quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

nº 1835 Artigo - “Santidade e comunidade”

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
2164. Construindo em comunidade 
Seguindo os ensinamentos do Papa Francisco em sua exortação apostólica Gaudete et Exultate (GE), refletimos hoje sobre santidade e comunidade. É claro em seu ensinamento, que a vida espiritual é uma opção pessoal que deve ser vivida na comunidade. O fundamento dessa verdade está nas palavras de Paulo: “Vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte” (1Cor 12,27). Juntos somos fortes na batalha contra o mal que está em nós e no mundo: “É muito difícil lutar contra a própria concupiscência e contra as ciladas e tentações do demônio e do mundo egoísta, se estivermos isolados... Se estivermos sozinhos, facilmente perdemos o sentido da realidade, a clareza interior, e sucumbimos” (GE 140). A seguir o Papa Francisco dá diversos exemplos de santos que viveram em comunidade e deram a vida em comunidade. E afirma que a santificação é um caminho comunitário. Mesmo se o grupo for difícil, já é caminho, pois exige muito e desenvolve muitas virtudes. Sozinhos podemos nos tornar egoístas. Vejamos que tipo de espiritualidade nos foi passada no correr da história. Os outros eram empecilhos. Havia uma frase que dizia: “Quanto mais fui para o meio dos homens, menos homem me tornei”. Por que não dizer: “Quanto mais fui para o meio das pessoas, mais perto de Deus elas chegaram”. Somos realmente fracos e tudo nos atinge? Nosso bem faz bem aos outros. Temos uma contribuição a dar a partir dos dons que recebemos do Espírito Santo. 
2165. Comunidade e Eucaristia 
O Papa Francisco retoma ensinamentos de São João Paulo II sobre a relação da comunidade cristã e a Eucaristia: “A comunidade é chamada a criar aquele “espaço teologal no qual se pode experimentar a presença mística do Senhor ressuscitado”. Quem nos faz corpo de Cristo é a Eucaristia. Não é possível crescer na vida cristã sem a Eucaristia. “Partilhar a Palavra e celebrar juntos nos torna mais irmãos e nos transforma pouco a pouco em comunidade santa e missionária (GE 142). A espiritualidade está em acolher o Espírito que Deus nos dá e corresponder aos dons que recebemos. Eles são dons, mas também uma obrigação. É na Eucaristia que podemos crescer Naquele que é a razão de nossa fé. Jesus viveu sua missão de Redentor em comunidade. Tinha seus momentos de oração com o Pai, mas estava sempre com os discípulos, participando de sua vida e sua simplicidade, nos pequenos gestos da vida. Assim O vemos em Nazaré com a família e depois em sua missão. Não vivia de gestos bombásticos, mas do dia a dia, nos detalhes da vida. Ser humano é um requisito para santidade. Os santos que vemos viveram como vivemos. O que faz a diferença é que uniam sua vida à busca de Deus e do amor fraterno. 
2166. Detalhes do amor 
A comunidade na qual vivemos nossa opção cristã, seja nossa família, paróquia e outros, é o lugar onde podemos realizar o projeto de santificação. A tendência é fugir do povo. Mas o povo é a terra fértil da santificação. Santidade não é ideologia espiritual. O que fazemos de espiritualidade, quando não serve para o povo de Deus, também pode não ser útil para nós. Santidade não é fachada. Diz o Papa Francisco: “A comunidade, que guarda os pequenos detalhes do amor e na qual os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é lugar da presença do Ressuscitado que a vai santificando segundo o projeto do Pai” (GE 145). Nosso caminho de santificação não pode deixar de nos identificar com aquele desejo de Jesus: ‘Que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti”’ (Jo 17,21).

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