sábado, 16 de fevereiro de 2019

nº 1834 - Homilia do 7º Domingo Comum (24.02.19)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“As muitas faces do amor” 
Como podemos amar? 
Continuando a pregação de Jesus entramos em uma questão que é o forte de sua pregação. Demonstra essa atitude no momento de sua morte quando diz: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Nessa parte de seu discurso aos discípulos ensina sobre o amor aos inimigos. Inimigo não é só aquele que me mata, mas aquele que me faz sofrer. Jesus apresenta aqui a cultura do amor que bloqueia todo ódio, toda vingança, toda a maldade. Não se trata de ser bobo, mas mais inteligente que parecemos ser. Podemos sintetizar nas palavras: ir além do que se espera. Se esperam uma resposta correspondente ao mal que recebemos, damos a resposta do amor: Amar os inimigos e fazer bem a quem nos odeia... bendizer a quem nos amaldiçoa... oferecer a face esquerda a quem bate na direita... dar o manto a quem toma a túnica... não cobrar o que te levam. Que vamos fazer de especial se fizermos o que os maus fazem? “O que desejais que os outros vos façam fazei-o também vós a eles” (Lc 6,31). Como o mandamento do amor se refere ao relacionamento com os outros, Jesus mostra como viver esse relacionamento com aqueles que não pensam como nós, nem são como nós. Esse negócio de viver somente no próprio grupo de gente igual a nós, nosso clubinho, não é caminho do evangelho, nem é evangelizador. É o exemplo que recebemos de Davi que teve em suas mãos seu maior inimigo, o rei Saul, e não se vingou dele. Daí podemos ver como somos desejando a morte dos perigosos e inimigos. Concordar com a morte de alguém é ser seu assassino. 
O Pai é o modelo 
O salmo nos leva a rezar a bondade de Deus que Jesus nos apresenta como modo normal de vida cristã, pois é o normal na vida de Deus para conosco. Ele perdoa toda culpa e cura toda enfermidade... O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo, tira da sepultura a tua vida e te cerca de carinho e compaixão... Como um pai se compadece de seus filhos o Senhor tem compaixão dos que o temem (Sl 102). Jesus nos estimula a ter os sentimentos de Deus. Somos estimulados a ter os mesmos sentimentos de Deus: amor, perdão e misericórdia. Não dependo dos outros para assumir o que é de Deus. Não nos medimos pelo mal alheio. Ao cuidar de nós, o Pai vai além de tudo que possamos imaginar. Deus sempre chega primeiro. Por isso, a atitude cristã em relação aos outros, sobretudo aos que nos criam dificuldades deve ser a mesma do Pai. Chegamos primeiro e o que fazemos supera toda expectativa. O mal é inferior ao bem que possamos fazer. O mal passa, o bem frutifica porque está plantado no jardim do coração do Pai. Produz os mesmos frutos. Como o Pai sabe do que precisamos, já bem antes de o dizermos (Mt 6,8), assim podemos dar passos em direção aos outros no amor e não apenas receber.
Imagem do homem celeste 
São Paulo nos explica em Coríntios (1Cor 15,45-49) sobre o homem natural e o homem espiritual. O homem terrestre foi tirado da terra, o homem espiritual vem do Céu. Não se trata de personalidades diferentes, mas daquilo que está em nós por sermos humanos e por sermos feitos à imagem e semelhança de Deus. Em tudo o homem é devedor da terra, mas o é também devedor do Céu. O primeiro homem foi um ser vivo. O segundo Adão é um espírito vivificante. Com Cristo surge entre nós o homem celeste, voltado para as coisas de Deus. Não deixa de viver na terra, mas vive do modo de Deus. Por isso existe essa maravilha do amor de Deus presente em nós produzindo frutos. 
Leituras:1Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23; Salmo 102; 1Coríntios 15,45-49; Lucas 6,27-38 
Ficha nº 1834 - Homilia do 7º Domingo Comum (24.02.19) 
1. Em resposta ao ódio se apresenta algo maior, o amor. 
2. Jesus estimula a ter os sentimentos de Deus 
3. O homem terrestre viva a modo de Deus. 
Tapinha nas costas 
Em um exército de inimigos, não resolvem muitas armas. Uma só vale: um tapinha nas costas. Mata mais que muito furor. É o ensinamento de Jesus. Não sabemos como funciona. Mas funciona, pois sua ressurreição foi capaz de dar um rumo novo para o mundo. Jesus nos deu um tapinha nas costas para dizer: vai tudo muito bem. A doutrina do perdão aos inimigos é uma contracorrente que tem força superior, pois a maldade passa, o amor permanece. Quem não se deixa vencer pelo mal, mas vende pelo bem, é capaz de sobreviver em qualquer circunstância.

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