domingo, 1 de março de 2020

nº 1944 - Homilia do 3º Domingo da Quaresma (15.03.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Dá-me de beber” 
A Água da Vida 
A Quaresma é a preparação para a Páscoa. É o momento do Batismo dos catecúmenos e da renovação das promessas do Batismo de toda a comunidade. Nesse rito, o fiel participa sacramentalmente do Mistério Pascal de Cristo, vivendo a Vida Nova. A água do Batismo flui do peito aberto de Cristo e é jorrada em abundância em sua Ressurreição. Na gruta do túmulo está a nascente da Vida Nova. Nesse ano (Ano A), a liturgia traz um conjunto de leituras próprias para o Batismo. Recolhe os textos nos quais Jesus se mostra como a Água Viva, Luz e Vida. A cena maravilhosa da samaritana ensina que a sede que o coração do homem tem de Deus é saciada por Jesus que é a Água Viva. A mulher foi buscar água e encontrou a fonte. Aquele que pede para beber, promete dar de beber. O caminho espiritual é essa permanente busca de Cristo para saciar nossa sede. O poço é uma bela imagem de Cristo, fonte de água viva. Ele oferece a água que é o Espírito Santo, dom de Deus. Se por um lado há uma busca de água, por outro há um chamado: “Vinde a Mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). O sacramento do Batismo é a porta de todos os sacramentos. Por ele somos mergulhados nas águas da Vida Divina. Na liturgia antiga era o momento mais importante da Vigília Pascal. Esse rito teve uma evolução de séculos, tendo seu auge no século VIII. A comunidade vivia o Batismo. Por isso um rito foi significativo. 
Caminhar no Espírito 
O ritual do batismo compreendia a Crisma e a Eucaristia. Era um único sacramento em três momentos. Chama-se a Iniciação cristã. O batizado entrava na vida da comunidade. À medida que aceitamos a oferta de Jesus, mais sentiremos sede e desejo permanente de ir a esse poço. Quando se descobre uma fonte de água gostosa, quanto não se faz por buscá-la? Quanto não se faz para buscar Jesus que dá o Espírito! É impressionante como isso não penetra na vida das comunidades, nem dos movimentos. Faz-se de tudo, até milagres, mas o fundamental que é o batismo fica esquecido. As energias de vida cristã provêm desse sacramento da iniciação cristã. É fazer uma renovação da espiritualidade a partir da liturgia pascal na qual celebramos os sacramentos centrais de nova fé e de nossa vivência cristã do dia a dia. Ter uma espiritualidade modelada pelo tempo quaresmal é se colocar em permanente busca de Cristo, Água Viva. E levar aos outros a notícia da riqueza descoberta. É claro que uma espiritualidade que não compromete a vida com a comunidade é mais fácil. Percebemos como a liturgia pascal não nos envolve. Perdemos o contato com a fonte. É preciso converter-se à água viva. 
Beber a Água Viva. 
O Espírito não é um santo a mais em nosso caminho espiritual, mas é a Água Viva que nos sacia, dada por Jesus no momento de sua Paixão e em sua continuada presença no meio de nós. A missão de Jesus consiste também em nos dar continuamente o Espírito. Ele nos abre as Escrituras e nos assiste continuamente em sua compreensão e na vivência da graça de Deus que é a Vida Divina. O Espírito nos estimula a anunciar e levar aos outros a água que bebemos e a nos saciamos. É a missão. Ele realiza em nós o amor-doação que Jesus nos ensinou e testemunhou com sua vida e morte. Por isso Ele ressuscitou. Estava vivo no amor do Pai. Viveremos nessa Quaresma as três dimensões básicas da vida cristã: Água Viva, Luz e a Vida. Assim a Igreja nos oferece uma renovação pascal. 
Leituras:Êxodo 17,3-7;Salmo 94 ; 
Romanos 5,1-2.5-8; João 4,5-42 
Ficha nº1944-Homilia do 3º Domingo da Quaresma (15.03.20) 
1. O caminho espiritual é a permanente busca de Cristo para saciar nossa sede. 
2. Viveremos nessa Quaresma as três dimensões da vida cristã: Água Viva, Luz e a Vida. 
3. O Espírito nos estimula a levar aos outros a água que bebemos e a nos saciamos. 
Cadê o balde? 
Na vida sempre aparece algo que falta justo naquele momento. Foi o caso do encontro de Jesus com a samaritana. Você não tem balde, como vai dar água viva? Foi um momento difícil. Falta o balde. Mas a fonte era corrente: “E a água que eu lhe der, se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,14). No encontro com a samaritana estão resumidos todos os encontros que temos com Jesus. Sempre a dar a água que sacia a sede de eternidade. Cada um se torna uma fonte que jorra no mundo uma vida nova. Ele é a Água Viva.

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