segunda-feira, 21 de maio de 2018

nº 1755 Artigo - “O dom de ser dom”


Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista 
2044. Deus ensina amar
              Jesus define que Deus é Amor. A manifestação de Deus ao mundo se dá num ato de amor: “Nisto se manifestou o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo para que vivamos por Ele. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou primeiro e envio-nos o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,10). O amor de Deus em nós é manifestado pelo Espírito que é o amor. O Espírito é o amor de Deus vivente em nós. É fonte que gera o amor. Esse amor se manifestou em Cristo como dom: “Nisto conhecemos o Amor: Que Ele deu a vida por nós. E nós também devemos dar nossas vidas pelos nossos irmãos” (1Jo 3,16). O que vemos é que o amor como dom, tornou-se somente um dado da vida cristã e não o núcleo, pois nele está Deus, o Pai que ama dando o Filho e com isso ensina a viver como Deus vive. Amor é sentimento, mas antes disso é vida e ação, é doação, é entrega e busca do outro. Somente assim podemos nos realizar na grandeza da vida cristã. Sem isso, a fé e a prática religiosa perdem o sentido e o conteúdo. Somos muito preocupados com a verdade, que seja certa e não contenha desvios. A fé é fundamental, mas, sem o amor, ela se torna uma crença vazia. Não há fé sem amor, nem amor sem fé. Por isso temos a esperança que mantém vigilante a fé e praticante a caridade. Amar é entrar em ritmo de doação e de entrega. O dom de Deus presente em nós é para que sejamos dom que conduz ao Dom. Essa é a missão do Espírito: manter viva a chama do dom da entrega pessoal.
2045. Um Espírito para todos
              Como a chuva, o Espírito vem para todos e em cada um desenvolve seu dom pessoal. O mesmo Espírito está em todos e em cada um manifesta um modo diferente de agir. Deste modo supre todo o corpo de Cristo, que é a Igreja, de todas as riquezas para que em nada Cristo seja esquecido ou ocultado. A riqueza do dom compromete a intensidade da resposta na corresponsabilidade para com todo o Corpo de Cristo. Nada falte em Cristo, no que depende de nós. A espiritualidade, tanto popular como oficial, exige igualdade. Anula-se a pessoa e se oculta o dom do Espírito. Deve haver a conjunção das forças espirituais e dos dons para o comum, mas não se justifica a anulação. O próprio Espírito Santo conduz para a formação do corpo, como nos diz S. Paulo. Vemos os membros do corpo: São todos diferentes e nenhum pode faltar. A igualdade será cada um conservar suas particularidades. Paulo diz: “O corpo não se compõe de um só membro, mas de muitos... Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo sua vontade. Se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o corpo?” (1Cor 11,1-21). Não se refere somente à pessoa, mas também ao dom que o Espírito dá. Os dons espirituais compõem o Corpo de Cristo,
2046. Como o vento
              Ninguém é dono do Espírito Santo e nem de seus dons. “O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,8). Vento e Espírito são a mesma palavra em grego (Pneuma). Como o Espírito é incontrolável, assim também é quem vive do Espírito. Com o Espírito se torna continuação viva de Jesus que vivia o movimento do Espírito. Por isso é preciso ser aberto e não querer enquadrar o Espírito em nossos esquemas. O Espírito é, sobretudo, Livre. Está a nosso favor, mas não é nosso empregado só para dar-nos dons. Ele dá muito serviço, pois nos torna iguais a Jesus que era puro dom do Pai e doou sua Vida.

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