais conversas particulares e sua simpatia e acolhimento me serviu em muito pra me sentir mais em casa. Mais tarde, meses talvez, fui convidado a um programa de televisão da tv Aparecida, sob a batuta do padre Ulysses e para minha surpresa o Padre Luiz Carlos dividiria o palco comigo. Mais uma vez nesta oportunidade pude perceber sua lucidez e como colocava seu conhecimento teológico a serviço de sua missão e ação pastoral. Aliás, uma característica clara do carisma Redentorista. Não é tarefa fácil unir certos temas teológicos e expô-los de maneira clara e simples. Naquele dia, o coloquei na minha serie de pessoas que admirava. Por uma triste coincidência, soube de sua morte exatamente no dia em que novamente estava em Aparecida para gravar algumas participações em outros programas da tv Aparecida. E justamente o tema que eu falaria nesse programa seria “acolhida”. Algo que experimentei pessoalmente naquele dia por este padre que, como bom discípulo de Jesus, mais que definir palavras as definia na prática e nos exemplos de ações. Mineiro do município de Sacramento (MG), Pe. Luiz Carlos desempenhou diversas atividades na Congregação: foi pároco, trabalhou na formação de seminaristas, foi mestre de noviços, trabalhou no Santuário Nacional e foi secretário provincial. Também escreveu diversos artigos, homilias e reflexões dominicais para o A12 (www.a12.com). Foi, como tantos outros padres dessa abençoada congregação, missionário comprometido com o povo, um homem que um dia, ouvindo o chamado de Jesus “Vem e segue-me, pregue o evangelho e anuncie o Reino de Deus”, fez dessas palavras a sua vida! Padre Luiz Carlos de Oliveira foi autor de vários livros. Alguns deles permito-me elencar abaixo: Santidade Redentorista, foi organizado pelo Pe. Luiz Carlos, apresenta uma biografia resumida de cada um dos santos, beatos, veneráveis e servos de Deus que pertenceram à Congregação Redentorista na qual fazia parte. Essa contribuição se destina a seminaristas, religiosos que de alguma maneira vivem e compartilham a espiritualidade Redentorista e aos leigos que possam conhecer um pouco mais da congregação fundada por Santo Afonso Maria de Ligório. Experimentar o Amor de Jesus Cristo. Uma reflexão sobre a Espiritualidade Redentorista a partir da intuição e do carisma concedido à Igreja através da Família Redentorista. Nessa perspectiva, o autor examina o cristocentrismo em Santo Afonso Maria de Ligório, fundador dos Redentoristas. Essa reflexão nos proporciona entender melhor o fundamento do carisma de ser “Viva Memória e Continuação de Jesus Cristo Redentor” e deste modo conhecer mais o Cristo que Santo Afonso conhecia entendendo mais profundamente a espiritualidade redentorista que tantos frutos deu para a Igreja.Prof.Sergio A.Ribaric - https://www.uneser.org.br/
Ainda em tempo. Dom Carlinhos estava lá, um palhaço maior, o maior cômico de minha época, foi professor do Luiz Carlos. Estava em uma cadeira de rodas, cabelos brancos, meu contemporâneo, meu conterrâneo, meu vizinho da Rua da Estação. Quando foi para o noviciado, deixou-me uma mensagem :- " Avante, aparecidense, te espero no estudantado. Alexandre Dumas Pasin de Menezes
Dumas, permita-me completar.... a Homilia realizada pelo Padre Anísio Tavares foi ótima.... Ele trouxe a real ideia sobre a personalidade do Padre Luiz Carlos...Segundo ele, e aí incluo Dom Carlinhos, a Província fica em falta por não criar a faculdade do humor...ambos, Dom Carlinhos e Pe.Luiz Carlos seriam mestres! Sobre o Pe.Luiz Carlos...incluía sempre nos seus textos uma pitada de humor:"-Isso é para o povo melhor entender e participar!" dizia ele. Quando via Dom Brandes, brincava! Quando em seguida via a senhora da faxina, brincava também. Um pensamento salutar do Pe.Anísio: "O Redentor disse, eu o dei a vocês e hoje o levo de volta!" Isso nos emociona sempre e traz-nos bons exemplos! Para finalizar, ele dizia que o Concílio Vaticano II desconstruíra muita coisa que ainda não se recuperou!!!Era o nosso tempo!!!!E o tempo de agora! Antônio Ierárdi Neto
Padre Luiz Carlos de Oliveira CSsR, fazia piada até onde não se podia conversar. Chacoalhou a Roseira, nos escritos, falas e atitudes. No Céu vai levar boas risadas e dizer que tem uma fila pra subir. Mas, santos! “Eu era um dos 10 contos do Rosário, dizia Padre Antônio Borges de Souza, C.Ss.R., na primeira turma do Seminário Santíssimo Redentor em Sacramento-MG, ali na Rua Rosa da Mata. Certamente minha mãe e avó rezaram muito , pois o único que ficou padre, eu que estava indo para outra Congregação religiosa e “fui laçado” e convencido”. Disse também: “vocês da UNESER precisam levantar a bunda da cadeira e agir imediatamente , pois receberam formação condizente para agregar todos os ex-religiosos e ex-seminaristas, garantindo a eles , a capacitação permanente de catequese mesmo e me coloco à disposição para ajudar vocês a dialogarem com a Congregação Redentorista para garantirem o espaço de leigos que trazem a mística de Santo Afonso “. Muito bem, dessas falas, Padre Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R., falecido dia 30 de abril de 2022, aqui o testemunho da caminhada vocacional sua e o chamado a viver a fé e espiritualidade a partir da mística redentorista aos que passaram por formações seminarísticas sermos testemunhas do Redentor onde estivermos. Entristecidos com a morte desse religioso, amigo, estudioso de liturgia, referência positiva na Igreja Católica, exigia de todos e dizia: “vá estudar e deixe de pensar e falar besteira sobre a fé que professa”. A UNESER agradece seu apoio quando esteve no retiro no Pico do Jaraguá em São Paulo SP, ali sinalizando o caminho na mística redentorista . Agradece, também, sua presença nos encontros, seu estímulo na criação e ajuda para o livro “Histórias e Memórias do Seminário Santíssimo Redentor em Sacramento-MG, Olhares dos que ali passaram” e por fim , nos revelou seu sonho de ver reaberto aquele seminário e os Redentoristas assumirem novamente a paróquia local quando o Venerável Padre Vitor Coelho de Almeida, C.Ss.R. ficar santo. Não deu tempo de ver esse sonho, mas provocou e deixou legados onde quem ouviu os testemunhos de familiares e amigos, também representantes da UNESER, na missa das exéquias na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em São Paulo, SP, entenderam que Padre Luiz mostrou o caminho e agora cabe-nos compreender “seus puxões de orelhas” e na terra sermos melhores. Deus seja louvado e no Céu, ore por nós. Prof. Vicente de Paula Alves. Missionário Leigo da UNESER.- https://www.uneser.org.br/
Quando entramos para o seminário, a proximidade da figura do padre em nosso dia a dia era para nós, pequenas e obedientes pessoinhas, um misto de dupla autoridade . A figura austera e distante, uma referência ímpar que desde pequenos no seio de nossas famílias, aprendemos a ouvir quietos, não contrapor e seguir regiamente suas palavras. No seminário, a convivência diária dentro dos rígidos horários pré-determinados e na descontração das atividades diversas, à essa figura idolatrada, somou-se àquele que também agora seria para todos nós, como um Pai, que também estava ali para cuidar de cada um nos preparando para assumirmos com esmero e determinação esta nova opção de vida escolhida, nos conduzindo para a cada dia amadurecer e esclarecer nosso caminhos. Por Tietê passaram pelo Seminário Menor padres formadores que deixaram em cada um de nós marcas profundas e positivas em nossa formação religiosa, humana e pessoal. Souberam também plantar em cada coração o carisma afonsiano que vive em cada um dos ex-seminaristas redentoristas. Cada um deles, com personalidades e características específicas, enriqueceram nossa formação. Jamais se permitiram uma convivência distante com seus formandos que dificultasse o relacionamento. Com paciência e determinação exerciam sua vocação de formadores com maestria. Padre Marcos Mooser, um alemão sisudo, de poucas palavras, mas sempre receptivo. Padre Libardi, de fácil convivência, um italiano de sangue quente envolto em um coração que a todos abraçava com responsabilidade e carinho para com seus meninos. Padre Escudeiro, o homem para todas as soluções práticas do dia a dia. Padre Paschotte, sempre o mediador que gostava da convivência calma e objetiva. Padre Frasson, comedido no falar e ouvi-lo era ser sábio pois suas palavras eram de importância vital. Padre Brandolize, o homem do sorriso fácil e permanente que falava no seu ouvido como se cada sílaba tinha para você importância que não deveria ser desconsiderada. Tantos passaram e eu estou apenas atendo-me aos de minha convivência pessoal. É também justo citar outros formadores de outras casas de formação cuja convivência sabida também foi e é de igual importância e relevância para todos aqueles que estiveram sob a influência formadora desses homens de Deus. Como não lembrar do Padre Silva, Padre Pelaquim, Padre Négri, Padre Pacheco, Padre Vanin, Padre Scudeler e, se voltarmos mais no tempo, a lista se agiganta e nossas lembranças se avolumam. 
Essa semana, porém, a tristeza tomou conta de todos nós, ex-seminaristas que em Tietê conviveram com o já saudoso Padre Luiz Carlos. Cada formador, como bem sabemos, tinha suas características pessoais distintas e a contribuição de cada um era fator preponderante cuja soma positiva e rica exerceu forte influência em nossa formação. É incontestável que a postura do Padre Luiz Carlos o distinguia de todos. Sem alarde, sem trazer para si atenção mais do que a devida, mas com humildade, com a conhecida calma “à la mineira”, com humor sadio e sempre presente, as vezes desconcertante que derrubava o mais sisudo espectador. Padre Luiz Carlos era de uma clareza de opinião, de uma assertividade ímpar. E podem considerar esta sua qualidade em toda sua extensão e significado. Sim, ele se expunha, se expressava de maneira direta, clara, honesta e sempre apropriado ao ambiente, sem violar direitos alheios. Suas “tiradas” sagazes na verdade, eram conceitos próprios jogados em uma seara por ele mesmo cultivada que, descontraidamente ele bem direcionava para onde queria, com graça, leveza e sabedor de seus objetivos. Só assim para entender um ser que, enquanto um homem que vivia com descontração por onde passava, era o mesmo que com dedicação e inteligência aguçada produziu obras fantásticas e reconhecidas, reflexões que viajaram levando aos quatros cantos a história da CSSR, o pensar mais apurado da religiosidade e da espiritualidade. Um exegeta que não se permitiu esconder-se atrás de um manto egocêntrico que maculasse seu berço humilde e puro. Penso que Padre Luiz Carlos se alimentava de sua sempre sadia, rica e descontraída convivência com todos que o circundavam, para então construir suas reflexões, suas profundas homílias tendo sempre o afeto humano como foco de seus temas. Se triste estamos agradecidos também devemos estar, pelo privilégio a nós concedido pela convivência terrena com este ser iluminado. Mineiro sacramentado, Padre virtuoso, homem de fé inabalável, mente sã, de fácil e alegre convivência, mas antes de tudo, sempre um companheiro que com maestria e bondade lhe “roubava” um sorriso seja em que circunstância fosse, pois seu espírito atento e perspicaz, não deixava nada no vazio. Só existe uma palavra em nosso alfabeto que resume este ser que por ora nos deixou: Padre Luiz Carlos, um amigo RIP (Requiescat in Pace). Prof. Antônio Galvão dos Santos Ivo. Coordenador do ERESER TIETÊ.-https://www.uneser.org.br/um-amigo-por-antonio-galvao/
FALECEU O LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA, CSSR Parece mais uma brincadeira dele: a notícia, o Pe. Luiz Carlos faleceu na madrugada de 30 de abril de 2022. Seu jeito brincalhão permanecerá na lembrança, e já me dei ao trabalho de checar que não estou sozinho nessa, mas vi outras pessoas afirmarem inúmeras coisas. Era humano, alegre, atencioso, cuidador, detalhista, observador, dedicado. Um tipo de gente especial, ímpar. Algumas características dele eu as guardo com saudades. Vi o Pe. Luiz Carlos de Oliveira, pela primeira vez, na Basílica Nova de Aparecida, quando eu ainda era um menino romeiro, lá na capela de preparação para as confissões, na década de 1970. Ele era padre novo, jovem de tudo, mas chamou a minha atenção o seu jeito, cara de criança, ao dirigir-se aos romeiros: alegre, educado, atencioso. Demonstrava ser um homem manso, humilde, e estava ali bem próximo das pessoas para ajudar, para acolher a todos, para ensinar alguma coisa que ele sabia. O Pe. Luiz Carlos transmitia algo diferente. Eu achei isso naquela ocasião. Durante a minha formação no seminário, e depois, sendo sacerdote, pude conhecer, conviver, aprender e trabalhar com o Pe. Luiz Carlos de Oliveira. Através das suas brincadeiras, piadas, além das risadas que provocava, ele me ensinou muito. Falou muitas coisas sérias por meio de brincadeiras. Sua inteligência, cultura, sensibilidade e ternura faziam a gente se sentir à vontade na convivência com ele. Suas aulas, cursos, retiros, homilias; seus escritos acerca da Espiritualidade Redentorista, tudo muito profundo e esclarecedor que guardarei no coração. Demonstrava amor e admiração pelas 'coisas' Redentoristas. Além de transmitir o que sabia, incentivava a todos a estudar e conhecer Santo Afonso e tudo o que está relacionado à Congregação Redentorista. Recordo-me do lançamento do livro SEGUIR O REDENTOR, um dos oradores, seu amigo Antônio Bicarato (já falecido) categorizou: "Escrever, publicar um livro, é somente para aqueles que têm algo para contar, para partilhar. O Pe. Luiz Carlos faz parte desse rol, tem muito a nos dizer, tem muito a nos ensinar, tem muita riqueza para partilhar conosco". Ele não estereotipava a figura do padre nem do professor severo, mas a do amigo que está ali presente a transmitir confiança, proximidade e alegria. Quando o Pe. Luiz Carlos trabalhava na Paróquia São Pedro, em Garça, SP, e foi à Pedrinha para pregar o retiro semestral para os seminaristas do Santo Afonso, foi uma riqueza para nós aquela experiência, repleta de criatividade, de conteúdos pastorais e conhecimento da Espiritualidade Redentorista. Pudemos em outras ocasiões ainda aproveitar da sua sabedoria, pelos cursos sobre liturgia, sobre a Congregação Redentorista, a Espiritualidade etc. Mas, a característica dele era o bom humor com que apresentava os conteúdos. Com certeza, muitos obstáculos foram superados, e até escrúpulos foram vencidos, porque o Pe. Luiz Carlos, através do humor, transmitia leveza às pessoas e foi um instrumento da misericórdia, da mansidão, da alegria de Jesus Redentor. A dedicação à missão, a consciência do continuar a Jesus Cristo Redentor, moveu o coração do Pe. Luiz Carlos de Oliveira para assumir várias tarefas na Congregação Redentorista. Formador, Mestre no Noviciado, Missionário em Angola, em época de guerra naquele país, diretor dos estudantes da Congregação em Roma, especialização nos estudos, membro do Governo Provincial de São Paulo. Exerceu atividades burocráticas e pastorais, mas o bom humor foi permanente e característico em seu modo de ser. A admiração que cultivava pelo seu pai, o Sr. Batista, que residia em Sacramento, MG, como também o carinho manifestado aos membros da sua família de sangue, não foi menos percebido em relação aos Redentoristas e à Igreja, Povo de Deus. Pe. Luiz Carlos de Oliveira, um presente que temos recebido e hoje cabe-nos a difícil tarefa de entregar como oferta agradável a Deus, a sua vida, a sua pessoa tão cheia de graça que nos fez muitas vezes rir. Com ironia, dizemos que estamos alegres, porque nos despedimos de você, Luiz Carlos. Vai com Deus!Padre Luís Rodrigues Batista 
Que importante testemunho, caro Padre Luís Rodrigues Batista! Importante porque vem de alguém que conviveu com o Padre Luiz Carlos, acompanhando seus passos como superior maior, provincial dos redentoristas em São Paulo! Padre Luiz Carlos esteve comigo no Seminário Santo Afonso, em Aparecida-SP. Ele estava dois anos atrás em 1962, tendo acabado de chegar do Pré-Seminário de Sacramento, onde, pelas mãos do nosso estimado e saudoso Padre Borges, foi aquele garoto de 11 anos, primeiro a inaugurar a Casa recém construída que abria as portas para os vocacionados da Congregação Redentorista naquela cidade. Meu contato com ele era por meio de e-mail, por onde conversávamos sobre os acontecimentos na Congregação... Mantive-me, dessa forma, participante dessa Casa, que um dia me recebeu, e assim tive a oportunidade de seguir na missão, ainda que egresso do SRSA. Caro padre Luís Batista, como mencionei quando do passamento, o Padre Luiz Carlos, sobre amigo, sobre colega, sobre confrade, era meu irmão! E trago agora um pensamento em que deposito muita fé: UMA VEZ REDENTORISTA, REDENTORISTA NO CÉU!Antônio Ierárdi Neto
Ontem, logo cedo, o Galvão, amigo sempre presente, me ligou às oito horas : ” Você já está sabendo?” O que? “O padre Luiz Carlos morreu esta madrugada!” Eu já sabia da doença dele! Da gravidade da doença! Não sabia da velocidade com que Deus lhe pouparia sofrimentos! Foguinho e eu acertamos visitá-lo segunda feira, dia 2, no hospital! Liguei incontinente para o Foguinho: ” Irmão, segunda não vamos ao hospital !” ” Por que?” “Padre Luiz Carlos morreu!” Serenamente, sem perder o bom humor. Ele sabia do galardão que lhe estava preparado, pra que sofrer! Fiquei me lembrando de quando nos encontramos: 1961 , ele recém chegado de Sacramento, eu vindo da Pedrinha! Ele dedicadissimo aos estudos, eu fazendo pro gasto! Ficamos amigos para sempre! Ao longo dos últimos 60 anos fomos nos encontrando. Não acompanhei sua vida sacerdotal. Eu, certo de que não tinha vocação, deixei o seminário! Ele ficou firme e forte! Era um gozador da minha desafinação inata: Nunca, cantando, distingui dó de ré…ele ria… Não me doía, eu sabia que não tinha esse dom! Um dia, em Aparecida, uma senhora, amiga do seminário, completou 50 anos de casamento: padre Zompero tomou alguns de nós e fomos rezar o terço com ela ! Ao final ela apresentou nos uma terrina de “bolinhos de chuva “…Ele hipnotizado repetiu várias vezes ” Bolinho “… Pronto, pra irrita-lo,apelidei-o Luiz Carlos Bolinho! Mas o apelido não colou! Há 4 anos, retiro anual da UNESER convidamo-lo para ser o pregador! Aceitou de pronto! O retiro aconteceu na Casa das Irmãs Japonesas, no Jaraguá em São Paulo. Pediu me carona. Fui buscá-lo na casa de uma irmã, na Lapa. A irmã reclamou : Ele fala palavrão! Ele rindo… A Marisa quis sentar no banco traseiro, oferecendo-lhe o lugar da frente: Cheio de humor retrucou que estaria mais confortável no banco de trás! Foi um retiro inesquecível! Ele mostrou-se amigo constante e incentivador da UNESER. Deu nos um conselho: “Além dos ex-seminaristas, procurem os ex-padres, eles têm muito a ajudar!”. Agora, Luiz Carlos, Padre Luiz Carlos, levou seu bom humor aos céus, eles que o recebam com ” Bolinhos de Chuva ” muitos bolinhos! Prof. Antonio Thozzi. Escritor e enólogo. 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

“A Palavra de Deus é como uma fruta”.

“A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que uma espada de dois gumes” (Hb 4,11). Sempre estamos diante da Palavra de Deus e sentimos sua força que nos leva adiante, sentimos sua luz que nos ilumina, sentimos seu toque que nos penetra e afunda em nós a grande arma de sua eficácia. Falamos muito de Bíblia, de Palavra de Deus, mas desconhecemos muito o que ela é realmente. Procuremos nos homens que viveram esta palavra para poder assim darmos também nossa contribuição para seu conhecimento. Apoiando-nos no grande escritor Orígenes podemos refletir um pouco sobre ela neste mês da Bíblia. A Palavra é como uma fruta. Quando vamos comer uma fruta temos que atravessar a casca, comer a gostosura que ela nos oferece, digerir e transformá-la em vida dentro de nós. Assim é a Palavra: as letras que vemos, as palavras que lemos são belíssimas e maravilhosas. É a casca que se deve atravessar para ir ao interior. A casca pode ser até amarga, ou sem sabor, ou dura de atravessar. É o sentido literal, o texto que sempre temos em mãos e ficamos repetindo. Ainda não chegamos à fruta. A parte gostosa de se comer, é uma delícia. Imagine aquela fruta que você gosta; uma manga madura, um coco branquinho etc...Imagine! Comemos, saboreamos, engolimos gostosamente. Este é o efeito da Palavra para nós que sabemos apreciar. Ela nos ensina tanta coisa. É penetrante, eficaz e viva! Ela nos faz vibrar com tantos ensinamentos espirituais, morais. Serve de orientação para a vida. Serve de meditação e contemplação. Por estes ensinamentos tomamos o caminho de Deus e vamos adiante. Mas ainda não chegamos ao fundo da riqueza da fruta. A fruta é vida. Comida a fruta, ela se transforma em nosso alimento e nos faz viver. A fruta entra a fazer parte de nosso ser. Ela se torna saúde e nos faz mais vivos e alegres. Assim é a Palavra: Assimilada ela nos coloca em contato com a Vida. Entramos em diálogo de vida com Deus. Vida a vida! Lentamente há uma união de vida onde Ele nos transforma nele. Aí contemplamos sua presença em nós, deixamos que Ele seja nossa vida. Sem isso a Palavra não produz o fruto: “vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por aí podemos ver que não basta andar com a Palavra na boca repetindo os versos. Não basta falar bonito dela. É preciso ir ao fundo e deixar que Deus fale esta Palavra dentro de nós.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

“Fermento na massa: vocação do leigo”.

           
 Toda vocação tem como característica fundamental a aceitação de Jesus e seu Evangelho como orientação e fonte de vida, e a escolha de um modo de vida que expresse concretamente esta opção fundamental. Quando falamos de vocação sempre pensamos no padre ou na freira. Estas são vocações a serviço do povo de Deus no ministério e na consagração. Mas a vocação básica é a vocação do leigo.

             Quando falamos de um leigo engajado nós pensamos: ele e ela são ministros da Eucaristia, trabalham na paróquia em tudo o que o padre precisa, estão sempre no altar ajudando, fazem parte de todos os momentos e atividades. Têm até a chave da Igreja. Brincando a gente diz: podem mudar para a Igreja. Isso é muito bom, pois se trata de assumir concretamente uma ajuda à comunidade. Mas a vocação do leigo é anterior a estas atividades tão necessárias. Agradecemos a estes leigos que tanto nos ajudam na comunidade. Sem eles a realmente a vida fica difícil. São participações do ministério da coordenação da comunidade.

             Mas a vocação do leigo se concretiza na vida cristã no mundo. Jesus fala na oração sacerdotal durante a última ceia: “Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do maligno... Como tu me enviastes ao mundo, eu os enviei ao mundo” (Jo. 17,15.18). Ali é o seu lugar de apostolado e de anunciar o evangelho através de sua vida e atitudes cristãs. Ali ele trabalha para a transformação das estruturas cristãs da sociedade tão paganizada. O leigo está em lugares que o sacerdote não está. Ele pode chegar mais longe e ser o primeiro anunciador do Evangelho. O padre não pode dizer: você não colabora na Igreja. Deve dizer ao leigo: vá e leve o evangelho onde você está. Ali é sua sacristia. Está construindo o reino de Deus no mundo das pessoas. Claro que em segundo lugar ele pode colaborar na comunidade.      

            O lugar do leigo cristão é na política, na economia, nos departamentos, instituições, escolas, esportes, clubes etc...etc...Onde houver um agrupamento humano, ali está o leigo cristão. Ele não precisa dizer que é católico, cristão. É importante que seja. Vejamos nossos políticos e empresários cristãos: quais são os princípios que regem suas atividades? É o Evangelho? Aliás, são até contra os padres e bispos que chamam a atenção aos problemas, dizendo que eles devem ficar na sacristia e que a sociedade é independente. É esta a ideologia do mal: afastar o evangelho do mundo.  Não se deixar vencer o mal, mas vencer o mal pelo bem (Rm 12,21)

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domingo, 16 de abril de 2023

Santidade é a Vocação fundamental.

PADRE KUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
Que vocação mais bela do que ser gerado à vida e poder ir construindo dia a dia a grande resposta ao Criador que me fez alma vivente impregnado de seu Espírito? Deus fez o homem alma vivente e soprou sobre em seu rosto o Espírito . Com isso Ele nos deu tudo. Cada fibra de meu corpo, cada célula é uma síntese perfeita deste gesto de amor. É a vocação à vida. 
Mas não para aí. Chamou-me a ser construtor do mundo com Ele. Diz Deus: “crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28). Submeter, mesmo que tenha no texto original o sentido de esmagar com o pé, podemos entende-lo como endereçar para a plena realização. E os fez homem e mulher. Eis a grande complementaridade! É a vocação ao amor. Dentro destas vocações podemos escolher nosso lugar onde amar mais e melhor. É a vocação a um estado de vida e à uma profissão. O amor doado é o mesmo, o modo de realiza-lo está na liberdade de cada um. 
Mas não para aí. A vocação que dá unidade e coesão a todas as vocações é a aquela tão bem vivida pelo Verbo de Deus, Jesus Cristo. É a vocação à permanente união com o Pai, no seio da Trindade Santa. Nela fomos introduzidos pelo Filho Bendito e alimentados pelo Espírito Santo de Amor. É a vocação à santidade. 
Ser santo não é um privilégio, mas um dever de todos, em qualquer estado de vida em que vivam, em qualquer profissão e qualquer circunstância. Nada obstrui o caminho da santidade, nem mesmo o pecado, pois ele pode se tornar um estímulo a maior santidade. Só Deus é bom, diz Jesus na parábola do Pai Misericordioso, a parábola do filho pródigo. Somos santos nele. Esta vocação à santidade é aquele sempre se sentir chamado a unir-se mais e mais ao Senhor de nossas vidas. 
Partindo da festa da Assunção, podemos tirar um modelo e um estímulo para nosso caminho. Assim como Maria foi para o Céu em corpo e alma, assim também nós podemos ir, pois ela foi por primeiro depois de Cristo. Ela puxou a fila daqueles que querem ser fiéis. Ela continua a nos ajudar a ser fiéis. Ela continua a interceder por nós, rezando por nós para sermos fiéis e santos. 
Meu santo irmão e minha santa irmã, nada lhes falta para ter todos os meios para adquirir a santidade. Esta não é privilégio de poucos, mas obrigação de todos. Todos podem ter o Deus santo e bom em si, como vida de sua vida. Podem tê-lo totalmente. Aproveite, pois esta vocação é magnífica. Maria, Mãe de todos nós, animai-nos à santidade. 

domingo, 9 de abril de 2023

DOMINGO DE PÁSCOA

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
“Cristo não está aqui, ressuscitou!”                                                                      

Os judeus saíram do Egito às pressas, de noite, não podendo levar nada, a não ser a massa do pão não fermentada. Puderam compreender que acontecia algo muito grande, mas tiveram toda sua história para ir todos os anos tirando deste fato novos conhecimentos e novas riquezas. Assim, no contexto litúrgico e vivencial desta celebração vivemos o mesmo fato. Jesus, de noite passou da morte para a vida, ressuscitando para uma vida totalmente nova. E deu-nos a participar desta vida. Assim, nós também, todos os anos tiramos deste fato novos conhecimentos e uma vida sempre novos. 

As leituras do domingo de Páscoa trazem-nos de um modo simples, a narração de um fato tão grande. Madalena vai ao sepulcro. Volta toda apavorada dizendo que tinham levado o corpo de seu Senhor. Pedro e João vão correndo e vêem e crêem. Ele não foi tirado, ressuscitou. Ali está o túmulo vazio, estão os panos. São testemunhos, mas a prova é a fé. Ele aparece para eles neste domingo, não como um morto, mas um vivo que se alimenta e entra em diálogo com eles. Justamente isso Pedro dirá no seu primeiro discurso ao povo, no dia de Pentecostes. Pedro faz uma síntese da história de Jesus: “passou entre nós fazendo o bem! Foi morto e agora ressuscitou. Nós o vimos e somos testemunhas destas coisas, nós que comemos e bebemos com Ele depois de sua ressurreição. Isso foi para a remissão dos pecados”. A segunda leitura é muito clara: se vocês acreditam, vivam agora a vida do alto, pois  pelo batismo, fostes inseridos em Cristo, mortos com Ele e ressuscitados com Ele. 

O cristianismo encontra na sua origem uma pedra selada com um defunto perigoso dentro. A força da morte dominara o Senhor da vida. Rompendo a pedra e as portas dos infernos, o Senhor ressuscitado abre o caminho para a vida para todos, pois agora Ele é a vida. Inicialmente não tem explicação para os fatos acontecidos. Pedro e João, as mulheres e os demais apóstolos não conseguem entender o que se passa. Somente o dom da fé, dado pelo Espírito Santo, pode abre suas inteligências à compreensão superior. Assim também é para nós. Não conseguimos entender e nem passar esta verdade para nossa vida. Somente com a fé infundida em nós no Batismo e no cotidiano da vida é que compreendemos esta verdade e a transformamos em vida. Não se trata de saber explicar, mas sim acolher e viver. Nós temos esta fé, pois do contrário não poderíamos de modo nenhum viver a vida cristã nas dificuldades e glórias desta vida.

Crendo e celebrando o mistério da Páscoa anualmente e cada dia, nós realizamos em nós este mesmo mistério e podemos receber a Ressurreição que Ele nos oferece. Com a fé no Ressuscitado podemos dizer como Pedro: “somos testemunhas destas coisas”. Desejamos a  todos uma boa e santa Páscoa. Que os frutos da Ressurreição permaneçam em sua vida. Cristo está vivo no meio de Nós.

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sábado, 8 de abril de 2023

SABADO SANTO

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
“Cristo Ressuscitou!”

A Igreja tem o ponto mais alto de sua vida na celebração da Vigília, onde espera a Ressurreição de seu Senhor, celebrando os sacramentos da iniciação. A densidade de ensinamentos é extremamente grande e bela. Todo o caminho quaresmal conflui para esta noite de vigília. Ali se realizam, na memória do povo de Deus, os maiores mistérios de nossa redenção: passando pela Paixão, Morte e sepultura, Cristo chega à Ressurreição. A comunidade lê as profecias e anuncia a ressurreição do Senhor. Anuncia pela palavra e realiza este mistério em cada um através dos sacramentos pascais da iniciação (Batismo, Crisma e Eucaristia). No mistério dos símbolos sacramentais, entramos no mistério do Cristo que é nossa vida.

 A cerimônia compõe-se de diversos elementos e símbolos cósmicos: fogo, água, óleo etc… mas o símbolo grande é a comunidade, corpo de Cristo que realiza os gestos sacramentais. Quando é bem celebrada pode dar-nos uma participação maior no mistério. Mas a melhor participação é unir-se ao Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo. Esta nos faz entender as cerimônias e perceber o mistério de Deus agindo em nós.

A liturgia nos oferece tradicionalmente uma seleção muito grande de leituras do Antigo Testamento que nos fazem entrar em toda a história da salvação desde a criação, patriarcas, tendo como ponto alto a passagem do mar Vermelho, passando pelos profetas para chegar ano Novo Testamento quando nos é anunciado Cristo nossa Páscoa e proclamado vivo e ressuscitado no evangelho da Vigília. A  liturgia tem sempre o aspecto memorial, o que já vem da tradição hebraica. Então se conta a história da maravilhas feitas por Deus a seu povo. O fato de contar a história é uma certeza de que Deus fará novamente aquilo que fez. Fazemos memória para que se repitam. E igualmente participamos como os antigos, nas maravilhas operadas no passado e agora para nós. Narrar é colocar-nos dentro dos fatos e dar-nos a salvação. 

Estamos celebrando um mistério que nos parece muito distante e muito difícil de ser entendido e praticado. Mas isso não deve nos desanimar nem desesperar, pois por enquanto vemos meio confusamente, depois veremos face a face. Deus age neste mistério como nós vemos proclamado. Não ver, não significa não ter. Não entender não significa não receber. Deus nos entende e isso basta E dá-nos seu mistério. Dá-nos a viver seu mistério de amor e ressurreição realizada em seu Filho. 

Abre-se para nós, nesta celebração da Ressurreição do Senhor, o caminho da vida cristã. Começamos a ser cristãos, filhos de Deus e membros do povo de Deus no momento do batismo que nos inseriu no Cristo vivo e Ressuscitado. O grande convite da Páscoa é viver a vida do Alto, como Cristo, com Cristo, por Cristo na unidade do Espírito Santo, para a glória do Pai.

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sexta-feira, 7 de abril de 2023

SEXTA-FEIRA SANTA

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
“Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo” 

No Tríduo Pascal temos o primeiro dia que é a Celebração da Paixão e Morte do Senhor. É um dia em que não há missa, pois a missa de hoje é aquela do Calvário. Participamos da missa eterna onde Cristo, vítima, altar e sacerdote, se oferece ao Pai pelo mundo de todos os tempos. Ele é o mediador da nova e eterna aliança concluída no seu sangue. Com este sangue lavou todas nossas culpas e em seu corpo, véu do novo santuário, entramos em aliança com Deus. Pagou pelos nossos pecados. Resgatou-nos da dívida e por nos deu perfeita glória ao Pai e completa salvação a todos nós. Na celebração da Sexta feira Santa temos 4 partes: leituras, oração universal, adoração da Cruz, e comunhão eucarística.

 A  Palavra introduz-nos em todo o mistério da Paixão do Senhor para recordar e viver este dom de salvação realizado em Cristo. O profeta Isaias já nos explica quem é este que morre na cruz: é o servo sofredor, homem das dores, desfigurado, carregou nossos sofrimentos, por suas chagas ele nos cura. Deus se agradou de sua oferta e lhe dá a luz. Por Ele somos justificados. Jesus, em todo seu mistério de morte resume sua intenção nas palavras: Pai, nas vossas mãos entrego meu espírito. Grande e santa vontade de Deus que Ele aceita e obedece ao extremo do amor pelo Pai e pelo mundo. A carta aos Hebreus descreve-o como o sacerdote que viveu em tudo nossa condição humana, menos o pecado, e assim se tornou capaz de compadecer-se de nossas dores. Por isso aproximemo-nos com confiança deste trono de graça onde poderemos receber ajuda no tempo oportuno.

  São palavras ricas de vida, pois nos trazem o amor total de Deus pela humanidade. Deus está morto! Este grito, no entendimento dos evangelistas, fez cair trevas sobre a terra, fender as rochas, e despertar os mortos. Céus e terra se aterrorizam diante de tamanho espetáculo de dor e de amor. Para salvar o servo, Deus não poupa seu Filho predileto e único. Por isso S.Paulo vai dizer: Gregos querem sabedoria, judeus querem milagres! Mas nós pregamos Cristo sacrificado. O que era loucura para os homens é sabedoria de Deus. Somente nele encontramos salvação.

No mundo vemos crescer o ateísmo, a maldade, a morte e descrença. Fazemos religiões a nosso gosto, como os pagãos faziam deuses a sua imagem. Os deuses do poder, do prazer e do dinheiro aumentam seus domínios sob os mais diversos nomes, até falsificando a Deus, em nome de Deus. Mas nós, beijando a Cruz reverentemente. Elevamos nossa oração por todas as necessidades do mundo e por todos os homens para que tenham vida tranquila, se convertam e vivam no amor e fraternidade. 

Recebendo nesta celebração a Eucaristia, reafirmamos nossa fé na morte de Cristo e na sua ressurreição. Celebramos a morte de Cristo com a presença de Cristo Ressuscitado presente no meio de nós. Nada mais nos resta fazer que abraçar sua cruz e caminhar por sua estrada de entrega ao Pai e aos irmãos, unidos à Mãe das Dores.

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