terça-feira, 24 de março de 2020

nº 1948 - Homilia do 5º Domingo da Quaresma (29.03.20)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira 
Redentorista 
“Cristo é Vida” 
 Quem crê, não morrerá 
Na perspectiva da espiritualidade quaresmal chegamos à terceira indicação na qual culmina toda a caminhada de Jesus e nossa que é a Vida. Jesus dissera: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 25-26). A Vida que Lhe vem da Ressurreição é a mesma que nos é dada. O milagre da ressurreição de Lázaro ensina que Cristo dá a vida, pois tem o poder sobre a morte. Seu ministério público consistiu sempre em gerar a vida. Pelas leituras, podemos entender que o Batismo dá a Vida Eterna. Depois de passar pelas águas, somos iluminados e recebemos a Vida Divina. Se Jesus pode ressuscitar um morto já em decomposição, o que supera a condição humana, pode nos dar a Vida Divina, que é Vida: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância!” (Jo 10,10). Fazemos uma comparação com a cura do paralítico que foi descido pelo teto da casa: Jesus, para dizer que tem o poder de Deus para perdoar pecados cura o paralítico. Ele não só diz, mas faz. O banho do batismo é um gesto simbólico que significa e realiza a purificação e dá a Vida. Mortos (sepultados nas águas) ressuscitamos para a Vida Nova. O mergulho nas águas não se realiza pela quantidade de água, mas pela imensidão das águas da vida Divina onde somos imersos. Vemos o paralelo com a ressurreição de Lázaro. Estava morto. É o que justifica toda a festa da Páscoa: Jesus estava sepultado, morto, sem vida. Deus O ressuscita. Assim se realiza no Batismo. Recebemos a Vida eterna que é a vida de Deus. 
Vida cristã penetra toda a vida 
Como podemos interpretar para nossa vida espiritual? Temos uma vida a levar adiante. Cuidamos bem de nosso corpo e de nossas atividades. A verdadeira espiritualidade está em cuidar da vida de Deus em nós. Essa fica descuidada. É o que Paulo chama atenção a viver segundo o Espírito e não segundo a carne, pois assim não agradamos a Deus. Se Cristo está em nós, nosso espírito está cheio de vida. E vamos ressuscitar como Jesus (Rm 8,8-11). A espiritualidade quaresmal nos estimula a viver intensamente a vida cristã. O que vemos em nós é um desencanto com a religião, pois não nos preocupamos em viver com vigor e alegria a Vida Divina que está em nós. Essa deve ser a preocupação primeira com nossa pessoa e com os que nos cercam. Por exemplo: cuidamos o máximo das crianças, mas não zelamos da outra metade, a vida espiritual dura para sempre, que é a Vida Divina que receberam no Batismo. Dando vida ao corpo de Lázaro, mostrou que nos dá a Vida em sua Ressurreição. Cuidemos dela. Quando temos amor à Vida, ela penetrará nossa vida. Os que procuram viver a vida cristã de modo mais coerente, procurem viver mais o batismo no compromisso com a Palavra de Deus, na dedicação à comunidade e à missão. Evitem espiritualidade individualista que não converte o coração nem dá a Vida Divina. 
Caminhar com a mesma alegria 
Estamos chegando ao fim de nossa caminhada quaresmal. Ela é uma preparação para o momento central da vida cristã que é a Páscoa, celebrada na Vigília Pascal. A Páscoa invade toda a vida cristã. Por isso rezamos na oração da missa: “Dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo”. O amor é o núcleo da Páscoa. Onde existe amor, ali está a Ressurreição. Toda vida de Jesus foi amor. Nele evangelizou, sofreu e ressuscitou. É nosso caminho. Quando estamos no fundo do poço podemos dizer: “Clamo a vós, Senhor!”. 
Leituras Ezequiel 37,12-14; Salmo 129; 
Romanos 8,8-11; João 11,1-45 
Ficha nº 1948 - 
Homilia do 5º Domingo da Quaresma (29.03.20) 
1. A Vida que Lhe vem da Ressurreição é a mesma que nos é dada. 
2. A espiritualidade quaresmal nos estimula a viver intensamente a vida cristã. 
3. A Páscoa invade toda a vida cristã. 
O defunto andou 
Carregar um defunto já não é grande coisa, mas ver um defunto sair da cova, muda muito o assunto. Foi o que aconteceu quando Jesus ressuscitou Lázaro. Até a irmã dizia que já estava cheirando mal. Mas Jesus queria vida e queria mostrar que pode dar a vida e vai retomá-la para Si. Lázaro sai do tumulo. Imaginemos a cena. Mas a cena maior é a força de Jesus que dá vida. O processo quaresmal quer conduzir a uma vida nova através do banho da ressurreição. Depois de ressuscitar um morto, podemos ter certeza que Ele próprio terá essa experiência de morte para a vida. É o que nos leva a compreender que também passaremos por esse processo.

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